27 de outubro de 2010

Lucas 8.1-3

Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, [2] e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; [3] e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens.
Lucas nos relata que Jesus, em sua peregrinação de aldeia em aldeia, pregava o Evangelho do Reino de Deus, que é sua mensagem e proposta central. Quando Jesus fala no Reino de Deus ele está apontando para uma nova sociedade não capitalista. Ele está dizendo que não precisamos e nem devemos nos conformar com este século (Rm 12.2), pois o Reino de Deus pressupõe a construção de uma nova sociedade com características totalmente diferentes da sociedade capitalista atual. A essência do Evangelho de Jesus Cristo é a construção de uma nova sociedade em oposição à atual, cujas características Lucas já aponta nos próprios discípulos que eram pessoas empobrecidas e de profissão pescadores e tinham no seu meio um publicano; e, mais, fazia parte do grupo dos discípulos um grupo de mulheres que seguiam Jesus e o serviam com seus bens (Mc 15.40-41).

Esta prática do Reino de Deus de servir com seus bens, a primeira comunidade segue e a aprofunda, como nos conta o livro de Atos dos Apóstolos 2.42-47. Segundo este texto a base da fé vivida dos primeiros cristãos são: Perseveravam
1. na doutrina dos apóstolos, que é o Evangelho do Reino de Deus, e não na ideologia do Império Romano, baseado no lema: paz e segurança (1Ts 5.3), construído em cima do patriarcado e da escravidão legitimada pela religião dos falsos deuses romanos.
2. na comunhão e não numa economia construída em cima escravidão que pressupunha a guerra e um imenso aparato militar para invadir outros países para saqueá-los e fazer sua população escrava para alimentar e viabilizar a economia escravista romana.
3. no partir do pão e não no individualismo e na ganância da exploração dos povos conquistados via tributos que empobreciam e saqueavam o povo.
4. nas orações e não na religião onde se sacrificava aos falsos deuses como o exigia o Império Romano para legitimar, pela religião, o sistema econômico escravista garantido pelo Estado que se amparava na sua máquina militar, como os EUA hoje.

Assim, temos aqui, um exemplo claro da prática desta nova sociedade que é o Reino de Deus, cujas características aparecem no texto de Atos que diz que:
- estavam juntos, viviam em comunhão, que pressupõe a não exclusão pela Lei do Templo ou pela economia que negava a cidadania plena aos empobrecidos e estrangeiros;
- tinham tudo em comum e não a ganância e o individualismo que são as características de todo sistema econômico opressor, como no capitalismo de hoje;
- anulam a propriedade privada dos meios de produção (que é a base de todo sistema opressor), que estará a serviço de todos, em especial para os empobrecidos. Com isto apontam para o Projeto de Deus no AT, quando os hebreus, sob o comando de Deus, constroem uma nova sociedade nas montanhas da Palestina, onde a terra – herança (meio de produção) era propriedade coletiva do clã e da tribo (Nm 26.52-56) no Tribalismo.
- alegria e singeleza de coração nas refeições comunitárias e não o sofrimento e a fome que a saída individual propõe, também em nosso sistema econômico atual;
- a vida é sagrada e não a propriedade privada dos meios de produção, que deve estar a serviço da vida abundante para todos (Jo 10.10).

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