O Brasil no período da ditadura civil e militr assassinou 457 pessoas pela tortura e execução extrajudicial e torturou 30 mil, processou mais 50 mil, além de agora a Comissão da Verdade incluir mais 370 camponeses assassinados entre 1961 e 1988 e nós podemos acrescentar ainda mais cinco mil indígenas assassinados na lista oficial de mortos e desaparecidos da ditadura militar, segundo o índio Tiuré Potiguara. Destes cinco mil podemos contar dois mil somente do povo Waimiri-Atroari massacrados pelo exército na construção da BR 174.
São, principalmente, sindicalistas e lideranças de lutas coletivas que tombaram em decorrência da política repressora dos militares. A invisibilidade dos trabalhadores rurais e indígenas é tão grande que eles foram alijados, até mesmo, das leis da Anistia, de 1979, e da Comissão de Mortos e Desaparecidos, de 1995, criadas para reparar a violência cometida pelos agentes de estado, durante o regime.
“Esses camponeses são os desaparecidos dos desaparecidos”, diz o coordenador do Projeto Memória e Verdade da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Gilney Viana. O curioso, segundo Viana, é que apenas 15% dos camponeses foram assassinados diretamente pelos agentes de estado. A maioria foi morta por jagunços e milícias a serviço dos latifundiários. “Mesmo no auge da ditadura, a repressão no campo foi praticamente majoritariamente pelos agentes privados. Os militares terceirizaram a repressão aos camponeses. Por isso, é tão difícil para os familiares dessas vítimas comprovarem a responsabilidade do Estado sobre os assassinatos”.
O índio Tiuré Potiguara diz: "A resistência à aceitação dos índios como vítimas da ditadura é muito grande. Pode parecer irônico falar isso, mas a repressão, as torturas, as atrocidades cometidas no meio urbano parecem maior, parecem que doeram mais do que as que foram cometidas contra os índios. Hoje se fala em 400 desaparecidos nas cidades, mas nós podemos falar em cinco mil desaparecidos indígenas, porque houve extermínio sistemático de aldeias. Era política de estado".
Somando todos (urbanos, rurais e indígenas) os nossos desaparecidos políticos e assassinados pela ditadura civil e militar de 1964 chegamos perto de 6 mil pessoas e com isso superamos o massacre da ditadura chilena de Pinochet, que sempre é colocada como o exemplo de crueldade com 3.225 mortos ou desaparecidos segundo o relatório oficial de agosto de 2011.
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