3 de agosto de 2011

O CAPITALISMO

Se olharmos de perto o nosso mundo vemos que ele está organizado no assim chamado modelo Capitalista Neoliberal Globalizado. Como funciona afinal o capitalismo? Como as riquezas são geradas? Como as pessoas são tornadas pobres? Qual, afinal, a proposta de Jesus Cristo frente este sistema econômico injusto? Que proposta a classe trabalhadora organizada tem frente o capitalismo?

1. Como a riqueza e a pobreza são geradas?
O que realmente cria riqueza, o que real-mente gera valor é o trabalho humano, emprega-do na produção de objetos (de mercadorias). Sem o trabalho humano nada acontece e nada se produz. Esta mercadoria que o trabalho humano produz tem um duplo valor: o valor de uso e o valor de troca. Para o capitalista o que importa é o valor de troca e para o consumidor interessa o valor de uso. Produz-se a mercadoria para vendê-la. A dominação e a exploração da classe capitalista sobre a classe trabalhadora acontece no processo produtivo, durante o trabalho. Em outras palavras, é o trabalho dos operários nas fábricas, nas empresas, nos escritórios, dos camponeses na roça que funciona como fonte de todo lucro. O salário que o trabalhador recebe por uma jornada diária de trabalho, na verdade paga apenas uma parte do que ele produziu.
A outra parte da sua jornada de trabalho é destinada a produzir o lucro. Quanto mais meca-nizada for a fábrica, ou seja quanto mais rápido o operário produz, em menos tempo de trabalho o empregado paga o seu salário. Pois, não é o patrão que paga o salário, o próprio trabalhador produz o seu próprio salário.

2. As leis do capitalismo.
O capitalismo tem as suas próprias leis de funcionamento. O alicerce do sistema é Propriedade Privada dos Meios de Produção, a Livre Iniciativa (concorrência) e o Trabalho Assalariado. Livre iniciativa significa a liber-dade de produzir o que quiser e principalmente a liberdade que a classe capitalista tem de ex-plorar a mão de obra da classe trabalhadora. Assim, temos também o Livre Contrato de Trabalho onde o trabalhador faz um contrato de trabalho com o patrão e concorda com o salário que irá receber. Se ele não concordar ficará desempregado. É o intercâmbio de iguais que produz a desigualdade. Um compra e o outro vende livremente uma mercadoria – a força de trabalho. A desigualdade é que o que vende fica pobre e o que compra fica rico. O trabalhador perde o controle sobre sua capacidade de cria-ção.
O mesmo acontece como o agricultor/a que é produtor de leite “concorda” com o preço que a indústria pagará para ele. Se não concorda ele não terá a quem vender o seu leite. Além disto o sistema diz que é regido por leis naturais, como por exemplo, que o mercado se auto-regula. Como a lei da oferta e da procura.

3. A Anarquia da Produção.
Outro problema do sistema capitalista é a assim chamada Anarquia da Produção que pro-duz as crises cíclicas de superprodução. A produção não é planejada conforme as necessi-dades do povo, mas cada um produz o que quer e como quer. Isto gera as crises cíclicas de su-perprodução de mercadorias que gera grandes estoques de mercadorias, o que provoca a uma diminuição da produção. Esta diminuição da produção gera o desemprego e este leva ao arrocho salarial. Com isto se baixa o poder aquisitivo e diminui a venda de mercadorias, que por sua vez força a uma nova diminuição da produção que novamente gera mais desemprego e assim por diante segue o círculo vicioso.

As Crises Cíclicas do Capitalismo
Lembrando ainda que no sistema econô-mico capitalista a sociedade está dividida em várias classes sociais. As principais classes soci-ais são a classe capitalista (4% da PEA) e a clas-se trabalhadora (86%). Ainda há a classe média (10%) que pende uma vez a favor da classe capi-talista e outra vez em favor da classe trabalhado-ra. A classe capitalista tem em suas mãos os meios para produzir as mercadorias (a terra, as máquinas, os bancos, o grande comércio, a tecnologia e o conhecimento). Além disto a classe capitalista ainda controla o aparato do Estado e o jeito de pensar (a ideologia) do povo. Tudo isto para poder manter a sua exploração sobre a classe trabalhadora e a classe média. A classe trabalhadora só tem a sua força de traba-lho. Esta força de trabalho ela tem que vender como mercadoria para a classe capitalista por um salário estipulado pela classe capitalista.

4. O que é o salário?
É a quantidade de dinheiro que o traba-lhador recebe em troca do seu trabalho; mas este não é o equivalente ao valor de produtos (merca-dorias) que ele produz. Seu valor é calculado com base no que ele necessita para sobreviver e manter, a sua família e seus filhos, a mão de obra futura da empresa. O capitalismo vê o trabalho humano como uma mercadoria que, como qualquer outra, tem como valor a quantidade de trabalho necessária para criá-la. Para criar a força de trabalho é necessário que o trabalhador e a trabalhadora se alimentem, tenham onde morar, tenham o que vestir, etc. O salário é calculado estritamente a partir desse cálculo, normalmente esse mínimo não é suficiente para garantir a sua sobrevi-vência. Na agricultura a exploração se reflete nos baixos preços dos produtos, no aumento dos insumos e no aumento de horas trabalhadas por dia.

5. A Força de Trabalho é uma Merca-doria Especial.
A força de trabalho é uma mercadoria especial por ser a única capaz de gerar um valor superior àquele que foi necessário pa-ra sua produção. Esse valor a mais é chamado de lucro ou mais-valia.
A origem do capital, portanto, é o trabalho não pago que surge pelo não paga-mento do trabalho excedente feito durante a pro-dução da mercadoria. Trabalho excedente é o trabalho feito mas sobre o qual o traba-lhador não recebe pagamento, é o tempo em que ele trabalha de graça. E este traba-lho excedente é o lucro. O capital surge assim. Graças ao lucro. A mercadoria não é uma coisa, mas trabalho social, tempo de tra-balho. E que não é qualquer tempo de trabalho, mas tempo de trabalho não pago, portanto a mer-cadoria oculta o fato de que há exploração eco-nômica.

6. O Preço da mercadoria.
Como se calcula o preço de uma merca-doria? Soma-se:
O Capital Constante (Prédio da fábri-ca, máquinas, matéria prima, impostos, energia, manutenção e desgaste do prédio e máquinas, etc.) com o Capital Variável (que se compõe do Trabalho Necessário + Trabalho Excedente). Trabalho necessário é o valor que o operário precisa para sobreviver com sua família, que é o seu salário, e o trabalho excedente é o valor produzido no tempo em que trabalha de graça, sobre o qual ele nada recebe. E ainda a chamada Renda diferencial que é igual ao preço da mercadoria mais um lucro médio. Estes três ele-mentos formam o preço de uma mercadoria
Usaremos o exemplo do mecânico para demonstrar como acontece a exploração e o que é o trabalho excedente: numa oficina, de uma agência de carros, em maio de 2008 uma hora de serviço custava R$ 50,00 e o mecânico trabalha 220 horas ao mês, produzindo, portanto, um valor de R$ 11.000,00. O seu salário são 4 Salários Mínimos (R$ 415,00 o SM da época) que perfazem R$ 1.660,00; levando em conta os encargos sociais que dizem perfazer tanto quanto o salário, teremos então o custo do me-cânico em R$ 3.320,00 ao mês. Ele produz R$ 11.000,00 e “custa” para a agência de carros R$ 3.320,00, sobra como lucro de seu trabalho o total de R$ 7.680,00; valor com o qual ele não fica. Para o mecânico produzir o valor de seu salário com os encargos sociais ele precisou trabalhar 8,3 dias, trabalhando os restantes 19,2 dias do mês de graça (este é o trabalho exceden-te que produz o lucro, a mais-valia). Na agricultura o valor dos dias que se trabalha de graça está embutido no baixo preço dos produtos que o agricultor produz e vende.
A mais-valia se expressa de duas formas:
A mais-valia absoluta é produzida com o aumento da jornada de trabalho em horas traba-lhadas: 8 horas e mais as horas extras.
A mais-valia relativa é produzida encur-tando o tempo de produção da mercadoria com novas máquinas, novas tecnologias, aumento do ritmo do trabalho, divisão do trabalho, coopera-ção na fábrica, toda a família tem que vender a sua força de trabalho. Assim, a condição da exis-tência do capital é o trabalho assalariado.
Para conversar:
Quem são os representantes do sistema capitalista em seu município: definir quem per-tence à classe capitalista, quem pertence à classe trabalhadora e quem pertence à classe média.
Como está organizada a economia em seu município e quem detém o poder econômico e ideológico?
Qual a classe que detém o poder político no seu município e no estado e quem são estas pessoas?
Como a classe trabalhadora assume em seu município a ideologia da classe capitalista e/ou como a combate?

7. O que é a mercadoria?
A mercadoria não é simplesmente uma coisa qualquer mas é trabalho humano con-centrado e, em parte, não pago.
Assim o capitalismo tem dois elementos essenciais: Capital e Trabalho, que estão em constante conflito. A função do Estado é o de gerenciar e amenizar este conflito; sem, no entanto, mexer na estrutura de classes existentes.
Ainda é importante para o capitalista que haja uma sobra de oferta de mão de obra. Isto se chamada de Exército de Reserva de Mão de Obra. Quer dizer, quanto mais desemprego há, melhor para o capitalista. Isto faz baixar o valor do salário, pois há uma concorrência na hora da oferta da mercadoria: força de trabalho; isto faz baixar o preço desta mercadoria força de traba-lho. Assim se consegue mais lucro ainda à custa do desemprego. Afinal para o capitalismo o lucro é o objetivo primeiro e último. O lucro deve ser conseguido a todo e qualquer o custo.
O preço de uma mercadoria é seu valor expresso em dinheiro. O salário é apenas o preço da força de trabalho. O salário encobre o trabalho gratuito realizado pelo trabalhador. A relação entre a mais-valia e o salário reproduz incessantemente a miséria do trabalhador e o capital. Aumentar a produtividade do trabalho é uma tendência permanente do capital, para ba-ratear as mercadorias e, com elas, os trabalha-dores.
Numa entrevista na rádio alguém comen-tou que não daria para reivindicar o aumento do preço do leite para os agricultores pois o preço era determinado pelo mercado. Assim as leis do mercado parecem imutáveis e fora de nosso alcance. Só que ele esqueceu de dizer que quem manda no mercado do leite são três grandes empresas. Quem é o mercado? Três empresas, dirigidas por pessoas. Portanto é possível aumentar o preço do leite para os produtores, pois conseguimos identificar quem é o mercado e as pessoas que mandam neste mercado. Fala-se do mercado como se fosse algo abstrato, inatingível, imutável, santo e divino. É a idolatria do mercado. O mercado virou deus.
Que Deus nós cristãos pregamos? Este que se fez carne em Jesus Cristo. Culto se rende a Deus Pai, Filho e Espírito Santo e não ao mercado. Divino e santo é Deus Pai, Filho e Espírito Santo e não o mercado. Nós servimos a Deus e não ao mercado. Deus é eterno, o capitalismo não, pois ele nasceu e vai desaparecer, pois é criação humana. Nós obe-decemos às leis de Deus e não às leis do mercado. Por quê? Porque as leis de Deus protegem as pessoas, especialmente os mais fracos, e as leis do mercado protegem apenas o capital e os que o controlam e o possuem. O Senhor “faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhes pão e vestes” (Dt 10,18); o mercado faz justiça ao capital possibilitando a sua multiplicação pela simples multiplicação e não dá pão e vestes aos empobrecidos pelo siste-ma. Gostaria aqui de citar uma palavra de Maurício Botelho, ex-presidente da Embraer (empresa que foi privatizada e que fabrica aviões e que foi vendida para o capital francês): “Não temos nenhum interesse especial pela aviação; nosso objetivo é o lucro” (Revista Reportagem nº 6, janeiro de 2000, página 10). Assim, as empresas capitalistas não estão muito preocupadas com os seus produtos, apenas com o seu lucro. Deus tem um relacionamento íntimo com as pessoas e não com o mercado. Deus se interessa pelas pessoas e não pelo lucro que elas geram e se geram ou não lucro. Para ele valem as pessoas e não o valor que elas têm no mercado. Deus se fez carne em Jesus Cristo por causa das pessoas e não por causa do capital e do mercado.

8. A descoberta de Marx.
Friedrich Engels fala sobre a descoberta de Karl Marx o seguinte:
“ em qualquer época histórica, a produ-ção econômica e a estrutura social, que dela ne-cessariamente decorre, constituem a chave da história política e intelectual dessa época; por-tanto, depois do desaparecimento do regime pri-mitivo da propriedade comum de terra, a história tem sido a história da luta de classe, da luta entre explorados e exploradores, entre as classes dominadas e dominantes nas diversas etapas da evolução social; a tal ponto chegou essa luta que a classe oprimida e explorada o proletariado - não poderá mais libertar se da classe que o explora e o oprime a burguesia sem libertar e para sempre, da exploração, da opressão e das lutas de classes, toda a socieda-de.”

9. A Estrutura do Sistema Capitalista.
O sistema capitalista se estrutura em nos-sa sociedade assim:
Tendo como base a economia sobre a qual se constroem a sociedade civil e política que é cimentada e acobertada pela ideologia, a qual permite e possibilita a convivência das duas classes básicas que são a Classe Trabalhadora e a Classe Capitalista. A Ideologia procura harmonizar o que é impossível de harmonizar: os interesses das duas classes. Mas consegue esconder muito bem as diferenças, graças a co-optação da grande maioria da classe trabalhado-ra para os interesses dos capitalistas, que são exatamente a eterna superexploração dos/as trabalhadores/as cooptados/as. A ideologia é o resultado da luta de classes e que tem por função esconder a existência dessa luta. Podemos acrescentar que o poder ou a eficácia da ideologia aumenta quanto maior for a sua capacidade para ocultar a origem da divisão social em classes e a luta de classes.
Através do Estado, a classe dominante monta um aparelho de coerção e de repressão social que lhe permite exercer o poder sobre toda a sociedade, fazendo-a submeter-se às suas regras políticas. O grande instrumento do Estado é o Direito, isto é, o estabelecimento das leis que regulam as relações sociais em proveito dos dominantes. Através do Direito, o Estado aparece como legal, ou seja, como “Estado de direito”. O papel do Estado ou das leis é o de fazer com que a dominação não seja tida como uma violência, mas como legal, e por ser legal e não violenta deve ser aceita. A lei é direito para o dominante e dever para o dominado. A estrutura econômica é a base da superestrutura político-jurídica, por isso, os que detêm o poder econômico, têm em suas mão também o poder político.
“O Estado moderno não pode ser entendi-do unicamente como aparelho burocrático coercitivo, como ‘vulgarmente’ a maioria da população pensa. Suas dimensões, de fato, não se limitam aos instrumentos exteriores de governo, mas compreendem, também, a multiplicidade dos ‘organismos’ da sociedade civil, onde se manifestam as livres iniciativas dos cidadãos, seus interesses, suas organizações, sua cultura e valores, e onde praticamente se enraízam as bases da hegemonia”. “Aqui aparece de maneira muito clara a função que a sociedade civil ocupa dentro do Estado: é o lugar onde se decide a hegemonia, onde se confrontam diversos projetos de sociedade, até prevalecer um que estabeleça a direção geral na economia, na política e na cultura”. Giovani Semeraro, 1999.
A ideologia consiste precisamente na transformação das idéias da classe dominante em idéias dominantes para toda a sociedade como um todo, de modo que a classe que do-mina no plano material (econômico, social e político) também domina no plano espiritual (das idéias). Hoje nas fábricas não se fala mais em trabalhador ou operário, mas em cola-borador. É uma forma de esconder a opressão.
A Democracia se restringe apenas ao vo-to, não há mecanismos reais de controle e parti-cipação do Estado por parte da classe excluída. O Estado foi privatizado, e está quase que exclusivamente a serviço, da classe capitalista.

10. Como nasceu o Estado?
O Estado nasce junto com a divisão da sociedade em classes. Nas várias sociedades de classe, os proprietários, detentores do poder eco-nômico, se apossam também do poder político. Evidentemente, estas classes dominantes vão exercer o poder em benefício da sua classe. O poder político agora nasce de uma parcela da sociedade e é exercida em benefício desta parcela. A função principal do Estado será fazer prevalecer os interesses da parcela dominante sobre o conjunto da sociedade. Para isso, é necessário que o Estado tenha poder de coerção (polícia, forças armadas), a fim de assegurar estes interesses pela força, sempre que seja ne-cessário.
Podemos definir o Estado como sendo uma instituição política, jurídica, administrativa e militar que tem por objetivo dirigir o conjunto da sociedade, de acordo com os interesses da parcela economicamente dominante.
Evidentemente, a teoria política capitalista não define o Estado deste modo. Pelo contrário, ela diz que o Estado tem o objetivo de proteger o bem comum. Isto é uma definição abstrata, feita a partir do que se acha que o Estado deveria ser, e não da observação de como ele surgiu, do que ele historicamente foi e do que continua sendo até hoje.
O Estado é a defesa dos interesses co-muns de todos os capitalistas. Esses interesses comuns são principalmente dois:
1º - A Exploração (e a superexploração) dos trabalhadores, isto é, a apropriação da mais-valia produzida pelos trabalhadores, com a fina-lidade de acumular capital.
2º - A Garantia de que esta situação vai continuar indefinidamente, isto é, de que os tra-balhadores se deixem explorar, sem criar pro-blemas. Para isso é preciso impedir que os traba-lhadores se conscientizem e se organizem, e é preciso se defender quando eles começam a lutar pelos seus interesses.

11. Como domina o Estado Capitalista?
1º - Convencimento - precisa convencer o conjunto da sociedade de que o seu poder é legítimo.
2º - Possuir os meios de Dissuasão para que o poder não seja contestado, isto é, conven-cer a não contestar o poder, por ameaça de retaliação, e, no caso de vir a ser, utilizar meios coercitivos para reprimir os contestadores pela força. Precisa agir de forma inteligente para que a classe subordinada aceite, em boa paz, a he-gemonia desta classe dominante.
A carta abaixo mostra a verdadeira cara do capitalismo e principalmente como funciona a luta de classes!

A Carta Capital.

São Paulo, 25 de Setembro de 1997
Cumprindo determinação da reunião extra-ordinária deste conselho deliberativo, realizado em 23 de setembro de 1997, passamos ao conhecimento o RHs e demais negociadores de nossas empresas as orientações que devem nortear as negociações salariais deste ano com os me-talúrgicos do ABC e demais sindicatos filiados à CUT, no Estado de São Paulo.
1) Quanto às pretensões salariais:
a) Oferecer apenas o possível e NUNCA ultrapassar o índice de 2%;
b) É aconselhável oferecer ZERO de repo-sição, tendo em vista a crise advinda do Plano Real (nunca citar o Plano Real nas reuniões);
c) Oferecer ZERO de produtividade, ale-gando os mesmos motivos acima;
d) Não conceder nada de produtividade para não abrir precedente indesejável ao restante do grupo.
2) Quanto às cláusulas sociais.
a) Este ano temos de fazer valer nossa decisão de cortar todas as cláusulas que onerem as empresas;
b) Portanto, logo na primeira reunião, dei-xar claro a nossa posição;
c) Todavia, fica a critério de cada empresa a concessão de benefícios;
3) Cláusulas que devem ser cortadas neste acordo:
- Adicional noturno
- Horas extras
- Desconto do DSR (descanso semanal re-munerado)
- Garantia salarial na rescisão do Contrato de Trabalho
- Aproveitamento de deficiente físico
- Abono por aposentadoria
- Garantia ao empregado afastado do serviço por motivo de doença ou de acidente no trabalho
– ATENÇÃO: Tendo em vista a fragili-dade dos trabalhadores, com receio de perder seus empregos, os sindicatos não vão encontrar condições para uma possível greve. Portanto, é o momento de angariarmos sucesso nesta campanha salarial. Mas, em caso de paralisação generalizada, rediscutiremos nosso procedimento.


12. As Fases do Capitalismo.
1ª - Capitalismo das Manufaturas (1500 - 1760). Neste período as bases da economia mundial, o alicerce era a pilhagem, a pirataria, a espoliação, o comércio das manufaturas e trabalho dos escravos e a exploração das colô-nias.
2ª - Capitalismo de Livre Concorrência (1750 - 1880) - Industrial. Neste segundo período do capitalismo as bases econômicas e os resultados foram os seguintes: A livre concorrência; o alargamento dos mercados; o avanço tecnológico; o aumento da produção e da produtividade; o aumento de investimentos; maior dependência do trabalho ao capital; a concentração de operários nas fábricas; a for-mação da classe operária.
3ª - O Imperialismo Clássico (1880 - 1945). A partir de 1880 vai se formando o siste-ma imperialista mundial. O capitalismo estende seu domínio sobre o conjunto das riquezas mun-diais em proveito dos grandes monopólios nacionais. É a primeira fase do imperialismo. É a época dos trustes nacionais (fusão de muitas empresas numa só).
4ª - Capitalismo das Multinacionais (1945 - 1990). A célula básica da acumulação agora é a empresa multinacional. Não existem mais as fronteiras nacionais. Há uma concentra-ção e centralização do capital em nível interna-cional.
5ª - Capitalismo Transnacional (1990 - ...) O capitalismo está tentando sair da crise em que se encontra. A grande saída está sendo a formação de blocos capitalistas. Cada vez mais os grandes capitalistas estão afunilando o domí-nio na mão de poucas pessoas.
O imperialismo
O imperialismo (hoje chamado de Globa-lização, que foi possível por duas revoluções: a tecnológica e a da informática) foi e será dirigida pelo poder financeiro e pode ser definido de modo mais amplo como a dominação, através da história, de pequenos países por Estados mais fortes, de subordinar formalmente a maior parte do resto do mundo ao seu domínio. É o estágio superior do capitalismo com as seguintes características:
1) a concentração da produção e do capi-tal levada a um grau tão elevado de desenvolvi-mento que criou os monopólios, os quais desem-penham um papel decisivo na vida econômica;
2) a fusão do capital bancário com o capital industrial e a criação, baseada nesse "capital financeiro", da oligarquia financeira;
3) a exportação de capitais, diferentemente da exportação de mercadorias, adquire uma importância particularmente grande;
4) a formação de associações internacio-nais de capitalistas monopolistas, que partilham o mundo entre si;
5) o término da partilha territorial do mundo entre as potências capitalistas mais importantes.
13. Os Modelos da Economia Capitalis-ta.
O Mercantilismo = 1500 - O Predomí-nio da atividade comercial, a qual estava orientada à acumulação de metais preciosos (ouro e prata) já que isto era entendido como a única riqueza de uma nação.
A Fisiocracia = 1750 - Fisiocracia quer dizer Reino da Natureza. Os fisiocratas argumentavam que a riqueza de uma nação não está na acumulação de metais preciosos como se acreditava no mercantilismo, mas na produção. A única produção que aumentava a riqueza, para eles, era a produção agrícola.
O Liberalismo = 1776 - Este pensamen-to ressalta a liberdade individual em todos os sentidos: Liberdade da Empresa e Liberdade de Comércio e o Direito à Propriedade Privada dos Meios de Produção. Está claro que estas liberda-des são só para os capitalistas. O papel do Estado é garantir essa livre concorrência à propriedade privada e, além disso, deve criar condições materiais que permitam aos empresários privados obterem maiores lucros, tais como: construir novas estradas, portos, estradas de ferro, etc.
O Marxismo = 1848 - O capitalismo é um sistema que se baseia na exploração e na miséria dos trabalhadores, enquanto que os capitalistas acumulam mais e mais capital. O capitalismo contém em si mesmo forças auto-destrutivas que levam ao fim do capitalismo. Uma é falta de planejamento no nível geral da economia capitalista e a outra são os trabalhadores que irão acabar com este sistema.
Os Neoclássicos = 1860 - Os neoclás-sicos procuram apresentar o sistema capitalista como um sistema baseado na harmonia social. Não há nenhuma luta de classes e nem explora-ção. O que há no capitalismo é um conjunto de agentes econômicos que concorrem no mercado como fatores produtivos, uns com o fator capital e outros com o fator trabalho.
O Keynesianismo = 1936 - O Keynesi-anismo argumenta que o setor privado não é ca-paz por si só de garantir a estabilidade da econo-mia. Para que a economia se mantenha em equi-líbrio e possa empregar todos os recursos é ne-cessário que o Estado intervenha na economia (em favor dos capitalistas).
O Neoliberalismo = 1970 - Neo, quer dizer novo e Liberalismo se refere ao pensa-mento que serviu de base ao capitalismo desde seu princípio e que está baseado no individua-lismo e na liberdade de empresa. O neoliberalismo interpreta a atual crise econômica como resultado da excessiva intervenção do Estado na economia praticada desde a crise mundial dos anos 30. Para ele o Estado só serve para perturbar a ordem natural das leis de mercado, que é capaz de regular-se a si mesmo.

“Se me fosse possível começar, hoje, a pregar o evangelho, eu o faria de modo bem diferente. Pregaria o evangelho e o consolo especialmente para as consciências temerosas, humilhadas, desesperadas e simples. Por isso o pregador deve conhecer o mundo muito bem e reconhecer que ele é desesperadamente mau, propriedade do diabo, na melhor das hipóteses. Eu é que fui estupidamente ingênuo, não saben-do quando comecei, como eram as coisas, pensando que o mundo seria muito piedoso e, tão logo ouvisse o evangelho, viria correndo para aceitá-lo com alegria. Mas agora descubro, com grande dor, que fui vergonhosamente enganado”
(Martim Lutero).


Assim Funciona a Sociedade

O antropólogo Marvin Harris identificou três elementos básicos presentes em toda a socie-dade humana:
- infra-estrutura (que consiste nos meios de obter e produzir a energia necessária e os materiais, a partir da natureza – ou seja, os meios de produção: terra, fábrica, bancos, comércio);
- estrutura (que consiste na tomada de decisões entre as pessoas e na atividade de repartição dos recursos)
- superestrutura (que consiste nas idéias, rituais, éticas e mitos que servem para explicar o universo e coordenar o comportamento humano)

Infra-estrutura
Classes Sociais:
Classe Trabalhadora (Classe Produtora)
+
Classe Média 
X
Classe Capitalista (Classe não Produtora)
A economia é a base da sociedade e determina quase tudo na vida. Neste sistema os trabalha-dores existem apenas em função da produção e são transformados e igualados à simples mer-cadoria que se compra e se vende. Os trabalhadores servem apenas para trabalhar e gerar lucros e se reproduzir para gerar novos trabalhadores.
A ordem entre as pessoas é definida internamente por aqueles que têm nas mãos os meios de produção (e por isto também controlam o Estado), que estão na infra-estrutura: terras, fábri-cas, bancos, grande comércio, tecnologia e conhecimento.
É a Base Econômica

Sobre esta base econômica se constrói a
Sociedade Civil
Organiza-se em:
Partidos Políticos
Centrais Sindicais
Sindicatos
Associações
Cooperativas
Entidades Patronais
Movimentos Populares
Igrejas
Movimentos Sociais
Entidades
Clubes

Sociedade Política

Estado

- Executivo
- Legislativo
- Judiciário

O Estado domina via:
Aparelho Repressivo
Exército, Polícia, Leis,
Sistema Penitenciário.
É a Base Política

A Superestrutura
São os Aparelhos Reprodutivos das idéias dominantes do modo de produção juntamente com as leis e o Direito. Assim se podem identificar instituições como a família, as religiões, os sin-dicatos, as cooperativas, os meios de comunicação, as escolas, os clubes, os partidos políticos como os reprodutores das idéias da classe econômica e politicamente dominante. O Capital transforma tudo em mercadoria, isto é, algo objetivamente mensurável e substituível por uma abstração quantitativa - o dinheiro. Nem mesmo o ser humano conseguiu escapar, ele foi aliena-do de sua essência sob o domínio do Capital - virou mercadoria. O dinheiro é o bem supremo, e por isso quem o possui é bom. Os três grandes fetiches do capitalismo são: o capital, o dinheiro e a mercadoria. O fetiche passa a ser o senhor e as pessoas seus escravos.
É a Base Ideológica



Complementando.
No sistema capitalista, o empresário obtém lucros por ser o dono do capital. Ele investe a maior parte dos lucros na ampliação de sua fábrica ou em novos empreendimentos. Com isso, aumenta seu capital e obtém, numa etapa seguinte, maiores lucros. Torna reinvesti-los sucessivamente, caracterizando o processo de acumulação de capital. A crescente acumulação de capital traz o crescimento da produção e a contratação de novos empregados.

Como todos os capitalistas fazem o mesmo, a tendência é a expansão do valor dos salários, devido à necessidade de trabalhadores. Mas o aumento dos salários provoca a diminuição da mais-valia. Para isso não ocorrer, introduzem-se aperfeiçoamentos técnicos, como novas maquinas, que economizam mão-de-obra. Em conseqüência, trabalhadores são despedidos, criando-se uma reserva de desempregados que impede o aumento dos salários, restabelecendo-se novamente o lucro do capitalista.

Entretanto, as novas máquinas são caras e têm um custo alto, diminuindo o lucro do empresário. As dispensas de empregados contribuem também para diminuir o consumo, provocando a recessão. Isso significa salários menores e mais sacrifícios para os trabalhadores que conseguem manter o emprego. Para os capitalistas, traz dificuldades e falências. Os que sobrevivem, compram a preços inferiores as máquinas e as fábricas fechadas, auferindo grandes lucros e levando à concentração do capital em poucas grandes empresas. Estas passam a monopolizar determinados setores da produção, eliminando a concorrência.
Com o aperfeiçoamento constante das máquinas, consegue-se produzir mais mercado-rias do que o poder de compra dos salários, dando origem a uma crise de superprodução. O Capitalista, que agora não consegue mais ven-der o seu produto com o mesmo lucro, é obri-gado a reduzir o investimento, e a dispensar mão-de-obra, desorganizando o mercado e o sistema.

Diante das crises cada vez mais constantes e agudas do capitalismo, a Classe Trabalhadora, unida, organizada e disciplinada, toma o poder, destruindo o Estado burguês e implantando o Estado operário ou a “hegemonia da classe trabalhadora". Esse Estado possui um caráter mais democrático do que o seu antecessor, porque a Classe Trabalhadora que vai assumi-lo constitui a esmagadora maioria da população. Seu estabelecimento implica na supressão da propriedade privada dos meios de produção que passa a pertencer à coletividade; conseqüentemente, desaparecem as classes sociais.
A coletivização dos meios de produção é o passo fundamental para a transição para a sociedade comunista, sem propriedade privada dos meios de produção, sem conflitos de classe e, portanto, sem necessidade de Estado. No comunismo, o produto do trabalho de todos é repartido segundo o trabalho realizado por cada um e conforme a necessidade, extinguindo-se toda a exploração.
Conclusão:
O Capitalismo não deu certo em nenhum lugar do mundo, por isso precisa ser substituído urgentemente pelo socialismo baseado na democracia popular, no respeito à natureza e na valorização da mulher e grupos étnicos.

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