O marxismo, pelo materialismo
dialético, segundo Lukács[1],
pressupõe “a consideração de todos os fenômenos parciais como elementos do
todo”, “o domínio universal e determinante do todo sobre as partes” e "A
ciência burguesa - de maneira consciente ou inconsciente, ingênua ou sublimada
- considera os fenômenos sociais sempre do ponto de vista do indivíduo. E o
ponto de vista do indivíduo não pode levar a nenhuma totalidade". Só é possível compreender a totalidade concreta
pela dialética de Marx. A “Dialética, em sentido restrito, é - diz Lênin - o
estudo das contradições contidas na própria essência dos objetos.”[2]
Bogo[3]
lembra que “A dialética, portanto, é a lógica de ver as coisas e o mundo no
encadeamento das contradições que avançam e regridem”. José Paulo Neto[4]
diz que "não vê a totalidade como a "soma das partes", mas, sim,
uma totalidade que se articula com "totalidades menores", movidas por
contradições internas ativas e mediadas pela estrutura particular de cada
totalidade." Segundo Enrique Dussel[5]:
"O método dialético consiste em situar a "parte" no
"todo", como ato inverso ao efetuado pela abstração analítica". Uma
parte que não se liga ao todo não existe.
Kautsky[6] lembra da necessidade de reconhecer a totalidade e as contradições das conexões sociais, no espaço e no tempo, através do trabalho detalhado vinculando-o ao processo social no seu conjunto. Roberto Vital Anav[7] aponta que a dialética é "um método de abordagem de toda a realidade". Hegel "apresentou a realidade natural e social como uma totalidade onde tudo se relaciona a tudo. ... Os fatos se relacionam e se encadeiam em uma rede complexa, influenciando-se reciprocamente." ... Os fatos se relacionam e se encadeiam em uma rede complexa, influenciando-se reciprocamente." ... “para Marx são as contradições no mundo material que explicam todas as transformações, inclusive as mudanças nas ideias, nas religiões, no gosto artístico, na cultura, nas leis e nas formas políticas de cada época”. Os princípios dialéticos marxistas, segundo Althusser[8], para ler a realidade são: a totalidade, o movimento, a transformação da quantidade em qualidade, a contradição. Plekhânov[9] lembra que “Hegel diz: "A contradição leva avante". E para esta concepção dialética a ciência encontra uma confirmação notável na luta de classes. Se não se leva em conta esta última, nada se pode compreender da evolução da vida social e espiritual de uma sociedade dividida em classes.” O método de Marx nos ajuda a descobrir a totalidade do Projeto de Deus nos textos bíblicos.
No exemplo do Êxodo vemos
isso em que a exploração de classe (“as contradições no mundo material”) produziu,
através de Javé, o processo da Revolução Agrária que culminou com um novo modo
de produção nas montanhas da Palestina, sem propriedade privada, sem classes
sociais, sem Estado e sem templo, apenas um altar (Js 8.30). Uma nova forma de
entender Deus (“as mudanças nas ideias, nas religiões”) surgiu dentro do
processo do Êxodo que culminou com a conquista da Terra Prometida. Um Deus que
age, a partir das classes subalternas, dentro do processo histórico da luta de
classes para eliminar a sociedade de classes.
Na explicação bíblica
normalmente se esquece de mostrar o todo da qual a parte se compõe. É que o
“todo” não está claro para a maioria e também muito subversivo para ser
lembrado na explicação das partes (das perícopes). O Projeto Global de Deus (a
visão da totalidade, a compreensão do todo) deve nortear o entendimento e a
interpretação das perícopes que compõem os livros bíblicos. A perícope é uma
parte do todo, mas tem a sua totalidade dentro da totalidade do Projeto Global
de Deus.
O eixo central da pregação e
ação de Jesus Cristo é o Reino de Deus (Mc 1.14-15, Lc 4.43) como ponto de
partida e de chegada e este tema é o norteador para o todo da pregação do
Evangelho a partir das perícopes com suas especificidades e contradições. Não
dá para isolar as perícopes deste tema central como o faz a teologia idealista
cartesiana positivista liberal da visão europeia patriarcal colonialista
capitalista de Deus que nós aprendemos como a única possível e verdadeira. Todo
o NT está norteado por esta questão central: o Evangelho do Reino de Deus (Mt
4.17, 23; Lc 4.43) anunciado e vivido por Jesus Cristo dentro do processo
histórico da lua de classes em andamento para eliminar a sociedade de classes a
partir de sua origem.
Como a teologia está
contaminada pelo cartesianismo positivista o “todo” não está incluso na
concepção teológica, pois interessa apenas a parte dirigida ao indivíduo
isolado. Essa pregação enfoca o chamado à conversão individual (sem mencionar o
arrependimento dos pecados estruturais a que estamos ligados pela vivência na
sociedade de classes em permanente luta), enfoca a vida privada na família e na
profissão desconectadas da luta de classes reinante na sociedade. A teologia
está focada no discurso da salvação individual, desconsiderando a salvação da
humanidade como um todo proposta por Deus (Jo 6.39). Plekhânov[10]
lembra que “O ponto de partida da verdadeira filosofia não deve ser o eu, mas o
eu e o tu. Só este ponto de partida permite chegar a uma justa compreensão das
relações entre o pensamento e o ser, entre o sujeito e o objeto. Eu sou
"eu" para mim mesmo e simultaneamente "tu" para um outro.
Eu sou ao mesmo tempo sujeito e objeto.”
Jesus salva de que? Salva
agora dos pecados individuais e coletivos advindos das estruturas injustas da
sociedade de classes, que tem sua origem na propriedade privada, que por sua
vez induzem aos pecados individuais e coletivos pela concorrência e competição
produzidas pelo capitalismo, que geram as guerras, os assassinatos, o tráfico
de pessoas e de entorpecentes, a violência das migrações, os refugiados, a
acumulação de riquezas, os preconceitos, os genocídios, o patriarcado, o
feminicídio, a exploração de classe, etc. Nem sempre os pecados individuais e
coletivos tem sua origem na sociedade de classes. A escravidão do
assalariamento gerado pela propriedade privada é um pecado estrutural da
sociedade de classes, pois força os não proprietários à prostituição do
assalariamento ao forçar a venda de seus corpos como força de trabalho, como
mercadoria, no mercado de trabalho. Jesus salva da propriedade privada (dos
meios de produção, circulação e distribuição), o pecado mor, que produz os
principais pecados coletivos e individuais de nossa sociedade de classes. Com a
ressurreição do corpo Jesus salva da morte eterna.
A parcialidade do discurso
teológico cartesiano positivista, que se diz neutro e imparcial, impede uma
visão do todo do Projeto de Deus. Essa “neutralidade” (que não é neutra, mas
engajada na reprodução da sociedade de classes) e “imparcialidade” (que não é
imparcial, mas ajuda a esconder a exploração de classe) ajudam a manter o
capitalismo de pé. Kautsky[11]
lembra da necessidade de reconhecer a totalidade e as contradições das conexões
sociais, no espaço e no tempo, através do trabalho detalhado vinculando-o ao
processo social no seu conjunto. Usando o método de Marx descobriremos a
totalidade do Projeto de Deus nos textos bíblicos.
Qual é o Projeto Global de
Deus para com a humanidade no AT e no NT? O que Ele quer afinal para e com a
humanidade?
Resumindo o Projeto Global de
Deus na Bíblia para uma visão de totalidade:
1. O Natal (Lc 2.1-20; Jo
1.14) é o ponto do reinício da revolução camponesa (Dt 6.20-23), agora internacionalizada
pela insurgência evangélica do Reino de Deus (At 1.8; Mt 28.18-20), que Javé
iniciou lá no Êxodo (Êx 3) a partir da classe camponesa escrava dentro do
processo histórico da luta de classes contra a classe proprietária (Gn
47.20-24) que controlava o Estado e a Religião (Gn 47.22, 26) no Egito. A
Religião dá a sustentação ideológica ao Estado e à sociedade de classes (1 Rs
5.1-5). Javé já rompe com isso em Gn 11.1-9. Javé se insere no processo
histórico da luta de classes (a luta entre a classe que controla o Estado e a
classe camponesa) organizando a classe subalterna (Êx 3.18; Js 8.35) para, a
partir dela, acabar com a sociedade de classes, com seu processo de exploração
e emancipar a humanidade para que tenha vida em abundância (Jo 10.10) eliminando
a existência de pobres (Dt 15.4; Lc 18.18-23) a partir da eliminação da origem
da pobreza, a propriedade privada [da terra] (Lv 25.23).
A classe camponesa hebreia
organizada, orientada e conduzida por Javé, formada por vários grupos, que se
uniram nas montanhas da Palestina por terem uma história e objetivos
semelhantes, como o Grupo Sinaítico (Dt 33.2), o Grupo Abraâmico (Gn 11.31-12.9;
Gn 13.5-12) e o Grupo Mosaico (Ex 1.8-14; Sl 105.1-45; Ex 5.6-14). A classe
camponesa hebreia passou pelo longo processo de aprendizagem em construir uma
nova sociedade não classista, liberta (Êx 16; 18; 20; 32), com uma nova
linguagem (Gn 11.1-9), amparada no Poder Popular (Nm 27.1-11), na longa
caminhada de uma geração pelo deserto (Nm 14.33-34; 32.13). Esse processo culminou
com a conquista do poder político do Estado, pela eliminação das
cidades-estados nas montanhas da Palestina (Js 6-8), para Javé implantar a
partir dali o seu Projeto de emancipar e libertar a humanidade da sociedade de
classes ao viabilizar o controle dos meios de produção – a terra – pelo Poder
Popular das tribos (Nm 26.52-56), que tomavam as suas decisões em Assembleia
Popular (Js 24), e acabar com a propriedade privada da terra (Lv 25.23).
1a - O Projeto de Javé no AT
se caracteriza pelo fato de Javé ter iniciado e conduzido o processo
revolucionário camponês (Êx 1-15) para criar uma sociedade sem classes sociais
(Dt 15.4), sem Estado (Js 8.1), sem templo (Js 8.30) e sem propriedade privada
da terra (Nm 26.52-56), onde o povo exerce o Poder Popular na Assembleia
Popular (Js 24). Com o ressurgimento da propriedade privada da terra (1 Sm 25)
e da luta de classes (1 Sm 22.1-2) os proprietários privados da terra e donos
de bois (1 Sm 11.7) conduziram o processo de construção do Estado monárquico (1
Sm 8; 11.12-15) que os/as profetas denunciaram (Mq 3) como sendo uma agressão
ao Projeto de Javé da Terra Prometida e tomar o lugar de Deus (1 Sm 8.7-8). As
autoridades (Rm 13.1; Js 8.33-35) do Poder Popular (Nm 27.2; Js 24; At 6.1-7)
foram instituídas por Deus (Êx 18.21-23), não o Estado, contra o qual Deus luta
(Gn 11.1-9; Êx 3; Js 8), cujo poder vem do diabo (Ap 13). Frente esse desmonte
do Projeto de Javé os/as profetas anunciam a vinda do Messias (Is 7.13-16) para
reconduzir o povo e sua organização popular (Is 1.26) ao caminho da justiça (Is
11.1-10) e da paz (Is 9.1-7).
2. Jesus de Nazaré, o Cristo
(Mc 1.1), é o cumprimento da profecia (Lc 4.16-21) e o ponto de chegada e de
partida da retomada do Projeto de Deus, interrompido pela Monarquia (1 Sm 8),
anunciado pelos profetas (Mq 3; Is 11.3-5), através da insurgência
revolucionária evangélica internacional (sem fronteiras – At 1.8) do Reino de
Deus (Lc 4.43; Mc 1.15). Is 11.1 mostra que o Messias tem suas raízes na classe
camponesa: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo”.
Jessé, pai de Davi, era camponês. O camponês sem terra artesão palestino maldito
(Dt 21.23) marginal (Mt 27.38 – “foram crucificados com ele dois
[lestai] bandidos”) empobrecido (Lc 9.58)
Jesus, o Cristo, dá continuidade à luta da classe camponesa (Jo 1.14 – Javé se
fez carne [matéria] na classe camponesa e armou tenda [movimento, processo] no
meio de nós) contra a sociedade de classes (Lc 4.18-19; Mt 25.14-30). Nele Javé
se fez classe camponesa (Lc 2.7; Jo 1.45-46) para, a partir das classes
exploradas (Mt 11.25-26) e excluídas (1 Co 4.9-13), através do trabalho de base
(Lc 10.1-23) com formação teórica (Mc 6.30-44) das massas, acabar, pelo Reino
de Deus, com o modo de produção classista (Gl 3.28), seu Estado (Ap 18) e o
Templo (Religião – Jo 2.13-22) legitimador (Jo 11.47-53) da sociedade de
classes (Lc 3.1-2; Lc 23.1-5), ao propor a expropriação (voluntária) dos
expropriadores (Mt 19.16-22) como parte do caminho para a vida eterna dentro do
discipulado de Jesus Cristo.
Paulo em 1 Co 1.28 fala do
processo revolucionário do Reino de Deus dizendo que “Deus escolheu as coisas
humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada
as que são” pelo poder da fraqueza - 2 Co 12.9-10 - e pela loucura da pregação
da palavra da cruz de Cristo - 1 Co 1.18, 25. Quem são os que nada são (1 Co
4.9-13) hoje, como os escolhidos por Deus, que vão ajudá-lo, como seus
instrumentos sagrados (2 Co 6.16), a acabar com o que é, o capitalismo e seus
mecanismos de sustentação (Estado, Igreja-Religião, ideologia), no processo de
construção revolucionária evangélica do Reino de Deus conduzido por Jesus
Cristo? São trabalhadores/as, camponeses/as, mulheres, jovens negros, mulheres
negras, LGBTQI+, escravos, favelados, dalits, órfãos, empobrecidos, refugiados,
migrantes, quilombolas, ribeirinhos, prostitutas (Mt 21.31), violentados,
estuprados, sem terra, ambulantes, mendigos, indígenas, comunistas, desempregados,
portadores de necessidades especiais, moradores de rua, ecologistas
anticapitalistas, perseguidos políticos, sindicalistas, etc. Estes/as vão colocar
e arriscar os seus corpos sagrados (1 Co 6.19; 2 Tm 1.14) na luta de classes
pelo Reino de Deus (At 23-28) que vai humanizar e emancipar a humanidade da
escravidão da sociedade de classes.
O camponês sem terra artesão
palestino empobrecido (Mt 8.20) e marginal Jesus, o Cristo, em seu Programa
Revolucionário Evangélico (Lc 4.16-22) propõe a extinção da sociedade de
classes (Gl 3.28; Gl 1.4) pela libertação das classes escravizadas (Gl 5.1-6) e
exploradas (Tg 5.1-6) dentro do Projeto de Humanizar e Emancipar a humanidade
desumanizada (Mt 25.14-30; Lc 16.19-31) pela propriedade privada (Mc 10.17-22) e
pelo seu mecanismo de legitimação e de reprodução, o Estado classista (Ap 13; 18).
Jesus, o Cristo, vai entregar
a Deus Pai o Reino pronto quanto tiver eliminado o Estado e o poder encarnado
nele [Ap 13; 18] (“quando houver destruído todo principado, bem como toda
potestade e poder” – 1 Co 15.24), com a extinção das classes sociais (Gl 3.28) e
da propriedade privada (Lc 18.18-23), e o último inimigo a ser eliminado é a
morte (1 Co 15.24-26). Por causa de nossa fé (1 Jo 5.4) na ressurreição do corpo
(1 Co 15.3-4) nos engajamos nesta luta revolucionária do Reino de Deus (2 Co
11.16-33) conduzida por Jesus Cristo que vai extinguir o reino classista deste
mundo dentro do processo de viabilizar o Reino de Deus pelas lutas por justiça
e paz para que haja alegria no Espírito Santo (Rm 14.17).
Essa luta é perpassada pela
cruz (Mt 16.24), pois o reino classista do mundo não vai se entregar sem
resistência (Ap 12), mas a vitória será do Cordeiro de Deus (Ap 17.14). A
resistência da classe proprietária, de seu Estado e do Templo [Igreja-Religião]
(Mt 2; Mt 17.22; Jo 7.1; 11.47-50) contra o Projeto do Reino de Deus, tanto
ontem como hoje, se faz sentir pela tentativa permanente de calar o anúncio
puro da Palavra de Deus como Lei e Evangelho pela cooptação, pela intimidação e
pela perseguição pura e simples de quem a anuncia; isso é promovido pela
sociedade de classes e pela Igreja por seus mecanismos internos de controle. As
comunidades/paróquias são administradas normalmente pela pequena burguesia
conservadora (aliada a trabalhadores alienados), que é o longo braço estendido do
controle ideológico do grande capital no local, e pelas normas internas que
controlam e intimidam os/as pastores/as e demais obreiros/as para não
questionar e desmascarar o capital, como processo político-econômico e como
fetiche, que manda na Igreja. O inimigo de Jesus Cristo está profundamente
infiltrado na Igreja e se reproduz ali pela teologia escravizada idealista
cartesiana positivista capitalista, que se entende como neutra.
A cruz de Cristo não é
neutra, por ser instrumento de tortura do Estado até a morte, para inimigos da
ordem imaginada oficial, fincada do lado de fora da cidade, no Gólgota, lugar social
e político de malditos, bandidos e marginais. Mateus usa o termo lestai = rebeldes, bandidos em Mt 27.38 – Jesus foi crucificado
ao lado de bandidos marginais que junto com ele ameaçam o poder constituído –
Lc 23.1-5. Segundo Mt 27.37 Jesus foi
condenado à morte por ser uma ameaça política ao Estado classista imperialista,
visto como rei dos judeus. A fé na ressurreição do corpo (1 Co 15.3-4) anima
para a luta (1 Co 15.32) contra este século (Rm 12.2; 1 Jo 5.4) perverso (Gl
1.4) da sociedade de classes (Mt 25.14-30). Como a cruz de Jesus Cristo não é
neutra então a sua Igreja também não é neutra, mas inserida na luta revolucionária
do Reino de Deus a partir dos fracos (2 Co 12.9-10), que nada são (1 Co 1.28),
que lutam por justiça e paz (Rm 14.17) contra o reino classista do mundo (Mt
25.14-30) que se reproduz pela violência (Mt 2.16) da exploração de classe garantida
pelo Estado e pelo Templo (Lc 2.1-2; 3.1-2).
2a - O Projeto de Javé (1 Jo
5.7) no NT, através de Jesus Cristo, se caracteriza por uma sociedade sem
classes sociais (Gl 3.28), de pessoas libertas (Gl 5.1; 2 Co 5.17), com
cidadania plena na assembleia (Igreja) do povo de Deus (Ef 2.19), sem Estado
(Ap 13, 18), sem templo (1 Co 6.19-20; 2 Co 6.16; Ap 21.22) e sem propriedade
privada dos meios de produção (At 4.32-37; Mt 19.16-29) no processo de condução
da construção da revolução evangélica (Mc 1.15) do Reino de Deus por/em/com
Jesus Cristo (Lc 4.43). A Igreja é o instrumento político, a organização
política revolucionária criada pelo Espírito Santo (At 20.28), a partir das
classes subalternas (Mt 11.25; 1 Co 1.28; 1 Co 4.9-13), conduzida por Jesus
Cristo (Cl 1.18-20, 24) para organizar a resistência e a luta, aliada a outros
setores revolucionários como o movimento popular, sindical, partidos e ONGs de
esquerda, para eliminar o reino classista do mundo (Rm 12.2; Gl 1.4; Ap 18)
através do engajamento por justiça e paz (Rm 14.17), dos que nada são (1 Co
1.28), em direção ao Reino de Deus para acabar com o que é (1 Co 1.28): a
sociedade de classes (Mt 25.14-30) alicerçada na propriedade privada (1 Rs 21;
Mt 19.16-22) e seus mecanismos de legitimação e reprodução (Gn 11.1-9): a
ideologia (linguagem), o Estado, o fetiche do Capital, o mercado fetichizado, a
igreja idólatra, o capitalismo como religião (1 Tm 6.7-11). Esse é o Reino de
Deus em permanente processo[12]
de luta (2 Co 11.16-33) no já agora que se completa com a volta de Cristo com a
ressurreição [do corpo] dos mortos (1 Co 15) e com a vida eterna.
[1] LUKÁCS, Georg. Rosa Luxemburgo como marxista in História e Consciência de classe. São Paulo. Martins Fontes. 2003, p. 105-107
[2] https://www.marxists.org/portugues/stalin/1938/09/mat-dia-hist.htm
[3] BOGO, Ademar. Organização Política e Política de Quadros. Expressão Popular, 2011, p. 169
[4] BOGO, Ademar. Organização Política e Política de Quadros. Expressão Popular, 2011, p. 170
[5] DUSSEL, Enrique. A produção teórica de Marx. Um comentário aos Grundrisse. São Paulo. Expressão Popular. 2012, p. 53
[6] KAUTSKY, Karl. A origem do cristianismo. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 2010, p. 33
[7] ANAV, Roberto Vital. O retorno de Karl Marx. A redescoberta de Marx no século XXI. São Paulo. Fundação Perseu Abramo. 2017, p. 32, 38
[8] SAES, Décio Azevedo Marques de. Althusserianismo e dialética in PINHEIRO, Jair (Org.) LER ALTHUSSER. Marília. Oficina Universitária. 2016, p. 120
[9] PLEKHÂNOV, G. V. Os Princípios Fundamentais do Marxismo. São Paulo. Hucitec. 1978, p. 99
[10] PLEKHÂNOV, G.V. Os princípios Fundamentais do Marxismo. São Paulo. Hucitec. 1978, p. 13
[11] KAUTSKY, Karl. A origem do cristianismo. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 2010, p. 33
[12] LUTERO, Martim. Obras Selecionadas. Vol 8. In Castelo Forte 2017. Dia 22 de maio. São Leopoldo. Editora Sinodal. 2016 (O ser humano está sempre no não ser, no vir a ser, no ser sempre em privação, na potencialidade, em processo)
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