20 de agosto de 2011

A Cruz de Cristo gera a desordem no mundo.

“Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”. I Co 1.18
A palavra da cruz é loucura para o mundo. Como a “palavra da cruz é loucura”? Na verdade, a palavra da cruz é um perigo para o mundo. O cristão se torna um desordeiro para os que defendem o sistema deste mundo, hoje o capitalismo, por causa da pregação e da vivência da palavra da cruz. Segundo o relato de Atos dos Apóstolos: At 24.5 “Nós achamos, de fato, que este homem (Paulo) é uma peste. Ele provoca desordens entre os judeus do mundo inteiro e é também o líder do partido dos nazarenos”. At 17.6 “Aqueles homens (Paulo e Silas) têm provocado desordens em todos os lugares!” At 16.20-23 “Eles os apresentaram a essas autoridades romanas e disseram: Estes homens (Paulo e Silas) são judeus e estão provocando desordem na nossa cidade. Estão ensinando costumes que são contra a nossa lei. Nós, que somos romanos, não podemos aceitar esses costumes. Levantou-se a multidão, unida contra eles, e os pretores, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas. E, depois de lhes darem muitos açoites, os lançaram no cárcere, ordenando ao carcereiro que os guardasse com toda a segurança”.
A pregação da palavra da cruz de Cristo é uma ameaça ao Templo de Jerusalém e ao Império Romano, aos seus costumes e leis. A reação do Império é a perseguição aos cristãos. Paulo mostra em Fp 1.12-14 esta perseguição: “Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus”.
Diz na Ata do martírio de Justino e de seus companheiros: O prefeito Rústico pronunciando a sentença disse: "Esses que não quiseram sacrificar aos deuses nem obe-decer ao mandato do imperador, sejam, depois de chicoteados, conduzidos à tortura, sofrendo a pena capital de acordo com as leis".
Diz na Ata do martírio de Cipriano de Cartago em 258: Galério Máximo, depois de deliberar com seu conselho, a duras penas e de má vontade, pronunciou a sentença com estes considerandos: - “Durante muito tempo você viveu sacrilegamente e você se uniu em conspiração criminosa com muitas pessoas, constituindo-te inimigo dos deuses romanos e dos seus sagrados ritos, sem que os piedosos e sacratíssimos príncipes Valeriano e Galieno, Augusto e Valeriano, nobilíssimo César, pudessem-lhe fazer voltar para a sua religião. Então, convicto de ter sido cabeça e líder de homens réus dos mais abomináveis crimes, você servirá como escárnio a quem você uniu pela sua maldade e com seu sangue será sancionada a lei.” E dito isto, leu em voz alta a sentença da folha: - “Mandamos que Tascio Cipriano seja passado ao fio da espada”.
Também Jesus foi considerado um subversor da ordem e da lei segundo as acusações que o levaram à cruz segundo o Evangelho de Lucas 23.2 e 5:
“Em seguida o grupo todo se levantou e levou Jesus para Pilatos. Lá, começaram a acusá-lo, dizendo: - Pegamos este homem tentando fazer o nosso povo se revoltar, dizendo a eles que não pagassem impostos ao Imperador e afirmando que ele é o Messias, um rei. ... Ele está causando desordem entre o povo em toda a Judéia. Ele começou na Galiléia e agora chegou aqui.”
Que desordem é esta? Jesus responde o que ele fazia, segundo Lucas 4.43: “É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado”. O objetivo de Jesus é anunciar o “evangelho do reino de Deus” e não fortalecer o sistema deste mundo, hoje o capitalismo. O que Paulo chama de “a palavra da cruz” é o evangelho do Reino de Deus, considerado que quem o segue pratica “abomináveis crimes” e pratica “conspiração criminosa” contra o Império. Por isso Paulo diz em I Co 1.23: “nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios”.
Que crimes são estes que o evangelho do reino de Deus traz consigo?
Segundo 2 Ped 3.13: “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”. Significa que os cristãos tem no evangelho do Reino de Deus a esperança de algo novo, de uma nova sociedade onde habita justiça. O crime dos cristãos é não colocar a sua esperança neste mundo, hoje o capitalismo, e nos seus costumes e leis, mas colocar a sua esperança nos “novos céus e na nova terra, nos quais habita justiça”. O Reino de Deus vai resolver nossos problemas e não o capitalismo. Esperamos conforme Ap 21.3-4 que: “Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.
O cristão não espera nada de bom deste mundo e da sua ordem: este é o seu cri-me. O cristão não segue os deuses deste mundo: este é o seu crime. Qual a ordem que reina neste mundo? É a ordem do capital que também é o deus deste mundo. Nós cristãos não adoramos o deus deste mundo: o dinheiro, o capital, a mercadoria, que gera a prática do consumismo que está consumindo com o Planeta Terra e vai acabar com a humanidade se não houver um basta ao consumismo e uma nova prática de vida e uma nova forma de organizar a economia e um novo jeito de pensar que o Evangelho de Jesus Cristo propõe. Nós cristãos dizemos: Jesus Cristo salva e isto quer dizer então que o capitalismo não salva.
Para nós cristãos já há uma nova prática econômica (a Ceia do Senhor) e um novo jeito de pensar que é a palavra da cruz de Cristo, o Evangelho do Reino de Deus, que cria a desordem no mundo, para construir uma nova ordem, por isso a fé em nosso Senhor Jesus Cristo é revolucionária. Isto Paulo diz em Rm 12.2: “não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Somos desordeiros, pois queremos construir uma nova ordem, segundo o Evangelho do Reino de Deus, e, somos loucos por causa de Cristo quando, segundo Paulo em I Co 4.10-13: “Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos”. O evangelho da cruz de Cristo cria uma nova ordem na desordem capitalista reinante; este é o nosso crime e a nossa subversão: sonhar e já participar da construção desta nova ordem que Jesus Cristo chama de Reino de Deus. Nosso crime como cristãos é que na medida em que participamos da construção do Reino de Deus estamos acabando com o capitalismo que é o instrumento que o diabo usa para tentar impedir a viabilização do Reino de Deus. Na medida que lutamos pelo Reino de Deus estamos lutando contra o capitalismo que é coisa do diabo.

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