19 de junho de 2012

Sindicalista preso



FOLHA DO SUL ONLINE 15 de Junho de 2012


Sindicalista preso diz que ficou doente e sem remédios em cadeia de Vilhena

Comissão visitou Udo Wahlbrink na prisão



A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, representada pelo Deputado Federal Padre Ton (PT/RO) realizou hoje (14), em Vilhena, uma diligência para acompanhar os fatos relacionados à prisão do presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Vilhena/Chupinguaia, Udo Wahlbrink, ocorrida em 5 de março de 2012.

Esta ação foi proposta pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (FETAGRO) e apoiada pela Confederação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (CONTAG), durante o Grito da Terra Brasil, onde ambas entidades requereram à Comissão que fosse averiguado todo o processo que levou à prisão do sindicalista e principalmente as situações em que se constata violação dos direitos humanos nos conflitos agrários existentes na região Sul do Estado de Rondônia.

A Comissão aprovou o pedido e designou a vinda do deputado Padre Ton, segundo vice-presidente da mesma, que após averiguar as diversas situações deverá produzir um relatório com encaminhamentos para que os conflitos agrários sejam evitados e os direitos humanos sejam preservados nessa região. “Queremos averiguar e esclarecer as condições e as razões da prisão e da manutenção do encarceramento de Udo”, explicou o deputado.

O deputado Padre Ton, acompanhado do vice-presidente e secretário de políticas agrárias da FETAGRO, Fábio Menezes, da presidente em exercício do STTR de Vilhena/Chupinguaia, Eliane Ritter, e do coordenador membro da Comissão Pastoral da Terra em Vilhena, Adilsom Machado, participou de uma audiência com o Delegado Chefe da Polícia Civil, Fábio de Campos e com o Delegado Ítalo Osvaldo Alves da Silva, que afirmaram, ao discorrer sobre a realização da Operação Gaia I, que a policia civil apenas cumpriu as determinações judiciais.

Outra audiência foi realizada com a Juíza da Segunda Vara Criminal Liliane Pegoraro Bilharva, mas somente com a participação do deputado federal Padre Tom. A juíza não permitiu a presença da FETAGRO, do STTR e da CPT ainda que informada sobre quem foram os requerentes da averiguação pela Comissão.

O deputado e as entidades acompanhantes também visitaram o sindicalista Udo, que relatou estar em uma cela comum e superlotada, ainda que a Lei lhe permite uma cela especial; que o mesmo adoeceu e ficou vários dias sem medicamento; que após a rebelião ocorrida no presídio no último dia 25 de maio, os apenados ficaram mais de dois dias sem comida.

Na oportunidade, Udo Wahlbrink disse lamentar que a luta pela reforma agrária seja considerada crime pela justiça local.

Para o vice-presidente da FETAGRO, “essa diligência é importante para levar para ao cenário político, não só as ações da justiça e do Estado, mas também que há uma forte tendência à incriminar os movimentos sociais e deixar impune os latifundiários que se apossaram das terras públicas e que patrocinam a violência no campo”.

O deputado Padre Ton afirmou que, nos próximos dias, irá elaborar um relatório apontando as violações e determinará alguns encaminhamentos “para que ações que subjulguem a dignidade e os direitos humanos não possam mais acontecer em um país democrático e de direito”.





Rio Claro/SP, 23 de março de 2012.

Estimado irmão Udo!

Quero saudá-lo com as palavras do AT das Senhas Diárias do dia de hoje: “Senhor, além de ti não há quem possa socorrer numa batalha entre o poderoso e o fraco” (2 Crônicas 14.11).

Escrevo-lhe como ex-pastor da paróquia da qual você foi Presidente e na qual encerrei minha atividade pastoral há menos de dois meses.

Fico confortado em pensar que os diversos irmãos e irmãs com quem você trabalhou durante anos, promovendo atividades e eventos para a sustentação financeira da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Sul de Rondônia, certamente estão ao seu lado, suprindo suas necessidades materiais, emocionais e espirituais. Da mesma forma, espero sinceramente que a nossa Igreja esteja ao seu lado em todo o necessário dando-lhe apoio e conforto nesses dias de prisão que, certamente produzem incertezas, dúvidas e angústias muito fortes. Igualmente peço a Deus que fortaleça todas as pessoas associadas ao STR de Vilhena e Chupinguaia, do qual você é Presidente, para que não abram mão da busca dos seus direitos legais, de justiça, de vida plena e paz, nem do direito de verem seu Presidente em liberdade.

No entanto caro Udo, precisamos ter sempre em mente que nos momentos mais angustiantes de nossas vidas, nos sentimos e somos abandonados por muitos. No futuro aparecerão igrejas pedindo dízimo ou políticos querendo votos das pessoas sofridas e esquecidas pelas quais hoje nos empenhamos. Mas, no momento da dificuldade crucial, enfrentamos abandono e perseguição. E essa perseguição pode vir de lugares dos quais imaginamos que deveria vir apoio irrestrito. Falo tudo isso também motivado pelo fato de que há trinta anos nosso saudoso Francisco Cezário, na época também presidente em exercício do STR de Colorado D’Oeste, eu e um grupo maior de irmãos, enfrentamos prisão e perseguição por causa da luta pela terra. Isso significa que nas últimas três décadas a questão agrária e fundiária não só não melhorou, mas agravou-se, sempre em detrimento dos pequenos, os que realmente precisam da terra para dela obter o seu sustento e nela viver dignamente. Ressalto essa sensação de abandono e solidão, porque também a senti muito fortemente no último ano, quando fui impossibilitado de continuar no exercício do ministério pastoral junto à Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Sul de Rondônia.

Por fim quero animá-lo com palavras de Deus ao seu povo: “Não fiquem com medo, pois estou com vocês; não se apavorem, pois eu sou o seu Deus. Eu lhes dou forças e os ajudo; eu os protejo com a minha forte mão.” (Isaías 41.10). E com palavras de Jesus aos seus seguidores: “Quando levarem vocês para serem julgados nas sinagogas ou diante dos governadores e autoridades, não fiquem preocupados, pensando como vão se defender ou o que vão dizer. Pois naquela hora o Espírito Santo lhes ensinará o que devem dizer” (Lucas 12.11-12).

Permaneça, Udo, na paz de Deus e em espírito de oração e fé na Sua justiça. Rogo a Deus que conceda sabedoria, isenção, compaixão e humildade a todas as pessoas das quais agora você depende para voltar à liberdade e ao exercício do seu trabalho. Que o nosso querido Deus abençoe você e sua família nesse tempo de angústia.

Receba o meu abraço solidário.

P. Oto Hermann Ramminger

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