18 de maio de 2012

Lex dura Lex!



Dizem que no Brasil é assim: Para os amigos, tudo, para os inimigos, a Lei. Assim, a Lei vale para alguns e para outros, não. Na IECLB, que fica no Brasil, é meio parecido. Algumas leis são aplicadas com rigor, outras, nem tanto. Como os/as pastores/as são considerados/as pela instituição "meio inimigas" porque podem processar a Igreja algum dia desses, então a Igreja tem que se ser duro com eles/as. É claro, não para todos, depende do caso.

No caso das leis repressivas do TAM e Avaliação para que a pastorada saiba o seu lugar e pregue apenas o que a direita permite se aplica a lei sem exceção. No caso do uso das vestes litúrgicas, normalmente, faz-se vistas grossas porque ninguém está a fim de enfrentar o Encontrão, que tem bastante votos nas Assembléias Sinodais e no Concílio da Igreja e gosta de posar como vítima de perseguição teológica, que neste caso não tem como usar este argumento. No caso da liturgia é a mesma coisa; usa-se qualquer coisa ou uma grande mistura de tudo um pouco ou coisa nenhuma e tudo fica como está. No caso da liturgia aprovada em Concílio não é só o Encontrão que normalmente não a usa, outros também não o fazem. Nestes casos nada de: lex dura lex. São as contradições do processo eclesial.

O argumento do Encontrão sobre o Talar é que ele foi instituído pelo rei da Prússia, Frederico Guilherme III, e por isso é considerado como elemento opressivo. Parece argumento de alguém da Teologia da Libertação. O que boa parte do pessoal do Encontrão usa? Terno e gravata ou na outra terminologia: fatiota. Qual a origem desta? Terno e gravata é a roupa da burguesia, dos capitalistas. O símbolo da burguesia é o terno e a gravata. Qual a prática da burguesia? Libertadora? Pelo que a história conta não o parece, pois no Brasil eram e continuam sendo escravocratas e assassinos dos povos indígenas, camponeses e ambientalistas além de reprimirem e perseguirem a classe trabalhadora organizada. No Brasil a burguesia é responsável pela ditadura militar e conseqüentemente pela repressão àqueles que lutavam pela democracia matando sob tortura e execução extrajudicial 451 pessoas, mais 370 camponeses, dois mil pessoas do povo indígena Waimiri-Atroari durante a construção da BR 174, torturaram 30 mil pessoas e processaram mais 50 mil. Não me parece nada libertador a prática dos que usam terno e gravata.

Em falando do Talar me lembro que na pintura de Lucas Cranach que está na igreja em Wittenberg onde aparece Lutero vestido de talar. Isto significa que Lutero usava talar quando celebrava culto. Não sou especialista em liturgia, pergunte para quem o é, para que explique isto melhor. Se alguém que lê este texto sabe isto favor informar melhor. Mas se não sabem, a IECLB tem outra veste litúrgica, que é a alba com a estola. Não a usam por que? Certamente dirão: porque parece coisa de padre. Vê se conseguem uma argumentação razoável pelo não uso das vestes litúrgicas. Além do mais se não gostarem de algo na igreja tem sempre a possibilidade de fazer uma moção e encaminhar ao Concílio da Igreja. Enquanto isso vale o que foi estabelecido pelo Concílio. E cumpra-se. Por isso nós ainda estamos nos ajustando e sujeitando às leis repressivas do TAM e da Avaliação até o Concílio anular estas questões via moção que queremos enviar. Se não gostar do talar faça uma moção ao Concílio com argumentos viáveis para justificar o terno e gravata como veste de origem libertadora e como símbolo eclesiástico libertador e de origem na teologia luterana, o que me parece muito difícil de fazer. Mas tente. Enquanto isso vale o talar e a alba com estola. Ponto. E na hora que a direção da igreja tiver coragem ela vai executar todas as leis que há na igreja. Por enquanto ela não tem esta coragem e continuará parcial e agirá conforme as conveniências.

No caso da corrupção na igreja é a mesma coisa. Tem corrupção na igreja? Tem. Onde? No roubo do Dízimo. Roubo? É, alguns falam em sonegação porque acham as palavras, roubo e corrupção, muito feias, muito agressivas. Afinal, estamos no Brasil onde o banqueiro quando preso não pode ser algemado, mas o pobre pode. Lembram do caso do Daniel Dantas? Até o senado se alvoroçou porque algemaram o pobre banqueiro corrupto, o delegado que o algemou foi processado e o presidente do Supremo Tribunal de Justiça concedeu o habeas corpus ao corrupto banqueiro, afinal é rico e lugar de rico não é na cadeia. Cadeia é para pobre. São as contradições de nosso país que também se espalham na esfera eclesial. Mas sonegação, roubo e corrupção são tudo a mesma coisa. Em relação ao roubo do Dízimo a Igreja faz vistas grossas. A Direção da IECLB diz: Isto é coisa da alçada dos Sínodos. Os Sínodos fazem de conta que não é com eles e assim a roubalheira continua. Tem exceções, é claro. Conheço uma. O Pastor Sinodal Renato Kuntzer junto com o Conselho Sinodal colocaram ordem na bagunça e fizeram uma Comissão de Finanças e visitaram todas as paróquias e o bicho comeu solto. Por exemplo, na Paróquia de Pratos de 7 comunidades apenas uma não estava roubando o Dízimo. Por que outros Sínodos não fazem uma Comissão de Finanças para acabar com a roubalheira? Está-se com medo de quem? Dos corruptos e ladrões nas comunidades?

Pastores/as que quiseram por ordem na roubalheira foram ameaçados com o TAM e a Avaliação por pessoas das diretorias das comunidades. Lindo, não? Por isso o TAM e a Avaliação precisam ficar e serem aplicados fielmente para que a pastorada saiba o seu lugar. Nada de pisar nos pés dos corruptos. Que é isso!?

Fala-se muito dos corruptos e ladrões nas esferas governamentais e dos nossos corruptos eclesiásticos não se pode falar e dar um basta nisso. Falta coragem ou falta moral? Onde o rabo está preso? E quem está com o rabo preso? Quem tem medo de quem? O pastor sinodal tem medo do conselho sinodal ou vice versa, ou o pastor sinodal tem medo das diretorias corruptas das comunidades ou os conselheiros sinodais tem medo das diretorias das comunidades que são corruptas? Ou porque os conselheiros sinodais estão metidos e acobertam a corrupção em sua comunidade? Alguém precisa ter medo da verdade? A verdade é a nossa força. A verdade liberta, diz Jesus.
É fácil: o Conselho Sinodal compõe uma Comissão de Finanças e esta visita todas as paróquias, uma por vez, e convoca todas as comunidades para trazerem seu livro caixa e seu livro de atas e é só comparar os dados fornecidos ao Sínodo com os dados lançados nos livros e a diferença, se a há, logo aparece. Simples e fácil. O que falta? Só coragem para enfrentar os corruptos? Nós já vimos este filme antes. Antes da reestruturação, em 1997, também havia a sonegação das cotas e por isso foi introduzido o Dízimo para se poder comparar com os dados concretos do livro caixa, mas ninguém fiscaliza o tal livro caixa.

Por que se rouba o Dízimo? Por causa da pastoral do tijolo. Precisa-se de dinheiro para aumentar o pavilhão para poder fazer grandes festas para ganhar dinheiro para poder aumentar o pavilhão para fazer festas maiores para poder aumentar mais o pavilhão para poder fazer festas maiores ainda. Tem ainda a churrasqueira que tem que aumentar conforme aumenta o tamanho do pavilhão e assim vai. Afinal a pastoral do tijolo é a base de nossa igreja junto com os 3X do alemão: xopp, xurrasco e xixo. Normalmente, sempre tem exceções.

Aí eu pergunto? Por que algumas leis se aplicam e outras não? Ou a gente não deveria fazer esta pergunta? Afinal, não somos pagos para fazer esta pergunta. Somos pagos para fazer e não para perguntar.

O Concílio da Igreja faz tantas normas e leis, porque não faz uma lei para que cada sínodo tenha a sua Comissão de Finanças para verificar a roubalheira do Dízimo? Afinal, isto não é só uma questão dos Sínodos, é uma questão de toda a Igreja.

Enquanto isso, discuta as questões relacionadas à anulação via moção conciliar do TAM e da Avaliação e da reposição salarial defasada entre 70% a 80% em comparação a 1997 nas Conferências de Obreiros. Após a discussão encaminhe uma moção ao Concílio da Igreja para tirar do EMO os itens relacionados a estas leis repressivas e se articule com outros sínodos. Não esqueça de discutir as questões da APPI, que é o nosso instrumento e ferramenta de organização, nas Conferências de Obreiros.

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