Introdução
Mc 3.10: Pois curava a muitos, de modo que todos os que padeciam de qualquer enfermidade se arrojavam a ele para o tocar. 11 Também os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e exclamavam: Tu és o Filho de Deus!
Causas da Doença na Bíblia
Lv 11-15 – Leis a respeito da Saúde Pública
Mc 3.1: No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes, tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, 2 sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
Mc 4.3 Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. 4 E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. 5 Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. 6 Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. 7 Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto. 8 Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um. 9 E acrescentou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Mt 20.6: e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? 7 Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou.
Mt 25.14: Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu.
Mt 25.37: Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? 38 E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? 39 E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? 40 O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Mt 6.11: o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 12 e perdoa-nos as nossas dívidas,
Realidade da opressão de hoje que gera a miséria e a doença
1 - 02/09/2011 - O governo vai deixar de arrecadar R$ 24,5 bilhões até julho de 2013. Indústrias de confecção, calçados, móveis e softwares não pagarão mais a contribuição de 20% para a Previdência Social. Somente o subsídio que o Tesouro Nacional deverá aportar à Previdência Social, em função da desoneração da folha de pagamentos do projeto piloto anunciado pelo governo, custará cerca de R$ 1,3 bilhão anuais. Terão a alíquota previdenciária de 20% zerada sobre a folha de pagamento os setores de confecções, calçados, móveis, e tecnologia da informação. "Isso significa que esses setores terão um ganho. Essa desoneração é importante para regularizar o emprego e combater a informalidade. Essa medida tem um impacto neutro na Previdência Social", afirmou o ministro Guido Mantega (Fazenda). Exportadores de bens industrializados receberão de volta até 3% do ganho com a exportação. É uma compensação pelos impostos pagos ao longo da produção. O governo vai reduzir impostos sobre a compra de máquinas, equipamentos para a indústria, materiais de construção, caminhões e veículos. As medidas são para fortalecer a indústria nacional e tornar as empresas mais competitivas no mercado internacional.
A presidente Dilma Rousseff disse que é preciso proteger a economia: “Hoje, mais do que nunca, é imperativo defender a indústria brasileira e nossos empregos da concorrência desleal da guerra cambial, que reduz nossas exportações”, afirmou a presidente.
Para a oposição, o que foi anunciado nesta terça também não resolve o problema da indústria brasileira: “Não garante uma proteção integral e um apoio de uma política industrial integral para o conjunto todo da indústria brasileira”, afirma o líder do PSDB, o deputado Duarte Nogueira. Em outras palavras queremos mais!
2 - 02/09/2010 - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, afirmou nesta quinta-feira (2) que o Brasil deixou aproximadamente R$ 21 bilhões de arrecadar durante a crise financeira internacional, que atingiu o auge em setembro de 2008 e prejudicou o desempenho das principais economias do mundo em 2009. Para superar a crise, o governo isentou de impostos ou reduziu a carga de alguns segmentos do setor produtivo, como veículos, eletrodomésticos, materiais de construção, móveis, entre outras.
3 - O consórcio Norte Energia que construirá a UHE de Belo Monte contará com 80% de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desconto de 75% no Imposto de Renda e controle operacional de uma subsidiária da Eletrobrás, apesar de oito das nove empresas integrantes do consórcio serem da iniciativa privada. O Programa de Sustentação de Investimento (PSI) do governo federal é um dos mais vantajosos do país atualmente, por ter juros anuais de 4,5% - na prática, juros negativos, portanto, são subsídios, pois a inflação de 2010 foi de 5,9%. Governo e as grandes construtoras discordam sobre o custo de Belo Monte. Brasília calculou R$ 19 bilhões. As empresas estimam R$ 30 bilhões, incluíram certamente aí o superfaturamento da obra.
4 - Em 2009 jogamos 1 milhão de toneladas de veneno na terra brasileira. Estimativas apontam 75 mil casos de câncer por ano causado por agrotóxicos. Cada brasileiro come em média 5,2 kg de agrotóxico ao ano. O Governo alemão proibiu, provisoriamente, a classe de pesticidas neonicotinóides, conclusivamente ligados ao maciço desaparecimento de abelhas. Clothianidin é um pesticida da “família” neonicotinóides. Esta classe de substâncias químicas é aplicada às sementes e, em seguida, se espalha em todos os tecidos da planta. Com base em nicotina, os neonicotinóides são tóxicos para os sistemas nervosos de qualquer inseto que entra em contato com eles. O primeiro grande risco é a fragilização da produção mundial de alimentos, principalmente pelo fato de nós dependermos quase que exclusivamente das abelhas. Além disto, um risco secundário, mas não menos importante, é de afetarmos toda a ecologia local, porque essas abelhas também acabam polinizando as plantas nativas e, a partir do momento que você elimina os polinizadores, essas plantas nativas deixarão de se reproduzir e, com isto, nós poderemos estar alterando profundamente os ecossistemas. Uma das fases cruciais na existência de uma planta é o seu estágio reprodutivo, e hoje sabemos que 90% das plantas dependem da polinização realizada por animais, como abelhas e outros insetos. Se não tivermos esses animais, nós romperemos o ciclo de reprodução continuada das plantas. Isso poderá afetar profundamente a sobrevida destas espécies no mundo todo, no ecossistema. Se matarmos as abelhas a humanidade morrerá de fome num período de cinco anos.
O entendimento da importância da manutenção de áreas naturais como APPs e Reservas Legais na propriedade rural é fundamental, já que existe a concepção errônea de que a vegetação nativa representa área não produtiva, com custo adicional e sem nenhum retorno econômico para o produtor. No entanto, essas áreas são fundamentais para manter a produtividade em sistemas agropecuários, tendo em vista sua influência direta na produção e conservação da água, da biodiversidade e do solo, na manutenção de abrigo para agentes polinizadores, dispersores de sementes e inimigos naturais de pragas das culturas, entre outros. A pesquisa científica confirma os benefícios expressivos da polinização, como serviço ambiental, para a produtividade de culturas importantes. Os polinizadores podem ser responsáveis por um acréscimo de 50% na produção de soja; de 45 a 75% na produção de melão; 40% na produção de café; 35% na produção de laranja; 88% na produção de caju; 43% na produção de algodão; e 14% na produção de pêssego. Quanto ao maracujá, sua produção depende integralmente de agentes polinizadores. Os serviços prestados pelos polinizadores são altamente dependentes da conservação da vegetação nativa, onde encontram abrigo e alimento. Reciprocamente, a maioria das espécies nativas requer polinizadores específicos para conseguir se perpetuar.
A Missão de Jesus Cristo: anunciar e viver o Evangelho do Reino de Deus.
Lc 4.43: “É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado”.
“Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus”. Lc 8.1
Primeira pregação - “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. Mc 1,15
Última pregação – “A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus”. At 1.3
Olho qualquer ação de Jesus a partir de sua mensagem central: o Reino de Deus. Tudo o que falava e fazia era para mostrar como é esta nova sociedade, hoje, não capitalista: o Reino de Deus.
O movimento de Jesus viu, como principal obstáculo à realização do Reino de Deus na Palestina, o Templo e a estrutura classista que o Templo apoiava.
O evangelho do reino de Deus é a contraproposta de Jesus ao reino deste mundo (império romano aliado ao Templo de Jerusalém), hoje, o capitalismo; causador de muitas doenças, da mesma forma como o modo de produção escravista do tempo de Jesus.
Opressão e exploração econômica traz doença.
1. O exemplo da Vilma:
Vilma Fátima Favero era cultuada como “modelo” e “incentivo” a ser seguido pelos demais trabalhadores do frigorífico da Seara (então pertencente à Cargill, hoje à Marfrig). A gerência e seus capatazes aplaudiam tamanha rapidez e eficiência na sexagem. Além do bicampeonato brasileiro, Vilma Favero também foi vice-campeã, concorrendo com outros 52 incubatórios da Sadia, Perdigão, Avipal e da própria Seara.
Vilma Fátima Favero, “encostada” aos 42 anos, trabalhava na Seara de Sidrolândia, no interior do Mato Grosso do Sul, como “ajudante agropecuária”. “A gente separa os pintos, põe na caixa, vacina, forma o lote e põe no caminhão”. Cada trabalhador coloca milhares de pintos por hora nas caixas. Cada caixa tem cem aves. “Tinha gente que não agüentava e desmaiava, pois muitas vezes se varava a noite. Começava às duas da tarde e largava por volta da meia noite. Muitas vezes passava do horário, pois eram 130 mil pintos e apenas quatro pessoas para sexar. Se alguém faltava era pior, o trabalho acumulava para ser dividido entre quem se encontrava. O ritmo aumentava ainda mais, insuportável”.
Mostra mais fotos: ela própria separando os pintos, no jantar promovido pela empresa Merial, que fornecia as vacinas e os prêmios. O microondas conquistado, os demais colegas da equipe sorrindo. “Foi feita uma reportagem e até saiu na rádio. Deram uma festona. Éramos exemplo”. Não demorou muito tempo e a dor chegou, inclemente. Logo vieram os remédios, os laudos, a incapacidade crônica, permanente. E a negativa da empresa, que não reconhecia que ela trabalhava naquela seção e, consequentemente, a suspensão do convênio médico com a Unimed. As fotografias viraram provas materiais contra a empresa.
Hoje a dor é insuportável nos dois ombros, comprometendo o braço inteiro. A tendinite e as cinco hérnias de disco completam o quadro dantesco. “Não trabalhei um dia para a Seara. Não foi um dia, foram 14 anos, um mês e dez dias. Agora estou afastada há quatro anos. Nem o dono larga os cachorros como eles me largaram”, desabafa, com os olhos fixos. Numa das mãos mostra novamente a foto, jovem, premiada; na outra a radiografia da coluna em frangalhos. “Cortaram o meu plano médico e dizem que estou devendo oito mil reais para a Unimed”.
“Para a Seara, os trabalhadores são peças de reposição. Não se importam com a qualidade de vida das pessoas, estão sempre sugando, sugando. Assim, antes de emitirem o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT), que poderia garantir a estabilidade, eles já demitem”, denuncia a advogada Valdira Ricardo Galo Zeni. Acompanhando há dez anos as práticas da empresa na cidade, Valdira alerta que o grande problema das doenças ocupacionais é que não são visíveis: “eles estragam, dispensam e põem outro no lugar. As mulheres, por exemplo, acabam perdendo o movimento dos membros superiores e sequer conseguem pegar o filho no colo ou mesmo fazer um simples trabalho doméstico”.
2. Capitalismo mata – Vito Gianotti – Brasil de Fato, 21-27 de julho de 2011
A base do sistema capitalista é uma só: a exploração máxima dos trabalhadores e da natureza visando unicamente o lucro, ou seja, a multiplicação do capital nas mãos dos donos das empresas. O resto é conversa mole. Se o capital puder dispensar milhares de trabalhadores e deixá-Ios na sarjeta, fará isso sem nenhum problema. Uma empresa capitalista não é uma entidade filantrópica. Não tem nenhum objetivo social, humano, humanitário. Se puder acelerar o ritmo de trabalho até o extremo ela vai fazer. Quem morrer que morra. Há sempre milhões à espera de uma vaga.
Enquanto isso, iludidos ou enganadores falam de "responsabilidade social" das empresas. Outros fazem poesia com a tal "responsabilidade ambiental". Balelas. Para qualquer capitalista não entra na contabilidade a saúde, a vida dos trabalhadores dentro ou fora da empresa.
A pesquisa da Confederação dos Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA), junto com a UFRGS vem comprovar isso. Você sabia que em frigoríficos de cortar frangos, os trabalhadores têm que fazer até 90 cortes por minuto? Vejam alguns dados da pesquisa.
A "vida útil" dos escravos que viviam na época de Zumbi dos Palmares (1655-1695) e trabalhavam nas lavouras de cana era de 20 anos. Hoje, os trabalhadores dos frigoríficos do Rio Grande do Sul têm uma "vida útil" em média é de apenas cinco anos. O estudo mostra que 77,5% dos trabalhadores da indústria da carne sofrem de alguma doença relacionada ao trabalho. 96% precisam tomar medicação para suportar a dor. Mais: 99,5% dos 640 trabalhadores entrevistados dos frigoríficos de Capão do Leão, Bagé, São Gabriel e Alegrete são empregados de um mesmo grupo: o Marfrig, que se orgulha de ter 151 unidades espalhadas por 22 países.
É grande, sim, é verdade. Mas tão preocupado com a saúde e o bem estar de seus empregados, quanto os donos de escravos de séculos atrás. Prova disso é que 78% dos seus trabalhadores admitem sofrer dores constantes no corpo, principalmente nos ombros, braços, costas, pescoços e pulsos, causadas pelo esforço repetido feito por horas e horas, sem qualquer interrupção e em condições insalubres de frio externo e umidade intensa.
Os principais efeitos disso se revelam fora do ambiente de trabalho, quando as mãos ficam dormentes, os braços tremem e a dor aparece ao se fazer coisas simples como abotoar a camisa ou escovar os dentes. A pesquisa revelou que ao final de um dia de trabalho 43,9% sentem um "cansaço insuportável" que afeta o sono, causa depressão e prejudica a convivência familiar.
3. O exemplo da Foxconn:
Operário da Foxconn se queixa de pressão e ritmo de trabalho
"Da porta para fora, é uma coisa. Lá dentro, é outra", cochicha um dos funcionários em Jundiaí da Foxconn, a gigante asiática que anunciou em abril investimentos de US$ 12 bilhões para produzir iPads no Brasil. Operários na linha de produção da maior fornecedora de componentes eletrônicos do mundo reclamam de coação para fazer hora extra, pressão para atingir metas, ritmo de trabalho hiperintenso, múltiplos contratos de experiência e alta rotatividade. "Dizem que precisam de gente para sábado e domingo. Se a gente diz que não dá, perguntam: "Por quê? Que compromisso você tem?". Falam bem perto, assim [indica proximidade face a face]. A gente se sente coagido."
Nas varas do Trabalho de Jundiaí, há 166 ações contra a Foxconn, que emprega cerca de 3.000 pessoas na cidade. Dessas, 87% foram contratadas a partir de 2009. A Itautec, com 1.600 funcionários, acumula 151 ações desde 1994. A chinesa AOC (com 1.000 empregados), 41 ações desde 2008.
No ano passado, a empresa teve de modificar condições de trabalho na China após uma onda de suicídios. "Por causa da demanda de trabalho, com horas extras, ela conseguiu causar lesão em trabalhadores em seis meses, coisa que a gente não imaginava ser possível". Jornadas de trabalho longas, horas extras frequentes, teleconferências de madrugada, vigilância constante dos chefes, metas de produção irrealistas e inegociáveis.
O Evangelho do Reino de Deus veio para nos libertar disto, mas para isto acontecer temos que acabar com o capitalismo. Jesus salva, o capitalismo não salva. Jesus salva, o capitalismo mata. O capitalismo é obra humana, portanto, passageira e finita; o Reino de Deus é eterno, pois é obra de Deus e nós somos seus convidados especiais para participar de sua construção: começa aqui e se completa com a segunda vinda de Cristo no dia do Juízo Final.
As curas de Jesus fazem parte deste processo de salvação, não era algo meramente individual, isolado e desvinculado do processo de construção do Reino de Deus. Alguns curados seguiam Jesus e proclamavam a ação do Evangelho do Reino de Deus, outros não, mas sempre havia admiração no meio do povo. A restauração da vida plena contesta a realidade da doença gerada pela opressão. A cura é uma afronta ao sistema que o gerava, era subversão pura e denúncia profética contra a sociedade opressora. Os curados por Jesus como também o Lázaro ressurreto representa uma ameaça à sociedade por isto os sacerdotes também querem matá-lo (Jo 12.10). Jesus não faz nada por fazer, tudo é sinal do Reino de Deus, portanto contestação e apontamento para esta nova sociedade igualitária, não classista construída a partir do amor e contestatória da realidade da luta de classes existente no modo de produção escravista.
A igreja cristã fala muito da salvação que vem por meio de Jesus, mas fala pouco do Reino de Deus. O centro de sua pregação é Jesus Cristo e não explica a sua mensagem e proposta: o Reino de Deus. A salvação é para colocar dentro do processo de construção do Reino e não mero ato individual. Ser curado é começar a viver a salvação que me empurra para o processo coletivo de resistência contra o que produz a doença: o sistema ou a minha alienação advinda do sistema ou qualquer coisa externa: picada de mosquito que gera a dengue, que acontece por causa da ineficácia do modelo político de saúde adotado sem participação popular.
Salvação é cura, acolher, libertar, saúde, felicidade, terra, trabalho, etc.
Quem participa do Reino participa do processo de salvação coletiva; Mt 1.21: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (pecados individuais e coletivos, da sociedade pecadora na qual vivemos). Jesus veio para salvar todo o povo, salvação é um processo coletivo, não meramente e exclusivamente individual. Crer em Jesus é participar de uma comunidade de resistência, ex.: At 2 e 4, e não de conformação ingênua e apolítica com este século. Crer em Jesus é resistir e participar da construção do Reino de Deus. No crucifixo vemos pendurado um camponês sem terra palestino subversivo (Lc 23.1-7) torturado até a morte pelo Estado por não se conformar com este século (Rm 12.1-2) para salvar “o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21), sendo a salvação um processo coletivo (Zc 8.7; Dn 12.1; Sl 18.27; Sl 28.9; 2 Sm 22.28) e não meramente individual. At 16.31: Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.
Visualização da participação do Reino de Deus hoje:
A construção do Reino de Deus abarca o:
1. Econômico: socialização dos meios de produção – At 2 e 4 – socializar o consumo e o processo produtivo em oposição ao sistema que privatiza o consumo e o processo produtivo, incluídos os meios de produção. O sistema privatiza a mão de obra (na época escrava) e os meios de produção: a terra, as minas, os meios de transporte (navios), o Reino de Deus coletiviza: reúne em comunidade e coletiviza os meios de produção.
2. Ideológico: não adorar a César como deus e nem outros deuses desestabiliza todo o sistema, se desmonta a base ideológica que dá sustentação ao sistema político e econômico. Quando Jesus diz ter que destruir o Templo ele não durou uma semana. O mundo antigo estava construído em cima da religião. Desprezar a religião oficial é subversão. A religião legitimava o escravismo, o militarismo e o imperialismo. II Timóteo 3.12 é claro sobre isto: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”.
3. Político – At 6 – democratiza as funções – desmonta o poder centralizado para servir melhor e pregar melhor; lembra Ex 18. Amplia a participação do processo coletivo de construção do Reino de Deus. A construção do Reino de Deus parte dos empobrecidos: trabalhadores braçais, escravos, mulheres, estrangeiros, sem terra.
4. Cultural – reproduz a cultura do dominado, do pobre e não do opressor:
Casa – Deus Pai e não César: pai da pátria e o pai da casa: dono da mulher, filhos, escravos e terra
Eclésia – assembléia do povo de Deus onde todos participam e não apenas a elite escravocrata.
5. Social – vida em comunidade – Ceia do Senhor – coleta para os pobres – visita a viúvas e órfãos - diaconia. Não isolamento e individualismo, pois o Reino de Deus é diaconia (viúvas visitam pobres, batizandos visitam empobrecidos e doentes) – é um processo coletivo. Não há salvação meramente individual desvinculada de um processo de luta e resistência contra o sistema dominante, pois o Reino de Deus é oposição ao sistema que não cai sozinho, mas com nossa luta por uma nova sociedade não capitalista.
6. Religioso – Evangelho do Reino de Deus em oposição à religião, que tem a função de legitimar o sistema. Evangelho é contracultura é para derrubar o sistema (Lc 23.1-5; Jo 2.13-22).
Comblin numa palestra em El Salvador sob o tema: “O que está acontecendo na Igreja?” diz: “O evangelho vem de Jesus Cristo. A religião não vem de Jesus Cristo”. Aí entra o comentário de José María Castillo (publicado na página do IHU): “E isto, o que tem a ver com o que está acontecendo na Igreja? Muito simples: na vida e no funcionamento da Igreja, a religião ocupa mais espaço e tem maior importância do que o evangelho. O evangelho expressa a vontade de Deus que busca o homem (leia-se pessoa). A religião expressa a vontade do homem que busca a Deus. Portanto, de entrada, evangelho e religião são dois movimentos radicalmente contrapostos. A religião é um “fato cultural”, ao passo que o evangelho é um “fato contracultural”. O que acabo de indicar explica como e por que, no cristianismo, ocorre que a presença da religião (elaborada na cultura do Ocidente) é mais forte e mais determinante que o evangelho, que teria que ser a força de contestação e transformação da nossa cultura do Ocidente, que é, até hoje, a cultura dominante num mundo sobrecarregado de desigualdades, injustiças e violências. O fato é que, como disse Comblin, as coisas chegaram a colocar-se de maneira que Jesus é mais “objeto de culto” do que “modelo de seguimento”. Mas, sabemos de sobra que o culto não muda a vida das pessoas, mas que antes a tranquiliza. Só o seguimento – que é o que Jesus pediu aos discípulos – seria capaz de mobilizar as pessoas para reorganizar uma Igreja mais de acordo com o evangelho, mesmo que isso tivesse o enorme custo do enfrentamento com tantos elementos anticristãos que marcaram a cultura em que vivemos”.
Está aí a explicação da situação em nossas igrejas onde a Religião se sobrepõe ao Evangelho. Está aí a explicação porque o nosso culto não muda as pessoas e nem as faz se engajar na luta para a transformação de nossa realidade a partir do Movimento Popular, Sindical, ecológico e luta político partidária de esquerda. O nosso culto e demais atividades “religiosas” fazem parte da “Religião”, que tranqüiliza, acomoda, aliena, e não do “Evangelho”, que transforma, revoluciona, subverte, agita (At 24.5-6) a partir da fé em Jesus Cristo. Essa é duro de engolir. Mas parece que é assim. E aí, o que sobra? O que faremos?
Estamos destinados como sacerdotes a “tranqüilizar” o povo?
Usar o Evangelho para legitimar o capital (que manda no Estado e este lhe dá o suporte para sobreviver) é o nosso pecado maior. I Sm 12.19: “Além de todos os nossos pecados, ainda pecamos ao pedir um rei”. O Evangelho não pressupõe a existência do Estado, pois o Estado é o aparelho da classe economicamente dominante para perpetuar a sua exploração sobre o povo (I Sm 8). Deus sempre combateu o Estado – Dt 6.20-23; Ex 3. Jesus é uma ameaça ao Estado – Lc 23.1-5; Jo 11.47ss; Herodes vê em Jesus uma ameaça - Lc 13.31-32: “Naquela mesma hora, alguns fariseus vieram para dizer-lhe: Retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te. Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso demônios e curo enfermos e, no terceiro dia, terminarei”. Jesus ataca o Templo como instituição do Estado para legitimar a opressão (Jo 2.13-22)
Jesus propõe uma sociedade sem classes, sem Estado, igualitária, (Gl 3.28: Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.), de concidadãos dos santos (Ef 2.19); construída pelos empobrecidos citados em Mt 25.31ss que trabalham com suas próprias mãos (1 Co 4.12) [a elite não trabalhava] para reduzir a nada o que é (I Co 1.26-29): o império romano, hoje o capitalismo.
Cura é reconstrução da vida destruída pelo sistema. Reino de Deus é reconstrução da sociedade alienada e oprimida. A cura faz parte da reconstrução da sociedade e das pessoas. A centralidade do Reino está na reconstrução da pessoa oprimida; deixar a criação de Deus ser criação plena de Deus. Jesus recria a criação de Deus com a cura, com o acolhimento, com o amor, com o amparo e com a eliminação das leis opressores do AT e da interpretação do Templo e seus defensores: fariseus, saduceus, escribas e sacerdotes (João 7.49: Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita.).
A cura é sinal do reino de Deus já agora. Cura pela fé em Jesus Cristo; a fé é central. Fé é graça, sem pagamento, de graça. Salvação por graça e fé segundo Paulo (Ef 2.8: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus), sem sacrifícios pagos no Templo. Cura acontece longe do Templo e não por intermédio dele. A cura traz seguimento voluntário e divulgação da ação de Cristo (Mc 1.40-45)
As curas de Jesus são sinais do Reino de Deus:
Muitas outras curas (Mt 8.16-17; Lc 4.40-41)
Mc 1.32 “À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os enfermos e endemoninhados. 33 Toda a cidade estava reunida à porta. 34 E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfermidades; também expeliu muitos demônios, não lhes permitindo que falassem, porque sabiam quem ele era”.
Pobreza e opressão como as causas de doenças. Jesus combate o reino deste mundo curando e acolhendo os excluídos para mostrar como é o Reino de Deus e que ele já começou. Lc 17.21: “Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós”. Mt 12.28: “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós”. Curar, acolher e conviver com os empobrecidos e adoecidos é pura subversão num mundo de exclusão e doença causada pela opressão. Curar é resistir contra a opressão do sistema econômico que cria a doença pela miséria e opressão; é mostrar que uma nova sociedade é possível: o Reino de Deus. Jesus não se conforma com a Ditadura do Pensamento Único que diz que não existe a possibilidade de se construir uma nova sociedade viveremos eternamente sob e no capitalismo. Não temos futuro, o nosso futuro é o presente. Porém, o Evangelho do Reino de Deus sempre aponta para a construção de uma nova sociedade no futuro, a partir do agora.
Na luta de classes existente na sociedade em que Jesus vivia Ele opta em viver na classe camponesa e a partir dela construir a nova sociedade que Ele chama de Reino de Deus. E no Reino de Deus a doença não tem espaço, pois é contrária à vontade de Deus, apesar da sociedade envolvente dizer que era castigo de Deus. A sociedade opressora sempre coloca a culpa do sofrimento sobre o que está sofrendo, o pobre e o doente são culpados de sua própria situação, pois são pecadores. Por isso Jesus sempre diz ao curar alguém: A tua fé te salvou.
Mc 10.52: Então, Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora.
Lc 7.50: Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.
Com isto Jesus diz que a cura e a salvação vêm pela fé e não pelo cumprimento da Lei – Torá. Além disto, é Deus que está curando, pois Jesus é Deus e homem ao mesmo tempo. Se Deus cura a doença é porque ele não quer a doença e com isto está apontando para as causas da doença; já que a causa não vem de Deus por ser seu castigo, então a causa é outra: a realidade opressiva. Doença e opressão, de todos os tipos, andam juntas. Úlcera do estômago vem do stress e da raiva. Excesso de trabalho cria doença: hoje as doenças do trabalho. As causas são psíquicas e econômicas: stress por causa do trabalho opressivo.
Contando todos os milagres presentes nos quatro evangelhos, podemos classificar assim cerca de 30 relatos de gestos prodigiosos de Jesus. Ele dirige seus milagres para determinados tipos de pessoas: as crianças (Mc 5.41), as mulheres (Mc 5.25), as viúvas e os órfãos (Lc 7.11), os pecadores (Mc 2.5), os samaritanos (Lc 17.16), os estrangeiros (Mc 7.26). Todas as pessoas marginalizadas no sistema religioso do judaísmo. Jesus cura as vítimas do sistema (Mt 25.31-46) e com isto denuncia o sistema opressivo e o combate desfazendo a opressão e capacitando para, agora com saúde, lutar contra a opressão.
1. Os milagres são sinais da chegada e realização do Reino de Deus que Jesus anuncia.
2. Os milagres de Jesus atingem todos os aspectos da realidade.
3. Os milagres não têm a intenção de “provar” que Jesus é Filho de Deus, nem dispensam a necessidade de crer nele.
4. Os milagres de Jesus não o dispensam do sofrimento e da cruz.
5. Milagre, no NT, não significa um acontecimento extraordinário que não pode ser explicado pelas leis da ciência, mas é um sinal da ação protetora e salvadora de Deus.
Duas Conseqüências - Podemos orar a Deus pedindo ajuda para os males.
- Muitos males são conseqüências do pecado de uma sociedade mal organizada. Muita doença é fruto da fome, salário baixo, falta de acesso a terra, abuso de veneno, falta de atendimento médico. Jesus se recusou a transformar pedras em pão, mas ensinou a repartir os pães existentes (Mc 6.34-44)
Os milagres de Jesus indicam a presença libertadora de Deus no meio do povo, escutando o grito e o clamor daquele que sofre, do que está doente, do marginalizado. O milagre é apenas um pequeno sinal, suficiente bastante para lembrar Deus presente, vivo e atuante. Pedir milagres é duvidar desta presença libertadora de Deus. Muitos passaram por esta grande tentação: pelo milagre ter a certeza da presença de Deus, para só então seguir Jesus. Jesus repreende esta atitude (Mc 8.11-12). A fé nunca é fruto de milagres. A fé é fruto do acolhimento da Palavra e da mudança de vida. O milagre é um gesto gratuito da bondade de Deus, sinalizou sua presença.
A Mensagem do Milagre.
Os evangelhos querem apresentar os milagres de Jesus como sinais da presença do Reino de Deus. Com os milagres, Jesus realiza tudo o que foi prometido na Lei e nos Profetas a respeito do Reino (Is 29,18-19; 35,5-7).
Milagres são como sinais dos tempos messiânicos. Quando João Batista pede que Jesus dê uma comprovação de sua missão, Jesus manda os mensageiros de volta, citando passagens de Isaías como que dizendo que agora se cumpre a Escritura: chegaram os tempos messiânicos. Os milagres de Jesus querem confirmar a presença do Reino de Deus no meio do povo. Os milagres aparecem assim como uma confirmação das palavras de Jesus (Lc 24,19; At 2,22).
Os sinais que Jesus realiza dão testemunho de que Jesus é de fato o enviado do Pai. Quem faz esta leitura toda própria dos milagres de Jesus é a comunidade de João. O evangelho de João apresenta os milagres como sinais da Glória suscitando a fé em Jesus. Encontramos sete sinais em João que manifestam a Glória de Deus nas obras de Jesus:
Bodas de Caná (Jo 2.1-11) = falta de vinho x vinho em abundância; a festa tem que continuar e logo após vem a denúncia de quem está impedindo da vida ser uma festa: o Templo.
Cura do filho de um funcionário real (Jo 2.46-54) - doença x saúde/vida.
Cura de um enfermo na piscina de Betesda (Jo 5.1-18) = paralisia x liberdade.
Cura de um cego de nascença (Jo 9.41) = cegueira, trevas x visão, luz.
Ressurreição de Lázaro (Jo 11.1-44) = morte x vida, ressurreição.
Os sinais são quase sempre complementados por discursos (Jo 6.22-71), para evidenciar a força da Palavra de Jesus que é a encarnação da Palavra do Pai (Jo 1.1-18). O principal objetivo dos Sinais é dar Glória a Deus e levar à fé em Jesus, seu Filho, enviado para realizar a obra do Pai.
No entanto, o próprio evangelho atesta que, apesar de tantos sinais, Jesus é recusado por alguns (Jo 11.47-48). Também foi acusado de ser um agente do mal (Mc 3.22) sendo o seu poder o mesmo que o dos demônios.
Jesus não obrigava ninguém a crer no que ele fazia, apenas convidava as pessoas a tirar suas conclusões diante do que ele fazia (Jo 10.38). Todos os que aceitassem os sinais aceitariam Jesus como o enviado do Pai (Jo 5.36). Afinal, todos os sinais prodigiosos atribuídos a Jesus têm por objetivo apontar para o milagre maior: a ressurreição de Cristo.
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