25 de dezembro de 2012

Não temais.




(Uma resposta ao comentário e à convicção do pastor Ademir Kreutzfeld ao cartão de Natal da PPL que cita uma frase de Che Guevara: "Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera". Aquele pastor comenta: "Ahh... mas el Che conseguimos eliminar!!!!" Por esta forma de se expressar ele se considera, com muito orgulho, co-autor do assassinato do Che; ou ao menos co-autor da idéia de que é preciso eliminar com balas de fuzil a todos que difundem a idéia de que é possível construir uma nova sociedade de irmãos e de irmãs e de que é possível construir  "o novo homem e a nova mulher", que segundo a expressão do apóstolo Paulo, a "nova criatura" (que é construída pelo próprio Deus), segundo 2 Co 5.17: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas".)

Lc 2.10-11: "O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor".

Não temais. Eis a boa nova de Natal: Não temais!

De que temos medo na Igreja (que se chama de Jesus Cristo)? Temos medo desta nova sociedade de irmãos e de irmãs que Jesus Cristo chama de Reino de Deus. Temos medo da simples idéia de que esta nova sociedade, que Jesus Cristo chama de Reino de Deus, seja possível. Temos medo de todas as pessoas que anunciam que é possível participar sob o convite de Deus desta nova sociedade de irmãos e de irmãs, que Jesus Cristo chama de Reino de Deus. Temos mais medo ainda daqueles que não apenas anunciam a possibilidade de se poder construir uma nova sociedade sem classes sociais, mas que já põe em prática estas idéias que provém da pregação de Jesus Cristo e que ele chama de Reino de Deus. Sinais bem concretos desta nova sociedade põem a direita em polvorosa e por isso a Reforma Agrária foi congelada e qualquer tentativa de construir um novo modelo de se viver na Amazônia é revidado com alguns assassinatos de lideranças para intimidar os demais. A direita continua crendo que as idéias e as novas práticas igualitárias se pode matar com balas de fuzil.
Por causa do medo de que esta idéia de uma nova sociedade de irmãos e de irmãs é possível o Sinédrio, o sumo sacerdote e o governador romano Pôncio Pilatos crucificaram Jesus Cristo. Esta idéia de que um outro mundo é possível (aquele proposto por Jesus Cristo que ele chama de Reino de Deus onde não há classes sociais, portanto não há propriedade privada dos meios de produção e por isso não há exploração de uma pessoa sobre a outra pessoa), além do mundo proposto pela direita que é classista e explorador baseado na propriedade privada dos meios de produção, assusta ainda hoje a direita na e fora da Igreja. O medo desta idéia de que é possível construir uma sociedade de irmãos e de irmãs fez com que os exploradores do povo e seus apoiadores matassem Jesus Cristo na cruz.
Os exploradores do povo achavam no passado e ainda acham hoje que é possível matar esta idéia. Esta idéia de uma nova sociedade de irmãos e de irmãs onde não há propriedade privada dos meios de produção e por isso mesmo não há classes sociais e nem exploração de uma pessoa ou de uma classe sobre a outra é algo inimaginavelmente amedrontador para os exploradores do povo e seus aliados. Por isso ainda hoje são perseguidas e mortas aquelas pessoas que ousam afirmar que não tem medo de anunciar que é possível de se construir esta nova sociedade igualitária ou, pior, tem a coragem de começar este processo de construir esta nova sociedade já agora com sinais bem concretos e reais dentro e fora da Igreja. Ainda hoje a direita na e fora da Igreja é de opinião que se deve matar com balas de fuzil todas as pessoas que são partidárias desta idéia de que um outro mundo é possível, um mundo de irmãos e de irmãs, um mundo sem classes sociais antagônicas e em permanente luta construído em cima da propriedade privada dos meios de produção que viabiliza a exploração de uma pessoa sobre a outra. Esquecem, no entanto, que idéias não se podem matar com balas de fuzil.
O Anás, o Caifás e o Pôncio Pilatos e toda a corja de puxa sacos dos exploradores, de ontem e de hoje, achavam que crucificando a Jesus Cristo eles eliminariam com isto também suas idéias de que o Reino de Deus é possível. Enganaram-se. Esta idéia de uma nova sociedade de irmãos e de irmãs, que Jesus Cristo chama de Reino de Deus, que Che Guevara chama de comunismo, que os povos andinos chamam de Sumak Kawsay, que os povos africanos chamam de ubuntu e o povo guarani chama de Terra sem Males, é possível. Jesus Cristo chega a dizer que esta nova sociedade já está no meio de nós (Lc 17.21), de tão possível que ela é. Já há muitas experiências desta nova sociedade nos dias de hoje, também na Igreja. Infelizmente muitos na Igreja, que se chama segundo o nome de Jesus Cristo que foi enviado para construir este Reino de Deus (Lc 4.43), esta nova sociedade de irmãos e de irmãs, se apavoram com a simples idéia de que isto seja possível e apóiam a idéia de que se deva matar com balas de fuzil todas as pessoas que difundem esta idéia de que esta nova sociedade de irmãos e de irmãs é possível.
O Hitler, o Stalin, o Mao, o Pol Pot, o Kennedy, o Emílio Garrastazu Médici, o Videla, o Pinochet e tantos outros mandaram matar com balas de fuzil a milhares de pessoas que criam que é possível construir esta nova sociedade de irmãos e de irmãs cuja base não é a propriedade privada dos meios de produção (At 2 e 4) que viabiliza a exploração de uma classe sobra a outra. A estes se juntam milhares de pessoas que se dizem cristãs e que apóiam a idéia de assassinar com balas de fuzil a todas as pessoas que crêem na possibilidade de se construir a partir da fé em Jesus Cristo (ou não) uma nova sociedade de irmãos e de irmãs, que não permite a exploração de uma pessoa sobre a outra, uma sociedade sem classes sociais.
A história já demonstrou, e o Cristo ressurreto e a sua Igreja são prova disto, que não se pode matar esta idéia da construção de uma nova sociedade de irmãos e de irmãs que Jesus Cristo chama de Reino de Deus e que outras pessoas chamam por outro nome. Chamemos como a queiramos chamar, esta nova sociedade de irmãos e de irmãs que é possível, e não serão balas de fuzil que matarão esta idéia e esta possibilidade.
O Império Romano matou cerca de cem mil cristãos que diziam que esta nova sociedade de irmãos e de irmãs é possível e a estavam construindo na prática da vida diária. A Igreja Cristã, por sua vez, mais tarde, matou centenas de vezes mais cristãos que o Império Romano, em nome de Jesus Cristo, que diziam que esta nova sociedade de irmãos e de irmãs é possível. Ainda hoje a grande maioria de cristãos treme estupefata diante desta idéia de que é possível construir uma nova sociedade de irmãos e de irmãs que não se baseia na propriedade privada dos meios de produção que possibilita a exploração de uma classe sobre a outra e por isso apóiam o assassinato de todos que apóiam esta idéia de que o Reino de Deus é possível, mesmo que alguns o denominam por outro nome.
Centenas de Golpes de Estado foram financiados pelos USA e seus apoiadores no século XX para impedir a divulgação desta idéia de que um outro mundo é possível. Milhares de pessoas foram perseguidas, presas, torturadas e assassinadas por estas ditaduras civis e militares porque criam nesta idéia de que é possível construir uma nova sociedade de irmãos e de irmãs. Estas milhares de pessoas perseguidas, presas, torturadas e assassinadas o foram com o apoio de grande parte da Igreja Cristã e de pessoas como a do pastor Ademir Kreutzfeld. Lembro do caso do pai do atual ministro da saúde que foi denunciado pelo pastor de sua comunidade como subversivo e foi preso e torturado barbaramente nos porões da ditadura civil-militar brasileira e teve que viver vários anos no exílio. Lembro da Igreja Luterana da Alemanha que se dividiu porque uma parte apoiava o nazismo; lembro da Igreja Luterana do Chile que se dividiu porque uma parte apoiava a ditadura do Pinochet e no tempo da ditadura civil-militar brasileira a Igreja Cristã não se portou diferente em que boa parte apoiou, em nome de Jesus Cristo, o sistema repressivo montado à serviço do imperialismo dos USA. São exemplos de como se tenta matar com balas de fuzil a idéia de que o Reino de Deus é possível.
Quando da ditadura civil-militar brasileira quem foram as pessoas mais perseguidas? As que tinham idéias próprias: intelectuais, professores, escritores, políticos, comunistas, sindicalistas, religiosos, músicos, artistas. Quais eram os mais perigosos para o regime ditatorial? Os comunistas? Não. Não? Não. Pelo número de mortos vemos isto: os de esquerda foram 457 mortos pela tortura ou execução extrajudicial (que é uma palavra mais bonita para assassinato a sangue frio), 370 foram camponeses mortos pela repressão ou pelo latifúndio armado pela ditadura, mas os mais perigosos foram os indígenas, 5 mil mortos. Por que os indígenas são os mais perigosos? Porque eles não apenas pensam diferentes, mas fazem algo pior ainda, eles vivem diferente e não se enquadram na sociedade de consumo capitalista e por isso tem que ser extintos e o pior que isto tudo é que eles não tem propriedade privada dos meios de produção, esta, a terra, é de posse do coletivo e isto é uma coisa simplesmente insuportável para qualquer capitalista; além de não trabalhar para o mercado de consumo (índio é preguiçoso e não trabalha, dizem os capitalistas) e nem se enquadrar no mercado de consumo (apesar que muitos já foram enquadrados no sistema). Este processo continua ainda hoje sob a ditadura do capital como nos conta o Paulo Maldos, na Revista Carta Capital de 20 dezembro de 2012, ele é secretário Nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência e atua, no momento, na luta pela terra do povo xavante:
"Outro é o núcleo que tem os 22 grandes invasores, que operam na política. Esses acionam prefeitos da região, políticos, a bancada do Mato Grosso, o governador. Agem para pressionar o governo federal, o Supremo Tribunal Federal, junto ao presidente da Câmara dos Deputados, ao Senado, e ministros aqui em Brasília. É uma história de como o latifúndio opera. Ele atua na cabeça dos três poderes, estabelecendo a tensão, contando a sua versão das coisas. Exigindo respeito à propriedade, mas contando muita mentira. E a mídia é um grande instrumento deles de contar a sua versão das coisas: que viveriam sete mil pessoas lá, que haveriam duas mil cabeças de gado, que tem título de propriedade. A capacidade de manipulação é fantástica. É um absurdo o quanto de mentiras existe nesse processo. A capacidade de faltar com a verdade veiculando uma situação absolutamente fantasiosa sobre o que é Marãiwatséde, sobre a história de Marãiwatséde e a população não índia. Inverdades a respeito da proporção das coisas: está para nascer o milésimo xavante de Marãiwatséde por esses dias. Mas através da mídia falavam em 150 índios, e sete mil não-indígenas. A gente conseguiu encontrar, durante todo esse processo, notificando gente na estrada, nos botecos, 455 pessoas. Esse número é bem distante dos sete mil alardeados. Então tem uma operação que eles fazem, no nível dos três poderes e na mídia, com números totalmente irreais.
A grande questão era evitar que a terra voltasse a ser dos legítimos donos e ficasse para o mercado. Esse é o pano de fundo dessa disputa: se é um território reconhecido como indígena, de propriedade da União, com usufruto exclusivo da comunidade; ou se é uma terra disponibilizada para o mercado de terras. Essa é a grande queda-de-braço. Só isso explica a virulência dos operadores políticos, econômicos e sociais, que se jogam contra esse processo. No caso concreto, os grandes invasores não admitem a terra fora do mercado. Eles consideram que possuem 7 mil, 9 mil hectares, e raciocinam pelo preço do mercado de terras no Mato Grosso, como se tivessem 50, 60 milhões de reais de patrimônio. Essa ocupação foi fruto de uma invasão deliberada, pura e simples, com a colocação de cercas e de pistoleiros. Eles acham que isso pode se chamar propriedade.
A gente identificou no Posto da Mata criminosos, literalmente. Os maiores agitadores ali são ex-presidiários. Com processos de sequestro, assalto a banco, assalto a mão armada, recém saídos da cadeia em Cuiabá. São os mais agressivos no Posto da Mata. Por exemplo: quando estávamos fazendo a notificação, e houve uma tensão no final da notificação, foi o prefeito de São Félix do Araguaia, chamado Filemon, que foi lá e ficou fazendo agitação e jogando a população contra os oficiais de Justiça e contra a Forca Nacional e a Polícia Federal. Filemon é o mesmo que está na origem da invasão, nas gravações de 1992 incentivando a invasão. O mesmo personagem volta 20 anos depois incentivando a população contra a notificação. E quem é que ele incentivou e acabou virando um carro da Força Nacional, quase matou o oficial que estava dentro do carro? Dos sete que viraram a caminhonete, três foram identificados: um recém saído da cadeia por sequestro, outro por assalto a banco, outro por roubo com mão armada. Eles operam em todos os níveis. Por um lado, sobre tribunais, deputados, senadores, ministros. Por outro lado, na mídia. E inclusive com criminosos foragidos da justiça – no Posto da Mata tem muitos foragidos da Justiça."
Esta é a propaganda, num mau português, da campanha dos fazendeiros na internet.

Isto nos dá uma idéia de como age o sistema capitalista, especificamente aqui o agronegócio, contra quem tem idéias e práticas de vida diferentes e opostas ao sistema capitalista. A ordem do sistema é: matar e exterminar estes subversivos!
Por isso o anúncio dos anjos: "Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor." é tão importante: Não precisamos ter medo de anunciar e viver que esta nova sociedade que Jesus Cristo chama de Reino de Deus é possível. Jesus Cristo nasceu para nos anunciar isto e não serão balas de fuzil que matarão esta idéia e esta possibilidade já real em tantos lugares, também na Igreja Cristã, também, inclusive, contra toda a realidade presente na Igreja que apóia a prática de matar com balas de fuzil as pessoas que difundem esta idéia de que uma nova sociedade igualitária e solidária de irmãos e de irmãs é possível, como já o demonstramos a cada vez que celebramos a Ceia do Senhor.
Recentemente a Polícia Federal teve que tirar de sua humilde casa o bispo emérito Dom Pedro Casaldáliga para protegê-lo dos assassinos do agronegócio porque mesmo idoso e alquebrado pela doença de Parkinson é uma ameaça em potencial ao agronegócio que diz que não existe outra possibilidade de se organizar a sociedade além do capitalismo predador de seres humanos e da natureza. Diante deste pensar do agronegócio nós cristão dizemos: Isto é mentira! Há outra forma de organizar a vida das pessoas e de toda a sociedade que é a proposta de Jesus Cristo: o Reino de Deus. Como diz o bispo subversivo ameaçado de morte pelo agronegócio: "O capitalismo é um pecado capital. O socialismo pode ser uma virtude cardeal: somos irmãos e irmãs, a terra é para todos e, como repetia Jesus de Nazaré, não se pode servir a dois senhores, e o outro senhor é precisamente o capital. Quando o capital é neoliberal, de lucro onímodo, de mercado total, de exclusão de imensas maiorias, então o pecado capital é abertamente mortal". Os defensores do capitalismo dizem que todos que defendem idéias diferentes deles e propõe que há a possibilidade de se organizar a sociedade de forma fraterna sem explorados e exploradores devem ser mortos por balas de fuzil para que desta forma também se apaguem as suas idéias. Esquecem os assassinos e seus apoiadores e simpatizantes (muitos deles inclusive das Igrejas Cristãs, seguindo a tradição da Conquista) que idéias e nem a esperança de uma nova sociedade não capitalista não se matam com balas de fuzil, pois a proposta do Reino de Deus que Jesus Cristo nos coloca através dos Evangelhos é uma proposta não capitalista. O capitalismo não salva, só Jesus Cristo salva! Se o capitalismo não salva por que tantos cristãos se agarram tanto à ele? Se o capitalismo não salva então porque tantos cristãos insistem em manter a sua prática espoliativa e defender suas idéias de segregação de classe baseada na propriedade privada dos meios de produção? Por que a ideologia capitalista se sobrepõe ao Evangelho de Jesus Cristo? Será por que amam mais o mundo do que a Deus? Por que obedecem mais às ordens do mundo, o capitalismo, que é um dos instrumentos que o diabo usa para tentar impedir a construção do Reino de Deus? O que dizer diante desta palavra de 1 Jo 2.15: "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele"? Segundo esta palavra de 1 Jo 5.4: "porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé" nossa tarefa como cristãos é combater e vencer o mundo, o capitalismo. A fé em nosso Senhor Jesus Cristo é o instrumento para combater e vencer o mundo, o capitalismo, portanto quem não combate o capitalismo, o mundo, não é de Deus e não o ama.
Os Impérios de Portugal e da Espanha, no período da Conquista, com a aprovação e bênção da Igreja Cristã Ocidental com sede em Roma, tentaram matar as idéias e a prática desta sociedade igualitária não capitalista que havia na África e nas Américas como nos dizem a Bula Romanus Pontifex, de 8 de janeiro de 1454, concedida pelo papa Nicolau V para o Império de Portugal para legitimar a escravidão e o saque:
“Não sem grande alegria chegou ao nosso conhecimento que nosso dileto filho infante d. Henrique, incendido no ardor da fé e zelo da salvação das almas, se esforça por fazer conhecer e venerar em todo o orbe o nome gloriosíssimo de Deus, reduzindo à sua fé não só os sarracenos, inimigos dela, como também quaisquer outros infiéis. Guinéus e negros tomados pela força, outros legitimamente adquiridos foram trazidos ao reino, o que esperamos progrida até a conversão do povo ou ao menos de muitos mais. Por isso nós, tudo pensando com devida ponderação, concedemos ao dito rei Afonso a plena e livre faculdade, entre outras, de invadir, conquistar, subjugar a quaisquer sarracenos e pagãos, inimigos de Cristo, suas terras e bens, a todos reduzir à servidão e tudo praticar em utilidade própria e dos seus descendentes. Tudo declaramos pertencer de direito in perpetuum aos mesmos d. Afonso e seus sucessores, e ao infante. Se alguém, indivíduo ou coletividade, infringir essas determinações, seja excomungado”;
e a Bula Inter Coetera, de 4 de maio de 1493 enviada para o Império da Espanha continua legitimando o massacre dos povos originários das Américas em nome de Jesus Cristo:
“... por nossa mera liberalidade, e de ciência certa, e em razão da plenitude do poder Apostólico, todas ilhas e terras firmes achadas e por achar, descobertas ou por descobrir, para o Ocidente e o Meio-Dia, fazendo e construindo uma linha desde o pólo Ártico [...] quer sejam terras firmes e ilhas encontradas e por encontrar em direção à Índia, ou em direção a qualquer outra parte, a qual linha diste de qualquer das ilhas que vulgarmente são chamadas dos Açores e Cabo Verde cem léguas para o Ocidente e o Meio-Dia [...] A Vós e a vossos herdeiros e sucessores (reis de Castela e Leão) pela autoridade do Deus onipotente a nós concedida em S. Pedro, assim como do vicariado de Jesus Cristo, a qual exercemos na terra, para sempre, no teor das presentes, vô-las doamos, concedemos e entregamos com todos os seus domínios, cidades, fortalezas, lugares, vilas, direitos, jurisdições e todas as pertenças. E a vós e aos sobreditos herdeiros e sucessores, vos fazemos, constituímos e deputamos por senhores das mesmas, com pleno, livre e onímodo poder, autoridade e jurisdição. [...] sujeitar a vós, por favor da Divina Clemência, as terras firmes e ilhas sobreditas, e os moradores e habitantes delas, e reduzi-los à Fé Católica”.
Haja arrogância! O papa (a Igreja) se considera como vigário de Cristo o dono do planeta Terra e doa partes dela a quem ele quiser com o direito de assassinar e massacrar quem não o reconhece como tal e "reduzi-los à Fé Católica". O termo "reduzi-los" foi usado literalmente, no sentido de exterminá-los porque não se adequavam às idéias dos dominadores - foram 70 milhões de mortos em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Só para lembrar aos protestantes que naquela época pertencíamos à esta Igreja Cristã do Ocidente, portanto somos cúmplices disto tudo.
Em outras palavras: "Morram todos os que não se sujeitam às dinâmicas do capitalismo selvagem abençoado por Deus!" O relato de 1552 do Frei Bartolomé de Las Casas mostra como foi a tentativa de eliminar as idéias e práticas não capitalistas nas Américas que a Igreja chamava de "evangelização" e de "catequese": "(...) Os espanhóis entravam nas vilas, burgos e aldeias não poupando nem crianças e velhos, nem mulheres grávidas e parturientes, e lhes abriam o ventre e faziam em pedaços (...) sempre matando, incendiando, queimando, torrando índios e lançando-os aos cães (...) e assassinaram tantas nações que muitos idiomas chegaram a desaparecer por não haver ficado quem os falasse (...) e no entanto ali teriam podido viver como num paraíso terrestre, se disso não tivessem sido indignos..." (O Paraíso Destruído. Frei Bartolomé de Las Casas. L&PM Editores). O agronegócio escravocrata no Brasil continua nesta linha assassinando lideranças indígenas, ambientalistas, religiosos, camponeses e sindicalistas para que a "economia verde" seja da cor e sob o controle do dólar.
O Império Romano já tentou, durante três séculos, matar as idéias desta nova sociedade que Jesus Cristo chama de Reino de Deus; a própria Igreja Cristã já o tentou depois do fracasso do Império Romano no passar dos séculos e ninguém até hoje conseguiu matar a idéia desta nova sociedade igualitária, sem classes sociais, fraterna, de irmãos e irmãs, onde os meios de produção estão sob o controle de toda a sociedade. Não será o capitalismo que irá ter sucesso nesta empreitada assassina de matar a idéia da construção desta nova sociedade igualitária que é o Reino de Deus, que outros chamam por outros nomes, sejam qual forem os nomes dados.
Por isso neste Natal anunciamos: "Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor"; as suas idéias e a prática destas não serão mortas por nenhuma bala de fuzil, por mais que o capital e a Igreja se esforcem por eliminá-las.
Pastor Günter Adolf Wolff

Um comentário:

  1. O senhor pode explicar, justificar ou, se for o caso, refutar a autenticidade dessas declarações?

    1. “Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minha mãos! Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!”

    2. “O ódio cego contra o inimigo cria um impulso forte que quebra as fronteiras de naturais das limitações humanas, transformando o soldado em uma eficaz máquina de matar, seletiva e fria. Um povo sem ódio não pode triunfar contra o adversário. “

    3. “Para mandar homens para o pelotão de fuzilamento, não é necessário nenhuma prova judicial … Estes procedimentos são um detalhe arcaico burguês. Esta é uma revolução!”

    4. “Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar motivado pelo puro ódio. Nós temos que criar a pedagogia do Paredão!” (O Paredão é uma referência para a parede onde os inimigos de Che eram mortos por seus pelotões de fuzilamento).

    5. “Eu não sou o Cristo ou um filantropo, velha senhora, eu sou totalmente o contrário de um Cristo … eu luto pelas coisas em que acredito, com todas as armas à minha disposição e tento deixar o outro homem morto, de modo que eu não seja pregado numa cruz ou qualquer outro lugar.“

    6 . “Se qualquer pessoa tem qualquer coisa boa para dizer sobre o governo anterior, para mim é bom o suficiente matá-la.”

    7. Che queria que o resultado da crise dos mísseis em Cuba fosse uma guerra atômica. “O que nós afirmamos é que devemos proceder ao longo do caminho da libertação, mesmo que isso custe milhões de vítimas atômicas”.

    8. “Na verdade, se o próprio Cristo estivesse no meu caminho eu, como Nietzsche, não hesitaria em esmagá-lo como um verme.”

    9. “Deixe-me dizer, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”

    10. “É muito triste não ter amigos, mas é ainda mais triste não ter inimigos.”

    http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com.br/2014/03/frases-do-heroi-da-canalha-esquerdista.html?spref=fb

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