29 de outubro de 2013

Liberdade à luz da Reforma.




"Liberdade à luz da Reforma" é o tema a ser abordado em outubro pela Comissão do Jubileu da IECLB, diz a Revista NovoOlhar.
Penso que este é um tema oportuno a ser discutido na IECLB, pois a tal da liberdade anda um tanto escassa nesta Igreja. Explico:
Nos dias 30-31 de agosto a 1 de setembro no Sínodo Uruguai se reuniu o Conselho Sinodal e outras lideranças das comunidades do Sínodo para elaborar o Planejamento Estratégico do Sínodo. Perguntei ao Conselho Sinodal se ele garantia aos/às pastores/as do Sínodo a pregação livre e pura do Evangelho. Um ex-presidente do Sínodo e membro do Conselho Sinodal, com uma longa caminhada de liderança em comunidade e paróquia, respondeu: "O Conselho Sinodal não garante nada", e ninguém desdisse o que ele falou, pois falou a verdade.
Isto significa que cada pastor/a está por conta própria. A Igreja ordena a pastorada e não lhes garante costas quentes quando pregam puramente o Evangelho de Jesus Cristo nas comunidades. Mas, pergunto, é perigoso pregar puramente o Evangelho do Reino de Deus na Igreja?
É, pois ele inevitavelmente vai entrar em choque com o reino deste mundo, o capitalismo, e sua forma presente na agricultura que é o agronegócio que produz alimentos envenenados para a população, tanto carne (frango, suíno e gado - cheios de antibióticos, anabolizantes, hormônios para crescimento e engorda) como grãos (milho e soja transgênica; trigo e feijão; estes dois últimos antes da colheita levam uma dose de veneno chamado Roundup para morrerem de forma parelha para facilitar a colheita. Um agricultor disse: "Pastor este trigo não é para comer é para vender". Ele não vai comer este trigo, mas alguém vai comê-lo.) Este sistema capitalista demoníaco força os agricultores a entrar neste modelo de agricultura química, pois não se oferecem outras saídas. Os agricultores que engordam frangos e suínos nem sabem o que tudo está dentro da ração que eles tratam às aves e suínos.
O Evangelho de Jesus Cristo choca-se frontalmente com este modelo de agricultura e com este sistema econômico construído em cima da exploração da classe trabalhadora que produz o lucro dos capitalistas e com isto produz a doença e a morte.
Mas quem persegue os/as pastores/as nas comunidades? O capitalismo e de que forma? No tempo do Império Romano era o Estado que perseguia os cristãos que pregavam puramente o Evangelho de Jesus Cristo. Hoje, normalmente (digo 'normalmente' porque tem muitas exceções), quem persegue os/as pastores/as são os membros dos presbitérios das comunidades e paróquias que são filiados à ACI, CDL, Lions, Rotary, Cooperativa do agronegócio, maçonaria, sindicato rural. Por que? Porque estes normalmente não admitem que exista outra forma de organizar a vida e a sociedade além do capitalismo. Só que o Evangelho de Jesus Cristo propõe o Reino de Deus como a forma de organizar a vida em oposição à forma deste mundo, o capitalismo. A função do/a pastor/a é anunciar o Reino de Deus (não o capitalismo) como a forma verdadeira de se organizar a vida e a sociedade em oposição ao capitalismo e seus modelos no campo e na cidade.
Como mecanismo de regulamentar esta repressão a Igreja tem o TAM e a Avaliação para controlar e intimidar a pastorada a não se oporem ao sistema deste mundo, o capitalismo, mesmo que a Bíblia diga que a gente não é para se conformar com este século (Rm 12), se manter incontaminado do mundo (Tg 1,27) e como diz 1 João 2.15 "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele".
Gostei da sinceridade deste conselheiro sinodal em dizer o que de fato existe nesta Igreja, o que não foi contestado pelos outros conselheiros; apenas o Pastor Sinodal disse que ele garante costas quentes à pastorada para que possam pregar livre e puramente o Evangelho. De fato ele não garante nada, por mais que queira, depois que o/a obreiro/a for afastado/a da paróquia por agredir os interesses do capital ao visitar e acompanhar um acampamento de sem terra, um acampamento de indígenas, um acampamento de atingidos por barragens que está ocupando um canteiro de obras de uma hidroelétrica ou falar dos malefícios do agronegócio e do capitalismo em si.
Como esta Igreja vai ser Igreja de Jesus Cristo se ela em sua estrutura não garante a livre e pura pregação do Evangelho de Jesus Cristo nas comunidades? A pastorada está por conta própria (Lc 10.3 Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.), pois a instituição não lhes garante apoio no caso de serem expulsos da paróquia por pregarem puramente o Evangelho de Jesus Cristo que se confronta com o capitalismo.
Pensemos sobre isto no mês de outubro onde o tema é: "Liberdade à luz da Reforma".

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