29 de novembro de 2015

Trabalho de Base



Sun Tzu em “A Arte da Guerra” diz que há 5 opções para ganhar uma guerra:
1. Disciplina; 2. Conhecer o Tempo (clima); 3. Conhecer o Espaço (a geografia e a realidade do país); 4. Doutrina (convicções); 5. Comando

Trabalho de Base: (O que nos move é a esperança: 1 Pe 3.15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,)
1. Dizer para que veio.
Jesus Cristo disse em Mc 1.15 e Lc 4.43 para que veio: construir o Reino de Deus.
Dividir logo – não fazer acordos e conciliar, para saber logo quem é amigo e quem é inimigo.
Mt 10.34 Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
Mt 12.30 Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.
2. Procurar quem ninguém quer.
1 Co 1.28 Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;
Procurar quem não está nos Movimentos da Esquerda e Sindicatos.
3. “Fazer Milagre” – Realizar uma ação concreta. Para juntar a multidão tem que fazer algo: tirar prefeito, delegado, etc.
Revolução se constrói com enfrentamento não com conversa. Ações bem definidas conseguem convencer e se começa com o inimigo mais fraco. USA nunca ataca um país forte, sempre um fraco.
Fazer o que é possível e não o que a gente quer – Fazer o que a gente não quer por primeiro, mas que o povo quer. Padre no Nordeste insiste com o povo para cavar um poço para ter água. O povo queria arrumar e ajeitar o cemitério. Quando o padre topou arrumar o cemitério o povo depois foi cavar um poço.
4. Antes de chegar à Jerusalém tem que percorrer todos os povoados. Tem que conhecer a realidade do país e do povo.
5. Sem grupo ninguém tem medo de ti.
6. Todos têm talentos – cabe à liderança conhecer e descobrir.
7. Fugir quando querem endeusar a gente.
8. Grupo forma líder. Maior função de um líder é formar um grupo; ir de casa em casa.
Lc 10.1 Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir.
A reunião faz a base – corpo a corpo com insistência e não desistir de conversar e insistir. Compreender as manias do povo, de sua resistência de não se envolver logo.
9. Não se faz luta com quem tem tempo, mas com quem precisa.
Mt 8.21 E outro dos discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai. 22 Replicou-lhe, porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. (Talmud diz que quem não vai ao enterro do pai perde a herança. Herança - propriedade privada dos meios de produção - é mais importante que seguir Jesus Cristo.)
10. Ninguém está no grupo por obrigação, mas por escolha.
Mt 19.27 Então, lhe falou Pedro: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós?
A gente escolheu trabalhar com o povo, de fazer militância porque temos esperança, sonho – fizemos uma escolha – ter convicção – escolha de vida.
11. Perseguição faz parte do processo – cruz é resultado da luta.
Mt 16.24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
12. Quem financia a luta é o povo.
Mc 6.38 E ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver! E, sabendo-o eles, responderam: Cinco pães e dois peixes. 39 Então, Jesus lhes ordenou que todos se assentassem, em grupos, sobre a relva verde.
Organizar o financiamento via grupos que descobre que tem a comida necessária.
O povo que não financia sua luta não vai entender a sua libertação.
13. Militante cumpre tarefa, nunca volta sem resultado.
Foi, não teve reunião – volta e faz visita de casa em casa e conversa com o povo.
14. Todo resultado deve ser divulgado.
Mc 1.40 Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos Se quiseres, podes purificar-me. 41 Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! 42 No mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo. 43 Fazendo-lhe, então, veemente advertência, logo o despediu 44 e lhe disse: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo. 45 Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas e a divulgar a notícia, a ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com ele.
15. Só a multidão é capaz de enfrentar o poder. Revolução não se faz com vanguardas, mas com a massa. O momento é de convencer a multidão porque estamos numa democracia. Numa ditadura é mais difícil.
16. Todo trabalho deve levar os oprimidos caminhar com seus próprios pés. Nada de criar dependência, achar que a gente é insubstituível, é ter sede de poder, querer ser chefe.
Quanto mais pés, mais coices. Antes de Jerusalém tem que percorrer a Palestina para conhecer e convencer para a luta. Ao disputar o poder tem que derrubar cercas: caçar prefeito, etc.


Tentativa de Síntese Programática
WLADIMIR POMAR  
Estudando com atenção os diversos pontos apontados pelo documento “Mudar para sair da Crise...”, e tendo em conta possíveis adendos a ele, pode-se fazer uma tentativa de síntese programática, congregada em dois grandes eixos, um de adoção imediata e emergencial, e outro de longo prazo.

O eixo de adoção imediata e emergencial comporta três grandes políticas:
1. Contrapor-se a qualquer tipo de golpe institucional;
2. Mudar a atual política econômica;
3. Revigorar e democratizar o papel do Estado.

I. Contrapor-se a qualquer tipo de golpe
1.      Contra qualquer tipo de golpismo que ameace a vontade expressa pelo povo nas urnas e as liberdades democráticas;
2. Contra a criminalização dos movimentos sociais e da política, implícita nas manifestações abaixo:
2.1.     Redução da maioridade penal;
2.2.     Extermínio da juventude pobre e negra das periferias;
2.3.     Machismo e a homofobia;
2.4.     Racismo e violência que abate indígenas e quilombolas.
3. Pela retomada da bandeira de luta contra a corrupção exigindo:
3.1.     Paralisação dos vazamentos seletivos e a democratização das informações;
3.2.     Amplo direito de defesa aos acusados;
3.3.     Aplicação da proibição das contribuições privadas a partidos e candidatos a campanhas eleitorais.
4.   Pela unificação da esquerda em torno de:
4.1.     Manutenção e ampliação das liberdades democráticas;
4.2.     Mudança da política de ajuste recessivo para evitar o sacrifício da maior parte da população;
4.3.     Adoção de uma política econômica de desenvolvimento econômico e social.

II. Mudar a atual política econômica
1.   Derrubar a taxa de juros reais a um patamar que torne mais atrativo o investimento produtivo, ao invés do investimento financeiro;
2.   Combater a inflação fundamentalmente através do aumento da oferta de alimentos e bens industriais não duráveis para o mercado doméstico;
3.   Alongar o pagamento da dívida pública;
4.   Controlar o câmbio através de uma política administrativa que o torne favorável tanto às exportações quanto às importações de bens de capital;
5.   Cumprir integralmente o Orçamento;
6.   Impulsionar um plano de obras públicas prioritárias destinadas a resolver os problemas de:
6.1.     Transportes urbanos de massa;
6.2.     Saneamento e abastecimento de água;
6.3.     Habitação popular;
6.4.     Infraestrutura de saúde e educação;
6.5.     Criação de empregos.
7.   Regulamentar a atração de investimentos externos:
7.1       Impedir investimentos de curto prazo;
7.2       Criar obstáculos a investimentos que visem a compra de plantas industriais, comerciais e de serviços já existentes;
7.3       Estimular os investimentos em novas plantas industriais que adensem as cadeias produtivas nacionais e a infraestrutura logística.

III. Revigorar e democratizar o papel do Estado
1.   Adotar medidas para desfazer o sistema de cartel que predomina no setor de engenharia e construção:
1.1.     Garantir a ampla concorrência das empresas nas obras públicas, independentemente de seu tamanho;
1.2.     Recuperar a capacidade operacional, de gestão e de investimentos das corporações e demais empresas do setor;
1.3.     Manter o controle nacional sobre esses grupos.
2.   Definir um projeto nacional de reestruturação democrática de todos os setores monopolizados ou oligopolizados por corporações nacionais ou transnacionais:
2.1.     Estimular o crescimento do número de empresas que sejam capazes de incrementar a produtividade, nivelando-se ao padrão tecnológico internacional;
2.2.     Estimular o crescimento do número de empresas com produtividade média e baixa, capazes de garantir alto nível de emprego e reduzir a força de trabalho excedente;
3.   Transformar todas as estatais existentes, incluindo os bancos públicos, em operadoras e incentivadoras produtivas, cabendo a elas:
3.1.     Aumentar e aprofundar a articulação de apoio ao desenvolvimento das cadeias produtivas, estatais ou privadas, melhorando a capacidade de gestão das empresas, ampliando os serviços de desenvolvimento de projetos e produtos, e intensificando a inovação tecnológica em termos de máquinas e processos de trabalho;
3.2.     Criar mecanismos que garantam a sobrevivência e o desenvolvimento das micros, pequenas e médias empresas tecnologicamente defasadas, mas altamente empregadoras de força de trabalho;
3.3.     Criar um banco especializado no crédito às micros e pequenas empresas, com mecanismos garantidores adequados;
3.4.     Orientar as compras públicas para favorecer o desenvolvimento das micros, pequenas e médias empresas.
4.   Tratar adequadamente as peculiaridades de cada empresa estatal de modo a recompor o seu papel e garantir seu desenvolvimento:
4.1.     No caso da Petrobras: dar fim ao represamento dos preços; reduzir a alavancagem e os custos operacionais; manter os 30% de participação e a garantia de operador único no pré-sal; recolocá-la no centro da gestão da cadeia de fornecedores na área de petróleo e gás; acelerar projetos na área de refino e produção de derivados, tornando o Brasil autossuficiente nesses setores;
4.2.     No caso da Elétricas: reordenar os preços; dar-lhes autonomia para associar-se a fabricantes de equipamentos com o fim de montar a cadeia nacional de fornecedores de equipamentos e materiais; acelerar as áreas de energia hidráulica, eólica e solar; e jogar papel importante na gestão das águas e na utilização das vias fluviais.
4.3.     No caso das demais estatais, precisar suas funções e projetos no sentido de jogarem papel positivo no desenvolvimento industrial de fabricação de equipamentos e componentes no país, algo fundamental para o futuro do desenvolvimento.
4.4.     Criar mecanismos internos e externos de contenção da corrupção em cada uma das estatais.

5.   Consolidar os setores estatais de planejamento macroeconômico e de elaboração de projetos executivos estratégicos.
A adoção dessas políticas é essencial para retomar o crescimento, tendo por base uma nova estratégia de desenvolvimento econômico e social, a reurbanização e humanização das cidades, e a adoção de uma finalidade social à finalidade econômica da agricultura, itens que serão sintetizados nos próximos comentários.

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