A imigração está intimamente relacionada com a miséria a que estiveram submetidas vastas populações européias ao longo do século 19. Basta que lembremos que o êxodo rural, a industrialização, reformas agrárias fracassadas, o crescimento desenfreado dos centros urbanos, o colapso da agricultura em conseqüência da importação de produtos produzidos a custos bem inferiores na Austrália, na Argentina e nos Estados Unidos da América do Norte - tudo isso leva o europeu a procurar fazer a vida em outros continentes. O sonho por um pedaço de terra nas Américas é a mola propulsora que leva milhões de pessoas à beira da miséria absoluta a migrar. Assim, as feridas do corpo social, as crises na economia fazem com que o bóia-fria europeu, o operário, o pequeno agricultor e o servo da gleba que adquiriu liberdade em 1821 migrem ao menor aceno. A Europa do século 19 expulsa seus filhos e suas filhas. Há situações em que algumas comunidades chegam inclusive a pagar a passagem de seus cidadãos mais pobres. Essa também foi uma das possibilidades de se resolver a questão social, pela exclusão.
No início só algumas regiões da Alemanha permitiram a emigração de sua população. A região de Mecklenburg abriu as suas prisões e obrigou os detentos a emigrar para o Brasil; Hamburg deixou emigrar os vagabundos e os desempregados e a partir de 1871 começaram a emigrar famílias proletárias.
O Império do Brasil precisava em primeiro lugar de soldados e junto com a política do branqueamento da raça se juntou a necessidade de mão de obra para as fazendas. O governo brasileiro enviou Jorge Antônio von Schäffer à Alemanha para conseguir as duas coisas soldados e colonos. Os soldados ele teve que disfarçar de colonos. Na primeira leva de imigrantes havia 8 mil mercenários que para saírem de seus países se inscreveram como colonos, pois havia uma lei na Europa que impedia a saída de mercenários para outros países. Colonos vieram apenas 1.500 famílias na primeira etapa. Usou-se o truque da colonização para garantir a formação de um exército com treinamento e prática no Brasil recém independente em 1822. O primeiro grupo de imigrantes alemãs chegou ao Brasil em 3 de maio de 1824 e foi colonizado em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Interessante nesta primeira comunidade é que metade da aldeia de Becherbach, perto de Kirn, na Alemanha, migrou para o Brasil, trazendo consigo o pastor Sauerbronn. O pastor Sauerbronn fez o seguinte registro no livro de falecimentos da comunidade: “Hoje, eu, o Pastor Frederico Sauerbronn, sepultei meu filho Carlos Leopoldo no recém erigido cemitério de Nova Friburgo. Sua mãe faleceu junto às ilhas do Cabo Verde, sendo sepultada em alto-mar”. Daí podemos deduzir a dura realidade pela qual este povo passou, além das promessas dos agentes de propaganda na Alemanha que não eram cumpridas quando os colonos chegavam ao Brasil, além de muitos serem vítimas de grilagem de terra a qual tiveram que pagar duas vezes. A primeira leva de imigrantes que eram colonos que veio ao sul do Brasil à São Leopoldo no domingo de 25 de julho de 1824 eram 39 pessoas.
A imigração e a colonização por parte do estado brasileiro visavam:
1. O branqueamento da raça - havia muitos negros no país. O censo de 1800 revela que havia no Brasil 1 milhão de indígenas não integrados, 845 mil brancos 1.987.000 negros e 628 mil mestiços (estes dois perfazem o total de 2.615.000), quer dizer que havia 3 vezes mais negros que brancos no país, somando a população indígenas serão 4 não brancos por 1 branco de origem européia.
2. A colonização perto das cidades para a produção de alimentos para estas cidades.
3. A colonização de áreas de fronteira para garantir as fronteiras.
4. A colonização perto ou em áreas indígenas para tirar as terras dos índios.
5. A colonização ao longo de estradas para facilitar o transporte e o comércio.
6. A colonização perto de postos militares para garantir à estes o alimento.
7. A colonização perto de fazendas para valorizar estas terras e fornecer mão de obra aos fazendeiros.
Assim, com a imigração, se resolveu alguns dos problemas do capitalismo, tanto na Europa como no Brasil. O povo trabalhador sempre foi vítima do capitalismo, era e continua sendo usado segundo os interesses do capital.
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