A IECLB compôs duas equipes para discutir o TAM e a Avaliação de Obreiros/as. Para ajudar neste processo a partir de pressão de fora o/a convido para divulgar e participar desta Campanha para pressionarmos a Direção da Igreja para que elimine o TAM e a Avaliação, tidos na prática como métodos repressivos entre os/as obreiro/as.
O TAM e a Avaliação trouxeram como resultado o acanhamento, o medo, a insegurança, a incerteza, a sutil repressão e a venda do Evangelho que atrapalham a missão da igreja em proclamar o Evangelho do Reino de Deus que sempre aponta para a construção de uma nova sociedade não capitalista. Temos colegas que nem estão um ano no pastorado e já participam de uma comissão de avaliação, sem prática alguma e muito menos com conhecimento de causa.
Queremos iniciar ao mesmo tempo uma campanha de Valorização dos/as Obreiros/as. Pastor/a, catequista, diácono/a motivado, valorizado, sem medo, encorajado, que tem tempo para estudar teologia dentro do trabalho paroquial, com um projeto de igreja vai ajudar esta igreja a dar um salto de qualidade.
Sugestões de passos a dar:
1. Quem está numa comissão de avaliação no sínodo deve avisar o pastor sinodal que ele está se desligando desta comissão. Ninguém é obrigado a entrar e permanecer numa destas comissões.
2. Cada obreiro/a deve convencer seus colegas para sair desta comissão de avaliação. Quem participa de uma destas comissões está prejudicando o/a colega e também a si, pois legitima este processo.
3. Com a saída dos/as pastores das comissões de avaliação o pastor sinodal vai ter que cancelar a avaliação por não ter equipes completas.
4. Discutir esta Campanha nas Conferências de Obreiros/as e propor formas de luta.
5. Incluir as seccionais da APPI nesta Campanha. Se a seccional está desativada reativá-la para entrar na luta contra estas Leis Repressivas. Repassar para a direção nacional da APPI as discussões e decisões.
6. Pastor não precisa ser avaliado, mas acompanhado e exortado, se preciso for.
Lembro das palavras do Pastor Nelso Weingärtner na Convenção Pastoral em Curitiba em 2009 quando disse em um trecho de sua palestra: Família Pastoral e Ministerial para a 1ª Convenção Nacional de Obreiros da IECLB:
“Pergunto: Será que muitas das crises vividas hoje por pastores e suas famílias não estão relacionadas com certo esvaziamento da função pastoral?
Esse esvaziamento do “próprium” da função pastoral tem sua origem em uma série de fatores. Cito alguns:
1) Nossos pastores estão sobrecarregados com programas e programações. Vivem correndo para os mais diferentes grupos de trabalho nas comunidades e nos Sínodos.
2) A conseqüência desse corre...corre é que eles não tem mais tempo para ler, meditar, orar e preparar uma boa prédica, para então subir no púlpito como porta voz de Deus.
3) A falta de tempo para o Studier e Betzimmer, - A sala de estudo e oração – como era entendido o escritório do pastor, gera muitos conflitos, por exemplo: O pastor que precisa pregar e ensinar a palavra de Deus, e não tem tempo para se preparar, torna-se superficial e no decorrer do tempo perde a sua auto-estima e autoconfiança, e, torna-se um barato mestre de cerimônias.
4) Nesse contexto também nossas conferências de obreiros precisam ser avaliadas. Nessas conferências há espaço e tempo para reflexão teológica com exegese e temas atuais? Ou gastamos esse tempo precioso com assuntos de agenda?
5) É preciso acentuar ainda, que todo pastor e todos os obreiros dos demais ministérios ordenados, para poderem servir bem as comunidades a eles confiadas, precisam de muita autoconfiança e auto-estima. Isso não num sentido de auto-elevação e autoritarismo, mas a partir da função e autoridade que lhes foram conferidas na sua ordenação. ...
Eu gostaria de propor agora, que a partir dessa convenção, sejam tomadas algumas medidas bem concretas, precisamos ir fundo e analisar: por que há tanto descontentamento e tanta frustração entre obreiros da IECLB.
Arrisco algumas sugestões, porque somos luteranos e temos o direito de protestar:
1) Os obreiros da IECLB precisam ser mais valorizados à partir da função para a qual foram ordenados – eles não podem continuar sendo tratados como meros empregados ou funcionários, cujo trabalho é medido pela produção.
2) Precisamos ouvir – sem rancor e desarmado – o clamor de obreiros, que acusam nossa IECLB de estar se transformando numa Empresa e que nela reina “um espírito empresarial”!
3) Um dos grandes culpados, que estão gerando esse clima não bom na IECLB, é “A avaliação dos obreiros”.
4) A maneira como a avaliação é realizada não condiz com a dignidade ministerial.
5) Já o contrato de trabalho para um período de quatro anos cerceia a dignidade ministerial e transforma o ministro em funcionário.
6) Por isso sou de opinião que todo o sistema de avaliação e “contratação” dos obreiros deve ser revisto e encontrada outra forma de acompanhamento dos mesmos.
7) Obreiros cientes e conscientes de sua função não precisam ser avaliados, mas visitados por pessoas capacitadas para escutá-los, consolá-los, aconselhá-los e quando necessário também admoestá-los e mesmo repreende-los.
8) Será que há disposição para tal mudança? E será que temos pessoas capacitadas para esse serviço?
9) Imagino que sim. Além dos Pastores Sinodais, aos quais cabe esse serviço em primeiro lugar, podem ser convocados obreiros aposentados e outras pessoas com tato e experiência em aconselhamento.
10) Em meu entender, também os obreiros aposentados precisam ser mais valorizados e suas experiências mais usadas.
11) Outro tópico importante, que precisa ser tratado com muito carinho: Nossas famílias de obreiros, de todos os ministérios ordenados, precisam saber e sentir que elas são importantes para a nossa IECLB, que elas podem contar com sua Igreja em momentos dor, doença e crise. Em todos os Sínodos deveriam existir equipes de profissionais da saúde física e mental, credenciadas pelas respectivas instâncias da Igreja, para atender nossas famílias ministeriais.”
Para a Campanha de Valorização dos/as Obreiros/as lembro:
- Obreiro/a valorizado/a é feliz e faz missão de forma mais eficaz.
- Obreiro/a valorizado/a se engaja com alegria no trabalho missionário e prega de forma convincente.
- Obreiro/a amedrontado/a é infeliz, acossado, desvalorizado, trabalha infeliz, fica doente, estressado e perde a sua auto-estima; infelicidade, incerteza e medo provocam divórcios, úlceras, correria e ativismo sem rumo.
Temos a maior notícia de alegria para anunciar: o Evangelho do Reino de Deus que traz salvação para a humanidade e somos infelizes pessoalmente por causa da repressão sutil, mas verdadeira a que estamos sujeitos.
- Pelo direito à felicidade!
Vamos levar esta Campanha para o Concílio de Chapecó.
O que fazer?, diria Lênin:
1. Mande email para a Secretaria Gral (ingrit@ieclb.org.br) e para o Pastor Presidente (presidencia@ieclb.org.br) com cópia para o Presidente da APPI (crisegerson@bol.com.br) pedindo a extinção do TAM e da Avaliação num texto curto, como por exemplo (pode ser outro):
"Peço que a Direção da Igreja extinga o TAM e a Avaliação para valorizar os/as obreiros/as e garantir a pregação pura e reta do Evangelho".
2. Mande email da Campanha Nacional de Luta Contra as Leis Repressivas da Igreja para seus colegas para também enviarem um email à Secretaria Gral e ao Pastor Presidente com cópia para o Presidente da APPI.
3. Vamos encher a caixa postal deles. Quanto mais, melhor, para mostrar a nossa insatisfação, senão eles vão dizer: isto de novo é coisa só do Lobo. Mas se você tem muito medo, se acostumou a ser capacho e não tem coragem de se expor para defender os seus próprios interesses (que no fundo são interesses do Evangelho), então que seja só coisa do Lobo que já está aposentado e não é mais ameaçado pelo TAM e nem pela Avaliação. Se você não mandar os emails para seus colegas para animá-los a entrar na Campanha e para a Direção da Igreja então esta vai achar que a pastorada está adorando o TAM e a Avaliação e que a pastorada é masoquista mesmo.
Você dirá, mas isto é muito agressivo!
Agressivo é ficar estressado por trabalhar de 10 a 14 horas diárias para mostrar serviço.
Agressivo é não ver os seus filhos crescer porque tem que estar 24 horas à disposição da paróquia.
Agressivo é ficar com úlceras e gastrite advindos do stress pelo trabalho excessivo e conflitos.
Agressivo é se divorciar porque não teve tempo para se dedicar à família por causa das exigências da correria do trabalho.
Agressivo é ser considerado peão do presbitério que nos ameaça sutilmente com o TAM.
Agressivo é perder a dignidade e se submeter a tudo e se tornar capacho por causa do TAM.
Agressivo é estar sob permanente medo de não agradar com a sua pregação e o seu trabalho e por isso correr o risco de vender o Evangelho, falando apenas o que agrada ao povo e ao diabo, e ser condenado ao inferno no Dia do Juízo Final por ter traído a Jesus Cristo.
Agressivo é morrer de acidente de carro por causa da pressa e do cansaço.
Agressivo é a Direção da Igreja não ouvir o clamor da pastorada e compactuar com a venda do Evangelho para agradar aos capitalistas (que normalmente são apenas peões a serviço do capital sem o saberem) que mandam na igreja desde a comunidade.
Abaixo as Leis Repressivas da Igreja!
P. Günter Adolf Wolff
Para a reflexão no processo de luta na Campanha Nacional de Luta Contra as Leis Repressivas da Igreja: TAM e Avaliação
Eles têm medo.
Os PMs andam de óculos escuros para que o povo organizado lutando por justiça não veja o medo em seus olhos. Eles têm medo de nós por isso nos batem, nos prendem e nos matam.
Os capitalistas têm medo do povo, mesmo não estando organizado e lutando por justiça, e por isso usam os PMs para nos amedrontar com seus óculos escuros, seus cassetetes e suas armas.
Os capitalistas que controlam o Estado têm medo do povo porque devem e porque o povo é avassaladoramente a maioria, a força do povo é o seu número, são muitíssimos; mais perigosos são se estiverem indignadíssimos. Os capitalistas devem justiça, amor, igualdade e vida digna, pois roubaram isto do povo.
Os capitalistas que controlam a igreja desde a comunidade também têm medo. Medo dos/as pastores/as porque se estes não têm medo pregarão reta e puramente o Evangelho do Reino de Deus que sempre aponta para a construção de uma sociedade não classista e não capitalista. O capital não pode permitir a pregação pura e reta do Evangelho do Reino de Deus que propõe uma sociedade de iguais, de irmãos e irmãs.
Porque os capitalistas que mandam na igreja têm medo da pregação pura e reta do Evangelho de Jesus Cristo eles escrevem e impõem leis para meter medo nos/as pastores/as para que não preguem o Evangelho retamente e falem apenas o que os capitalistas e a direita em geral permitem.
Por que os capitalistas têm medo? Porque sabem que são esmagadora minoria e que um dia o povo vai se libertar de sua opressão a partir da pregação pura e reta do Evangelho do Reino de Deus que pressupõe a construção de uma nova sociedade não classista.
Não se esqueça: Eles têm medo de nós. Vai que o povo oprimido se organize e se levante contra a opressão em que os capitalistas o colocaram. Eles têm mais medo de nós do que nós deles, nós é que não sabemos disto. O nosso medo lhes concede sempre mais poder. Quanto mais medo sentirmos dos opressores mais poder lhes concedemos. Os 'grandes' são grandes porque estamos de joelhos diante deles.
Quando os fariseus disseram a Jesus para fugir porque Herodes o queria prender, pois se sentia ameaçado pela sua pregação e prática de vida, não se acovardou e continuou a pregar o Evangelho do Reino de Deus ao povo oprimido. Quando as lideranças do Templo o ameaçaram ele continuou a pregar o Evangelho do Reino de Deus ao povo oprimido. Quando eles (o Templo e o Estado) o mataram na cruz ele ressuscitou e continuou a pregar o Evangelho do Reino de Deus (At 1.3) aos discípulos até a ascensão. Agora, pelo batismo, nós temos esta tarefa de pregar o Evangelho do Reino de Deus que se insubordina diante do projeto do capital e propõe a construção de uma nova sociedade não capitalista.
Apesar das Leis Repressivas da Igreja contra os/as pastores/as o Evangelho do Reino de Deus continua sendo pregado pura e retamente por muitos/as na IECLB.
Quando tememos damos poder aos que nos fazem tremer. Quando não tememos, porque somos salvos por graça e fé, os capitalistas perderão o seu poder na igreja e na sociedade.
Jesus Cristo morreu e ressuscitou para nos tirar o medo porque já fomos salvos por graça e fé e fomos marcados pelo batismo pelo projeto do Reino de Deus que sempre aponta para a esperança da construção de uma nova sociedade não classista.
Quem controla o poder econômico precisa controlar o poder político e ideológico, onde se encaixa a igreja, para continuar a controlar o espaço econômico dominado pelo capital.
Eduardo Galeano, no livro: 'O livro dos abraços', escreve:
"Não conseguiram nos transformar em eles - escreveu-me Cacho El Kadri. Eram os últimos tempos das ditaduras militares na Argentina e no Uruguai. Tínhamos comido medo no café-da-manhã, medo no almoço e no jantar, medo; mas não tinham conseguido nos transformar em eles."
P. Günter Adolf Wolff
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