27 de outubro de 2010

A igreja sempre faz política

Corria o ano de Nosso Senhor de 1987, exatamente no dia de Sexta-feira Santa, à tarde, no assentamento em Itaiópolis, SC. Neste assentamento, viviam provisoriamente, sem terra das ocupações de 25 de maio de 1985, ocorridos em Santa Catarina, dos acampamentos provisórios de Bandeirantes, São Miguel do Oeste e de Xanxerê. Tínhamos uma equipe ecumênica formada pelas irmãs franciscanas de Rio do Sul e por mim que fazia o trabalho bíblico nas ocupações, acampamentos e assentamentos do MST da região. Estávamos estudando a história do povo de Deus no AT para clarear a sua luta por terra e justiça. Interrompemos o estudo para participar da última missa celebrada por um padre polonês, conterrâneo do papa da época e tão reacionário como este. Esta era sua última missa no assentamento, pois os sem terra haviam negociado com o bispo a vinda de outro padre, pois este era muito reacionário e não compreendia as lutas deste povo.
Durante a pregação de um texto que falava da Sexta-feira Santa o padre enveredou para uma pregação de 25 minutos falando contra o socialismo, numa última tentativa de mudar o pensar deste povo provisoriamente assentado numa região muito bonita de mata atlântica ainda original das nascentes do rio Itajaí. No meio do sermão senti que já ouvira esta prosa antes, era algo conhecido, mas não sabia de onde já ouvira esta fala. De repente caiu a ficha: era a mesma pregação que eu ouvira 20 anos antes, inúmeras vezes, na igreja de Panambi da boca do Pastor Braun. Era uma pregação política clara e explícita, de direita, é claro. O Pastor Braun pregava inúmeras vezes contra o socialismo em suas prédicas e nunca foi ameaçado de ser enxotado da paróquia por falar e fazer abertamente política na igreja, do púlpito. Pois, fazer política de direita no culto não é fazer política; fazer política contra a classe trabalhadora organizada não é fazer política. É o certo que tem que ser feito! É assim que a direita pensa.
Faz política na igreja e no culto apenas quem interpreta o Evangelho do Reino de Deus dizendo que este está apontando para a construção de uma nova sociedade não capitalista. Faz política na igreja apenas quem fala de Reforma Agrária e quem diz que o capitalismo é coisa do diabo, pois é o que a Bíblia chama de mundo, século. Quando a direita faz política abertamente no culto então isto não é fazer política, só faz política no culto quem defende a classe trabalhadora explorada e suas organizações. É assim que a direita pensa.
Está na hora de mostrar esta demagogia hipócrita que há dentro da igreja cristã.
A direita, no Brasil, sempre fez política na igreja, desde 1500. Vejamos: O jesuíta Nóbrega em 1558 legitimando a exploração da mão de obra escrava indígena escreveu ao rei de Portugal:
“... Se S.A. os quer ver todos convertidos, mande-os sujeitar e deve fazer estender aos cristãos por a terra dentro e repartir-lhes os serviços dos índios àqueles que os ajudarem a conquistar e senhoriar como se faz em outras partes de terras novas ... Sujeitando-se o gentio, cessarão muitas maneiras de haver escravos mal havidos e muitos escrúpulos, porque terão os homens escravos legítimos, tomados em guerra justa e terão serviços de avassalagem dos índios e a terra se povoará e Nosso Senhor ganhará muitas almas e S.A. terá muita renda nesta terra porque haverá muitas criações e muitos engenhos, já que não haja muito ouro e prata”.
O jesuíta Anchieta constata, trinta anos depois, em 1587 o resultado desta política real e eclesial:
“... nunca ninguém cuidou que tanta gente se gastasse nunca. Vão ver agora os engenhos e fazendas da Bahia, achá-los-ão cheios de negros da Guiné e muito poucos da terra e se perguntarem por tanta gente, dirão que morreu”.
Esta é a política que a direita da igreja sempre fez historicamente, legitimou o massacre, a escravidão e hoje a superexploração da classe trabalhadora; legitimou o sistema econômico capitalista que é explorador e predador por natureza. Em 64 a igreja organizou a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” que legitimou o Golpe militar de 64. Isto para ela não era fazer política. Estes dias uma senhora da diretoria da comunidade me disse que um outro senhor da diretoria havia dito que o pastor não pode ter partido político. Ela respondeu que o pastor é cidadão brasileiro e tem título de eleitor, portanto tem o direito de ter partido político. Qual o medo? O medo é que o pastor tenha entendido bem o Evangelho do Reino de Deus e se coloque como Deus, em Jesus Cristo, ao lado dos oprimidos e não ao lado dos opressores. O pastor deve ser “neutro”. Sabemos que neutralidade não existe. A pretensa “neutralidade” da igreja sempre foi se colocando do lado da direita opressora que quer a todo custo impedira Reforma Agrária, impedir um salário mínimo justo conforme a Constituição que segundo o DIEESE deveria ser de R$ 2.100,00. A pretensa “neutralidade da igreja” apóia este modelo agrícola suicida que jogou em 2009 a estonteante quantia de 1 milhão de toneladas de agrotóxicos nas lavouras brasileiras. Isto que a propaganda dos transgênicos diz que agora se diminuiu a aplicação de venenos, mas a realidade mostra que ela exatamente aumentou estrondosamente com os trangênicos. A metade deste milhão de toneladas de veneno foi aplicada nas lavouras de soja.
D. Paulo Evaristo Arns disse uma vez: “Quando nos anos 50 o bispo ia almoçar ou jantar com o governador, então isto não era visto como fazer política. Agora, quando o bispo vai visitar uma favela se olha até se as suas meias são vermelhas, pois isto é visto como fazer política”.
O que a direita consegue fazer é dar a direção da pregação na igreja e nós não nos damos conta disto. Com medo da gritaria que a direita faz quando se fala na defesa dos empobrecidos a igreja não fala mais destes e nem os defende contra a exploração capitalista. Assim, a direita dá a linha teológica da igreja, na contramão da proposta do Evangelho do Reino de Deus que aponta para uma nova sociedade não capitalista. É só olhar os jornais da IECLB e dos sínodos onde vemos que os temas relacionados ao sofrimento e à exploração do povo não estão presentes em suas páginas: não se fala da Reforma Agrária, não se fala dos atingidos pelas barragens, não se fala dos povos indígenas, nem de pequenos agricultores atingidos pelas lutas de reconquista das terras indígenas, não se fala dos sem teto, nem dos catadores de papel reciclado que vivem na informalidade, não se fala de nenhum tema que é considerado polêmico e subversivo pela direita, pois ela pode ficar zangada e vai começar a gritar que a igreja está fazendo política. Desde sempre (desde 313 d.C.) só se prega na igreja o que o grupo que detém o poder econômico permite (com as suas devidas exceções, o que confirma a regra) e a igreja faz o papel de Judas: trai o Evangelho e o próprio Cristo crucificado e ressurreto.
Nesta eleição presidencial se vê o peso da direita que grita na defesa de suas bandeiras dizendo que a igreja defende acima de tudo a vida. Isto é uma mentira das mais cabeludas. A igreja historicamente defendeu a Conquista nas Américas e a escravidão, indígena e negra, com um saldo de 70 milhões de mortos. Hitler é um mero aprendiz diante deste massacre abençoado pela igreja (que evidentemente não é a Igreja de Jesus Cristo). A igreja defendeu as ditaduras militares da América Latina com a tortura, morte e desaparecimento de milhares de pessoas: no Brasil foram 436 mortos sob tortura e fuzilamento por agentes do Estado; na Argentina: 3 mil mortos e 30 mil desaparecidos, na Guatemala 200 mil mortos, na Nicarágua 50 mil mortos, e assim vai. Na Argentina um padre foi condenado à prisão perpétua porque participava do Vôo da Morte, nas quartas feiras, onde dava a extrema unção aos presos políticos antes de serem jogados algemados, nus e dopados no mar a 200 km da costa.
A mesma prática mortífera a igreja teve na África, Ásia e Oceania apoiando o colonialismo. Legitimando o colonialismo que massacrava a população nativa quando não de vergava sob seu jugo. O racismo foi legitimado pela leitura bíblica para legitimar a opressão capitalista colonialista. Tudo em nome de Deus! Tudo em defesa da vida! Haja hipocrisia, são um bando de fariseus e demagogos!
A tal “defesa intransigente da vida” propalada pela direita eclesial nestas eleições é na verdade a defesa do capital e a defesa da eterna subjugação da classe trabalhadora. É a defesa do projeto imperialista estadunidense sobre o Brasil. A maioria do povo “evangélico” e católico entra nessa como inocente útil, pois não consegue discernir o Espírito da Época. A direita da igreja cristã sempre fez política na igreja defendendo a opressão e a subjugação do povo e grita acusando a esquerda quando esta defende os interesses do povo explorado e oprimido pelo capital internacional dizendo que a esquerda está fazendo política na igreja e que isto é proibido, pois cria conflito dentro da igreja. Nós não criamos o conflito dentro da igreja, apenas mostramos o conflito de classes que há na sociedade e que este é conta a vontade de Deus. Isto lembra as acusações do profeta Am 8.4-6:
Escutem, vocês que maltratam os necessitados e exploram os humildes aqui neste país. Vocês dizem: “Quem dera que a Festa da Lua Nova já tivesse terminado para que pudéssemos voltar a vender os cereais! Como seria bom se o sábado já tivesse passado! Aí começaríamos a vender trigo de novo, cobrando preços bem altos, usando pesos e medidas falsos e vendendo trigo que não presta. Os pobres não terão dinheiro para pagar as suas dívidas, nem mesmo os que tomaram dinheiro emprestado para comprar um par de sandálias. Assim eles se venderão a nós e serão nossos escravos!”
Lembra, também, o próprio Jesus que foi acusado, preso, torturado e crucificado por fazer política contra o Templo e contra o Império Romano, como diz em Lc 23.2,3: “Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele o Cristo, o Rei. Ele alvoroça o povo, ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui”.
Usa-se nestas eleições a bandeira da “defesa intransigente da vida” para legitimar o sistema capitalista sob hegemonia estadunidense. Usa-se esta conversa da defesa da vida para viabilizar um capitalismo dependente e entreguista. Isto que o outro projeto em questão também é capitalista neodesenvolvimentista, mas com viés nacionalista.
O que precisamos denunciar é esta hipocrisia farisaica da direita em dizer que ela não faz política na igreja. É só alguém dizer algo que a direita não concorda que começa a gritaria: “Estão fazendo política na igreja!” Bando de fariseus! Assumam o que fazem! O pior de tudo é que no Brasil ninguém é de direita, defendem as bandeiras da direita e dizem que não são de direita, a direita se ofende se é chamada de direita, assim como todos são a favor da Reforma Agrária (desde que ninguém a faça!). Hipocrisia, demagogia e farisaísmo!
Por causa desta postura da igreja ao lado dos capitalistas os lutadores por uma nova sociedade acabaram construindo uma sociedade do terror stalinista e maoísta que atrapalhou o avanço da construção de uma nova sociedade pela classe trabalhadora por no mínimo duzentos anos. Aprendemos, ao menos, como não se faz, à custa de milhões de mortos. A nova sociedade tem que ser democrática (inclusive democratizar a economia e não apenas o processo eleitoral, pois o capitalismo não permite que se democratize a economia, uma economia onde a classe trabalhadora tem acesso às riquezas geradas por ela) e tem que respeitar a criação de Deus. No capitalismo se fala em democracia burguesa representativa em que se elege de vez em quando alguém para gerenciar as crises do sistema e para manter o sistema de opressão de classes, mas não se democratiza as riquezas geradas pela classe trabalhadora, portanto no capitalismo não existe democracia. O que os empobrecidos querem é acabar com as classes sociais que são a origem da opressão política, econômica, cultural, social e ideológica. A função do Estado no capitalismo é garantir que a exploração sobre a classe trabalhadora se perpetue. Olhemos o exemplo da crise na Grécia, no começa do ano, em que o Estado custeou as dívidas com o congelamento das aposentadorias e com a redução dos salários dos trabalhadores/as. Quer dizer: a classe trabalhadora vai pagar uma dívida que ela não fez e uma crise que ela não gerou.
Temos que elaborar um novo projeto de sociedade a partir da fé em Jesus Cristo que propõe o Reino de Deus como sua mensagem central; nos Evangelhos vemos a proposta concreta deste Reino. De acordo com o boliviano David Choquehuanca, o Bem-Viver é um processo que está apenas começando e que pouco a pouco irá se massificando: “Para os que pertencem à cultura da vida, o mais importante não é o dinheiro nem o ouro, nem o ser humano, porque ele está em último lugar. O mais importante são os rios, o ar, as montanhas, as estrelas, as formigas, as borboletas (...) O ser humano está em último lugar, para nós o mais importante é a vida”. Fernando Huanacuni, uma das principais referências intelectuais dos aymara na Bolívia, sustenta que a base do processo de mudança no país está na retomada de culturas originárias. “Quando falamos de comunidade, não falamos só de humanos. Comunidade é tudo: animais, plantas, pedras”, diz ele.
O indígena não critica apenas o utilitarismo do capitalismo, mas critica também o utilitarismo do marxismo ortodoxo: “O marxista tem somente um pensamento material. Nós preferimos não explorar porque é importante para o equilíbrio da vida. Mas o marxista não pensa assim. Para mudar o sentido de um rio, o marxista vai colocar tratores e pronto. O indígena vai dizer ‘não, calma, espera, vamos pedir permissão para os nossos ancestrais e vejamos se é bom’. O marxista vai dizer ‘claro que é bom, aqui vamos produzir’. Ele não vê importância no espiritual, não o sente. Por isso ainda não está entendendo”. O “nosso modelo não é comunista, mas comunitário''. O Bem-Viver nos convida a “sair da dicotomia entre ser humano e natureza”. Ou seja: “despertar para uma consciência de que somos filhos da Mãe Terra, da Pachamama, e tomar consciência de que somos parte dela, de que dela viemos e com ela nos complementamos”. É um estilo de vida que nos ensina “não a viver melhor, mas sim a viver bem com menos”.
A principal revelação do oitavo Relatório Planeta Vivo 2010: em 2007 a sobrecarga imposta pelas atividades humanas foi 50% maior que a capacidade regenerativa do planeta. Até 2030 a humanidade precisaria da biocapacidade de dois planetas Terra para poder absorver as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e manter o consumo de recursos naturais. A biodiversidade global sofreu uma queda de 30% em menos de quarenta anos. Chegam a 71 os países com déficit em recursos hídricos suficiente para comprometer a saúde de seus ecossistemas. Espécies são extintas num ritmo mil vezes maior do que o natural, minando a estabilidade de ecossistemas ao redor do planeta, causando prejuízos avaliados em até US$ 5 trilhões anuais e ameaçando nossa própria existência. Mais de um quinto das espécies de plantas do mundo corre o risco de se extinguir, uma tendência com efeitos potencialmente catastróficos para a vida na Terra. Isto nos mostra que o capitalismo é insano.
A crise civilizacional.
Essa crise ambiental não veio do nada. Não foi desastre natural, foi causada pelas pessoas, diz Nicholas Stern - responsável pelo Relatório Stern - extenso estudo sobre os efeitos na economia mundial das alterações climáticas nos próximos 50 anos. Nosso consumo dos recursos naturais já excede em 30% a capacidade de o planeta se regenerar. Com outras palavras, a espécie humana já necessita hoje de 1,3 planetas para satisfazer suas necessidades e desejos de consumo. A "pegada ecológica" - indicador da pressão exercida sobre o ambiente está muito forte. A média é 2,2 hectares por pessoa, mas o espaço disponível para regeneração (biocapacidade) é de apenas 1,8 hectare. Avançamos o sinal. Há quem diga que o estrago já foi feito e ponto de retorno já passou. No dia 21 de agosto de 2010, os habitantes do Planeta Terra já esgotaram todos os recursos que o planeta lhes proporciona no período de um ano, passando a viver dos créditos relativos ao próximo ano, segundo cálculos efetuados pela ONG Global Footprint Network (GFN). “Em 1980, a nossa “pegada ecológica” foi equivalente a tamanho da Terra. Hoje, é de 50 % a mais, insiste a ONG.
Desde 1970, as espécies de animais vertebrados sofreram redução de 30%, segundo o último relatório da ONU. Das 5.490 espécies de mamíferos, 79 foram extintas e mais de 500 estão sob risco. Além disso, cerca de 70% dos recifes de coral já foram destruídos ou podem desaparecer, afetando o sustento de centenas de milhões de pessoas. O processo de degradação é dramático. O mundo nunca viu um ritmo tão acelerado de extinções, mas os debates não serão simples e os governantes que são os representantes do capital não tomam decisões para brecar com a catástrofe ambiental.
A mudança climática ameaça a vida da maneira como foi vivida durante anos na região de Cuzco. “Antes sabíamos quando semear porque começavam as chuvas. Antes havia três mananciais de onde tirávamos a água para regar. Eles já não existem mais, mas há novas pragas e as batatinhas estragam”. O Peru e o Equador são os dois países da América Latina que têm geleiras tropicais, superfícies geladas entre o Trópico de Câncer e o de Capricórnio e que, segundo os estudos científicos, estão desaparecendo.
Na edição recém-apresentada, a NOAA revela os resultados de um estudo que abrange 150 anos — de 1850 a 2000 — e que examina, além das próprias temperaturas, outros indicativos de mudança climática. No que diz respeito às medições dos termômetros, os resultados são claros. “Cada uma das três últimas décadas foi bem mais quente que a anterior. Os anos 1980 foram, à época, os mais quentes de que se tinha registro. No decênio seguinte, todos os anos foram mais quentes que a média dos 80. Os anos 2000 são ainda mais quentes”, diz uma nota à imprensa publicada no site da NOAA.
As evidências externas também são convincentes. O relatório estudou um conjunto de dez fenômenos. Constatou que, em todo o mundo, estão se elevando: a) a temperatura do ar nos continente; b) a temperatura da superfície do mar; c) a do ar acima dos oceanos; d) o nível oceânico; e) o calor oceânico; f) a umidade do ar; g) a temperatura da troposfera, a camada da atmosfera que se estende desde a superfície do planeta até 7 a 17 km de altitude. E estão caindo: a) o volume do gelo ártico; b) a área das geleiras; c) a cobertura de neve no hemisfério Norte, durante a primavera.
Nele, nota-se que, vistas na média, as mudanças de temperatura são sutis: a elevação é de cerca de 0,6ºC, nos últimos 50 anos. “Pode parecer pouco, mas já alterou nosso planeta”. “As geleiras e o gelo oceânico estão se derretendo, as chuvas pesadas intensificam-se, as ondas de calor tornam-se mais comuns”.
O clima da Terra está esquentando e a maioria dos cultivos é sensível ao calor e à falta de água. A produção de arroz caiu de 10% a 20% nos últimos 25 anos na Tailândia, Índia, China e Vietnã, devido ao aquecimento global, segundo nova pesquisa da norte-americana Universidade da Califórnia. Dados coletados em 227 fazendas bem irrigadas mostram uma importante redução na produção devido às altas temperaturas registradas durante a noite, segundo os pesquisadores. Se deixarmos as coisas tal como estão hoje, o planeta vai perder entre 5% e 20% do PIB mundial. Estamos falando, portanto, de perdas que podem chegar a cerca de 7 trilhões de dólares.
Tanto o modelo stalinista, do capitalismo de estado, como o modelo capitalista imperialista depredaram a natureza e aterrorizaram e massacraram o ser humano. Nosso desafio é participar da construção desta nova sociedade não capitalista que o Reino de Deus propõe que valoriza toda a criação de Deus e entende o ser humano como parte integrante da criação.
Alguma coisa tem que ser feita e isto não se está discutindo nesta campanha eleitoral, talvez por causa da pressão demagógica, farisaica e moralista da direita das igrejas cristãs que só quer discutir aborto e liberdade religiosa; como se historicamente a direita estivesse preocupado com a vida das pessoas: os pobres, espoliados secularmente pela elite capitalista, deste país que o digam. Isto é apenas cortina de fumaça para esconder os verdadeiros interesses do capital internacional e do império estadunidense que vê a sua hegemonia ameaçada nas Américas e nós sabemos do que este império é capaz, a história nos conta isto de forma muito clara. Evitemos e denunciemos esta armadilha da direita.

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