"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (Jo 8.32)
25 de junho de 2013
Consulta Popular
23 de Junho de 2013
Nas Ruas pelo Avanço do Projeto Popular
O que não podemos perder e o que queremos ganhar?
Não estamos diante de uma ameaça de golpe! A direita pode e vai soltar boatos, mas seu objetivo é desgastar o governo Dilma.
Para as forças de direita, as mobilizações e protestos devem ser canalizados para desgastar e desestabilizar o governo federal, inviabilizando o favoritismo do PT nas eleições gerais de 2014. Eles querem recuperar a pauta neoliberal, fortalecendo os setores rentistas, financeiros, retomando a subordinação internacional aos interesses estadunidenses e rompendo as alianças com os governos progressistas da América Latina.
Para nós, a retomada da luta de massas, conjugando as lutas que já vinham se acumulando com atos e marchas massivos que estão ocorrendo, configuram o momento privilegiado para que o governo assuma compromissos com a pauta das mudanças estruturais que conformam um projeto popular.
Essa é a disputa central que está se dando na definição das reivindicações, faixas e itinerários nos atos, marchas e protestos. Esta é a disputa pela direção deste processo que se dá entre a esquerda e a direita.
É o nosso momento, que apenas está se iniciando. O momento é de ofensiva. A conjuntura mudou e essa mudança é favorável aos que defendem as transformações estruturais.
O momento é de intensificar ao máximo nossa agitação e propaganda. Precisamos de ousadia e criatividade. As forças de direita não conseguem organizar uma manifestação política expressiva desde a “marcha pela família e a propriedade”, às vésperas do golpe de 1964, quando também se cunhou o termo ' o gigante acordou'. Desde os anos de enfrentamento com a ditadura militar as ruas são dos que defendem os
interesses populares. Agora, tentam instrumentalizar as atuais lutas que surgem por reivindicações legítimas e progressistas.
A direita tenta isolar a esquerda organizada dos atos. Pequenos grupos de extrema direita insuflam palavras de ordem e agressões que tentam nos impedir de promover essa disputa.
É uma batalha que disputa os corações e as mentes de milhares de brasileiros que despertam sua indignação e assumem a coragem de lutar. Não podemos secundarizar esse momento. Todas as nossas energias devem se voltar para essa disputa.
O que está acontecendo?
O crescimento e a intensidade das mobilizações dos últimos dias causam perplexidade e surpresa em todos que buscam entendê-la. A correlação de forças se altera numa rapidez impressionante, com a entrada em cena de mobilizações populares que não se colocavam desde a década de 80.
Os protestos são um exemplo pedagógico essencial, que marcam simbolicamente uma nova fase histórica em nossa luta popular, superando os difíceis anos de descenso que enfrentamos desde o início dos anos 90. A retomada da capacidade de lutas, que já vinha sendo sinalizada por um crescimento continuo do número de greves desde 2004, agora demonstra a presença de um elemento subjetivo, da coragem de enfrentar a repressão e do ânimo de ganhar as ruas. Já não restam dúvidas de que ingressamos numa nova etapa de reascenso da luta de massas.
As manifestações iniciadas em São Paulo e Porto Alegre se expandiram para todas as grandes cidades e se alastram por todos os recantos do país. Ao contrário de outros anos, a luta desencadeada pelo movimento Passe Livre pela redução das tarifas, ao enfrentar uma truculenta repressão do governo Alckmin, ao invés de se esvaziar, gerou uma imensa solidariedade, demonstrando uma mudança no ânimo de luta de massas, que rapidamente se generalizou como exemplo pedagógico.
Ao contrário de outras situações históricas em que explodiram, em poucos dias, intensas mobilizações sociais, como no "caracazo" na Venezuela em 1989, ou nos "panelaços" na argentina 2001, que converteram-se em revoltas políticas, desta vez, não há um agravamento súbito das condições de vida das massas, que proporcione as mesmas condições objetivas que construam uma alternativa política popular.
Os atos e marchas são predominantemente progressistas até o momento, mas a disputa política e ideológica com as forças de direita se acelera.
A reivindicação inicial que teve o papel deflagrador, pela redução das tarifas de transporte público, é uma bandeira popular, progressista, clara, precisa. As reivindicações que predominam nas manifestações expressam a busca pela melhoria das
condições de vida e a ampliação do acesso às políticas públicas. Mas assistimos uma acelerada disputa política e ideológica pelos rumos e direção política do movimento.
Milhões de pessoas vão às ruas protestar pela primeira vez, conquistando vitórias na redução das tarifas, proporcionando elevação da autoestima e uma experiência inigualável de protagonismo popular.
O protagonismo da juventude, sempre presente em todas as grandes retomadas de lutas de massa, é essencial. Mas não esqueçamos que jovens têm um pertencimento de classe. O polo dinâmico que iniciou as manifestações e ainda tem predomínio nas lutas de rua são setores médios, os que menos ganharam nos últimos dez anos de governo petista e sua frente neodesenvolvimentista. Este setor social descolou seus ganhos tanto dos mais ricos - que elevaram seus ganhos às alturas -, quanto dos mais pobres, que também obtiveram ganhos, embora modestos, mas suficientes para diminuir a distância entre a classe média tradicional e a baixa classe média. Essa perda relativa do poder aquisitivo da classe média foi o elemento material que conduziu parte dela a votar na oposição a Lula e Dilma.
Estes setores, que até então não haviam sido capazes de elaborar suas demandas econômicas, de dar vazão à sua insatisfação e tampouco encontrar respostas nos partidos de oposição, quer os da direita, quer os da esquerda, viram nas manifestações uma possibilidade de expressar seus descontentamentos.
É certo que as manifestações e protestos se ampliam com muita velocidade, envolvendo outros setores sociais, em particular, os jovens das grandes periferias, mas, até o momento, a classe operária organizada e os trabalhadores rurais não ingressaram neste cenário.
Ao conquistar as ruas os manifestantes, por um lado, empreenderam uma derrota aos setores conservadores que vinham impedindo atos e manifestações - pelo uso do aparato repressivo policial e por mecanismos que criminalizavam os lutadores (as) - e, por outro, demonstraram sua força, e estão contribuindo para resgatar o sentimento de legitimidade da luta social diante da sociedade brasileira.
As crescentes manifestações irrompem num momento em que o governo Dilma sinalizava, pressionada pelos setores rentistas, pelo grande capital especulativo internacional, com um recuo nas medidas progressistas que reduziram os juros, mudaram a política de câmbio e criaram mecanismos para proteger e incentivar a indústria nacional. O recuo foi ganhando forma desde final do ano passado, quando estes setores iniciaram uma contra-ofensiva, com o amplo apoio da mídia, exigindo o ajuste fiscal e a elevação de juros, sob a ameaça da inflação crescente.Isto veio de forma articulada com uma "campanha" para derrubar o Guido Mantega.
Neste momento, portanto, podemos afirmar que está deflagrada uma disputa pela aplicação dos recursos públicos e que a conquista popular de redução das
tarifas de transporte se insere nesta disputa. Para que confirme como uma vitória dos setores populares, os recursos para a sua efetivação devem sair do lucro das grandes empresas e/ou dos recursos que são "poupados" para pagar o superávit primário, e não dos programas sociais que contribuíram para a redistribuição de renda em nosso país, no último período.
Estas manifestações também são reflexo da situação que se instaurou nos últimos anos, nas grandes cidades, com o avanço da especulação imobiliária, o aumento no custo de vida - muito além dos salários – e o baixo investimento em serviços públicos. Em muitas delas, eles ficaram paralisados, gerando um sucateamento destes serviços, como podemos identificar claramente na péssima qualidade dos transportes. Nos grandes centros urbanos, a população, que vai para a escola e para o trabalho em ônibus e metrôs apertados, perde de três quatro horas por dia no trânsito, tempo que poderia utilizar para estar com a família, estudando ou participando de atividades culturais.
As mobilizações também têm expressado forte sentimento de rejeição ao atual sistema político. Generaliza-se a percepção de que há uma "blindagem" da política aos verdadeiros interesses do povo brasileiro. Nesse contexto, os partidos políticos e os próprios políticos são vistos como parte de uma mesma engrenagem subordinada aos interesses das elites e a democracia representativa se apresenta, aos olhos da juventude, como um mecanismo que impede a democracia efetiva. Mesmo as bandeiras de partidos de esquerda passam a ser vistas como símbolos da burocracia, apesar de seu histórico de lutas.
Mas a atual crise não se limita aos seus aspectos econômicos e sociais mais evidentes. O atual sistema político não possibilitou que nossa sociedade superasse as principais características herdadas de sua condição colonial. Seus diferentes ciclos de desenvolvimento sempre reproduziram a desigualdade social interna e a dependência externa.
A arquitetura institucional brasileira e a configuração estrutural do capitalismo deixam espaços exíguos para política. Pois o Estado burguês é reprodutor da lógica de acumulação financeira, que permeia a sociedade como um todo.
A principal herança negativa deste ciclo é ter alimentado a confusão entre a defesa das liberdades democráticas e a democracia burguesa. A bandeira das liberdades democráticas pertence à esquerda e não à burguesia (que se apoderou dela em razão dos problemas enfrentados nas experiências de construção do socialismo). Todas as liberdades democráticas foram historicamente conquistadas em lutas populares e constituem um patrimônio das forças revolucionárias.
Quem é o inimigo?
Para que as atuais mobilizações alcancem as resoluções dos reais problemas do povo brasileiro, é necessário que enfrentem seus verdadeiros inimigos. Evidenciá-los nas ações é o nosso desafio.
No plano político geral, o inimigo é a burguesia brasileira subordinada e/ou associada aos interesses imperialistas que, diferentemente de outras “burguesias nacionais”, em outros momentos históricos, não pode garantir às massas populares o acesso à riqueza nacional, sob pena de suicidar-se, desaparecer enquanto classe.
No dia a dia da população esse inimigo está nas grandes empresas de transporte, os monopólios da comunicação, as empresas educacionais, os planos de saúde, os bancos, só para citar alguns.
Como o inimigo vem atuando?
Nossos inimigos atuam aplicando medidas que buscam acomodar as tensões sociais, camuflar os conflitos de classe e, em determinadas conjunturas, promover compensações, sem nunca alterar a estrutura social de nosso país. Isso faz com que as contradições se acumulem.
Nesse sentido, quando os banqueiros impõem o superávit primário estão confrontando os interesses do povo e suas reivindicações de mais recursos para transporte, educação e saúde. As empresas de transporte coletivo, enfrentam os interesses do povo quando se recusam a baixar as tarifas, para não perderem parte de seus lucros. Os donos do ensino privado impõem altas taxas de juros, que consomem boa parte do orçamento federal, e confrontam os interesses do povo, que quer ver seus filhos com educação gratuita e de qualidade. Quando as grandes empresas dos meios de comunicação atuam na defesa do monopólio do setor e sobrevivem de recursos da publicidade estatal, limitam o direito de liberdade de expressão e comunicação.
Neste momento, as grandes empresas de comunicação, atuando conforme interesses de sua classe, caracterizam-se como um dos principais inimigos do povo. O enorme poder concentrado da mídia passa a atuar como verdadeiro partido político da classe dominante, interferindo nas mobilizações, premiando e fortalecendo a imagem de "líderes" que se amoldam aos seus interesses e condenando aqueles que denunciam os reais inimigos dos interesses do povo. Atuam na disputa pela interpretação das mobilizações, sendo instrumentos poderosos para construir uma leitura, influenciando nas pautas que vão para as ruas e promovendo líderes adequados aos seus interesses. Um bom exemplo disso é o reforço que é dado à pauta da corrupção e da luta contra a chamada PEC 37, cujo significado a maioria desconhece e foi claramente plantada pela direita e seus porta-vozes – grande mídia, tudo para desviar as mobilizações populares dos seus verdadeiros inimigos.
Cumpre relembrar que a bandeira do combate àa corrupção não é de direita. A direita tem convertido esse tema em sua pauta para explorar os desgastes com o julgamento do chamado “mensalão”, buscando restringir seu enfoque ao governo federal e ao PT. É a direita bradando bandeiras que são historicamente contra ela, para desviar o foco das mobilizações e dar ao conteúdo da pauta um sentimento de revolta generalizada e contra o governo federal e o PT.
Outra atuação de destaque é incitar a participação de setores da extrema direita, para atuarem como provocadores e também para rivalizar com os setores progressistas, buscando isolá-los do trabalho de massas.
Outro aspecto importante é que a direita brasileira, representada no projeto neoliberal – financista, derrotada nas urnas, vem ganhando projeção com a judicialização da política, por meio da ofensiva via poder judiciário para criminalizar a luta social. Esse poder judiciário é conivente com a impunidade da violência contra os setores populares em luta e promove a amplificação de seu papel no cenário político via intervenções diretas nos grandes temas, sempre iluminados pela grande mídia.
QUAIS OS CENÁRIOS PROVÁVEIS?
As resoluções da IV plenária nacional Soledad Barret, realizada em novembro de 2012, afirmam que se abrirá uma conjuntura favorável à construção do projeto popular. Acreditamos que as recentes mobilizações de parcelas da juventude brasileira confirmam esta assertiva, inaugurando um novo ciclo de lutas sociais em nosso país.
O atual momento na realidade brasileira introduz boas e novas possibilidades para a construção da força próprio do projeto popular.
Esse processo, por óbvio, será acompanhado de contradições e situações complexas. Como toda retomada de lutas sociais, ocorrerá com fluxos e refluxos, os quais exigirão da militância do conjunto dos movimentos sociais e organizações do nosso campo político, criatividade, ousadia, disciplina e inteligência para lidar com o desenrolar dos acontecimentos.
Tal como afirmávamos em nossas resoluções a direita “desencadeia desde já um processo de ofensiva contra as forças populares e contra o governo Dilma. Esta ofensiva se materializa pelas seguintes vias: no campo da luta institucional, no campo da luta ideológica e no campo da luta social”.
Os próximos períodos serão seguidos de mobilizações das forças sociais que disputam o poder na sociedade brasileira. A direita, através da mídia golpista, tentará construir uma força política anti-Dilma e anti-PT, com o intuito de desgastar o governo
federal na sociedade, utilizando a tática de “ir sangrando o governo”, para apresentar uma alternativa nas eleições presidenciais em 2014.
Neste sentido, intensifica o papel da disputa das ruas com vistas a ganhar as eleições e para isso poderá fabricar novas lideranças e tentar construir uma pauta conservadora na sociedade.
Muito embora não seja tentado (no plano imediato), um possível impeachment da presidenta, não devamos desconsiderar completamente essa possibilidade. Desde já a direita articula palavras de ordem como fora-Dilma.
Deveremos seguir vigilantes e atuando na conjuntura de modo a impedir que bandeiras como essas disputem os rumos das mobilizações e o seu caráter essencialmente progressista.
A tentativa de generalizar pautas anti-governos, seja federal, estaduais e municipais, tende a crescer, e a imobilidade de setores progressistas – dentro e fora dos governos – contribui para a empurrar o processo de mobilização para a direita.
Sobre as mobilizações
As mobilizações tendem a se generalizar. O seu estopim se deu em torno da luta pelo transporte público e pela redução da tarifa de ônibus em diversas cidades, porém, tendem cada vez mais a se universalizarem. Isso ocorrerá na medida em que os setores da classe trabalhadora organizada se insiram nas mobilizações, pautando o conjunto das suas reivindicações.
Temos a clareza de que sem a entrada dos milhares de trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade, dos jovens negros e negras das periferias, esse processo não se desenvolverá a ponto de demonstrar ao conjunto da sociedade brasileira quais são os reais inimigos do povo - aqueles que longe de defenderem um projeto nacional, são diretamente atrelados aos interesses do imperialismo, que nesse momento de crise econômica mundial investe sobre a América Latina, para desestabilizar governos progressistas e forjar golpes contra o povo.
Nos últimos períodos o projeto imperialista venceu eleições na Guatemala, Panamá, Chile e México. Domina a maioria dos governos da América Central, e impulsionou o golpe em Honduras e no Paraguai. Neste momento, tentam investir na Venezuela para sabotar os rumos da revolução bolivariana, o que tem exigido dos trabalhadores e trabalhadoras venezuelanos ainda mais resistência e organização para seguir aprofundando as transformações em curso. As forças imperialistas mantêm a hegemonia dos meios de comunicação de massa e se articulam em todo o continente. Na economia, buscam obter o controle das matérias-primas minerais e agrícolas em todos os países. Controlar os recursos naturais e energéticos da região seguirá sendo uma forma
de atuação fundamental para garantir a recuperação das suas economias diante da presente crise. Tem o objetivo também de aprofundar a nossa dependência, que nos deixa fadados a transferir valor para o centro capitalista, para que ele possa se refazer de modo ainda mais feroz da atual crise.
Muito embora as eleições gerais de 2014 não sejam o centro da luta, nesse momento histórico seu resultado será decisivo e tende a conformar uma maior polarização na nossa sociedade. Abrir-se-á uma oportunidade de pautarmos o programa do projeto popular na sociedade, seja nas lutas atuais, seja no processo eleitoral de 2014, e seguirmos acumulando forças para a transformação da sociedade brasileira.
Importante lembrar que estamos em uma conjuntura bastante dinâmica, típicas de momentos de acirramento e retomada de lutas. Portanto, ante a previsível possibilidade de se alterar em pouco tempo, dificultando fazer previsões e traçar cenários, tais mudanças que adicionem elementos novos e significativos serão correspondidas com novas orientações e diretrizes.
Outro aspecto desse momento é que tais previsões, cenários e mudanças exigem das nossas organizações ritmos de funcionamento adequados.Devemos aproveitar para ajustar nossas instâncias e funcionamentos para que respondam a esse novo momento, certamente exigindo maior ritmo de trabalho, maior profissionalismo, dentre outros.
E o que devemos fazer?
1- Incidir nos rumos desse movimento de massas
- Os rumos dos protestos e mobilizações estão em disputa. Nesse momento, as forças populares e as forças de direita travam uma batalha decisiva na luta política brasileira, que influenciará no estado de ânimo da classe trabalhadora para o próximo período. - Essa disputa ocorre em três níveis:
I - Nas ruas, através das mobilizações de massas;
II - No campo da luta ideológica;
III - No campo institucional. A batalha das ruas é decisiva. Deveremos investir centralmente na disputa das mobilizações de massas. Disputar as massas onde elas estão e não construir pequenos atos isolados somente da esquerda.
- Devemos disputar a consciência das massas e os rumos da sociedade brasileira. Isto será feito nas manifestações de massa e não separando as forças de esquerda das grandes mobilizações e deixando as massas sob influência da direita.
2- Incorporar outros setores da classe nesta luta:
- A disputa nas ruas somente será decidida a favor dos interesses populares se o movimento operário organizado e a juventude das grandes periferias urbanas ingressarem na luta.
- Portanto, nossa tarefa central nesse momento passa por contribuir para a inserção do movimento operário e da juventude em torno de suas pautas estruturais. Como ponto de partida, devemos investir esforços para garantir a participação nos protestos da base dos movimentos populares.
- As escolas secundaristas e as universidades são o espaço privilegiado para atingir mais setores da juventude trabalhadora. Precisamos dedicar o máximo de esforço nas atividades junto às escolas.
3- Fortalecer a unidade da esquerda:
- Fortalecer a coesão do nosso campo político (Consulta Popular, Levante Popular da Juventude, MST, MAB, MPA, MMC, etc) nos proporcionará mais possibilidades de intervir na conjuntura, assim como pode contribuir para a unidade do campo democrático e popular.
- Em cada cidade brasileira onde tivermos influência, pautaremos a unidade dos movimentos sociais, entidades estudantis, partidos de esquerda, centrais sindicais e pastorais sociais. Devemos aproveitar a tentativa de apropriação do movimento pelas forças de direita para coesionar a unidade das forças de esquerda. Construir plenárias para o amadurecimento da pauta e para atuarmos conjuntamente na agitação e propaganda são fundamentais, assim como envolver o máximo de entidades, movimentos e lideranças locais nas lutas.
- Faremos um esforço para construirmos uma jornada nacional de lutas impulsionada pelas centrais sindicais e movimentos populares. O desafio é consolidar uma plataforma programática pautada pelas reformas estruturais. A orientação é manter e intensificar as mobilizações.
4- Politizar o Movimento a partir da inclusão das nossas pautas:
- Precisamos estar atentos às pautas que estão ganhando força nas mobilizações de rua, para dialogarmos com o nível de consciência das massas, e construirmos a partir disso a politização, para obter conquistas e avanços progressistas, realizar o debate com a ideologia conservadora e enfraquecer nossos inimigos.
- Articular nossas pautas locais e estaduais junto de uma unidade de ação nacional. - Lutarmos pelo direito de manifestação e organização, Pela Liberdade de expressão, garantidos pela democracia. Abaixo a repressão policial nas mobilizações.
- Denunciar o papel nefasto da grande mídia, que confunde o povo com a manipulação das imagens, falas e palavras de ordem e criminaliza as lutas sociais. Nesse sentido é fundamental agitarmos o “FORA REDE GLOBO!!!”, gritado em todos os atos. Precisamos enfrentar também o monopólio da mídia, controlada por apenas 11 famílias no Brasil, lutando pela Democratização dos Meios de Comunicação.
- Seguirmos em luta pela redução das tarifas e pela melhoria da qualidade dos transportes públicos. - Lutarmos pelos 10% do PIB para a Educação e por 100% dos royalties do Petróleo para Educação.
- Lutarmos por mudanças no nosso sistema político, pelo financiamento público das campanhas eleitorais e regulamentação dos dispositivos de participação popular. - Seguirmos em luta pela Redução da Jornada de Trabalho.
- O ponto de partida para avançarmos na mobilização pelas reformas estruturais passa inicialmente pela incorporação das pautas locais.
5 - Fortalecer a construção do Levante Popular da Juventude
- O Levante deve ser a ferramenta organizativa que devemos projetar nesse momento, pois é uma importante referência para uma parcela dessa massa.
6- Convocação de “Assembleias Populares”
- Estimular o debate político no seio do povo, fora dos momentos eleitorais, possibilita a propagação de ideias e a aproximação de novos militantes.
- Estamos disputando a linha política desse movimento, contudo, por sua dinâmica, não vai surgir uma liderança ou uma organização própria dirigente. Portanto, entre nossas tarefas, temos que criar experiências que possamos acumular no terreno organizativo e tentarmos influenciar o movimento para além da nossa força social já constituída.
- A convocação de Assembleias Populares devem ser uma referência organizativa para essa massa que está se movimentando. Não será propriamente uma nova organização. Mas a convocação de espaços amplos, que aglutine gente, que envolva os participantes, e que possibilite um espaço privilegiado para incidirmos com a nossa linha política, bem como projetarmos o Levante como referência de organização da juventude.
- Estes espaços possibilitarão que sistematizemos as demandas desses setores que estão em movimento, articulando-as em um programa de reformas estruturais.
- Precisamos saber compreender e dialogar com as iniciativas espontâneas, que vão se construindo na dinâmica desse movimento, que surgem nas redes sociais, que emergem das lutas de rua. Não deve ser, necessariamente, uma iniciativa convocada por uma organização ou uma força política. É um espaço de base e não de articulação de forças.
7- Influenciar através da Agitação e Propaganda
- Nesse momento devemos potencializar todo o nosso acúmulo em Agitação e Propaganda
- Nas manifestações devemos:
a) disputar os itinerários das marchas para que os alvos expressem a nossa linha política;
b) dar ênfase às palavras de ordem que
sintetizem as nossas pautas;
c) devemos levar faixas e cartazes com as reivindicações e bandeiras do Projeto Popular.
- Disputar o sentimento de nação e os símbolos nacionais. Desde nosso surgimento enfrentamos a rejeição da esquerda tradicional à bandeira e ao hino nacional. Não podemos nos colocar contra estas simbologias, afirmando somente as simbologias de esquerda. Devemos incidir na agitação para dar conteúdo político a este sentimento nacional. Caso contrário, vamos entregar esta simbologia para a direita.
- As redes sociais, assim como em outros processos no mundo, revelam-se uma ferramenta importante no processo da luta ideológica e mobilização, por isso devem ser potencializadas ao máximo.
8- Incidir nas linhas, mas preservando a segurança da militância
- Devemos estar atentos para as questões de segurança da militância diante dos enfrentamentos com grupos de extrema direita. Vamos para as ruas! Sabemos quem é o inimigo, temos unidade política e ideológica e boas possibilidades de materializar uma linha política justa e apresentar um programa que traga soluções para os problemas básicos do povo. É a possibilidade que temos de acumular forças para avançarmos na construção de um Projeto Popular para o Brasil.
“Lênin diz que o erro fundamental é render culto ao espontaneísmo, pois quanto maior e mais poderoso seja o auge espontâneo das massas, tanto mais se exige elevar a consciência do partido. Sem isso não se pode dirigir todo o movimento. E de explosões espontâneas nada se pode esperar, se não há liderança da vanguarda do proletariado”. Ecletismo e Marxismo, Carlos Marighella, 1967.
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