4 de outubro de 2011

Duas histórias e uma fonte.

Estive fazendo assessoria na ADL - Associação Diacônica Luterana - para a PPL - Pastoral Popular Luterana - no final de setembro e ali ouvi duas histórias que brotam da mesma fonte. Na verdade esta fonte não é bem uma fonte, porque fonte lembra água límpida e saudável que sustenta a vida, mas a fonte da qual falo é uma esterqueira de cujo chorume brotam estas duas histórias. Esta esterqueira é o capitalismo.
Antes de contar as histórias lembro da história da ADL que nasceu em solo capixaba à serviço da igreja, mas com a reestruturação neoliberal da IECLB em 1997 ela foi jogada às traças e sem discussão com a ADL o curso de diaconia foi de lá tirado, mas ela se reergueu graças à vontade de algumas pessoas que lá atuam. A ADL é hoje, como também foi no passado, uma instituição que envia o maior número de pessoas bem qualificadas para a EST para estudar teologia e exercer o ministério pastoral e diaconal na igreja. Mas, como ela fica lá longe no Espírito Santo recebe apenas uma coleta nacional por ano e no mais tem que se virar. Esta coleta dá para cobrir os custos para dois meses. Coisas da Reestruturação neoliberal da igreja.
Tivemos um encontro de pastores que se identificam com a PPL (e os estudantes da ADL do ensino médio participaram) para fazermos uma análise de conjuntura da igreja e estudar a estrutura do capitalismo. O livro que faz esta Análise de Conjuntura da IECLB pode ser adquirido neste endereço:
Pastoral Popular Luterana
Rua Duque de Caxias, 137 - Centro
89140-000 Ibirama - SC
ppl@pastoral.org.br Fone: (47) 3357-5348
No primeiro dia, como nos demais dias, a meditação da manhã era em conjunto com os estudantes da ADL e eu vi um menino que tocava piano belamente e de forma desinibida enquanto falava com os colegas. E com ele eu começo com a primeira história.
1. A História do sem terra Fábio.
O Fábio me contou no almoço que ele toca seis instrumentos musicais. Na ADL cada aluno aprende a dominar bem um instrumento e aprende a aranhar mais dois, no dizer do diretor Pastor Sigmundo. Daí eu entendi o porque os pastores e pastoras que vieram da ADL para a EST – Escola Superior de Teologia sabem tocar tão bem instrumentos musicais. Mas, ainda não entendi porque a música não faz parte do currículo da EST. Bem, como diz alguém que eu conheço: você não é pago para entender, você é pago para fazer. O Fábio é um menino muito inteligente e dinâmico e está estudando junto com a irmã gêmea Fabiana na ADL. Ele me contou que sua família é uma família camponesa que tem apenas três hectares de terra na região do Espírito Santo chamada de Mata Fria. Em um hectare de terra tem café plantado, um hectare tem a casa e outras construções e um hectare ainda está coberta de mata. Esta terra sua mãe ganhou de herança. Seu pai não ganhou herança de casa. Sua mãe quebrou a perna já três vezes e está cheia de parafusos e de platina e por isso não pode trabalhar, isto já dura anos. Um médico diz que ela pode tirar a platina, outro diz que ela não pode tirar porque senão a perna vai quebrar de novo e ela se tornará uma cadeirante. Por causa disto ela não pode trabalhar na roça e está encostada pela Previdência Social e assim o único que trabalha na roça é seu pai. Com o dinheiro da Previdência ela compra os remédios contra a dor e ajuda a sustentar a família porque apenas com um hectare de café não dá para viver direito.
O Fábio, que faz 14 anos em outubro, me disse que ele já escreveu quatro hinos para canto coral com notas para quatro vozes e para o próximo ano quer escrever uma meditação para o Devocionário da PPL “Semente de Esperança”. A irmã, a Fabiana, ficava sentada do lado do irmão escutando, mas não dizia nada, é tímida. O Fábio está na ADL porque ele quer estudar teologia e quer ser pastor, diz ele todo decidido e entusiasmado. Mas aí é que vem a coisa trágica. Como pode um rapaz talentoso como ele estudar teologia na EST em São Leopoldo se a sua família mal tem para comer? Graças à ADL que acolhe pessoas empobrecidas como estes dois irmãos, as capacita, lhes concede espaço para estudar e aprender música e, estas pessoas a aprendem muito bem, elas ainda podem sonhar. Mas, este sonho pode se tornar realidade? Mas, e daí, como é que fixa? O Fábio é um menino empobrecido, mas muito talentoso que quer ser pastor na IECLB. Por sua vez a IECLB está entrando numa crise de falta de pastores como ela pouco viu em sua história. Estas duas realidades se encontram e se chocam, mas como vai ser este desfecho?
O Fábio vai poder estudar teologia numa faculdade que foi “privatizada” durante o processo da reestruturação capitalista neoliberal onde a igreja se orientou pelo sistema capitalista e não pela dinâmica do Evangelho? Eu pude estudar teologia porque a IECLB me deu todo o estudo e manutenção de graça. Só que isto foi entre 1967 a 1978, hoje quem quer estudar teologia tem que pagar o estudo, o aluguel, a comida, a locomoção, os livros. Tem até financiamento para isto que deve ser devolvido depois. Antes valia a Diaconia agora vale a mais valia. O Fábio entusiasticamente me falou que quer ser pastor na IECLB, no entanto, nesta atual estrutura, mesmo faltando pastores/as na IECLB o Fábio está impedido de ser pastor porque não tem dinheiro, é pobre.
Aí temos uma enorme contradição: tem um menino talentoso e muito entusiasmado que quer ser pastor e tem uma igreja que precisa de pastores/as, mas tem uma muralha intransponível que se chama dinheiro para custear estas duas vontades: a do Fábio e a da IECLB.
No tempo anterior à reestruturação capitalista neoliberal da igreja o orçamento da IECLB destinava 42% do total para a formação de obreiros/as. Mas como no Brasil estava em andamento o modelo do capitalismo neoliberal que privatizava tudo, inclusive a formação, a igreja também entrou neste processo e “privatizou” o ensino e os estudantes da EST saem com uma enorme dívida quando se formam, o que desestimula o estudo da teologia. Por isso caiu drasticamente a entrada de estudantes na EST, além do mais hoje em quase cada cidade tem uma faculdade ou tem ônibus que leva estudantes para a cidade vizinha e estes estudantes podem trabalhar e morar em casa o que barateia o processo de formação. Quando o capitalismo manda na igreja dá nisso: a igreja entra em crise vocacional. A direita capitalista anticlerical na luta contra o projeto de igreja da Teologia da Libertação forçou a mudança da estrutura da igreja e mudou o modelo de arrecadação financeiro (de cotas para dízimo, que cá para nós não tem nada a ver com a teologia do Novo Testamento, como também não o modelo de cotas) quebrando financeiramente e missionariamente a igreja, algo que esta direita anticlerical nunca vai reconhecer. Assim como a ditadura militar quebrou o país: violentou a democracia no país que na época devia 3,5 bilhões de dólares como dívida externa e entregou o país de volta para a democracia burguesa com uma dívida de 103 bilhões de dólares. Hoje gastamos 44,5% do orçamento da nação com os encargos da dívida: interna e externa. Vocês já viram ou ouviram algum militar fazer o mea culpa por terem quebrado o país e assassinado 436 pessoas, torturado 30 mil pessoas e processado 50 mil pessoas? Como diz o Lula: a direita nunca precisa se justificar, só a esquerda tem que justificar qualquer coisa que faça. Na igreja não é diferente.
O capitalismo neoliberal quebrou em 2008, deixando mortos e feridos para trás, da mesma forma quebrou este modelo neoliberal da Reestruturação na IECLB, só demorou um pouco mais. O modelo neoliberal entrou numa crise profunda e está fazendo o povo trabalhador pagar a conta do desastre, assim vai ser na IECLB: a direita capitalista neoliberal e anticlerical que enfiou a Reestruturação da Igreja goela abaixo no Concílio de Ivoti e não deu certo e também quebrou, ainda não de todo, mas vai se não for feito algo para mudar o modelo de contribuição, não reestruturar a Reestruturação e não fizer uma campanha vocacional agressiva oferecendo gratuidade para os estudantes da EST: estudo, comida e moradia como era nos anos 60-70. E não adianta fazer beicinho de ofendido: a “Reestruturação” quebrou a igreja, sim! É como a tal piada que diz que o sujeito morreu, mas esqueceu de cair.
Agora vem a segunda história, tão triste e trágica quanto a primeira.
2. Os bois definem a teologia da igreja.
Esteve presente no encontro de estudos da PPL um pastor da Rondônia. Ele me contou o seguinte:
Quando ainda fazia pouco tempo que chegara à Paróquia foi visitar o padre da cidade. Havia perto da cidade um acampamento de sem terra e o pastor perguntou ao padre se ele já havia ido visitar este acampamento de sem terra. O padre respondeu: “Nós temos os dois na igreja: os fazendeiros e os sem terra. Os fazendeiros sempre dão alguns bois para a festa da Paróquia e aí fica difícil visitar os sem terra”. O pastor perguntou: “A gente não poderia ir juntos visitar os sem terra acampados à beira da estrada?” O padre respondeu: “Pois é, a gente deveria um dia se sentar e falar sobre isto”. Mas nunca se sentaram para falar sobre isto. Isto mostra como funciona a luta de classes na igreja e de que lado a igreja fica nesta luta de classes. O único problema nesta história é que Deus, na luta de classes entre o Faraó (o Estado) e os sem terra escravos no Egito, ficou do lado dos sem terra escravos e não do lado do Faraó (a classe do Estado, no Modo de Produção Tributário havia duas classes: o Estado e os camponeses). No NT a coisa se complica mais ainda quando Deus se faz pessoa num camponês sem terra e sem teto chamado Jesus de Nazaré, que nasceu numa estrebaria e morreu como morrem os que nascem na estrebaria e não se conformam com este século, no dizer de Paulo em Rm 12, na cruz. Jesus não nasceu numa família de latifundiários, mas numa família camponesa sem terra, como diz em Mt 8.20: “Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”.
“Cuidar bem do bem da Igreja”, diz um slogan na igreja. Qual é o maior bem e a base da igreja? Jesus Cristo? Não, que é isso, são os bois, pois são eles que definem o que se faz e o que não se faz na igreja; eles definem a teologia e a prática da igreja. E esta igreja ainda tem a coragem de se chamar de Igreja de Jesus Cristo. Estou falando apenas da Igreja Católica Romana? Não, eu também estou falando da IECLB. É tudo farinha do mesmo saco! Lembro muito bem quando nos anos 80 havia em Erval Seco, RS, um acampamento de sem terra e o pastor Zeca (Leonídio Gaede) foi visitar os sem terra e muitas pessoas e entre elas uma presidente de comunidade o quiseram expulsar da paróquia por causa disto. Deu o maior forobodó na paróquia porque o pastor estava visitando os sem terra. Pastor tem que visitar apenas os fazendeiros para garantir os bois para a festa que vão dar a orientação e direção teológica da igreja. Isto lembra o texto de Ex 32.3-4 onde o deus do povo são os bois e o ouro; onde se adora os bois e o ouro como sendo Javé, o Libertador. Ex 32.3-4 diz: “Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. Este, recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito”. 1 Sam 11.7 também fala disto: “Tomou uma junta de bois, cortou-os em pedaços e os enviou a todos os territórios de Israel por intermédio de mensageiros que dissessem: Assim se fará aos bois de todo aquele que não seguir a Saul e a Samuel. Então, caiu o temor do Senhor sobre o povo, e saíram como um só homem”. Os amonitas não estavam ameaçando as pessoas, mas os bois que eram a tecnologia mais avançada de produção da época os quais não estavam em poder dos empobrecidos (como também hoje os tratores e colheitadeiras computadorizadas e aparelhadas com GPS não estão em poder dos camponeses empobrecidos, mas estão nas mãos do latifúndio assassino e escravista cujo nome moderno hoje é “agronegócio”, para disfarçar a sua mal afamada prática assassina historicamente comprovada), mas na da classe rica que estava surgindo e que se apoderou do aparato do Estado, quando este surgiu, para defender o seu acúmulo de riquezas e de terras e assim os bois são mais importantes que as pessoas dentro de um sistema econômico opressor. Por isso Saul diz que os amonitas estavam ameaçando os bois e que estes devem ser protegidos a todo o custo. Numa sociedade de classes as pessoas não são importantes, o capital, este sim é importante. Naquela situação os bois são capital que precisa ser protegido a todo custo.
Em outras palavras é o capital que diz como deve ser a fé em Jesus Cristo e como expressá-la e vivê-la. O capital diz como deve ser a prática da igreja e como ela deve organizar a vida comunitária. O capital diz como o cristão deve ler a Bíblia e interpretá-la. O capital diz como se deve organizar a vida, a economia, a política, a ciência, a cultura, a tecnologia e como se deve crer em Deus. O capital diz como se deve pregar o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo nunca dizendo que sua mensagem central é o Reino de Deus para que ele nunca aponte para a construção de uma nova sociedade não capitalista. O capital diz que a teologia da cruz foi substituída pela teologia da glória (teologia da prosperidade e da bênção) e por isso não se deve ter na igreja nenhum crucifixo (mesmo que a pintura mais famosa da Reforma seja aquela do Lucas Cranach onde Lutero aponta para o Cristo crucificado, como sendo o centro de nossa fé, que morreu por nós, como falamos na Ceia do Senhor e mesmo que Paulo diga em 1 Co 1.18: “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” e em 1 Co 1.23: “mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios”. A teologia do capital não admite que se mostre o Deus encarnado em Jesus de Nazaré como um camponês sem terra e sem teto morto como alguém que subverte a ordem estabelecida, hoje, pelo capital, como diz em Lc 23.2,5), que mostra a postura classista do Deus tornado pessoa na classe camponesa e quem não se subordina aos interesses do capital é pendurado na cruz, como o foi o Deus tornado camponês sem terra e sem teto em Jesus de Nazaré por não se subordinar ao sistema econômico escravista legitimado pelo Estado Romano aliado ao Templo de Jerusalém. Os templos historicamente sempre foram construídos pelo Estado para, pela religião, legitimar a sociedade de classes e legitimar a opressão da classe economicamente dominante mostrando-a como instalada no Estado como sendo da vontade de Deus. O rei Salomão construiu o Templo de Jerusalém (para mudar a teologia do Deus que luta contra o Estado, pela terra [Dt 6.20-23] e pela construção de uma sociedade sem classes sociais (Dt 15.4a) para um Deus da natureza e da bênção), o rei persa Ciro deu dinheiro para reconstruir o Templo de Jerusalém em 538 a.C., o rei Herodes, o Grande, reformou e embelezou o Templo de Jerusalém e aí vem o camponês sem terra e sem teto Jesus de Nazaré, o Deus encarnado na classe camponesa, e diz que vai destruir este Templo (Mt 26.61: “Este disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias.”) e por isso (além de toda a sua postura em seu ministério) não durou uma semana e foi para a cruz. Mas, Javé é o Deus que luta contra o Estado escravista, liberta da escravidão e caminha com os camponeses sem terra na conquista da terra e na luta contra o Estado (que historicamente tem a função de defender sempre a classe economicamente dominante e reprimir a classe dominada e subalterna, hoje a classe trabalhadora) numa proposta de construção de uma nova sociedade sem classes sociais, igualitária, sem templo (Ap 21.22: Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro”.) e onde os meios de produção, no caso, a terra, estão ao alcance de todos, sob o controle e em benefício de todos.
Aqui temos, pois, duas histórias que brotam desta mesma fonte: a esterqueira chamada capitalismo, que esparrama o seu chorume fedorento sobre toda a sociedade e também sobre a igreja e nos diz que este fedor é o mais puro e sublime perfume que vem do santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. O capital diz que este chorume fedorento (a definição do capital, no dizer de Karl Marx é: “Se o dinheiro, segundo Augier, vem ao mundo com uma mancha natural de sangue numa de suas faces, o capital, ao surgir, escorrem-lhe sangue e sujeira por todos os poros, da cabeça aos pés”.) é o que o apóstolo Paulo fala em 2 Co 2.15: “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem”. No entanto, é bom lembrar que a mensagem central de Jesus Cristo é o Evangelho do Reino de Deus (Lc 4.43; Lc 16.16) que sempre aponta para a construção de uma nova sociedade não capitalista. Este Evangelho de Jesus Cristo contradiz a Ditadura do Pensamento Único que diz, para perpetuar a Ditadura do Capital, que não há outra forma de organizar a vida e a sociedade além do capitalismo, portanto não temos futuro, o futuro é o nosso presente. Se este nosso presente é o futuro, não teremos futuro! Estamos condenados a viver eternamente na luta de classes e nos conformarmos com a miséria e a exploração da classe capitalista sobre a classe trabalhadora, eternamente. Isso mais parece o inferno de Dante: “Deixai aqui toda a esperança, ó vós que entrais”. Este Evangelho do Reino de Deus anunciado e vivido por Jesus Cristo desmente a Ditadura do Pensamento Único que quer legitimar a dinâmica do capital dizendo que existe um outro futuro: o Reino de Deus, e que o capitalismo não é o fim da história. O Evangelho de Jesus Cristo nos diz que há esperança (2 Pe 3.13: Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.) e esta esperança já começou com o Reino de Deus, anunciado e vivido por Jesus Cristo, já presente em nosso meio e que se completará plenamente no Dia do Juízo Final com a ressurreição dos mortos.
Mas, não se assustem: Nem tudo está perdido: é só trocar a base da igreja: os bois (ou em outras palavras: o capital), pelo santo Evangelho de Jesus Cristo que haverá saída também para os problemas da IECLB! Inclusive para a sua crise financeira e sua crise vocacional.

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