13 de setembro de 2011

Os Outros 11 de Setembro

Uma pessoa sabe quem ela é a partir da sua memória. Quando sofre amnésia e perde completamente a memória, perde também a sua identidade, não sabe quem é, e assim não consegue compreender o seu presente e nem consegue pensar no seu futuro. Jung Mo Sung

Quando as pessoas não perdem a memória o sistema capitalista faz elas esquecerem o passado contando uma outra versão do passado ou apenas uma parte do passado. Nesta última semana só se fala do 11 de Setembro e se convencionou que o 11 de Setembro é somente este das torres gêmeas. Outro 11 de Setembro não existiu.
No entanto, houve o primeiro 11 de Setembro que também não foi o primeiro ato terrorista perpetrado pelos USA, mas que é o símbolo do terrorismo estadunidense que foi o Golpe Militar financiado pela CIA para derrubar o Presidente Salvador Allende no dia 11 de Setembro de 1973. Este ato terrorista não é lembrado como ato terrorista e por isso a mídia capacho nem o cita mais. Este ato terrorista perpetrado pelo Estado estadunidense deve ser esquecido e por isso a mídia, que é capacho do imperialismo estadunidense, não fala mais dele. O resultado deste atentado terrorista financiado pelos USA assassinou 3.225 pessoas no Chile, onde se fez o ensaio do modelo neoliberal privatizando tudo: educação, saúde, previdência, empresas estatais. O total de vítimas oficiais entre executados, desaparecidos e torturados durante os 17 anos que durou a ditadura de Pinochet (1973-1990) se conta em 40.280 pessoas, apesar de entre os grupos de vítimas se estimar que a cifra possa superar os 100.000.
Este não foi o primeiro ato terrorista, antes, além de outros, lembro do golpe militar na Indonésia em 22 de fevereiro de 1967 financiado pelos USA onde a repressão matou 700 mil pessoas. O ditador indonésio Suharto assinou vários acordos de cooperação militar e de segurança, principalmente com os Estados Unidos e com a Inglaterra. Foi deslocado para a Indonésia o maior contingente de agentes da CIA (Agência Central de Inteligência norte-americana) e instrutores para treinamento das forças armadas e da repressão policial de que se tem notícia. O país foi transformado no maior laboratório de repressão política da CIA no mundo. A Indonésia promoveu a invasão do Timor Leste, em 1975, que deixou cerca de 100 mil timorenses morrerem de fome, doenças e guerra. Em seguida devemos lembrar de todos os regimes militares implantados à serviço dos USA na América Latina onde o segundo mais lembrado é o da Argentina que matou 3 mil e desapareceu com mais 30 mil pessoas. O campeão é a Guatemala que matou 200 mil pessoas a serviço do imperialismo estadunidense. Se somarmos a esta lista de golpes militares financiados pelos USA vamos ter milhares de vítimas pela América Latina afora.
Só no Iraque a guerra gerou 1.8 milhões de refugiados e 1.7 milhões de pessoas exiladas e matou 1,3 milhões de pessoas, incluídos os 4 mil soldados estadunidenses, a um custou de 5 trilhões de dólares. No Afeganistão morreram 1.750 soldados estadunidenses e 34 mil pessoas afegãs ao todo, que deve ser um número modesto, que teve um custo de 444 bilhões de dólares, apenas no Afeganistão.

Países que foram bombardeados pelos Estados Unidos, após o fim da 2ª Guerra Mundial:
China 1945-46; Coréia 1950-53; China 1950-53; Guatemala 1954; Indonésia 1958; Cuba 1959-60; Guatemala 1960; Congo 1964; Laos 1964-73; Peru 1965; Vietnam 1961-73; Camboja 1969-70; Guatemala 1967-69; Granada 1983; Lí¬bia 1986; El Salvador anos 80; Nicarágua anos 80; Panamá 1989; Iraque 1991-__; Sudão 1998; Afeganistão 1998; Yugoslávia 1999; Afeganistão 2001- __; Iraque 2003.

Invasões dos USA à América Latina.
Em 1822 (doze anos após iniciado o movimento revolucionário pela independência no México, Caracas e Buenos Aires) o governo norte americano se pronunciou pelo reconhecimento da independência. Até então, tanto o presidente Madison como o presidente Monroe tinham se negado a receber os representantes mexicanos, inclusive tinham demonstrado uma parcialidade muito pouco “americanista” em favor da Espanha.
Em 1831 o navio de guerra norte americano “Lexington” chegou com a bandeira francesa às Ilhas Malvinas, o que permitiu tomar de surpresa a guarnição militar e ocupar as ilhas. Um século e meio depois, em 1982, os USA ajudaram a Inglaterra contra os argentinos.
Em 1845 o congresso norte americano aprovou a anexação a este país do território do Texas, que tomaram pela traição e pela força.
Em 1848 os USA se apoderaram dos territórios do Novo México e Califórnia, com o “tratado de Guadalupe-Hidalgo” que impuseram ao povo mexicano pela força.
Em 1855/60, 1909, 1912 e 1926 os USA invadiram a Nicarágua, assassinaram Benjamin Zeledón e deram ordem para o assassinato de César A. Sandino, deixando como capataz da sua dominação a dinastia Somoza. Desta Nicarágua submetida ao “regime” partiram as tropas mercenárias que invadiram a Guatemala (1954) e Cuba (1961).
Em 1898, os USA ocuparam a ilha de Cuba com o pretexto de ajudar na luta dos cubanos contra os colonialistas espanhóis (que já estavam praticamente derrotados) e se negaram a se retirar e se impuseram como novos senhores, estabeleceram o poder do “regime” e se apoderaram da baia de Guantánamo, onde ainda permanecem até hoje. Desta base estrangeira instalada no território cubano saíram as tropas que em 1965 invadiram a República Dominicana.
Em 1898 os USA fizeram pacto com a Espanha, pelas costas do povo e sem nenhum apoio da parte de ninguém destes países estrangeiros, cedendo a ilha de Puerto Rico aos americanos, sobre a qual pesa a ocupação colonial ainda hoje.
Em 1978 o “Comitê de descolonização da ONU” aprovou uma resolução da assembléia geral e definiu Puerto Rico como “colônia”, exigindo a autodeterminação da ilha. Em 1983 o “Movimento dos Países não Alinhados” reiterou o seu apoio ao seu “inalienável direito à autodeterminação e à independência”.
Em 1903 os USA atacaram a região centro-americana da nossa América, onde fomentou com as suas tropas uma revolução separatista no departamento colombiano do Panamá e, em troca do seu reconhecimento público e do seu apoio militar aos insurrectos, exigiram e obtiveram a concessão de uma faixa de terra para construir um canal interoceânico, do qual precisavam para os seus próprios interesses imperiais.
Em 1915 os USA invadiram o Haiti, onde uma força da marinha, como vulgares ladrões, desembarcou em Puerto Príncipe, dirigiu-se às caixas fortes do “Banco Nacional do Haiti” e, à plena luz do dia, fazendo uso da força, se apoderou do dinheiro existente nas mesmas (US$ 500.000) e o levou para o seu país, onde foi depositado nas caixas do “City Bank”. Os invasores ocuparam o Haiti até 1934 e quando saíram deixaram tudo “em ordem”, segundo os interesses do “regime”, e o caminho livre para a tirania da família Duvallier: Francisco (1957-1971) e seu filho Juan Cláudio até 1986 e tornaram a repetir a ação em 1995, na base de uma operação de “imagem lavada”.
Em 1916 os USA invadiram a República Dominicana, onde o chefe das tropas estrangeiras, “sob a autoridade e por ordem do governo dos USA” se declarou a si mesmo “supremo legislador, supremo juiz e supremo executor”. Nada ficou de pé. A ocupação durou até 1924 e, ao sair, deixaram como capataz o tirano Leônidas Trujillo, mais conhecido como “o chacal do Caribe”, que se manteve no governo 31 anos. Em outra oportunidade, diante da matança de aproximadamente 10.000 pessoas pelas mãos da tirania, o então presidente norte americano, Franklin D. Roosevelt, disse: “Eu sei que és um filho da puta, mas és nosso filho da puta”. Mais tarde, quando Trujillo se tornou um estorvo, a CIA mandou matá-lo.
Em 1946 os USA organizaram o abatimento, linchamento e assassinato do presidente da Bolívia, Gualberto Villarroel, com o que voltou a colocar o poder nas mãos do “regime”.
Em 1954 os USA organizaram a invasão mercenária da Guatemala, levou a cabo o afastamento de Jocobo Arbenz e voltou a impor a sua dominação imperialista.
Em 1954 os USA conseguiram armar uma confabulação suficientemente poderosa, para levar ao suicido Getúlio Vargas, presidente nacionalista do Brasil.
Em 1955 os USA colaboraram com a Inglaterra no afastamento de Juan Domingo Perón. Os capitalistas norte americanos se apoderaram da indústria Argentina e desmantelaram, em um processo de desnacionalização da economia que levaram adiante por 45 anos e cujo ponto culminante executou o governo títere de Carlos Menen na década de 1990.
Em 1961 os USA organizaram uma força de mercenários que, armados, apetrechados, financiados e transportados por este país, invadiram Cuba por Playa Girón.
Em 1964 os USA contribuíram com o golpe militar no Brasil. Estimularam o golpe e se mantiveram na retaguarda, em alerta para que não houvesse reação popular.
Em 1965 os USA invadiram novamente a República Dominicana, para reagir ao levantamento revolucionário popular, que estava a ponto de tomar o poder. Os yanquis fizeram uso de uma força de 45.000 homens e, ao se retirar, deixaram como títere a serviço dos seus interesses Joaquin Balaguer, que se manteve como chefe de governo até 1996. Com esta intervenção e a de 1916 os USA destorceram o destino da República Dominicana durante quase um século.
Em 1973 os USA organizaram e dirigiram o afastamento do Presidente chileno Salvador Allende, deixando instalada no poder a ditadura do general Augusto Pinochet.
Em 1975 os USA promoveram um golpe institucional contra o presidente do Peru, Juan Velasco Alvarado, e voltaram a colocar a economia nas mãos do Fundo Monetário Internacional, levando o país a um caos.
Em 1981 os USA executaram o assassinato do general Omar Torrijos. Com a sua morte, conseguiram derrubar o Movimento Nacional no Panamá e retomar o controle sobre esse país.
Em 1982 os USA ajudaram, pela segunda vez na história, para que a Inglaterra nos arrebatasse as nossas ilhas Malvinas. A base norte americana da ilha Ascensión, os satélites yanquis no espaço, as armas, combustíveis, mísseis, e até o serviço diplomático do império, tudo foi colocado a serviço da agressão colonialista inglesa.
Em 1983 os USA invadiram a pequena ilha de Granada, cujo governo tinha aceitado receber ajuda humanitária de médicos, professores, engenheiros de Cuba. Derrubaram o governo e impuseram um “governador” designado pela rainha dos ingleses, Isabel II. A nova autoridade colonial foi o “cavaleiro real” Pablo Scoon, membro da corte da Inglaterra. A assembléia geral da ONU condenou a invasão.
Ao longo de dez anos (toda a década de 1980) os USA atacaram a Nicarágua mediante uma agressão encoberta, que teve como objetivo derrotar militarmente a Revolução Sandinista ou, se isto não fosse possível, impedir que levantasse a cabeça mediante o desenvolvimento econômico do país. Todos estes anos os ex-guardas somozistas foram financiados e armados pelos USA, que os qualificaram como “lutadores pela liberdade” e os utilizaram para invadir o território, assassinar camponeses, destruir colheitas, etc.
Durante toda a década de 1980, os USA agrediram El Salvador, financiaram o permanente fornecimento de armas ao exército local para conter o avanço revolucionário “Frente Farabundo Martí de Liberacion Nacional” (FMLN). Sustentaram a partir de fora um regime que, se não fosse assim, não teria subsistido.
Em 1989 os USA invadiram o Panamá e assassinaram milhares de civis e militares panamenhos.
Em 1995 os USA invadiram novamente o Haiti, desta vez para lavar a sua imagem internacional, agora como “potência patrocinadora dos governos democráticos”.
A partir de 1999 passaram a financiar a guerra contra a Colômbia. Os USA fornecem treinamento, armamento, e gastam milhões de dólares por ano na sua assistência ao governo. Tudo com a desculpa do narcotráfico. Se o problema fosse realmente este, bastaria investigar as contas bancárias nos grandes bancos norte-americanos ou fechar as fábricas norte americanas de acetona, principal produto de transformação da folha de coca em cocaína.
A partir da década de 1990 até agora os USA instalaram 21 novas organizações militares, como bases fixas, temporais ou translado de tropas. Olhado o mapa, pode-se ver a sua presença no Paraguai, Argentina, Bolívia, Equador, Colômbia. Reativaram as suas bases de Aruba e Curaçao para vigiar a Venezuela. Intensificaram os treinamentos na ilha portorriquenha de Vieques. E firmaram acordo com o governo FHC no Brasil para utilizar a base aérea de Alcântara, mas o governo Lula não deixou.
Esta é uma pequena introdução sobre os “Outros 11 de Setembro” dos quais ninguém mais fala. Só para não esquecer os USA não são uma democracia! São uma ditadura de partido único com duas linhas de direita. Ou por acaso uma nação democrática invade outra nação e financia ditaduras militares que matam seu povo?
O que temos visto nestes últimos dias na TV subserviente e capacha é apenas uma propaganda sem vergonha e deslavada para esconder a verdadeira face terrorista do Estado estadunidense em cima de 3 mil pessoas mortas em conseqüência da prática ditatorial e assassina deste estado terrorista! A tática é manter o medo vivo para justificar a sua própria prática terrorista.
Quem terror semeia terror colhe!

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