13 de agosto de 2012

As frentes contra o capital.




Quais os Movimentos de hoje que são um empecilho ao grande capital?

Os Povos Indígenas
A "Guerra Justa" do tempo do Brasil Colônia continua acontecendo hoje, na prática, não pela lei, apesar da Portaria 303 da AGU tentar legalizar esta nova fase da "Guerra Justa" contra os povos indígenas numa tentativa de trancar todos os avanços que já houve. No dia 10 de agosto de 2012 pistoleiros atacaram uma aldeia Guarani Kaiowá no município de Paranhos, Mato Grosso do Sul, e o Guarani Kaiowá Eduardo Pires está desaparecido. Os pistoleiros fugiram com a vinda da polícia federal. É o secular massacre e apropriação da terra indígena que o Brasil está cansado de ver.
Os povos indígenas controlam terras cobiçadas pelo capital, pois nelas podem desenvolver a pecuária, o plantio da soja e desenvolver a mineração. Por isso está declarada uma guerra surda aos povos indígenas e o Estado se presta para defender os interesses do grande capital. Capitalistas de países como França. Japão, China, Arábia Saudita e outros estão comprando terras na África, no Brasil e em outros países da América do Sul para a produção de alimentos, que é a última invenção para os especuladores, e para a mineração. Por isso estamos no processo de aprovação do Código Florestal para viabilizar os interesses do grande capital. Código semelhante também está sendo discutido em outros países da América Latina, pois o capital precisa ter livre acesso aos últimos recursos da natureza para poder explorar a totalidade do Planeta.
Os povos indígenas além de controlar uma pequena parcela da terra do território brasileiro, cobiçado pelo capital, ainda por cima não entraram no esquema consumista que o capitalismo requer. Índio ainda não consome o suficiente produtos manufaturados e por isso é um atrapalho ao capital. Por esse motivo os capitalistas lutaram contra a escravidão no Brasil, pois escravos não compram produtos industrializados, por não terem dinheiro. Eles, índios e ex-escravos quilombolas, precisam ser libertos de suas terras para serem livremente explorados, pelo capital como mão de obra barata, pelo agronegócio escravocrata ou para a indústria também vinculada ao agronegócio.
Quem se interpõe aos interesses do grande capital sofre perseguição (pelos pistoleiros do latifúndio e pelas leis do Estado a serviço do capital) e assassinato.

Juntamos a isto a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00. Esta PEC tem o propósito de transferir para o Congresso Nacional a competência de aprovar a demarcação das terras indígenas, criação de unidades de conservação e titulação de terras quilombolas, que antes é de responsabilidade do poder executivo, por meio da Funai, do Ibama e da FCP, respectivamente. No Congresso Nacional a Frente Parlamentar da Agropecuária controla 120 deputados federais e 13 senadores integram a bancada ruralista, perfazendo 23,4% da Câmara e 16% do Senado. A agremiação tem ainda representantes em todas as bancadas estaduais, do Congresso e em quase todos os partidos. E a influência do grupo vai além: controla a Comissão de Agricultura da Câmara e define o alto escalão do Ministério da Agricultura, hoje chefiado por Mendes Ribeiro (PMDB-RS). À esta turma se juntam os congressistas que defendem as mineradoras e os interesses dos grupos transnacionais. Com este peso você acha que ainda haverá a criação de área indígena ou quilombola?

O MAB
O Movimento dos Atingidos por Barragens é outro que é uma pedra no sapato do grande capital, pois não se desenvolve o capitalismo sem o controle da produção e distribuição de energia. Quem luta contra as barragens é altamente subversivo, pois está barrando o avanço do capitalismo sobre os recursos naturais, no caso o controle da exploração dos rios e da água subterrânea. Os capitalistas necessitam de energia barata para poderem produzir mercadorias baratas para poderem competir no mercado internacional. E os camponeses que moram nas barrancas dos rios? Estes são simplesmente expulsos e mal indenizados, quando o são. A energia além de produzir lucros fabulosos é essencial para o capital; assim, lutar contra a construção de barragens é um ato altamente subversivo diante do sistema capitalista. O Estado, como representante do capital, entra aí para viabilizar o processo de repressão para intimidar os atingidos que lutam pela sua terra e por seus direitos. A violência do Estado contra os atingidos expropriados (prisão e processos judiciais contra as lideranças) é tornada legal pelas leis feitas pelos capitalistas que controlam o Congresso Nacional e o poder judiciário.

O MPA
O Movimento dos Pequenos Agricultores é um adversário do grande capital porque está viabilizando a preservação e reprodução de sementes crioulas e assim está pisando nos pés do agronegócio, que é o representante do capital no campo. Além de sementes crioulas o MPA procura preservar raças de animais e aves que estão no processo de extinção. O agronegócio se compõe pelas indústrias do adubo químico, venenos, tratores e colheitadeiras e outros implementos agrícolas, do sistema bancário que faz os empréstimos para o plantio, a colheita e compra de máquinas agrícolas, das empresas das sementes transgênicas ou não, dos frigoríficos da carne e dos lacticínios, das grandes cooperativas e agropecuárias. Vemos que os inimigos do MPA são em grande número e com um bom poder de fogo.
Plantando sementes crioulas o camponês está participando do processo revolucionário contra o capital, pois se antepõe ao projeto do capital encarnado no agronegócio.
O movimento camponês procura fortalecer o movimento sindical, pois este é uma ferramenta histórica dos trabalhadores, além de criar pequenas cooperativas e agroindústrias controladas pelos camponeses, avançando assim no espaço que o capital acha que é seu por direito.

O MST
O Movimento dos Sem Terra é um antigo inimigo do capital nacional e internacional, pois propõe que a terra mude de mãos. Terra não é apenas terra, mas terra é poder. Terra é meio de produção e quem controla os meios de produção controla o aparelho do Estado que por sua vez legitima o sistema econômico vigente, que hoje é o capitalismo. Passar a terra para os trabalhadores é um ato considerado subversivo pelo capitalismo atual, pois transfere poder à classe trabalhadora. O capitalismo na atual fase não precisa mais da Reforma Agrária, muito pelo contrário precisa controlar todo pedaço de terra, pois alimento agora é coisa para se colocar no processo de especulação nas Bolsas de Valores por ser produto de especulação. Quem hoje luta pela Reforma Agrária é subversivo por excelência, pois não quer apenas terra para trabalhar, mas quer uma nova sociedade não capitalista.

O MMC
O Movimento de Mulheres Camponesas é subversivo porque também luta para preservar as sementes crioulas, especialmente as verduras e legumes, além de lutar pelos direitos das mulheres camponesas que são negados pelo capital, velho aliado do Patriarcado. Há ainda outros movimentos de mulheres a nível urbano aliados do MMC. O Movimento luta contra o Capital e contra o Patriarcado.

Os quilombolas
Os quilombolas, como os povos indígenas, estão em terras que o agronegócio cobiça para produzir commodities para exportação e quer as terras para a mineração. Eles controlam espaços da natureza que o capital quer usar para transformar em lucro. Para transformar precisa depredar e mudar sua utilização coletiva para individual, para se tornar propriedade privada. Quilombolas como os indígenas não são grandes consumidores de mercadorias produzidas pelo capital, portanto são marginais que precisam ser eliminados, ou, na melhor das hipóteses, modernizados, quando enviados para as cidades para serem mão de obra barata nas indústrias do complexo do agronegócio.

Os ambientalistas
A 'economia verde' que de verde só tem o nome e a cor do dólar é inimiga crucial do movimento ecológico porque ela é a fase mais avançada do capitalismo em que só lhe falta privatizar os bens comuns da natureza, pois o resto o capital já domina em sua maioria. A 'economia verde' precisa controlar a água, a terra, as plantas que são patenteadas pelas multinacionais e precisa controlar o subsolo onde tem minérios e petróleo.
No grupo dos ambientalistas contamos com os que praticam a agroecologia, que é outro grupo subversivo que o capital está querendo cooptar pela conversa da 'economia verde', que não tem nada de agroecológica e nem ecológica. Os agroecologistas participam do processo revolucionário dos que querem construir uma nova sociedade não capitalista.

Os Movimentos por Moradia nas cidades
Estes movimentos ameaçam a especulação com as terras abandonadas nas cidades. O exemplo da desocupação violenta do Pinheirinho em São Paulo é um exemplo típico disto. O Estado favoreceu um especulador, que não estava em dia com os impostos, em detrimento de milhares de famílias trabalhadoras. Lutar por moradia não é uma simples luta pela dignidade, mas faz parte do processo de construção de uma nova sociedade não capitalista.

O Levante Popular da Juventude


O Levante Popular da Juventude é um movimento relativamente novo que se organiza a partir de três campos de atuação: 1) no meio estudantil secundarista e universitário; 2) nas periferias dos centros urbanos e 3) nos setores camponeses. Tem se destacado no noticiário pelos esculachos contra os torturadores do tempo da Ditadura civil-militar de 64. O Levante Popular da Juventude é uma organização de jovens militantes voltada para a luta de massas em busca da transformação da sociedade. É a grande esperança diante da modorra e alienação em que vivem os jovens. O Levante é composto hoje por jovens exclusivamente do movimento, bem como jovens que constroem outros movimentos sociais que acreditam no projeto popular, como os jovens da Via Campesina.

"Nosso principal objetivo é multiplicar grupos de jovens em diferentes territórios e setores sociais, fazendo experiências de organização, agitação e mobilização. Também queremos ir em busca de força motriz da Revolução Brasileira, ou seja, ter inserção social em diferentes categorias do povo que possam vir a levantar-se no novo período, que virá, de ascenso das lutas. ... A construção do Projeto Popular para o Brasil nada mais é do que a conquista das reivindicações históricas que sempre nos foram negadas pelos poderosos de nosso país, como educação, saúde, transporte, cultura, esporte e lazer que sejam realmente públicos e de qualidade bem como o trabalho decente que possa dar ao jovem a oportunidade de ter uma vida digna. A solução de tais problemas, que atingem a grande maioria da população, só virá a partir da reorganização radical da nossa sociedade, ou seja, devemos fazer uma revolução."

O Movimento Sindical
O Movimento Sindical engajado na luta contra o capital é uma pedra no sapato do capital porque quer avançar na conquista de direitos e preservar direitos já conquistados que diminuem o lucro dos capitalistas nacionais e estrangeiros. O Movimento Sindical não é um bloco coeso. Há setores que cooperam com o capital.

Os Partidos Políticos de esquerda
Os Partidos Políticos de esquerda que ainda são de esquerda são o espaço de luta pelo controle e tomada do poder político para poder mudar o sistema econômico. Muitos partidos de esquerda no Brasil apenas continuam se chamando assim, pois já viraram social-democratas. A prática de luta e de formação teórica mostra qual é de esquerda em qual não o é. Reina uma grande confusão na atualidade sobre isto.

As Igrejas Cristãs?
As Igrejas Cristãs que deveriam, pela sua essência evangélica, ser subversivas diante do capital são apenas reprodutoras dos interesses do capital, traindo o santo Evangelho de Jesus Cristo. Há pequenos e esparsos grupos pouco conectados entre si nas Igrejas Cristãs que resistem contra os interesses do capital. O grosso das Igrejas Cristãs é aliado do capital e com isso faz o jogo dos interesses do diabo, pois o capitalismo é um instrumento que o diabo usa para tentar impedir a construção do Reino de Deus, que é esta nova sociedade não classista e não capitalista que Jesus Cristo veio para implantar (Lc 4.43, Lc 8.1-3) em oposição ao reino do mundo, hoje o capitalismo.

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