As Inovações
“revolucionárias” na estratégia militar do imperialismo iluminam bem a ameaça
para a humanidade de um sistema de poder monstruoso
Jornal Brasil
de fato, São paulo,15/08/2012
Miguel Urbano
Rodrigues
Os EUA surgem
como pioneiros em duas formas de agressão que o Pentágono define como evolução
na arte da guerra: os drones, aviões sem piloto, e os ataques cibernéticos.
Robôs
sofisticados, as aeronaves sem piloto estão a ser utilizadas intensamente em
bombardeamentos no Afeganistão e no Paquistão e em operações similares no Iêmen
e na Somália.
Num brilhante
ensaio, o professor português Frederico Carvalho analisa a rápida expansão
desses armamentos de tecnologia avançada.
Em 2003, o
número de veículos aéreos sem piloto (Vasp) excedia já os sete milhares.
Segundo o Pentágono, esses engenhos vieram “revolucionar a arte militar”.
Eles apagaram
na guerra a fronteira entre o soldado e o civil. Agora, algures numa pequena
cidade dos EUA, um técnico, recebidas as instruções sobre o alvo a atingir,
carrega nos botões de uma mesa de comando e depois vai jantar com a família de
consciência tranquila. Nem sequer conhece o resultado da operação criminosa.
Mas o ataque
pode ser também desfechado de uma base na Etiópia, em Djibuti, nas Seychelles
ou na Arábia Saudita. Eventualmente, de um porta-aviões. Os drones disparam
mísseis Halfi re ou Scorpion.
Afirmam os
generais do Pentágono que os danos colaterais são mínimos. Mentem Dennis Blair,
o ex-diretor Nacional da Espionagem, qualifica os Vasps de “arma perigosamente
sedutora”, porque “é barata, não faz vítimas americanas e transmite uma imagem
de dureza”.
Oficialmente,
os alvos visados são grupos de terroristas ou personalidades cujos nomes constam
de uma lista submetida à aprovação prévia do presidente Obama.
O balanço dos
ataques a aldeias das zonas tribais do Paquistão, planejados e controlados
diretamente pela CIA, é pesado.
Nas aldeias
bombardeadas por cada “terrorista” abatido são mortos dez camponeses.
De uma só
vez, os mísseis de um drone mataram 26 soldados paquistaneses. A indignação
naqueles país foi tamanha que o governo de Islamabad proibiu durante meses na
fronteira o trânsito de caminhões de abastecimento às tropas americanas e da Otan
que ocupam o Afeganistão.
O presidente
Obama não somente aprova a utilização massiva dos drones como deu o seu aval a
uma alteração dos regulamentos que autoriza o recurso “a força letal” longe de
zonas de guerra. Por outras palavras, o assassinato em países estrangeiros de
indivíduos considerados “perigosos” para a segurança dos EUA passou a ser
legal.
Além dos
drones, os EUA contam hoje com um arsenal de robôs de reconhecimento.
Revistas
especializadas referem a existência de pequenos robôs espiões com a aparência
de insetos, que passam despercebidos. Está aliás em estudo a utilização de
insetos reais em que seria implantado um chip eletrônico que permitiria
comandar a distância o seu voo.
Cibernética a
serviço da guerra
OS EUA são
também pioneiros na utilização da cibernética como instrumento de espionagem e
arma eficaz para a desativação ou destruição de equipamentos e sistemas
informatizados.
O
subsecretário de Defesa dos EUA, William Lynn, reconheceu numa declaração
pública que para o Pentágono o ciberespaço “é um novo teatro de guerra”, como o
solo, o mar ou o ar.
Atos de
agressão cibernética confirmam essas palavras. Em setembro de 2010 a mídia
estadunidense noticiou que o parque de ultracentrifugadoras de Natanz, no Irã,
fora alvo de um ataque. Em Washington sabia-se que ali se procedia ao
enriquecimento de urânio natural destinado a combustível nuclear para a
produção de energia.
Aproximadamente
mil centrifugadoras foram então inutilizadas pela operação de pirataria
cibernética que utilizou o vírus Stuxnet. Posteriormente, soube-se que esse
vírus, ate então desconhecido, resultara de um projeto americano-israelense.
Operações
como a citada são planejadas e executadas sob a direção do Ciber Comand,
subunidade do Comando Estratégico das Forças Armadas.
É de lamentar
que a mídia brasileira, com poucas exceções, preste escassa atenção à
importância crescente da guerra robótica e da ciberguerra nas agressões
imperiais dos EUA.
Essas
inovações “revolucionárias” na estratégia militar do imperialismo iluminam bem
a ameaça para a humanidade de um sistema de poder monstruoso que somente
encontra precedente no III Reich nazi.
Miguel Urbano
Rodrigues é jornalista e escritor português. Escreve mensalmente para o Brasil
de Fato.
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