"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (Jo 8.32)
30 de junho de 2012
Conversa entre companheiros de caminhada
Salve!
Gostei que reagiste. Teologia se faz conversando, ela não é de mão única. Eu vou jogando minhas idéias no ar para compartilhar o que penso e vejo, mesmo que parcialmente. Nós nunca vemos tudo corretamente sempre, mas é na conversa que a gente vai enxergando melhor. Pouca gente se arrisca hoje em dia entrar na conversa. É o espírito da época, o Zeitgeist, por isso estamos atolados na IECLB e avançamos pouco.
Eu escrevo para clarear as idéias para mim mesmo numa tentativa de entender o que está acontecendo ao nosso redor. Na medida em que escrevo vou entendendo, ao menos em parte, o que me rodeia. E é óbvio não consigo entender tudo e nem ver tudo como é. Nos meus escritos acabo batendo em teclas já gastas.
Faço questão de falar da mensagem central de Jesus Cristo porque ela se confronta diretamente com o capitalismo. Como cristãos usamos a teologia para combater o "mundo", hoje, o capitalismo. Nossa 'arma' é a teologia. Esta arma está fraquinha porque temos muita correria na paróquia e por isso não lemos mais livros teológicos e acabamos sem argumentos. Também poucos participam dos movimentos populares e da luta sindical porque a correria da paróquia nos absorve. O ativismo é a armadilha que a igreja coloca exatamente para não participarmos das lutas do povo, pois se nós participamos o nosso povo também vai participar mais e com mais coragem, pois verá que a igreja apóia sua luta. Mas, vejo que a Igreja está mais reacionária do que nunca, o que nos inclui como pastores/as no reacionarismo.
Vejo que é o medo que nos torna reacionários e conservadores. Por que? Porque estamos nos sentindo sozinhos e estamos de fato sozinhos. O medo paralisa. Temos que entrar na luta na Igreja, no Movimento Popular e Sindical e Partidário de Esquerda apesar do medo. A Domitila Barrios da Bolívia, recentemente falecida, diz que o nosso maior inimigo é o medo que está em nós. Ela e mais quatro mulheres, apesar do medo, iniciaram nos anos 80 uma greve de fome que virou movimento nacional e derrubou a ditadura militar.
Ser corajoso não significa não ter medo, significa lutar apesar do medo.
Em minha opinião nós temos que romper com o isolamento em que nos metemos ou nos meteram. Isolamento nada tem de comunitário que é a proposta do Reino de Deus. A pastorada tem que se encontrar para conversar e com isto melhoraremos a nossa teologia e a nossa prática e enxergaremos a realidade melhor. Sozinhos temos dificuldades em enxergar corretamente o que nos rodeia. Sozinhos acabamos vendo apenas uma parte, mas no diálogo veremos ângulos novos que os outros enxergam que eu não vejo. Temos também de nos confrontar na discussão em posições diferentes e opostas. Não temos que concordar com quem fala mais e mais alto. Temos que ir no 'pau' na discussão teológica, isto clareia a nossa teologia. Temos que sair de nosso medo de alguém discordar de nós. Temos que treinar este diálogo dialogando, discutindo, xingando e este processo nos ajudará a ter maior clareza teológica e isto melhorará a nossa prática eclesial e no movimento popular. Mas junto disso temos que participar do Movimento Popular, Sindical, até Partidário de esquerda (mesmo que a 'esquerda' hoje esteja vestida de direita). Não é só nós na Igreja que estamos perdidos no mato, o Movimento Popular passa pelo mesmo processo, mas está tentando reconstruir o trabalho de base, fazendo formação teórica e está conversando entre si na Via Campesina e outros espaços. O movimento camponês já conseguiu juntar Via Campesina com Fetraf numa pauta comum frente ao governo, coisa impossível no passado recente.
Aqui estamos montando um espaço de estudo dos clássicos marxistas com o MPA, MAB, MST, MMC, Sindicatos, CPT, PJR, pequenas cooperativas numa tentativa de entender melhor a teoria revolucionária a partir de nossa prática para nos fortalecer mutuamente e fortalecer a nossa luta em cada movimento. É a tentativa de sair do isolamento.
Na Igreja estamos atolados no isolamento, no silêncio e no medo. Tentei no ano passado provocar para vários colegas que moram perto formar um grupo de estudo e somente um respondeu, pois é mais um dia que se tira da paróquia que já nos tira tudo: tempo, saúde, família. Nem para estudar e conversa teologia e realidade não podemos tirar tempo e com isso o isolamento aumenta e aumenta a repressão sobre nós feita pelos capitalistas que controlam a paróquia.
Eu uso o espaço da internet para conversar e tentar romper o isolamento, mas o medo é tão grande que poucos reagem. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém e dizer amém. Para mim ajuda a entender o que acontece quando escrevo. Acabo sendo parcial e incompleto, pois vejo apenas do meu lugar.
Provoquei o Oneide para fazermos já neste ano ou no outro um encontro a nível nacional de quem se considera esquerda na IECLB, mas a conversa não fluiu. Ele concordou, achou bom, mas não conseguimos mais conversar sobre isto. Eu moro em Palmitos e ele em São Leopoldo atolado nos problemas da EST. Temos que romper o isolamento, é o slogan. Vamos afundar como Igreja e como pessoa se não sairmos do isolamento.
Enquanto nós obreiros/as nos isolamos a direita governa esta Igreja desde a comunidade, pois mesmo nas comunidades pobres as diretorias (que são empobrecidos e explorados pelos patrões) defendem o capitalismo, pois foi isto que aprenderam a vida inteira, foi isto que lhe foi dito sempre: não há saída do capitalismo.
Por isso bato na tecla da mensagem central de Jesus Cristo: o Reino de Deus, pois ele aponta para a esperança da construção de uma nova sociedade não capitalista. Aqui o Evangelho rompe com a opressão e a Ditadura do Pensamento Único que nos condenam eternamente ao presente pela Ditadura do Capital.
Fico contente que você se deu ao tempo de sentar e pensar em responder e conversar comigo. Isto mostra que nem tudo está perdido. Não sei como vocês em vosso Sínodo podem montar um grupo para conversar, estudar e sair do isolamento que está nos matando. Temos que nos encontrar no Sínodo como APPI para falar de nossas dores.
Eu agüentei o tranco no pastorado porque buscava forças na participação do Movimento Popular (a nível de município e estadual) e nos encontros ecumênicos (Cebi, CPT) onde a gente via que o mundo é maior que a IECLB. No Sínodo Planalto nós conseguimos montar um grupo de 6 colegas entre 35 para estudar um livro e conversar, isto foi bom e tirou do isolamento. É desumano na Igreja a gente ficar entocado somente na paróquia que nos consome como se fossemos mercadoria a ser consumida, parece antropofagia, e não termos lugar para nos reabastecer. Por isso tem tanto divórcio no meio da pastorada, tanta doença, tanto stress, tanto remédio de faixa preta e tanta desistência (alguns simplesmente saltam fora), pois política de pessoal esta igreja não tem e não vai ter tão cedo, pois a Igreja está mais preocupada em defender os patrões das paróquias do que seus obreiros/as. E não tem adiantado gritar, eles escutam, mas não gostam do que ouvem e fica tudo no mesmo: a pastorada se ferrando sozinhos. Ficam dizendo: Lobo você só xinga e não faz propostas. Quando faço propostas e apoio propostas da APPI também não gostam.
Aí o que acontece: a pastorada acaba fazendo um monte de cagada e a culpa é individualizada. Cagou agora limpa sozinho e a 'peonada' sai mais desmoralizada ainda.
Nós temos alguém com o qual podemos desabafar? Os psicólogos têm como norma fazer terapia com outro psicólogo, nós não temos ninguém. O Baeske fala da gente usar o que o Catecismo Menor nos dá: a confissão particular com um outro colega. Quem arrisca e quem faz? Se vem do Baeske a maioria já salta longe, por preconceito e medo, e continuamos nos ferrando sozinhos. Enquanto isso o TAM e a Avaliação vão fazendo as suas vítimas e a Direção da Igreja não quer acabar com isto. Ali não temos ouvido para os nossos gritos que já não são tão solitários. Na enquete da APPI mais da metade da pastorada que respondeu é contra a dinâmica do TAM e da Avaliação.
Sozinhos somos fracos e vulneráveis, nos juntando somos fortes. Esta é a proposta revolucionária do Espírito Santo que brotou em Pentecostes: a Igreja de Jesus Cristo. Um monte de empobrecidos, perseguidos, estrangeiros, escravos e viúvas se juntou e formou uma comunidade para se fortalecer e divulgar que é possível romper com as estruturas de opressão de nosso mundo a partir da proposta do Reino de Deus anunciado por Jesus Cristo. Assim, estamos na Igreja (comunidade de irmãos e imãs), mas continuamos isolados, haja contradição. Precisamos nos juntar, nem se é por via email para conversar.
Só sei que quanto mais corremos em nosso ativismo menos perto do Reino estaremos. Temos que nos juntar em grupos de interessados nos sínodos para o estudo, a conversa, a articulação de nossas dores e construir propostas pastorais em conjunto e junto com o povo empobrecido. Não adianta esperar pela estrutura dali não vem nada que nos ajude. Os sinodais são a peonada para nos fiscalizar e cobrar e não conseguem ser companheiros, alguns até que tem tentado, mas eles também estão nesta correria louca, pior que nós na paróquia, por causa das distâncias.
Um colega definiu genialmente o papel dos pastores sinodais assim:
"A expressão "pastor dos pastores" muitas vezes é vista por nós de forma positiva, como aquela pessoa que pastoreia pessoas que exercem o pastorado. Contudo, olhando por outro lado, se pastores são "peões" (na tua linguagem), o "pastor dos pastores" é o peão que é pago para controlar os demais peões, só isto! Ou seja, se na cabeça de muita gente pastor é pago para fazer, então, "pastor dos pastores" é pago para fazer cumprir as leis. A gestão administrativa (poder!) é assumida por pessoas não ordenadas/remuneradas, mas estas não precisam controlar os peões, pois tem gente paga para fazer isto".
Os pastores sinodais são tão vítimas do sistema eclesiástico como nós: estão sozinhos, ferrando e se ferrando sozinhos; são a peonada a serviço da Sr. dos Passos.
Bom companheiro, fico por aí. Obrigado pelos palpites sobre meus textos. É bom alguém de fora mostrar alguns furos em nossos pensamentos.
Um abraço
Lobo
A resposta acima partir deste texto:
Carta ao Lobo!
“Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto” (Pv 275)
Serei franco contigo. Sinto melhoras no seu estilo de escrever. Tempos atrás o pessimismo e o negativismo estavam mais marcantes, o mesmo que encontro em Nietsche, e já se sabia onde ia chegar. Mas, hoje, aqui e ali já parecem luzes (propostas aceitáveis). O que, a meu ver, é bom, pois, penso, precisamos ser propositivos.
Quero reagir aos seus artigos “do boi” e da “proposta da esquerda”. Acho que você poderia ter lembrado que o símbolo da IECLB é cópia do palácio de Brasília e não do casebre do camponês. Mas tudo bem.
Tenho algumas perguntas: 1ª) Você consegue viver sem dinheiro? Eu preciso dele, pois os outros o querem.
Para mim o problema não é o dinheiro (não há sociedade moderna que se estrutura sem dinheiro. Nem na Rússia, nem em Cuba). É verdade que ele foi criado como forma de acumular, pois é mais fácil de armazenar (os bois ocupam muito lugar, e depois de certo tempo precisam ser encaminhados, caso contrário dão prejuízo).
Jesus combate a transformação do dinheiro em Deus (Mt 6.24), o apego ao dinheiro (Mt 19.21); assim como Paulo (1 Tm 6.10) e Tiago (Tg 5.1-6), como, no AT, fizeram os profetas, especialmente Amós (4.1; 5.21s) e Miquéias (6.12) e o sábio (Pv 15.17; 16.8),...
Mas viver sem dinheiro, nem mesmo Jesus viveu (Mt 27.55; e Judas cuidava do dinheiro,..). E a saída não está em atos milagrosos (Mt 17.27). O apóstolo Paulo ensina a “ter como se não tivesse” (1 Co 7.30), ou seja, viver com ele, mas não se apegar a ele; ou como recomenda Tiago (Tg 4.13ss), por ele dentro do propósito e planos de Deus. Lutero usa a figura do hóspede na pousada: vai lá, usa, mas não leva a pousada junto quando vai embora.
Quando preguei 1 Co 7.29-31, afirmei: O terceiro assunto se refere aos negócios. A palavra de Deus não proíbe negociar. Mas nos lembra que também isto faz parte da realidade provisória do mundo presente. Como cristãos devemos abster-se de toda manipulação injusta, de pretender levar vantagens em tudo e passar outros para trás, mas a darmos o devido valor às necessidades de nossos semelhantes. Além disso, somos desafiados a não pormos nossa confiança em nada neste mundo: nem dinheiro, bens, amigos, família, trabalho, profissão deve receber mais atenção e amor do que Deus, pois tudo isto passará e nada neste mundo nos pode dar tanto prazer, alegria e segurança como Deus. (...) De fato, não temos a nossa última morada aqui. Por isso, não podemos e nem devemos nos conformar com a realidade presente e incompleta, mas precisamos nos empenhar pela realidade definitiva. O novo mundo está baseado na vontade de Deus, ele condena e nega a exploração ao próximo que é pecado porque causa sofrimento, condena todo tipo de maldade. O novo mundo serve de critério para julgar os acontecimentos presentes, se são ou não da vontade de Deus. Mas, a esperança no novo mundo pleno, completo, de forma alguma favorece a acomodação. Ao contrário, esta esperança é uma força e estímulo para a ação aqui. Crer na “vida eterna” nos compromete com a preservação da vida aqui.
O desejo de Deus não é que só pensemos e só esperemos um mundo bom para o futuro. Deus deseja que sejamos participantes do novo mundo, que possamos levantar sinais, ainda que pequenos, que mudam a convivência na família, no trabalho, na sociedade e que melhoram as condições de vida.
A força para isso, vem do Senhor que rege a história, está conosco e um dia voltará para nos acolher em seu reino sem fim.
Quando preguei sobre Mt 6.19-21, 24, afirmei: Qual é o ensino correto para com o dinheiro e as riquezas?
1 – “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (1 Timóteo 6.10). A Bíblia não condena ter dinheiro. O problema é quando se tem amor ao dinheiro, isto é, quando a vida gira em torno de ter dinheiro, de se viver para o dinheiro (trabalho), se corrompendo e tirando até mesmo Deus do lugar de Deus e colocando o dinheiro no lugar de Deus. Assim, as pessoas só tem tempo para trabalhar. Não tem mais tempo nem para ir à Igreja, fazer uma visita a um amigo, ter tempo para conversar na família, etc. Em casa em que dinheiro é tudo, falta amor, carinho, e felicidade. Há desvio da fé e só sobram muitos sofrimentos.
2 – “Irmãos, o que eu quero dizer é isto: não nos resta muito tempo, e daqui em diante devemos viver assim... os que compram, como se não fosse deles aquilo que compraram; os que tratam das coisas deste mundo, como se não estivessem ocupados com elas. Pois este mundo, como está agora, não vai durar muito. Eu quero livrá-los de preocupações” (1 Coríntios 7:29a, 30c-32a).
“Ter como se não tivesse”. Os bens do mundo devem ser entendidos como um hotel, ao qual se vai, se usa, mas não se leva junto na hora de sair dali. Deve se ter como se não tivesse. Não deixar nosso coração preso a ele.
3 – Jesus diz: “Por isso eu digo a vocês: usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno.” (Lucas 16.9)
Jesus disse que o uso do dinheiro é para fazer amigos!
Não usar do dinheiro para usura, acumular, explorar, se deixar dominar, mas para ajudar e fazer amigos. Aqui temos um detalhe diferente da história do Filho pródigo. O filho pegou o dinheiro do pai e esbanjou tudo e só conseguiu reunir ao seu redor “amigos da onça”, aproveitadores! “Amigos” que na hora ruim ‘deram no pé’! Jesus dá o conselho de que os bens, riquezas não devem nos distanciar um dos outros, nem devem favorecer a discriminação, mas antes sejam usadas para fazer amigos. Há um provérbio: ‘Quem dá aos pobres, empresta a Deus’ (Pv 19.17). Uma vida se torna rica, não quando consegue ajuntar riquezas para si mesmo, mas a vida se torna rica quando temos amigos, pessoas com quem nos importamos e nos damos bem. Só é rico para Deus quem é generoso e consegue ter amigos de verdade. E é esta generosidade -fruto da fé-, esta ajuda que prestamos às pessoas que socorremos com o dinheiro deste mundo, que vai contar à morada no céu.
4 - ajuntem riquezas no céu! Invistam na missão, na divulgação do Evangelho. Ajudem com os bens a divulgação da boa nova da salvação. Façam suas contribuições financeiras à Igreja de bom coração.
Isso é bíblico. Nesse ensino não há erro!
2ª Pergunta: O Reino de Deus! Para mim está claro: o RD possui duas dimensões – a presente e a futura. Mas somente numa delas nós podemos participar ativamente, a outra, nós participamos passivamente (a recebemos). Não vejo em seus escritos a dimensão futura do Reino de Deus.
O canto “Jesus Cristo, esperança do mundo” (Silvio/Edmundo/João), na estrofe 6 tem algo muito valioso para mim: “futuro ilumina o presente”. Toda a questão escatológica da plenitude do Reino de Deus não é um antídoto para a acomodação, mas é mola propulsora para um agir no tempo presente daquilo que esperamos e cremos que será a eternidade. Se eu creio que o céu é um bom lugar de se morar, devo lutar para que todos possam ter casa aqui; se lá terei saúde, devo lutar para que todos tenham acesso à saúde e tratamento médico e hospitalar aqui ( e não como fez a AMA – que não ama ninguém – só os “urubus” tem acesso e o povão paga a conta); se creio que lá haverá alegria e paz na grande família, devo me empenhar aqui para que haja justiça, alegria e paz entre as pessoas, como entoaram os mensageiros de Deus (Lc 2.15) e assim por diante.
3ª pergunta: Qual o espaço amplo (para todas as pessoas) na sua teologia? Você opta pelos camponeses e exclui os ricos, ou você aceita a todos, porém aos pobres dá a preferência? E ricos não tem necessidades também que precisam ser nutridas? Jesus dialogou com muitos ricos e incluiu alguns em seu reino.
No projeto de reino de Deus trazido por Jesus há também o “amor ao inimigo”. Como isso se viabiliza em sua teologia?
“Amar o inimigo é convite para imitarmos o amor de Deus. Estamos desautorizados a amar apenas a certas pessoas e grupos. Jesus não eliminou o amor ao amigo, mas incluiu o inimigo na relação. O amor que Jesus propõe, vê mais longe” (Edson Streck – Mt 5.38-40).
4ª) Qual é o projeto da esquerda? Antigamente era mais fácil ser oposição, pois seguia-se a máxima: “Se há governo, sou contra!” E metia pau no governo. Então entrou o PT e com ele o carismático Lula, esquerda desde pequenino. E o que aconteceu? A esquerda não sabia mais o que fazer: não queria tocar pau no Lula pelo seu histórico, mas não dava para concordar com o que ele vinha fazendo, pois era um projeto de continuidade ao que já existia. Não houve ruptura. E as inovações, na sua grande maioria, eram na linha assistencialista. Nossas mãos ficaram amarradas, pois a expectativa de algo totalmente novo não aconteceu, mas foi o mais popular dos governantes. Fez sua sucessora. A qual também tem uma política assistencialista, vai levar muita gente à falência do endividamento, mas é popular.
5ª pergunta: Quando fui nos anos 80 no “Repartir juntos” em Agudo, voltei com uma vontade imensa de mudar o mundo. Se falava em macroestrutura, acabar com o capitalismo, etc. Mas chegando em casa, na Vila Pratos, (que você conhece pois comentou como havia desvios do dízimo, faltou dizer que depois da intervenção a Paróquia ficou sem obreiro a ver navios,... ) eu não sabia por onde começar. Sentia-me pequeno demais, diante das macroestruturas, as quais não tinha poder de fazer frente. Diante disso pergunto: O nosso discurso, por vezes, não fica muito na teoria, faltando colocar passos possíveis e concretos de ações possíveis? Aquilo que o Chico Mendes dizia: “Pensar globalmente, agir localmente!”
Um sistema (capitalismo) é feito por regras e pessoas (redes). Não precisamos definir melhor qual é o mal a ser atacado?
Edson Streck, em uma prédica de Mateus 5.38-40 afirmou: “Jesus pede para não resistirmos à pessoa má. Jamais ele nos pede para não resistir ao mal. Por isso é necessário termos bem claro – quem é o inimigo a combater: o mal, a força que domina e impulsiona à agressão!”
6ª) Jesus não fez tudo sozinho. Ele chamou discípulos. E lhes instruiu. Às vezes nossas falas e escritas parecem transparecer que é o pastor/a que precisa resolver tudo. Qual o incentivo para a formação do povo de Deus? Qual a força que temos dentro do poder constituído? (Temos de remar contra todas as correntezas e estamos nisso sozinhos?).
Lutei e relutei antes de escrever. Gostaria de continuar a conversa contigo. Em respeito e diálogo, talvez, seja possível construir algo interessante. O que você acha?
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