Dedicado ao meu velho companheiro conservador e reacionário Albrecht Baeske.
O que caracteriza um conservador?
Conservador é aquele que defende e se baseia nas coisas consideradas antigas, reacionárias e ultrapassadas, fora de moda. Conservador e reacionário, para os capitalistas neoliberais e para os cristãos que adotaram esta ideologia, é aquele que sonha com uma nova sociedade não capitalista: o Reino de Deus, algo totalmente inconcebível, descabido e irrealizável, uma utopia, segundo eles.
O oposto do conservador é a pessoa progressista e moderna. Moderna é aquela pessoa que anda na moda. O que está na moda e está ‘bombando’, no momento, é o agronegócio (com 71% do volume das exportações brasileiras, é o que alguns chamam de reprimarização de nossa economia e desindustrialização; em outras palavras estamos andando para trás na história; estamos voltando para os velhos e bons tempos do Brasil Colônia produzindo commodities para suprir as necessidades do primeiro mundo, chique, não?). Está na moda o agronegócio (nome mais chique para o velho, carcomido, assassino e arcaico latifúndio) escravista e desmatador; está na moda a empresa capitalista nacional e multinacional que superexplora a mão de obra até a exaustão e doença pelo trabalho rápido, intenso e repetitivo; está na moda a construção de barragens para gerar lucro para o grande capital, primeiro pela construção das barragens e depois pela venda da energia barata para que as empresas brasileiras sejam competitivas no mercado internacional, à custa do meio ambiente e dos camponeses que terão as suas terras expropriadas, isto se chama de hidronegócio. A última moda, desde os primórdios dos tempos neoliberais, é a Ditadura do Pensamento Único, que está aí para garantir a Ditadura do Capital, que diz: não existe outra forma de organizar a vida, o mundo, a sociedade, a economia, a ciência, a cultura, a política, a educação, a arte, a religião além do capitalismo. O capitalismo é o nosso presente e o nosso futuro, portanto não teremos futuro, pois viveremos eternamente no e o presente. O capitalismo se diz invencível e eterno, assim como o Hitler falava do reino nazista de mil anos. A Ditadura do Capital se configura no fato de não permitir que se democratize a economia. Fala-se muito em democracia, mas esta democracia é apenas a democracia burguesa a nível estritamente político. Tentar democratizar a economia significa dar acesso à propriedade (dar acesso aos meios de produção) àqueles que produzem as riquezas e que concederam com o seu trabalho a propriedade aos capitalistas, que é a classe trabalhadora, conceder-lhes o direito de posse dos meios de produção (terra, indústria, grande comércio, bancos, tecnologia e conhecimento), que esta classe construiu e gerou se configura como uma subversão imperdoável e insuportável para a classe capitalista. Democracia somente na aparência do nível político, só na aparência, pois o poder do capital é que controla o aparato do Estado, o chamado estado de Direito, legitimado pelas leis que a própria burguesia escreveu para perpetuar a sua opressão sobre a classe trabalhadora. Não é de graça que nesta legislatura temos no Congresso Nacional 220 milionários, dos 567 deputados e senadores; a outra parte que falta, em sua maioria, com pequenas exceções, são defensores e representantes da burguesia. Não esquecendo da aliança eleitoral policlassista do PT-PCdoB-PSB com o PMDB-PTB-PDT-PP-PR em cujo altar se sacrifica o povo, que dá o seu dinheiro, recolhido pelos impostos, para o BNDES financiar o grande capital (barragens, fusões de grandes empresas, obras das empreiteiras, etc. e tal), mesmo contando os avanços havidos no governo social democrata do Lula. Afinal, para o povo: políticas compensatórias, que compensam as desigualdades geradas pela economia capitalista. Se a economia fosse democrática não se precisaria de políticas compensatórias (Bolsa Família, Pronaf, Mais Alimento, Minha Casa Minha Vida, etc.). As políticas compensatórias ajudam? Ajudam, mas não politizam o povo (são esparadrapo que ainda produz lucro para as empresas que produzem tratores e vendem material de construção) e nem democratizam a política e muito menos a economia. Além disto, é bom lembrar que a República é o modelo de poder construído pela burguesia que venceu a Revolução Francesa, graças aos seus aliados camponeses e proletários, que destronou a nobreza, que impedia com suas leis o avanço do capitalismo, para garantir os direitos do capital. Como diz Boaventura de Sousa Santos sobre os levantes dos jovens na Europa: “Apesar de todas as armadilhas do liberalismo, a democracia entrou no imaginário das grandes maiorias como um ideal libertador, o ideal da democracia verdadeira ou real. É um ideal que, se levado a sério, constitui uma ameaça demolidora para aqueles cujo dinheiro ou posição social lhes permitiu manipular impunemente o jogo democrático. Os jovens verificam que a democracia está manipulada por minorias, talvez, mais do que nunca. Do contrário, como explicar que o Estado tenha dinheiro para resgatar bancos e não para garantir a saúde e a educação? Como entender que o Estado tenha compromissos mais fortes com os mercados do que com os cidadãos?” Está aí um desafio para a classe trabalhadora: construir a partir da fé em nosso Senhor Jesus Cristo um Poder Popular verdadeiramente democrático, inclusivo e igualitário, incluída a democracia econômica, no processo de construção desta nova sociedade não capitalista. Isto, segundo a Ditadura do Pensamento Único, é algo impossível de acontecer dado que o capitalismo (segundo ele mesmo) é a última e mais elevada forma do ser humano se organizar, o que contradiz frontalmente ao que diz o Evangelho de Jesus Cristo.
Remar contra esta maré da Ditadura do Pensamento Único, que legitima a Ditadura do Capital, é ser conservador, atrasado, obsoleto, arcaico, retrógrado, ultrapassado, suplantado, superado, antiquado, antediluviano, pré-histórico, bregas e reacionário.
Me lembrei deste assunto, pois no encontro de estudos para obreiros/as da PPL – Pastoral Popular Luterana em junho de 2011 em Palmitos, SC, um leigo disse que muitos pastores/as ditos modernos e progressistas dizem que o Baeske e o Lobo ninguém agüenta: são muito radicais. Chamar de radical, logo eu, que sempre me considerei um conservador, pois creio que radical é Jesus Cristo, que morreu por nós na cruz; morreu por quem não o merece e por quem o está crucificando. Isto é radical! Radical é Deus se fazer pessoa num camponês palestino, marginal, empobrecido, migrante, sem teto e sem terra. Radical é Deus se posicionar a favor dos empobrecidos, se tornando um deles, na luta de classes da sociedade. Deste ponto de vista não tenho nada de radical, sou um conservador. Quem levantou este assunto foi um leigo da região de São Lourenço, RS, e acrescentou que o Baeske havia sido convidado para fazer uma palestra para um encontro de jovens em seu Sínodo, e alguns obreiros/as se escandalizaram achando isto uma temeridade e uma loucura total. Porém, diz este senhor, membro do presbitério de sua paróquia, que os jovens pediram que o Baeske voltasse outra vez para uma nova assessoria; gostaram do que ele disse e ensinou, assim como este senhor. Pasmem, os jovens, considerados modernos, pedindo a volta de um reacionário, atrasado, conservador e um estorvo para a igreja.
Um colega me disse que eu uso palavras muito duras e radicais e que isto assusta as pessoas, inclusive e principalmente os/as pastores/as. Como eu posso dizer, de uma forma soft, suave, gentil, moderada e não agressiva, que a humanidade vai desaparecer, se auto-extinguir, se não acabarmos com o modo de produção capitalista? Como eu posso dizer de uma forma moderada e gentil que a grande maioria dos cristãos está organizando a sua vida conforme os ditames do capital e mesmo assim dizendo que são crentes de Jesus Cristo, quando, na verdade, não é o Evangelho de Jesus Cristo que determina suas vidas, e sim, o capital. Pois, pela sua prática de vida se mostra que é o capital que diz o que elas devem fazer e não o Evangelho de Jesus Cristo e fazem de fato o que o capital manda. O capital tomou conta de suas vidas e não o Evangelho de Jesus Cristo, por mais que digam o contrário. O verdadeiro deus da maioria dos cristãos é o capital, pois ele determina sua forma de pensar e de agir (pelos seus frutos os conhecereis, Mt 7.20). O capital, porém, é o instrumento que o diabo usa para tentar impedir a construção do Reino de Deus, portanto seguindo a orientação do capital estes cristãos estão seguindo a orientação do diabo. Em outras palavras: por tabela, estão adorando o diabo como seu deus. Viu, eu não disse que você é muito radical? Como pode dizer uma coisa dessas? Isto é uma barbaridade! Assim você espanta as pessoas!
O pior é que podemos desaparecer como humanidade por causa dos efeitos colaterais do capitalismo (sem mesmo entrar nesta questão do aquecimento global, da exaustão dos recursos naturais, da perda da biodiversidade, etc.) porque este modelo agrícola baseado no lucro desenfreado está matando as abelhas e outros insetos polinizadores por causa do uso de agroquímicos e não teremos mais comida, vamos morrer de fome. A coisa é tão séria que os USA já importaram milhares de enxames de abelhas e destinaram milhões de dólares para a pesquisa das causas da morte das abelhas e a Alemanha proibiu um veneno da Bayer feita a base de nicotina que estava matando os enxames de abelhas na Alemanha, mas a Bayer continua produzindo este produto na Índia e o vende pelo mundo afora. 90% das plantas precisam dos insetos polinizadores para gerar as sementes e os frutos, que nós utilizamos como nossos alimentos. A EMBRAPA provou que até a soja produz 40% a mais se há as abelhas que polinizam as suas flores. Aqueles que não morrerão de fome vão morrer se matando mutuamente na luta pela comida. Olha que eu nem estou falando ainda das sementes transgênicas do tipo Terminator, que ao se espalhar pela natureza vai ser uma catástrofe, pois as plantas contaminadas produzirão sementes estéreis e estas plantas desaparecerão. O objetivo disto, claro, é manter o monopólio das sementes nas mãos de algumas empresas que dominam esta tecnologia. Mas, como a Natureza é imprevisível ela pode absorver o gen Terminator e teremos uma catástrofe sem precedentes com a extinção maciça de plantas, que afetará a nossa alimentação, portanto nossa sobrevivência. Mas, dirão os cientistas, a serviço do capital, pois a ciência não é neutra como também não o é a religião, que esta é uma tecnologia segura. Disseram também, no passado, o mesmo sobre o DDT, que se mostrou uma praga para a saúde humana. Não esqueçamos o princípio da precaução. Os efeitos destas tecnologias baseadas apenas no lucro rápido vem depois de anos de uso. Aí quem tem que pagar os custos da descontaminação e da reparação é o Estado com o dinheiro do povo, se é que vai ter possibilidade de reparação. Os capitalistas responsáveis não entram com um centavo. É só olhar para a última crise do capital de 2008 quem pagou os custos ou ainda está pagando: o povo. Quando a desgraça está feita aí se dirá: eu não sabia que a coisa era tão séria; o mesmo disseram os alemães sobre Auschwitz.
A turma do agronegócio e seus aliados querem acabar também (além dos povos indígenas e camponeses empobrecidos que atrapalham o progresso do capital) com o resto de mato para plantar mais alguns pés de soja para servir de comida para as vacas na Europa e estão se dando um tiro no pé, pois querem acabar, e na melhor das hipóteses reduzir ao mínimo, as reservas legais, as APPs e as matas ciliares onde os insetos polinizadores, entre estes as abelhas, se refugiam e se reproduzem. Destas matas elas saem para polinizar as plantas que garantem a nossa sobrevivência. A desculpa usada pelo agronegócio são os pequenos agricultores que moram na beira de rios ou em terra muito acidentada que ficarão sem terra agriculturável ou com muita pouca terra se a lei do Código Florestal for aplicada. Só que este não é o problema. Temos a solução para isto: a solução está na Reforma Agrária. Faça-se Reforma Agrária e se dê um lote do tamanho de um módulo regional (aqui são 20 hectares) para estes pequenos agricultores que a questão está resolvida. Mas aí é que a turma do agronegócio salta longe, porque eles não querem ceder suas fazendas, a maioria delas griladas de terras públicas e ainda por cima improdutivas, para estes pequenos agricultores terem uma terrinha para viver. Querem apenas usá-los como argumento para garantir a sua ganância capitalista e para aumentar o seu lucro predador. Estou falando aqui da primeira prioridade da ação eclesial que é a tarefa da proclamação evangélica profética de que a pessoa e toda a sociedade são e permanecem pecadoras (Mc 1.15) e de que Deus justifica, salva e recria a pessoa arrependida (Rm 1.16-17) pela mediação verbal (Mc 2.1-12; Mt 9.22), e também, pela mediação palpável e degustável dos sacramentos em meio a comunidade (Mt 28.18-20; Mt 26.26-28).
Neste encontro da PPL – Pastoral Popular Luterana foi-me dito que, do ponto de vista da Ditadura do Pensamento Único, estou sendo enquadrado no rol dos conservadores. Pois não é que eles têm razão: sou conservador sim. Sou conservador porque me oponho à Ditadura do Pensamento Único e me baseio em coisas velhas e antigas, como as idéias e propostas contidas no Antigo Testamento (o Velho Testamento) que diz em Dt 6.20-23 que Deus toma uma postura conservadora ao se posicionar na luta de classes, entre os escravistas e os escravos, a favor dos sem terra escravos apontando para a construção de uma nova sociedade igualitária e não escravocrata nas montanhas da Palestina. Deus é conservador, pois ele não se submete à Ditadura do Pensamento Único que diz que não há outra possibilidade de sociedade além da vigente, que na época era um espaço de exploração escravista, dentro do Modo de Produção Tributário egípcio. Assim como no Brasil, dentro do Modo de Produção Capitalista, também tem espaços de exploração escravistas, para aumentar a mais valia. Cada ano o MTE liberta em torno de 5 a 6 mil escravos das fazendas do moderno e progressista agronegócio, também no sul maravilha (em 2008 foram libertos nas fazendas do agronegócio 107 escravos em Santa Catarina e 82 escravos no Rio Grande do Sul. Em 2008 no Brasil 48% dos trabalhadores libertos da escravidão estavam na setor da cana, 20% no setor da pecuária e 14% em outras lavouras). Lembrem-se: moderno e progressista é o agronegócio que propõe a devastação do cerrado e da mata amazônica para implantar o progresso da monocultura da soja, da cana, do eucalipto e da criação de gado para corte e exportação. Deus é conservador porque sonha com uma nova sociedade para estes camponeses sem terra escravos a partir das montanhas da Palestina. Deus começa a sua revolução a partir dos sem terra hebreus e a partir das montanhas da Palestina para construir uma nova sociedade sem classes sociais. O pensamento moderno e progressista diz que não existe esta possibilidade de se ter uma nova sociedade além da atual; nosso futuro é o nosso presente, eternamente. Sou reacionário porque tenho uma reação frente esta ideologia que diz que o nosso futuro é o nosso presente, portanto, não temos futuro e estamos condenados a viver nesta sociedade de classes onde a classe capitalista explora a classe trabalhadora, eternamente. Isto tem cheiro de inferno eterno, já aqui e agora. Estamos condenados ao presente, portanto, sem futuro. O lindo do Evangelho de Jesus Cristo é que ele nos mostra exatamente o contrário (2 Pe 3.13; Mt 6.33), que nós temos um futuro, que é o Reino de Deus em oposição ao presente que nos prepara e nos condena para o inferno: pela extinção da humanidade preparada pelo capitalismo com a exaustão dos recursos naturais, aquecimento global, perda gradativa da biodiversidade, acidificação dos oceanos que reduz a pesca e a morte pela fome porque estamos matando nossas abelhas que garantem a polinização das plantas, portanto todos morreremos de fome. A vida marinha está em "grave perigo" de entrar em uma fase de extinção sem precedentes, em razão de fatores como pesca excessiva, poluição, vazamentos de produtos tóxicos e as mudanças climáticas.
Leonardo Boff escreve em seu artigo: “Crise terminal do capitalismo?”
“A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi seqüestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo. A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.
A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.”
Marx dizia que o capitalismo gera seus próprios coveiros, mas acho que não vai dar tempo para que a classe trabalhadora enterre o capitalismo, pois este vai acabar com a humanidade antes de isto acontecer. A nossa tarefa, a partir da fé em Jesus Cristo que anunciou o evangelho do Reino de Deus, a partir dos marginalizados e empobrecidos, que sempre aponta para a construção de uma nova sociedade não capitalista, é acabar com o capitalismo antes que ele acabe conosco, com a vida humana no Planeta Terra. Olha que isto não é mera retórica! Porque os sinais da catástrofe já estão bem claros em nossa frente. Mas a ganância capitalista predadora secular não nos permite ver estes sinais, pois ainda achamos que o capitalismo é a salvação da humanidade (não sei o que Jesus Cristo ainda quer, acho que ele morreu em vão na cruz, pois já temos a nossa salvação: o capitalismo); mesmo conhecendo a história de sangue escrita pelo capitalismo nestes 500 anos, tanto na América, como na África, na Ásia e na Oceania. A gente faz de conta que a Conquista não matou e nem escravizou ninguém, nem predou a natureza e também faz de conta que o Colonialismo não massacrou ninguém e nem predou a natureza. A gente faz de conta que o Imperialismo é a melhor coisa que já nos aconteceu e que ele não predou a natureza e nem massacrou ninguém. O holocausto capitalista não existiu e continua não existindo! O um milhão de mortos da última invasão do Iraque também não existe. É pura paranóia esquerdista! Assim como alguns dizem que o Holocausto nazista não existiu. O que existe são apenas a defesa da civilização cristã ocidental e a defesa da democracia, tudo no melhor estilo do ditador João Figueiredo: quem for contra a democracia eu prendo e arrebento! Desde que esta democracia não queira democratizar a economia e colocar os meios de produção (terra, fábrica, banco, comércio e tecnologia) sob o poder, controle e posse de toda a sociedade, agora sem classes sociais. Estamos apenas falando da democracia burguesa, vamos devagar, nada de poder popular com democracia participativa na política e na economia. Tá louco, meu! Vamos devagar!
Este é o futuro que o capitalismo nos está preparando, a extinção da vida humana no Planeta. Na verdade não falta mais tanto assim, pois boa parte já extinguimos ou está em avançado processo de extinção. Não dá para dizer que somos preguiçosos, temos nos esforçado, justiça seja feita! Mas como no tempo de Noé casavam e davam-se em casamento (Mt 24.38) e o dilúvio veio porque, como diz em Gn 6.11: “A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência”, como hoje. Deus prometeu que não iria mais extinguir a humanidade (Gn 9.15), então os capitalistas decidiram fazer isto, por conta própria, achando e dizendo que estão promovendo o progresso e fazendo a vontade de Deus. Como diz, muito convencido, um granjeiro gordo ‘convertido’ de Panambi, mais ou menos assim: “Nós do agronegócio estamos alimentando o mundo e sem o veneno não conseguiríamos fazer isto. Sem o veneno o mundo estaria passando fome”. A verdade é que mesmo com 1 milhão de toneladas (1 bilhão de kg) de veneno aplicado na terra brasileira em 2009 um bilhão de pessoas estão passando fome em nosso planeta. Temos a fome por causa da má distribuição da riqueza e da terra e não por causa da falta de comida. Não é o veneno que vai acabar com a fome, mas um novo sistema econômico, em oposição ao capitalismo, que vai colocar os meios de produção sob controle da classe trabalhadora como sugere Atos 2 e a proposta da Ceia do Senhor. Ah!, mas a proposta de Atos não deu certo! Não deu certo porque eles construíram uma sociedade igualitária de consumo e não de produção por causa da esperança iminente da volta de Cristo.
A produção de grãos no mundo aumentou em 300% nos últimos 40 anos por causa da tecnologia química (A população mundial neste período aumentou 100%), que com seus devidos efeitos colaterais ajudou no processo de extinção de espécies animais, peixes, insetos e plantas produzido juntamente com o processo da devastação de biomas inteiros, considerados obsoletos por atrapalhar o progresso do lucro, juntamente com a competência de aumentar o número de túmulos nos cemitérios humanos devido aos agroquímicos (palavra mais charmosa para venenos [inseticidas, herbicidas, fungicidas], adubos químicos e transgênicos). São apenas efeitos colaterais, são o preço do progresso (do capital), mas tudo dentro da interpretação bíblica sagrada de que: “tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”. Não se deve desobedecer a uma ordem divina! É pecado. Vamos dominar tudo!
Em 1960 havia 80 milhões de pessoas com fome no mundo, em 2006 tínhamos 880 milhões de famintos e em 2010 já eram 1 bilhão de famintos no planeta. Na medida em que aumenta a produtividade das lavouras aumenta a fome. Até 1960 todos os países eram auto-suficientes em alimentos. Hoje o hemisfério sul é importador de alimentos por causa da homogeneização dos alimentos destruindo as culturas locais gerando a fome. 122 países do hemisfério sul importam alimentos do norte.
1º a terra sempre foi produtora de alimentos
2º a terra também produz agrocombustíveis que disputam com os alimentos
3º a terra produz ainda madeira para celulose que disputa com os alimentos
Em 2007 produziu-se 1,1 bilhão de toneladas em alimentos
650 milhões de toneladas para animais
100 milhões de toneladas para etanol
Os estoques mundiais de alimentos reduziram em 50% desde 1965, isto eleva os preços dos alimentos.
O pessoal do agronegócio está piamente convencido que estão salvando a humanidade (assim como os nazistas pensavam estar salvando a humanidade ao exterminar judeus, comunistas, ciganos, sindicalistas, etc.), mas estão a extingui-la. Assim como no tempo da ditadura militar os generais (e muitos cristãos) estavam convencidos que estavam salvando o Brasil pela ditadura, pela tortura e pelo assassinato de opositores do regime. Como disse um general: admitimos oposição ao regime (militar), mas não admitimos oposição ao sistema (capitalista). Hitler e seus seguidores cristãos (os Deutsche Christen) também estavam convencidos que a sua política era a melhor para trazer o progresso para a Alemanha. Assim como o Prêmio Nobel da Paz assassino Barak (parecido com Mubarak) Obama agora está convencido que a tortura é útil, legal, legítima e necessária, pois através dela conseguiram localizar e assassinar o Osama (parecido com Obama) Bin Laden. Os dois têm nomes parecidos e por isso são da mesma estirpe, não que isto justifique um assassinato pelo Esquadrão da Morte oficial: o Navy SEALs (assassinos tornados heróis pela mídia imperialista). Como dizia uma mensagem da internet: “Na última semana beatificamos um papa, casamos um príncipe, fizemos uma cruzada e matamos um mouro. Bem-vindos à Idade Média!” Lembro de Isaías 5.20 que diz: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!”
Deus, não só é conservador no Egito, mas também continua sendo conservador e reacionário na Palestina (Deus reage diante da sociedade controlada pelas cidades-estado no modo de produção Tributário), pois conduz e orienta estes camponeses sem terra hebreus para mudar a sociedade construída a partir das cidades-estado da Palestina, como diz em Js 6-8. Deus comanda, pelos sem terra, a tomada do poder político, das cidades-estado, para mudar o modo de produção de Tributário para Tribal, para construir uma nova sociedade sem classes sociais, sem estado, sem templo e onde os meios de produção, a terra, estão ao alcance de todos. Algo totalmente reacionário e subversivo dentro da ideologia da Ditadura do Pensamento Único, que diz que temos que nos contentar e conformar com a realidade vigente, pois não existe outra possibilidade de construção de outra sociedade além da que vivemos. Deus sempre tem que ser do contra, que mania! Esse Deus não dá para agüentar, ele é muito radical! Imagine acabar com a moderna e progressista sociedade de classes vigente e construir uma nova sociedade sem classes sociais, que insanidade, que despautério!
Deus insiste teimosamente em continuar ser conservador, pois envia profetas e profetisas, no período da monarquia, para denunciar o poder estabelecido pelos reis dizendo ainda ser contra o Estado (I Sm 8; I Sm 12.19). Como alguém de sã consciência pode ser contra o Estado que salvou a economia dos capitalistas especuladores da falência na crise de 2008, injetando trilhões de dólares na economia mundial e de forma moderna e altruísta perdoou os especuladores e não os prendeu e nem os condenou à prisão perpétua por terem dado o calote na economia mundial jogando milhões de trabalhadores no desemprego e na miséria, mas, por outro lado, este mesmo Estado condenou a classe trabalhadora a pagar a conta do prejuízo causado pelos capitalistas neoliberais especuladores (vide a situação da Grécia, da Espanha, da Irlanda). A partir da fala do poder e do Estado me remonto ao meu conservadorismo, pois continuo pensando que a Reforma Agrária é necessária e urgente a ser feita pelo Estado (que ele não vai fazer porque é um instrumento da classe capitalista para garantir os interesses desta) e sou contra as Barragens, que o Estado já construiu e ainda quer construir para que os capitalistas tenham muito lucro à custa dos camponeses que perdem suas terras, como sempre fui desde os anos 70, do século passado. Porém, muitas pessoas que hoje estão no poder no país, se dizendo ser de esquerda e pensam que controlam o aparato do Estado, se tornaram modernas e por isso são contra a Reforma Agrária e a favor das Barragens. Antigamente ser contra a Reforma Agrária e a favor das Barragens era ser pelego; hoje isto é ser moderno. No passado ser contra a Reforma Agrária e a favor das Barragens era ser pelego, hoje então o que é?
Para quem diz que não tem terra no Brasil para fazer a Reforma Agrária que dê uma olhada neste gráfico abaixo onde diz que 40% das terras no país são improdutivas, em números redondos são 228.508.510 hectares prontos para serem usados para a Reforma Agrária. Com isto dá para assentar todas as famílias sem terra ou com pouca terra do país e ainda sobra uma enormidade de terra e só precisaríamos expropriar 69 mil proprietários (1,4% do total), que é uma ninharia dentro do todo que são 5.181.645 proprietários. Há, só no Sul, 5.3 milhões hectares de áreas improdutivas em grandes propriedades. Das 130.5 mil grandes propriedades cadastradas em 2010, com área de 318.9 milhões hectares, 23.4 mil com área de 66.3 milhões de hectares não têm a propriedade reconhecida. Ou seja, são imóveis detidos à título precários, i.e, objeto de posse ou misto; em outros termos griladas. Ah! mas não dá para expropriar os ricos, isto é uma violência, uma violação dos direitos humanos e principalmente uma violação aos direitos do capital que sempre deve estar acima da vida, de qualquer vida. Isto é agredir a coisa mais sagrada do sistema capitalista que é a propriedade privada que está acima da vida. A palavra propriedade privada já diz o que ela significa: ela priva os pobres de terem acesso à propriedade e é assim que deve ficar. Isto lembra a famosa frase de Marx e Engels do Manifesto: “Causa nos horror falarmos em abolir a propriedade privada. Mas a propriedade privada na atual sociedade já está abolida para nove décimos da população. Se ela ainda existe para um grupo reduzido é justamente porque deixou de existir para esses nove décimos. Portanto, vossa acusação contra nós é a de nos propormos abolir uma forma de propriedade que, para subsistir, tem de privar a imensa maioria da população de qualquer tipo de propriedade”. É isso aí!
O sistema permite apenas expropriar os pobres nas barrancas do rio Uruguai para implantar as barragens (estes o sistema já expropriou e acha isto normal) ou na imensidão da Amazônia e do Cerrado para implantar o agronegócio! O sistema já está DELETANDO uma parte dos pobres a cada ano: 50 mil homicídio (a maioria jovens e negros – de 15 a 34 anos são 33.983 do total em 2008 – estamos matando nossos jovens) e 39 mil mortos em acidentes de trânsito segundo o ano de 2008, não contando os mortos pela dengue, malária, etc. e tal e nem contando os camponeses e indígenas assassinados por ano (estes não contam mesmo para o sistema, fazem parte dos arquivos infectados do sistema que precisam ser deletados; não produzem para o sistema se reproduzir.). Não existe esta tecla, função ou atalho de expropriar os ricos no teclado do sistema capitalista. A tecla DELET não funciona nestes casos; só funciona no caso dos pobres, estes podem ser deletados, pois são muitos, não vão fazer falta no sistema. O latifúndio é um arquivo do sistema, impossível de ser deletado, se isto acontecer todo o sistema entra em crise, deixa de funcionar e a máquina capitalista desliga, dá pau. Pois, terra não é apenas terra, mas representa poder, por ser um meio de produção. Como dizia o presidente da FARSUL em 1986, quando os sem terra do MST da Fazenda Annoni marchavam sobre Porto Alegre: “Não dá para dar terra para os sem terra, porque daqui a pouco vão aparecer os sem fábrica e os sem banco”. E aí como é que fica, pois estes são em número bem maior que os sem terra. O rapaz é inteligente, entendeu a coisa. Não dá para repassar para a classe trabalhadora os meios de produção porque com isto estamos perdendo o poder, o domínio sobre a sociedade, o controle sobre o modo de produção, o poder político e com isto estamos mudando o modo de produção; isto seria catastrófico para o capital, seria uma revolução, é o que ele quis dizer. E é esta a verdade.
Em 2003, eram 58 mil proprietário que controlavam 133 milhões de hectares improdutivos. Em 2010, são 69 mil proprietários com 228,5 milhões de hectares abaixo da produtividade média. Por isso a CNA luta para impedir que se atualize os índices de produtividade defasados desde 1975, para impedir a desapropriação destes latifúndios. De 1975 a 2010, a área usada para grãos aumentou em 45,6%, mas a produção cresceu 268%, ou seja, quase seis vezes mais que a área plantada. O desmatamento para plantação de soja na Amazônia cresceu 85% em 2011 em relação ao ano passado, motivado pela possibilidade da aprovação do Código Florestal, com a anistia aos desmatadores embutida.
Evolução da Concentração da Propriedade da Terra no Brasil
Medida pelos Imóveis – 2003/2010
Classificação
Imóveis 2003 2010 Crescimento de área por setor 2010/2003
Número Área (ha) Peso s/área total Número Área (ha) Peso s/área total
1. Minifúndio 2.736.052 38.973.371 9,3% 3.318.077 46.684.657 8,2% 19,7%
2. Pequena Propriedade 1.142.937 74.195.134 17,7% 1.338.300 88.789.805 15,5% 19,7%
3. Média Propriedade 297.220 88.100.414 21,1% 380.584 113.879.805 19,9% 29,3%
4. Grande Propriedade 112.463 214.843.865 51,3% 130.515 318.904.739 55,8% 48,4%
a) Improdutiva 58.331 133.774.802 31,9% 69.233 228.508.510 (40,0%) 71,0%
b) Produtiva 54.132 81.069.063 19,4% 61.282 90.396.229 (15,8%) 11,5%
5. Total - Brasil 4.290.482 418.456.641 100% 5.181.645 571.740.919 100% 36,6%
Fonte: Cadastro do INCRA – Classificação segundo dados declarados pelo proprietário e de acordo com a Lei Agrária/93
Minifúndio: até 1 módulo área média de 14 ha.
Pequena Propriedade: de 1 a 3 módulos área média = 66 ha.
Média Propriedade: de 3 a 5 módulos área média = 300 ha.
Grande Propriedade: > 5 módulos área média = 2.440 ha.
O latifúndio sempre gerou e continua gerando o que nos mostra a realidade abaixo:
Um número oficial apresentado nesta quarta-feira (22/6/2011) pelo procurador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, José Marques Teixeira, indica que, nos últimos dez anos, 219 homicídios no campo foram registrados no estado do Pará, mas apenas 4 condenações ocorreram. Os 1.186 casos monitorados pela CPT no Brasil, com 1.580 vítimas, resultaram em 94 condenações pelo menos de primeira instância até abril de 2011, sendo 21 de réus acusados de serem os mandantes e 73 de serem os executores dos homicídios. No Sul temos 65 casos de assassinato com 76 mortos e nenhum mandante condenado, mas apenas 4 executores condenados. Uma reportagem fala sobre isto: “Para C., 35 anos, que perdeu dois familiares em uma chacina ocorrida em junho de 1985 na cidade de São João do Araguaia, o tempo foi uma forma de impunidade. A disputa pela posse de uma reserva de castanheiras culminou na morte de oito posseiros naquele ano. O acusado de ser o mandante dos assassinatos, um fazendeiro conhecido na região, foi condenado em 2006, 21 anos após o crime. Entretanto, a sentença da Justiça - prisão em regime fechado por 152 anos - não colocou o suspeito atrás das grades. Ele recorreu contra a pena e aguarda nova decisão em liberdade”.
É o que escrevi acima: para o latifúndio não funciona a tecla DELET.
Temos militantes da ‘esquerda’ que assumem cargos no aparato do Estado e começam a defender apenas os interesses da burguesia. Por exemplo, no Ministério das Minas e Energia tem uma senhora do PT do RS que tenta atrapalhar ao máximo as propostas do MAB e defende apenas os interesses das construtoras. Está dentro da idéia: nós somos governo então temos que defender os projetos do governo! Pobre de espírito! Estes projetos não são do governo, são dos capitalistas. Não entendeu nada. Junto a isso outra notícia do mesmo estilo: “No Brasil, a proposta do agronegócio sobre a semente Terminator se somou a do deputado Cândido Vaccarezza do partido governante (PT) para eliminar a proibição do Terminator. A proposta de Vacarezza foi redigida por uma advogada que trabalha para a Monsanto, segundo denúncias da Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos e também divulgadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em dezembro de 2010. A própria advogada reconheceu”. Enquanto isso a tal semente já é plantada no RS, foi o que me contaram em Condor. Tão ruim como isso é que não se tem notícia de que o PT queira expulsar este deputado por atentar contra os princípios históricos do PT. Pessoas assim no passado eram chamadas de pelegas e partidos que permitiam isto também. Mas o século XXI parece ser o século do tudo é possível. Quem é de esquerda e está no governo sempre tem que defender os interesses e as necessidades do povo oprimido, defender, quando correto, os movimentos populares. O Estado é um aparato da burguesia para legitimar a exploração de classe. Mas tem esquerda que nunca estudou o marxismo ou sempre foi oportunista, apenas queria um cargo. Só porque agora tem um cargo no aparato do Estado não tem que ser capacho da burguesia. Escutei de um dirigente do movimento popular que agora a gente tem que fazer reunião com a CUT e o PT para explicar a luta contra as barragens (porque não podemos ir contra o governo; isto eu já escutei em Xingu de um defensor da ditadura militar nos anos 90; mudam as siglas, mas o reacionarismo é o mesmo). Desde quando tem que se explicar para a esquerda qual a posição e o lado que ela deve tomar na luta de classes? Ou esta é uma esquerda burra ou é oportunista ou não é mais esquerda. Parece o que há é uma total falta de teoria, falta de estudo. Lenin dizia que temos que vincular o estudo com a luta do povo, senão o estudo está torto; como está torta a luta sem estudo teórico. Prática-Teoria-Prática é a metodologia correta. Temos uma esquerda ‘militonta’ que nunca estudou e uma esquerda que virou oportunista. O Frei Betto diz que o poder não corrompe, apenas mostra quem a pessoa sempre foi. Gostei desta definição. Lembro quando a URSS e a DDR quebraram por causa da ditadura, da corrupção e da falta de democracia: ontem eram comunistas roxos e hoje são capitalistas roxos. Oportunistas! Não estou apenas preocupado com os 7,5 milhões do Palocci, estou preocupado com a sua prática; está dando assessoria aos imperialistas, como a Halliburton, empresa que está no processo de ‘reconstrução’ do Iraque e do Afeganistão. Ele deveria fazer assessoria ao MST, MAB e MMC como direção de um partido de esquerda e não dar assessoria aos capitalistas imperialistas opressores, nossos inimigos de classe, mesmo sendo em troca de milhões. O dinheiro não justifica a traição. Judas que o diga. Mas, tenho que ganhar o meu pão, diz-se. Os militantes do movimento popular também têm que ganhar o seu pão e mesmo assim não traem a classe trabalhadora.
Diz Boaventura de Sousa Santos sobre a esquerda: “As esquerdas européias (e também mundiais) têm que se refundar para responder aos desafios que enfrentam. A esquerda socialdemocrata deve começar por reconhecer o fracasso total da chamada Terceira Via tal como foi formulada pelo partido trabalhista britânico de Tony Blair e seu padrinho, o sociólogo Anthony Giddens. A Terceira Via tem revelado que não é outra coisa que neoliberalismo mal disfarçado. As políticas dos partidos socialistas da Espanha, Portugal e Grécia, são uma mostra grotesca da falta de alternativa ao neoliberalismo, igualmente quando suas disfunções são econômica e socialmente destrutivas. Suas derrotas eleitorais são a prova do senso comum dos cidadãos doutrinados por anos de rejeição às alternativas progressistas. Um segundo desafio versa sobre como radicalizar a democracia de forma que se torne vencedora num enfrentamento com o capitalismo. Por último, terceiro desafio é buscar articulações e coalizões efetivas entre as diferentes esquerdas de modo que construam um mosaico de esquerdas e superem o fracionamento que tem dominado até agora.
O fascismo social é um regime social que combina a democracia de baixa intensidade com ditaduras plurais nas relações sociais e econômicas e culturais. Consiste na emergência de relações sociais de tal modo desiguais que os grupos sociais dominantes adquirem um direito de veto sobre a vida e as expectativas dos cidadãos e grupos sociais oprimidos. Os cidadãos despossuídos são formalmente livres e iguais, mas vivem sua cotidianidade como servos. O fascismo social não é um regime político mas um regime social e civilizatório; promove a democracia representativa ao mesmo tempo que destrói as condições de exercício efetivo dos direitos democráticos da grande maioria.
É um fascismo pluralista que se reproduz em linguagens de autonomia, liberdade, empowerment (empoderamento ou outorgamento de poderes). Existe num Estado de exceção que autodefine como normalidade democrática. O fascismo financeiro é, talvez, a forma global mais virulenta. É o conjunto de instituições e lógicas de intervenção do capitalismo financeiro global com seus movimentos auto-regulados e instantâneos na escala global. É a forma mais pluralista de fascismo social porque é comandado por uma entidade que, verdadeiramente, não existe, mas que, contraditoriamente, está presente de maneira simultânea em todos os cantos do mundo: “os mercados”. O fascismo financeiro pode destruir, em poucas horas ou meses, as economias e as expectativas sociais de países inteiros, como o têm vivido os países latinoamericanos e asiáticos e, agora, os países do Sul da Europa. E tem muitas vertentes. Por exemplo, as agencias de rating, que determinam a estabilidade da economia de países inteiros; pouco importa os critérios arbitrários em que se funda o nível de risco. Essas agências não foram eleitas por ninguém, mas as democracias de baixa intensidade obedecem com mais fidelidade que a uma sentença da Corte Constitucional do país. Enquanto o capitalismo financeiro segue “resolvendo” as crises que produz, as agências seguirão sendo suas armas de destruição massiva. É importante notar que o fascismo financeiro prefere a “normalidade” democrática para poder impor sua ditadura social.
Em muitos países, os meios de comunicação são hoje o mega partido conservador. São dominados pelos poderes oligárquicos ou por facções da grande burguesia que conseguiram uma aliança com o capitalismo financeiro global por via do sistema bancário nacional que controlam. Rejeitam tudo que signifique demanda social por mais democracia ou justiça social que impliquem. São totalmente hostis à regulação democrática do Estado, como vimos recentemente na Argentina. Tampouco lhes interessa um jornalismo independente. Por exemplo, os grandes meios de comunicação norteamericanos despedem jornalistas e contratam técnicos em relações públicas para identificar os interesses econômicos que alimentem a publicidade e, com isso, a sustentabilidade dos lucros”.
Em se falando em democracia no dizer do escritor Gore Vidal: “os EUA: é um sistema de um só partido com duas alas direitistas”, isto eles chamam de democracia. Assim como os militares brasileiros chamavam de democracia a sua ditadura com dois partidos, impostos por eles dentro dos limites colocados por eles.
Vamos para a área da igreja. Na igreja tenho amigos e amigas que tem cargos de direção na igreja e outros trabalham na Senhor dos Passos, na administração. Se critico a estrutura da igreja não quer dizer que estou criticando estas pessoas particularmente com cargos de direção e que trabalham na Senhor dos Passos. Elas fazem o seu trabalho e tem muito trabalho a fazer porque no processo da reestruturação houve um esvaziamento de pessoal na Senhor dos Passos, coisas do neoliberalismo. Assim como o Estado foi esvaziado, a administração da Igreja também foi esvaziada e a peonada (secretários/as e assessores) tem que trabalhar dobrado, coisas que o capitalismo explica. Só que, como aconteceu no passado, uns 20 anos atrás, quando critiquei a estrutura da igreja o então pastor presidente se ofendeu pessoalmente. Não soube separar as coisas. Ele disse: mas eu tenho que assumir o meu cargo, vestir a camiseta. Assumir o cargo com responsabilidade é uma coisa, outra coisa é interiorizar e personalizar os pecados da estrutura como sendo seus próprios pecados. Personalizar a estrutura é outra coisa. Então, quem da direção se ofende quando a estrutura da igreja é criticada está na hora de aprender algumas coisas. Quem vocês acham quem defende a estrutura da igreja na paróquia? Eu. Eu tenho que fiscalizar se o dízimo não está sendo sonegado (ainda tem gente que acredita que não tem corrupção na igreja, como foi dito uma vez num Concílio, a não ser que era papo demagógico), tenho que explicar como a estrutura da igreja funciona, tenho que fazer e encaminhar as campanhas financeiras para salvar os projetos missionários da igreja porque a direita com a reestruturação quebrou financeiramente a igreja e missionariamente também, etc., mas não deixo de dizer que o símbolo da igreja tem que ser mudado, que a reestruturação foi uma desgraça, que a direita manda na igreja e que normalmente só se fala o que a direita permite que se fale na igreja e com isso a pregação pura e reta do Evangelho foi para as cucuias. Só porque tenho o cargo de pastor nesta igreja (portanto sou da estrutura) não vou assumir como particularmente meus os pecados da estrutura e tentar minimizá-los e escondê-los (eles fazem parte dos pecados coletivos de toda igreja e lá pelas tantas também são meus), mas vou denunciá-los e procurar mudá-los dentro das normas e trâmites existentes: moção na Assembléia Sinodal e enviar esta para outros Sínodos para que eles também aprovem esta moção e assim será encaminhada ao Concílio da Igreja para que ali seja votada. Eu posso ser pastor presidente e mesmo assim não concordar com a reestruturação e lutar para mudar esta estrutura. O problema é quando não se quer mudar esta estrutura para puxar o saco da direita anticlerical.
Tão conservador quanto Javé, no Velho Testamento, é Jesus Cristo que diz em Lc 4.43 que ele foi enviado para anunciar a construção de uma nova sociedade em contraposição à atual que ele chama de Reino de Deus, quebrando os ditames da Ditadura do Pensamento Único que diz que esta possibilidade não existe; por isso ele tinha que ser crucificado como um conservador altamente reacionário, perigoso, uma ameaça ao sistema vigente (Lc 23.2;5), pois andava contra a lógica do sistema vigente (Jo 11.47-48). Jesus diz que o Reino de Deus aponta sempre e insistentemente para a construção de uma nova sociedade em oposição à sociedade atual, hoje o capitalismo. Quando Jesus fala do Reino de Deus ele está sendo atrasado e conservador, pois sonha com uma nova sociedade igualitária em oposição à moderna sociedade romana, baseada na sociedade de classes, senhores versus escravos, baseado nos valores da família (onde o pai era o dono da mulher, dos filhos, dos escravos e da propriedade, assim como César era o pai do império e dono do Estado) e da religião (que era o fundamento e a base da sociedade para legitimá-la), cujo lema era: paz e segurança (1 Ts 5.3), parecido com o nosso lema: Ordem (ordem capitalista - cassetete democrático para os movimentos populares que lutam por justiça) e Progresso (progresso capitalista - advindo da exploração da classe trabalhadora). A paz romana era a paz do cemitério e a segurança eram as tropas romanas devastando e conquistando os povos vizinhos, como os USA e seus aliados capitalistas cristãos o fazem hoje.
A Ditadura do Pensamento Único que tem a função de legitimar a Ditadura do Capital diz que não há outra possibilidade de organizar a vida e a sociedade além do capitalismo. Diante disto o cristão batizado e crente em Jesus Cristo diz o que? O cristão diz: Isto é uma grande mentira, pois há outra forma de organizar a vida e a sociedade além e em oposição ao capitalismo. Onde isto está escrito? Isto está escrito, já há dois mil anos, na Bíblia. Que proposta é essa? O Reino de Deus. Isto Jesus diz em Lc 4.43: “É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado”. Jesus veio para mostrar que existe outra possibilidade de organizar a vida e a sociedade que é o Reino de Deus. Portanto, cada cristão é um subversivo em potencial, pois tem a tarefa de subverter a ordem do capitalismo na tentativa de acabar com ele para implantar o Reino de Deus como sua tarefa missionária; lembrando que o/a cristão/ã apenas é um instrumento de Deus, pois esta tarefa de construir o Reino de Deus é do próprio Deus, o/a cristão/ã apenas é um convidado especial nesta tarefa subversiva de subverter a ordem estabelecida pelo capital, que é a sociedade de classes, onde a classe capitalista oprime e explora a classe trabalhadora. A nossa tarefa subversiva é acabar com esta sociedade de classes para que todos/as sejamos irmãos/ãs. A inspiração desta subversão cristã está no Evangelho de Jesus Cristo que usando as palavras do profeta Isaías diz segundo Lc 4.18-19 incitando à revolução e à desobediência ao sistema que gera a desigualdade: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”. Jesus usando as palavras do profeta denuncia a desordem reinante baseada na injustiça e na opressão. Esta desordem tem que ser eliminada, pois a ordem evangélica é que não haja pobres, nem escravos, nem doentes, nem oprimidos e que a terra esteja ao alcance de todos que nela querem trabalhar (Lv 25). Por isso Paulo incita em 1 Co 9.16 a proclamar esta subversão evangélica: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” Por isso:
Ai de mim se eu não deixar claro que o capitalismo não é igual ao Reino de Deus, mas é o seu oposto. Ai de mim se eu me deixar enrolar e intimidar pelo capitalismo por medo da cruz (Lucas 9.23: Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.). Ai de mim se eu não denunciar o capitalismo como sendo um instrumento que o diabo usa para combater o Reino de Deus. Ai de mim se eu não denunciar o capitalismo como o instaurador do caos econômico, social e ambiental e por isso ele deve ser eliminado. Ai de mim se eu não for radical na divulgação da proposta central de Jesus Cristo que é o Reino de Deus em oposição ao capitalismo. Ai de mim quando estou com a mão no arado (Lc 9.62) para preparar a terra para semear o Evangelho do Reino de Deus ficar olhando para trás com saudade do capitalismo que está construído em cima da luta de classes e da opressão de classe e não na proposta da Ceia do Senhor como sinal do Reino já aqui e agora. Ai de mim se eu disser que creio em Jesus Cristo, mas defendo o capitalismo como única forma de organizar a vida e a sociedade. Ai de mim se eu não for radicalmente a favor do Reino de Deus e radicalmente contra o capitalismo. Ai de mim se eu confesso Jesus Cristo, mas o mais importante para mim é o capital como sendo o meu objetivo único e último. Ai de mim se eu adorar o capital como meu deus na prática da vida enquanto digo que creio em Jesus Cristo. Ai de mim se eu adoro a Jesus Cristo, mas acho que o capitalismo é a única forma de organizar a vida das pessoas. Ai de mim se eu confesso Jesus Cristo de forma falsa pela minha prática de vida na medida em que coloco o capitalismo como sendo da vontade de Deus. Ai de mim se eu usar o evangelho de Jesus Cristo para legitimar o capitalismo. Ai de mim se eu falar mal dos cristãos e persegui-los porque combatem o capitalismo, porque o entendem como instrumento do diabo. Ai de mim se eu me deixar contaminar pelo mundo, o capitalismo (Tg 1.27). Ai de mim se eu me conformar com este século, o capitalismo (Rm 12.1-2). Ai de mim se eu for amigo deste mundo, defendendo-o como única forma de organizar a minha vida, e querer ser amigo de Jesus Cristo ao mesmo tempo (Tg 4.4). Ai de mim se eu não for radicalmente subversivo frente ao capitalismo, assim como Jesus foi subversivo frente ao sistema romano aliado ao Templo (Lc 23.1-5).
Se eu olhar para isto tudo tenho que dizer que não sou nada radical! E só me resta dizer que nem Martin Luther: “Ora, eu nasci pecador e de todo debilitado. Daí me é impossível seguir as leis de Deus. Se eu, agora, não pudesse crer que Deus, por causa de Cristo, me perdoa meu fracasso, que lamento cada novo dia – eu estaria perdido. Eu teria de desesperar. Mas não faço isso. Não me penduro numa árvore como Judas. Eu me penduro no pescoço ou no pé de Cristo como aquela pecadora. Embora sendo pior do que ela – eu me agarro em meu Senhor Jesus. No último dia do juízo, ele diz a Deus, o Pai: ‘Este penduricalho aí precisa passar também. De fato, ele não observou nada e infringiu todas as tuas leis. Mas, Pai, ele se pendura em mim. Que importa! Eu morri igualmente por ele. Deixe-o passar.’ Assim é a minha fé.”
Em 1 Jo 3.13 diz: “Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia”. Isto foi escrito aos primeiros cristãos que eram subversivos por não obedecerem às leis do Estado, pois não sacrificavam aos deuses romanos e nem adoravam o imperador como deus e desta forma estavam subvertendo a ordem estabelecida pelo modo de produção escravista que controlava o aparato do Estado em seu favor. Mas quem disse que o mundo capitalista odeia os cristãos de hoje? Está maluco, são seus melhores aliados! Pense bem: o Bush, o Collor, o Sarney, o Delfin Netto, o Videla são todos cristãos batizados, como também o foram o Médici, o Geisel e o Pinochet. Como o mundo pode odiar tais pessoas? O mundo persegue apenas alguns cristãos cabeças duras (Fm 1, 23) que são conservadores e reacionários que lutam pelo direito e pela justiça e que apóiam os movimentos populares (Fm 2: nosso companheiro de lutas) e sonham com uma igreja renovada. Estes cristãos conservadores são contra o trabalho escravo, são contra a grilagem de terras do Estado, lutam pela preservação da floresta amazônica e do cerrado, são contra a construção das barragens no rio Uruguai e na região amazônica, são contra a superexploração da classe trabalhadora pelo capital nacional e internacional (são gente marginal, que vivem à margem do sistema e não sabem o que estão fazendo e não conseguem entender o progresso capitalista, enfim, são reacionários); os demais cristãos podem viver tranqüilos das migalhas que caem da mesa do poder (as políticas compensatórias, que compensam as desigualdades geradas pelo sistema econômico), que consideram benesses, do capitalismo quando os capitalistas ou até o Estado capitalista lhes oferecem alguns favores, muitos em troca de futuros votos.
Falando em benesses em troca de votos, vai aí uma história verídica: “Em Novo Xingu, RS, havia um rapaz muito obeso e um candidato da direita a deputado estadual, médico, prometeu-lhe que faria a redução de seu estômago de graça se conseguisse 150 votos. A família se empenhou e conseguiu os 150 votos e o rapaz foi fazer a cirurgia. Mas três meses depois ele começou de novo a engordar e voltou ao peso normal de 150 kg. Tempos depois teve que fazer uma endoscopia e o que se descobriu? Eles apenas haviam feito um corte na sua barriga, mas não fizeram a redução do estômago. Mas os 150 votos o tal deputado ganhou. E o tal deputado até já foi secretário de governo de estado e hoje é aliado do governo federal, tudo companheiro!” Assim como também é companheiro o Delfin Netto que é o mentor e o criador da OBAN que depois virou Doi-Codi que torturou milhares de pessoas que lutavam pela democracia, inclusive a Presidenta Dilma, e matou dezenas de pessoas, tudo companheiros! Entendem agora porque a tecla DELET para os ricos não consta no teclado do sistema capitalista?
Em 1 João 2.15 está o alerta: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”. O mundo é o que hoje se chama de capitalismo, instrumento do diabo, como nos lembra Martin Luther: “Por isso o pregador deve conhecer o mundo muito bem e reconhecer que ele é desesperadamente mau, propriedade do diabo, na melhor das hipóteses”.
Conservador ainda é o fato de eu, como também o conservador Baeske, falar e insistir nas palavras de outro conservador, velho e antigo, de 500 anos atrás, chamado Martin Luther que lá pelas tantas diz: "Olha para a tua vida. Se não te encontrares, como Cristo, no Evangelho, em meio aos pobres e necessitados, então que saibas que a tua fé ainda não é verdadeira, e que certamente ainda não provaste a ti o favor e a obra de Cristo" (você está do lado e no meio dos pobres ou é puxa saco da burguesia e só fala o que ela quer ouvir?); esta é a idéia básica de seu mestre conservador Jesus Cristo que insistentemente falava do Reino de Deus que sempre aponta para uma nova sociedade não capitalista, construída a partir dos pequenos (Lc 10.21), dos fracos (I Co 1.25-29), dos trabalhadores (I Co 4.12), das mulheres (Lc 8.1-3; Rm 16.6,12,15), dos escravos (I Co 11.22,33; Fm 15-17; I Pe 2.18), dos que são considerados o lixo da sociedade (1 Co 4.13), dos estrangeiros e migrantes que não tem direitos políticos e não tem terra (I Pe 1.1; 2.11), enfim dos paroikoi. Imaginem que idéia maluca (I Co 1.18), reacionária e sem nexo, segundo a modernidade: uma nova sociedade construída a partir da ralé! Pode uma coisa destas?
Em falando da ralé adiciono um texto da pastora Luceny de Roraima: “Na tarde da quarta-feira (22/06/2011) desloquei-me mais uma vez para o Ponto de Pregação Confiança. Em conseqüência das chuvas deixei o carro na garagem e fui de ônibus. São 68 km. Destes uns 16 Km de estrada de chão em péssimas condições. O culto realizou-se na residência da Venita e do Celso. Pernoitei na casa da Meraci que me acolheu com tanto amor, carinho em sua humilde casa. Imaginem que ela não tem cama para os filhos dormirem, os mesmos dormem em colchão no chão, mesmo assim, ela me acolheu com prazer e alegria. Foi muito significativo. Após o culto, conversamos até altas horas da noite. Outro fato que chama atenção: O casal Vitor e Gleidiane com seus cinco filhos, junto com os avós das crianças D. Sibila e o Sr. Armando, mais o Sr. Selmo e a Sra Vera se deslocaram de sua casa na carroceria do trator para poder participar do culto. Isso para mim é uma lição de vida e de fé que deve ser compartilhada para despertar as pessoas que estão acomodadas. Visitei também a família da Ana. Ana morava em Boa Vista. Sua casa foi alagada. Ela perdeu móveis, a casa. Ela se mudou para Confiança, onde moram os pais. A atual casa onde ela mora com seus cinco filhos é pequena, de madeira, coberta de palha, sem piso. Por chover dentro, jogaram uma lona sobre a palha. Ela e o marido ainda estão sem trabalho. Em meio a tantas dificuldades, em meio a tanta simplicidade, humildade, o Evangelho é acolhido como força que gera, cria e mantém a vida. Abastecidos com a pregação da Palavra de Deus e com o Pão da Vida, corpo e sangue de Cristo na Ceia do Senhor estes membros continuam a luta na certeza de que Deus está presente, as acompanha e sustenta na caminhada”.
É esta ralé que também compõe a IECLB, pela graça de Deus. Na verdade, a esmagadora maioria dos membros da IECLB são da ralé, que é a última esperança desta igreja. Digo a ‘última esperança’ e não a ‘única’ porque Jesus Cristo é a única esperança para esta igreja e não o capitalismo e suas formas de se reproduzir pela ideologia da classe dominante e pelo capital. São os pobres que mantém esta igreja viva e economicamente, mesmo que a pequena burguesia diga o contrário. Os ricos e os remediados, que se consideram ricos, sempre dizem que são eles que mantêm a igreja para que possam dar a direção teológica da igreja e para que ninguém invente de falar do Jesus encarnado na classe camponesa que é uma ameaça ao projeto da elite. Seria interessante se na reunião do Conselho da Igreja se lesse, como parte da meditação baseada em I Co 1.26-29 e 4.8-13, este texto da Pa Luceny para que possam por os pés no chão em suas discussões e decisões. Que Deus nos ajude! A coisa está, como dizem os Hunsrücker: Es ist zum kreische!
Enquanto isso, num certo país social democrata neodesenvolvimentista (isto que a social democracia já é um grande avanço neste país do capitalismo selvagem que sempre foi o quintal dos USA; mas nunca esquecer que foi a social democracia que assassinou com um tiro na nuca a Rosa Luxemburg e o Karl Liebknecht e o executor foi o Gustav Noske da direção da social democracia no poder), lemos notícias como esta: “Cerca de 150 famílias oriundas de bairros que serão alagados pela construção da Usina de Belo Monte foram despejadas violentamente nesta quarta, 22/6, de um terreno ocupado no início da semana em Altamira. Sem mandado de reintegração de posse, as polícias Civil e Militar usaram balas de borracha e bombas de gás para despejar os ocupantes. 40 pessoas foram detidas e levadas a delegacia - entre elas, três menores de idade. "A empresa vai botar o povo debaixo d'água. Se ela tem coragem de mandar expulsar a gente, como não tem coragem de enfrentar o povo, de dizer que a gente vai ficar no fundo? Igual em Tucuruí. Minha casa está até hoje no fundo lá e eu nunca recebi um real", gritava para a imprensa uma das sem teto ocupantes. Sua mãe fora detida pela polícia”.
Para a ralé o cassetete democrático! Para o capital os incentivos fiscais e os financiamentos do BNDES em longo prazo e a juros baixos (que é dinheiro do povo usado contra ele). O consórcio Norte Energia que construirá a UHE de Belo Monte contará com 80% de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desconto de 75% no Imposto de Renda e controle operacional de uma subsidiária da Eletrobrás, apesar de oito das nove empresas integrantes do consórcio serem da iniciativa privada. O Programa de Sustentação de Investimento (PSI) do governo federal é um dos mais vantajosos do país atualmente, por ter juros anuais de 4,5% - na prática, juros negativos, portanto, são subsídios, pois a inflação de 2010 foi de 5,9%. Governo e as grandes construtoras discordam sobre o custo de Belo Monte. Brasília calculou R$ 19 bilhões. As empresas estimam R$ 30 bilhões, incluíram certamente aí o superfaturamento da obra. Para o capital? Tudo! Tudo mesmo. Para o povo? Cassetete democraticamente distribuído!
Qual a diferença entre um capitalista da Igreja Universal do Reino de Deus, de um católico romano, de um da Assembléia de Deus e de um luterano da IECLB? Nenhuma. Como nenhuma? Isto é heresia e blasfêmia! Não existe nenhuma diferença entre eles porque todos negam a Jesus Cristo. Mais blasfêmia! Que horror! Como negam a Jesus Cristo? Negam a Jesus Cristo porque colocam o capitalismo em primeiro lugar e acima do Evangelho do Reino de Deus. É o que fala o Manifesto Chapada dos Guimarães. O capitalista sempre exige que o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo se submeta e se adéqüe a seus interesses. No tempo da ditadura militar de 64 alguns capitalistas em nossa igreja denunciavam os seus pastores ao Dops como subversivos porque com a sua pregação ameaçavam a ditadura. Na verdade não ameaçavam a ditadura apenar, mas o capitalismo, pois a ditadura é somente uma forma do capitalismo se reproduzir, como também a guerra (veja as “guerras justas” promovidas pelos portugueses contra os povos indígenas que não se submetiam aos interesses do capital português e veja a guerra do Iraque e do Afeganistão de hoje, são formas do capital se reproduzir: saquear as riquezas naturais e reconstruir o destruído pelas bombas). Não existe nenhuma diferença entre os capitalistas de qualquer igreja cristã, pois todos dizem e defendem que não há outra forma de organizar a vida e a economia além do capitalismo. É aí que se nega a Jesus Cristo e aí está a traição ao Evangelho do Reino de Deus pregado por Jesus Cristo, pois este Evangelho diz que há outra forma de organizar a vida de toda a humanidade que é o Reino de Deus. Quando se prega que somente existe o capitalismo como forma de organizar a vida está-se negando o Evangelho de Jesus Cristo que coloca o Reino de Deus como a forma que Jesus coloca como a melhor para a nossa vida e toda a humanidade, incluída aí a sobrevivência do Planeta Terra. Desta forma, defender o capitalismo é negar e trair a Jesus Cristo. Os capitalistas querem que todos se submetam à Ditadura do Capital; o Evangelho de Jesus Cristo, porém, liberta (Gl 5.1). Por isso Jesus falou em arrependimento, conversão e fé no evangelho (Mc 1.15) que significa eliminar a origem do pecado, que é o capital que domina sobre as pessoas como um deus exigindo sacrifícios que se concretizam pela guerra, pela pobreza, pelo trabalho extenuante. Por isso é nossa tarefa como cristãos acabar com o capitalismo e nunca defendê-lo e muito menos reproduzi-lo. A nossa luta contra o capitalismo parte da fé em nosso Senhor Jesus Cristo que nos mostrou outro caminho, o caminho do Reino de Deus. Só Jesus salva! O capitalismo não salva, mas mata. Só Jesus mostra o caminho da salvação: o Evangelho do Reino de Deus, que passa pelo próprio Jesus que é o caminho, a verdade e a vida. Arrependei-vos e crede neste Evangelho (Lc 8.1; 16.16). Assim, o cristão é essencialmente subversivo a partir do batismo e da fé em nosso Senhor Jesus Cristo. A partir do batismo fomos enxertados na videira que é Jesus Cristo (Jo 15.5) e por isso a seiva do Evangelho do Reino de Deus nos alimenta e nos conduz. A tarefa do cristão é subverter a ordem estabelecida pelo capitalismo e participar, a partir da fé em Jesus Cristo, da construção de uma nova ordem: o Reino de Deus. A partir daí vem a cruz, com toda a certeza. Esta é a loucura da palavra da cruz (I Co 1.18), que reduz a nada as coisas que são (I Co 1.28): o Modo de Produção Capitalista. Esta é a radicalidade do Evangelho de Jesus Cristo.
A gente sempre ouve os capitalistas dizerem: eu tenho e fiquei rico porque trabalhei. Mentira! Mostra-me uma pessoa que ficou rica apenas com o trabalho de suas próprias mãos e de sua própria inteligência. Ninguém fica rico apenas com o trabalho de suas próprias mãos. Só se fica rico usando o trabalho de outros. Só se fica rico na base da exploração da mão de obra da classe trabalhadora pelo não pagamento do ‘trabalho excedente’ que gera o lucro (o capital se origina a partir do roubo do trabalho não pago, portanto a origem do capitalismo está ancorada no roubo), que é o objetivo primeiro e último de todo capitalista (o capitalista paga apenas o ‘trabalho necessário’ [na verdade o capitalista não paga nada a ninguém, pois é o próprio trabalhador que gera e produz o seu próprio salário e os encargos sociais correspondentes com o seu trabalho] que é o que o trabalhador precisa para sobreviver que é o seu salário, que esconde que existe exploração, pois não inclui todo o valor que produziu), não existe outra forma de enriquecer. Lembrando ainda que Jesus não recomenda o se tornar rico, como vemos em Mt 19.
Jesus era tão aficionado em seu conservadorismo (Jo 1.46: De Nazaré pode sair alguma coisa boa?) que em sua primeira pregação, segundo Marco 1.15, falou do Reino de Deus, que exige arrependimento e fé no Evangelho de Jesus Cristo, e aponta para a construção de uma nova sociedade em oposição à vigente contra o que pleiteava a Ditadura do Pensamento Único da época, e também foi a última coisa que falou aos discípulos, segundo Lucas, em At 1.3, antes de sua ascensão. O Reino de Deus é a sua mensagem central, portanto a proposta de uma nova sociedade a ser construída por Deus (pois, a missão é de Deus) com a nossa ajuda, como seus convidados especiais, algo totalmente maluco, desvairado, absurdo, impossível e conservador segundo a modernidade e a pós-modernidade. Este mesmo Jesus (divino e humano; como humano encarnado na pobreza virou um problema para a elite, pois isto denuncia sua opressão sobre os pobres e, pior, mostra que Deus não está do lado da elite) que veio para anunciar o evangelho do Reino de Deus em oposição ao reino do mundo também acabou sendo um problema para o Vaticano, recentemente, após a discussão sobre o livro de José Antonio Pagola: “Jesus. Aproximação histórica”. O Vaticano recomenda agora que ao se referir à Ele se diga apenas: Cristo (para se remontar apenas ao Cristo glorificado sem lembrar de sua condição humana e social e de sua postura na luta de classes em favor do povo oprimido e sem lembrar da cruz e dos motivos da crucificação; a teologia da cruz não é o forte das igrejas), pois o Jesus divino tornado humano na classe camponesa palestina é um problema sério para a igreja romana (o Deus tornado pessoa optou [e continua fazendo hoje a mesma opção], na luta de classes, em ficar do lado da classe camponesa tornando-se um camponês sem terra, um expropriado, portanto a classe que, junto com a escrava, sustentava o Império Romano), como para todos os cristãos modernos, que não agüentam que Deus se fez pessoa num camponês empobrecido (2 Co 8.9; Fp 2.7) que andava com a ralé. Heckes fui, que nojo! É o Deus camponês se inserindo na luta de classes para acabar com a luta de classes, eliminando as classes sociais a partir desta nova sociedade que ele chama de Reino de Deus. É a religião (Deus) na forma de Evangelho tomando lado na luta de classes e assumindo as conseqüências nesta luta: a cruz. Hoje se diz que a igreja (a religião) não deve tomar partido na luta de classes (gera conflitos na comunidade, com a burguesia, é claro, que quer continuar indefinidamente explorar a classe trabalhadora e não admite que ela lhe faça resistência; senão não dá para explorar o povo em paz); mas desta forma já toma partido ao lado da classe capitalista. Esta é a intenção. Deus sempre bagunça o coreto e não se comporta direito conforme as exigências da classe economicamente dominante e dos que assumem a sua ideologia, por isso tem que ir para a cruz. Subversivo! Reacionário! (aquele que reage diante da opressão)
Isto subverte toda e qualquer ordem capitalista que se apóia na teologia da prosperidade e da bênção para legitimar a riqueza advinda da exploração capitalista e imperialista da mão de obra da classe trabalhadora e da natureza. Deus tem esta mania subversiva de não querer agradar ao pessoal do Templo (Jo 2.13-22), da religião, que sempre quer legitimar a opressão do Estado que é um aparato a serviço da classe economicamente dominante. Este conservadorismo de Deus é insuportável e revoltante: se tornar alguém da classe camponesa e ainda por cima empobrecido e palestino/judeu: a união e a síntese dos que hoje não conseguem se unir e seguem nesta luta fratricida insuflada pelos USA que apóia a política assassina de Israel. Se Jesus ao menos fosse europeu, branco, loiro de olhos azuis e da classe dominante! Não, tem que ser moreno, empobrecido, sem terra, sem teto, migrante e ainda por cima asiático! Tem a cara dos migrantes africanos e asiáticos de hoje que querem entrar na Europa e afundam às centenas em seus barcos frágeis e superlotados no Mar Mediterrâneo e nem ao menos são notícia na TV, que nojo! Argh! Assistimos hoje a uma invasão ao contrário: os invadidos tentando invadir os invasores, porém sem um exército ultra armado para proteger o capital e os missionários cristãos que vem junto para acalmar este povo para que se deixe explorar sem reclamar; querem apenas viver dignamente, mas isto lhes é negado pela civilização cristã européia. Que se contentem e fiquem onde estão com a terra arrasada deixada pelos conquistadores e colonizadores! Nem estão pensando em conquistar e saquear como os invasores europeus dos séculos passados e de hoje como se vê no Iraque. Isto lembra a dinâmica proposta pelo Reino em Mt 25.31-46, mas este é apenas mais um texto. O importante é falar-lhes apenas que Deus é amor, que se contentem com isto! Mania de estes pobres miseráveis quererem agora as benesses advindas dos saques de seus países que estão destinados apenas aos saqueadores e aos seus descendentes. Vocês acham que foi fácil colonizar estes países bárbaros? Tivemos que empreender várias ações corretivas para ensinar a estes selvagens a trabalhar e a nos obedecer e nem a Palavra de Deus ensinada pelos nossos missionários ajudava mais para torná-los submissos. Nos esforçamos para ensiná-los a serem civilizados e como eles nos agradeceram? Nos agradecem com revoltas, insurreições e querendo ser independentes. Tivemos que mobilizar nossas forças armadas para pacificá-los. Agora eles acham que são iguais a nós e querem viver em nosso meio e usufruir dos mesmos direitos sociais que foram construídos para nós. E olhem a arrogância e a petulância destes infelizes: dizem que a nossa riqueza foi construída com o seu trabalho e com o saque dos bens naturais de seus países! Agora desembarcam como hordas bárbaras em nossas praias e tem a petulância de querer ter o direito de morar em nosso meio, esses mortos de fome! Muitos destes colonizados ainda querem ter o direito de ter a cidadania européia por terem feito parte dos impérios europeus do passado. Onde nós estamos?!
Meu conservadorismo é doentio, morbidamente doentio (significa duplamente doentio), pois não consigo viver sem esta esperança do Reino de Deus que aponta insistentemente para a construção de uma nova sociedade não capitalista (At 2.42-47), pois sem esta esperança estaríamos condenados eternamente ao presente dominado e governado pelo capitalismo opressor. Meu conservadorismo é tão doentio que continuo insistentemente falando que o capitalismo é um instrumento que o diabo usa para tentar impedir a construção desta nova sociedade não capitalista que Jesus chama de Reino de Deus. Meu conservadorismo é tão doentio que continuo dizendo que o capitalismo é obra do diabo porque se baseia na ideologia da Ditadura do Pensamento Único que diz que não há esperança e alternativa ao capitalismo, que o nosso futuro já expirou, tem a data de validade já vencida, pois viveremos eternamente o presente sob o capitalismo. Meu conservadorismo é tão doentio que por causa de minha fé no Cristo crucificado e ressurreto que pregou o evangelho do Reino de Deus tenho que lutar contra o capitalismo, que é o que a Bíblia chama de mundo (1 Jo 5.19: Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.) e século com o qual não podemos nos conformar (Rm 12.1-2) e nem nos deixar contaminar (Tg 1.27). Meu conservadorismo é tão doentio que não me adapto à modernidade proposta pelo capitalismo, pois continuo crendo que somente Jesus salva e não o capitalismo (At 16.31: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa). Muitos cristãos vivem dizendo que só Jesus salva, mas defendem o capitalismo a ferro e fogo como se fosse seu deus. No tempo da ditadura militar pessoas da diretoria da comunidade de Cunha Porã denunciaram o pastor Silvio Meincke ao Dops como subversivo (o que não deixava de ser verdade: ele era e continua sendo subversivo, pois crê no evangelho do Reino de Deus e não no capitalismo). A ideologia do capital suplantou a teologia. Quem não consegue enxergar no capitalismo o instrumento do diabo, e portanto, não lutar contra ele para aniquilá-lo, o tornou seu deus. É disto que fala o Documento Chapada dos Guimarães aprovado no Concílio da Igreja em 2000. Leia-o e o divulgue!
Se somente Jesus salva, então o capitalismo não salva. Por que então muitos cristãos (a esmagadora maioria) não conseguem viver sem o capitalismo e não admitem a possibilidade da extinção e da eliminação do capitalismo e não lutam contra o capitalismo, mesmo sendo obra humana, portanto pecadora, passageira, finita e fadada a morrer e a desaparecer, como tudo o que é humano? Não esqueçamos: Só Deus é eterno! Eu sempre pensei que os cristãos não podiam viver sem Jesus (1 Jo 5.5: Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?); de repente descubro que a maioria deles não podem viver sem o capitalismo, que é obra e instrumento do diabo! Tirando as suas devidas conseqüências desta conclusão isto significa que adoram o diabo e não podem viver sem ele. Calma aí, esta é muito forte! (2 Jo 1.9: Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho.) Eu sempre pensei que os cristãos colocassem o Evangelho Reino de Deus que é a Palavra de Deus, como Lei e Evangelho, e os Sacramentos, que são a Palavra de Deus visível, em primeiro lugar e não o capitalismo [Hebreus 4.12: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.]. Eu me enganei, pois sou um conservador e estes “cristãos” são modernos, pós-modernos e progressistas; assim como foram modernos e progressistas os cristãos portugueses e espanhóis que vieram como uma grande empresa comercial para a América Latina para fazer missão e ganhar as almas para Cristo a partir de 1492 (o corpo ficava com os cristãos escravocratas para ser explorado pelo trabalho escravo para que o capitalismo pudesse dar um salto de qualidade na assim chamada Revolução Industrial que depois desembocou no imperialismo atual) e deixaram um saldo de 70 milhões de conservadores mortos porque se negaram a se submeter à modernidade e ao progresso do capital. É no que dá quando a gente se opõe ao progresso! Alguns cristãos até dizem que este é o preço do progresso. O atraso tem que ficar por baixo (da terra) e para trás para dar lugar ao progresso e ao desenvolvimento e hoje ao neodesenvolvimento.
Esta história de pôr debaixo da terra os que atrasam o progresso capitalista eu ouvi dizer que não são obra apenas de portugueses e espanhóis na América, mas também de alemães e italianos imigrantes. Esta história aconteceu no Novo Xingu, RS, lá pelos anos de 1940, contada por uma pessoa idosa, hoje já falecida:
“Conta-se que esta pessoa, que quando criança, foi brincar na casa do vizinho e viu atrás do chiqueiro várias cabeças de índios espetadas em estacas de taquara. Conta também que na sua Linha um italiano mandava os índios trepar no pinheiro e os derrubava a tiros de espingarda, só para ver o tombo. A outra história que entrou até no laudo antropológico provisório, feito no processo de requerer as terras do Novo Xingu como área indígena, como uma epidemia entre os índios, era na verdade assim: o bodegueiro na barranca do rio colocava pequenas quantidades de arsênico na cachaça e de repente os homens iam morrendo. O grupo indígena não sabendo o que estava acontecendo e pensando que era uma peste deixou o lugar”.
Nesta história é pobre deletando pobre a serviço do capital, pois a tecla DELET está no teclado do sistema com a função de apenas deletar os pobres, nunca os ricos e nem as suas propriedades e nem as suas riquezas; são coisas da configuração do sistema, imutáveis, dizem os programadores capitalistas. É assim, diz a Ditadura do Pensamento Único, adotado por muitos cristãos como a verdade última e não o evangelho do Reino de Deus anunciado e vivido por Jesus Cristo (que sempre aponta para a construção de uma nova sociedade não capitalista) e temos que aceitar as coisas assim como são. Nós cristãos, porém somos teimosos e não aceitamos a Ditadura do Pensamento Único e nem a Ditadura do Capital como única forma de pensar e de organizar a sociedade, pois adotamos o Evangelho do Reino de Deus como nossa proposta de vida. Ponto.
Escrevendo no dia 24 de junho de 2011 (o dia em que lembramos a vida e atuação do profeta João Batista, morto pelo poder do Estado que se sentiu ameaçado em seu poder pela sua pregação que exigia arrependimento e conversão ao Projeto de Deus encarnado em Jesus Cristo) da Vila Pratos (não da ilha de Patmos), Novo Machado (de novo o termo conservador: ‘novo’. Deve ser o novo machado a ser usado para cortar a raiz do sistema do qual fala João, o Batista, em Mt 3.10 e Lc 3.9: “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo”. Sabemos que a árvore capitalismo não produz bons frutos, daí o novo machado a ser usado para cortá-la.), Rio Grande do Sul (que será agora um rio muito maior, não será mais apenas um ‘rio grande do sul’, por causa das terras dos pobres camponeses que já foram e ainda serão alagadas, para se fazer um grande latifúndio abaixo d’água [as duas barragens de Garabi e Panambi inundarão 96 mil hectares de terra de milhares de pequenos agricultores], pelas barragens que já aumentaram o tamanho do rio grande e ainda o aumentarão mais, com a ajuda e o apoio da esquerda moderna e progressista [que tem uma atitude que no passado não muito distante se chamaria de pelega], o tamanho do lucro do capital): das barrancas do rio Uruguai ameaçadas de continuarem sendo ‘diluviadas’ pelos projetos da modernidade do capital planejados no tempo da asquerosa e assassina ditadura militar e legalizados e legitimados pelo Estado social democrata moderno e neodesenvolvimentista aliado a quase tudo e a todos os capitalistas progressistas à serviço do capital nacional e internacional, e também legitimadas por uma esquerda esquecida de seus ideais e éticas primárias, e apoiado pelos que antes eram a favor da Reforma Agrária e contra as Barragens que antigamente combatiam e chamavam de pelegos os que eram contra a Reforma Agrária e a favor das Barragens. Confusões dos sinais dos tempos! Entenda se puder! Além do mais você é pago para fazer e não para entender!
Günter Adolf Wolff, pastor da e na IECLB, até morrer porque fui ordenado sacerdote por Deus na hora do meu batismo (I Pe 2.5,9) no dia 26 de dezembro de 1951 e ordenado ao ministério pastoral em 15 de junho de 1985 em Chapecó, SC, mesmo sendo candidato a ser aposentado, velho, careca, conservador, reacionário e forçado à entrar oficialmente na inatividade pela conjuntura eclesial da AMA, que é resultado da modernidade privatista neoliberal na igreja.
Só para não esquecer: O Reino de Deus vencerá o capitalismo! (Ap 18.2-5). Isto acontecerá com a nossa ajuda ou sem ela, melhor seria se fosse com a nossa ajuda, pois aí isto seria como fruto de nossa fé (Mt 7.20). O capitalismo desaparecerá da face da terra, por ser obra humana, assim como desapareceu o Feudalismo, o Escravismo e o Tributarismo (ou modo de produção asiático como alguns preferem) e o Tribalismo (que ainda sobrevive de forma marginal que nem o escravismo). Esta é a dinâmica da História, é só uma questão de tempo. O problema é que estamos ficando com pouco tempo para salvar a humanidade da extinção promovida pelo capitalismo. No dia da vitória do Cristo seremos convidados a assistir ao grande banquete como nos relata o Ap 19.17-21. (Não se esqueça de ler este texto na Bíblia.)
Finalmente:
FIM!
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