3 de agosto de 2011

HISTÓRIA DO MOVIMENTO OPERÁRIO SINDICAL NO BRA­SIL

Apresentação

Este texto é o texto de uma série de slides elaborado pelo 13 de Maio - Núcleo de Educação Popular em 1985 que nos dá uma visão da História do Movimento Sindical no Brasil

Este texto sobre a “HISTORIA DO MOVI­MENTO OPERÁRIO SINDICAL NO BRASIL”, abor­da os principais momentos do sindicalismo brasileiro, nas lutas, conquistas e derrotas. Está dividido em 4 períodos: 1º Pe­ríodo, do início do século até 1930, 2º Período de 1930 até 1945, 3º Período de 1945 até 1964, 4º Período de 1964 até os nossos dias (1985).
Esperamos que este texto contribua para uma for­mação crítica e consistente para a luta.

1º Período: do inicio do século até 1930 - Sindicalismo Autônomo

Em nosso País, a história do movimento operá­rio-sindical começa antes mesmo de terminar a escra­vidão negra. O escravo negro estava sendo substituído nas la­vouras pelo trabalhador assalariado imigrante, principal­mente pelos imigrantes italianos, espanhóis, e portugue­ses. Os fazendeiros e os imperialistas, depois de acumular capital por quase 400 anos A CUSTA DOS NE­GROS, buscavam agora eliminar o sistema escravista.
Num país agrário como era o Brasil, vivendo do plantio e da exportação do café, começam a surgir as fá­bricas e, junto com elas, os OPERÁRIOS. É prin­cipalmente com a construção das ferro­vias que surgem os pri­meiros núcleos de operários: os FERROVIÁRI­OS. Além dos ferroviários, outras categorias vão sur­gindo como os portuários, os estivadores, os trabalha­dores da construção civil, os têxteis.

Exploração de Mulheres e Crianças
Imigrantes e brasileiros, vítimas das péssimas condições de trabalho no campo, vem para São Paulo e Rio enfrentar o trabalho das fábricas que estavam se for­mando. Nas indústrias têxteis, as mulheres e crian­ças (que compunham a maior parte da mão-de-obra) trabalha­vam cerca de 16 horas diárias. Até 1912, 67% dos operários têxteis eram mu­lheres e 50% eram meno­res de 18 anos. Muitas dessas crianças, de até 6 anos de idade, vinham dos orfanatos.
Nas indústrias do senhor Matarazzo as máqui­nas vinham da Inglaterra especialmente adaptadas para o tra­balho infantil, (E as classes dominantes ainda in­sistem em afirmar que ele ficou rico "por seu próprio esforço”... !)

Para os operários: doenças e favelas.
As fábricas não possuíam as menores condi­ções de trabalho: eram abafadas, mal iluminadas e sem nenhu­ma higiene. Os trabalhadores contraíam muitas doenças: tuberculose, infecções de todos os tipos, e não possuíam nenhum tipo de assistência do Estado nem dos patrões.
Devido aos baixos salários, os operários mora­vam na periferia das cidades, nos inúmeros cortiços e ma­locas que ali se formavam. A burguesia, graças à essa explora­ção imposta nas fábricas e no campo, des­frutava das delí­cias do capi­talismo, habitando os pala­cetes da Avenida Paulista.

Surgem as Associações.
Frente a essa exploração, os operários busca­vam organizar-se: primeiro surgiram as ASSOCIA­ÇÕES MU­TUALISTAS, que visavam a própria sobre­vivência dos trabalhadores, nos casos de doenças, aci­dentes ou au­xílio às famílias desamparadas. Essas As­sociações não tinham um caráter de luta frente aos pa­trões, mas já demonstra­vam uma forma AUTÔNOMA de organização operária. Assim, vão surgindo formas de luta mais avança­das, onde os operários já propõem a RESISTÊNCIA fren­te ao pa­tronato: eram as LIGAS ou ASSOCIAÇÕES DE RESIS­TÊNCIA. As LIGAS vão dar origem aos Sindicatos e, desde o seu aparecimento, utilizam a GREVE como prin­cipal instrumento de luta.

A Primeira Greve.
A primeira GREVE OPERÁRIA no Brasil ocor­reu no Rio em 1858, onde os gráficos de três jor­nais para­lisaram totalmente as oficinas, pelo aumento imedia­to de 10 tostões e melhores condições de traba­lho. Nesses dias, o único jornal, que circulou foi o JORNAL DOS TIPÓ­GRAFOS explicando à população os motivos da greve que, apesar da ação policial, foi vi­toriosa.
Outras greves foram surgindo: ferroviários em 1863; estivadores em 1877, transportes urbanos, chape­leiros e vidreiros da Santa Marina, em 1903. Mas a classe operária ainda era pequena, não chegando a 150 mil num total de 20 milhões de habitan­tes, em 1907. E estava con­centrada nas fábricas, que já se formavam com caracte­rísticas de grande indústria, empre­gando mais de 100 ope­rários cada uma.
O operariado no Brasil vai se formando dentro desse quadro de uma economia agrário-exportadora, com um lento processo de industrialização. Os operári­os vão forjando seus sindicatos, su­as forças políticas, enfim, sua CONSCIÊNCIA DE CLASSE.

O Anarco-sindicalismo e o 1º Congresso
A tendência política predominante, até mea­dos de 1920, era a ANARQUISTA ou ANARCO-SINDI­CALISTA, trazida pelos imigrantes, que via nos sindi­catos o principal instrumento de luta contra o Estado capitalis­ta. Os anarquistas serão os mais expressi­vos no 1º Congresso Operário Brasileiro, realizado no Rio em 1906, onde foi aprovado que o SINDICATO DEVE SER DE RESIS­TÊNCIA, e não beneficente. Deve ser TOTALMENTE AUTÔNOMO FRENTE AO ESTA­DO, não deve ser MU­TUALISTA e nem COOPERA­TIVISTA.
Os trabalhadores devem se organizar por indús­tria, formando Conselhos de Representantes: o ELO DE LIGAÇÃO entre as empresas e os Sindicatos. As primei­ras categorias que criaram os seus Conselhos fo­ram: os gráficos, os chapeleiros, os operários da Cons­trução Civil, e assim incentivaram as demais categori­as.
O Congresso propunha também a criação de Sin­dicatos Femininos, para organizar as mulheres fren­te às du­ras condições de trabalho a que estavam sub­metidas. No Congresso é criada a COB (CONFEDE­RAÇÃO OPE­RÁRIA BRASILEIRA), baseada no sin­dicalismo revolu­cionário, independente do Estado e dos pa­trões, sustenta­da exclusivamente pelos operári­os.
Eram anos de profundas agitações operárias: em 1906, a greve dos ferroviários ganham dimensão de greve geral, nos seus 15 dias de duração. No ano se­guinte, ocor­rem greves em São Pau­lo, Rio, Minas, Por­to Alegre, Ba­hia.
No dia 1º de Maio, convocados pela Federação Operária de São Paulo (FOSP), os operários de quase todo o Brasil pararam. Exigiam a redução da jornada para 8 horas diárias, melhores condições de trabalho e respeito às suas organizações. O Governo reagia com REPRES­SÃO: invadia os sindicatos e fazia leis visan­do à expulsão dos trabalha­dores estrangeiros, como a Lei Adolfo Gordo, de 1907.

Os Amarelos.
Os patrões passam a recrutar os novos trabalha­dores, não pelo Departamento do Pessoal da Empresa, mas pela Delegacia de Polícia Regional, que preparava um re­latório da vida de cada operário. O Governo pro­curava mi­nar o movimento au­tônomo dos trabalhado­res, exigin­do o registro de seus sin­dicatos e organizan­do um Con­gresso Operário que tinha como membro de honra o Pre­sidente da República, Her­mes da Fonseca. Com essas me­didas, buscava criar lideranças dóceis ao Governo (os chamados "amarelos") e dar vanta­gens aos sindicatos que eles dirigi­am.
Os "amarelos", ao contrário dos anarco-sindica­listas, nunca questionavam o Sistema e, quando faziam gre­ves, nunca iam além das reivindicações imediatas.
Os ferroviários e os portuários recebiam um trata­mento especial por parte do Governo dos cafeicul­tores, porque estavam ligados diretamente ao transpor­te e à ex­portação do café.

O 2º Congresso
Os anarquistas reagiam com firmeza contra es­sas tentativas de controle. Em 1913, num clima de gre­ves, rea­lizam o 2º Congresso Operário Brasileiro, após uma intensa campanha repudiando a Lei Adolfo Gordo. Esse Congresso reafirma as decisões do pri­meiro e exi­ge um salário-mínimo nacional. Recomendava aos tra­balhadores que se afas­tassem do sindicalismo católico e, em caso de guerra, de­clarassem a Greve Geral Revolucionária.
A Primeira Guerra Mundial trouxe sérias con­seqüências para os trabalhadores: o desemprego, a fal­ta de alimentos, a superexploração do trabalho. Mas os operá­rios reagem e, em São Paulo, 1917, paralisam o Cotonifí­cio Crespi, na Moóca e, logo, outras fábricas aderem: Es­tamparia Ipiranga e a Antártica. Os grevis­tas reivindicam: au­mento salarial de 15 a 20%, diminui­ção da jornada de tra­balho para 8 horas diárias, proibição do trabalho notur­no de mulheres e cri­anças e o fim da contribuição Pró-Pá­tria.
Em 19 de julho, o sapateiro Antonio Martinez é morto a tiros pela polícia, na porta da tecelagem Ma­riângela. Revolta geral: numa intensa manifestação (uma pas­seata que ia do Brás até o Cemitério do Ara­çá) os operári­os acompanhavam o corpo do compa­nheiro as­sassinado. Atendendo ao chamado do COMI­TÊ DE DE­FESA PRO­LETÁRIA, os trabalhadores de todo o Estado respondem: GREVE GERAL! O número de grevistas che­ga a 50.000: saques, confrontos com a polícia, piquetes; até barricadas foram armadas nos bairros operários.
Por vários dias, a cidade de São Paulo foi con­trolada pelos operários: leite e carne são distribuídos somen­te aos hospitais e com autorização da Comissão de Greve. O Governo e os patrões tiveram que ceder: aumen­to geral de 20%, salários fixos mensais, direito de reuni­ão, recon­tratação dos companheiros demitidos du­rante a greve.
Entre 1918 e 1920, ocorreram quase, cem gre­ves (Rio, Porto Alegre, São Paulo, Bahia, Pernambuco) exi­gindo aumento de salários e melhores condições de traba­lho. Os sapateiros e trabalhadores da construção civil con­quistaram a jornada de 8 horas.

O Auge do Anarco-Sindicalismo
Primeiro de Maio de 1919. Na Praça Mauá, Rio, mais de 50 mil operários se concentram, comemo­rando o dia do Trabalhador como um dia de luta e sau­dando os companheiros de todo o mundo. Esse período representou o auge do movimen­to anarco-sindicalista no Brasil. Mas os próprios anarquistas reconheciam que as vitórias não estavam à altura das movimenta­ções ocor­ridas.
As ações, embora heróicas e com muita comba­tividade, pecavam pelo excesso de espontaneísmo e su­pervalorização dos sindicatos, ficando as reivindica­ções no plano estritamente econômico. Os operários anarquis­tas não conseguiram le­var adiante uma ação mais profun­da contra o Estado bur­guês e o sistema ca­pitalista, por não haver a devida cor­respondência entre as lutas econô­micas e as políticas.

O 3º Congresso e os Comunistas
Em 1920, realiza-se o 3º Congresso Operário Bra­sileiro, que já refletia uma divisão político-ideoló­gica no movimento operário. Surgia a corrente comu­nista; forma­da em par­te pelo questionamento do anar­quismo, por um setor de seus militantes. E também de­vido à propagação do marxismo-leninismo e pelo im­pacto causado pela Re­volução Proletária Russa de 1917.
Os comunistas atuam principalmente no cam­po sindical buscando reunir os trabalhadores em organiza­ções centrais, pois o capitalismo crescia e concentrava os operários. 1922: os comunistas fundaram o PCB (Par­tido Comunista do Brasil) procurando participar da vida políti­ca institucional do País ao concorrerem às eleições com candidatos operários.
Dizia o PCB da época: "O proletariado já vai ad­quirindo uma consciência de classe: já vai compre­endendo serem seus interesses opostos aos da burgue­sia... Por­tanto, os trabalhadores não querem mais votar nos candi­datos-patrões ou seus aliados e devem partici­par com can­didatos próprios"...

O Tenentismo.
Mas o Estado dos patrões aprova a chamada LEI CELERADA para intervir nos sindicatos e colocar o PCB na ilegalidade. Ao mesmo tempo, criava um Es­tado de Guerra para controlar as ações dos tenentes re­voltosos que come­çavam a se desenvolver desde o sul do País.
O tenentismo foi um movimento dos setores mé­dios do Exército e serviu para abalar o Governo. Atra­vés da Coluna Prestes, percorreu quase todo o País pre­gando a luta armada contra os patrões e latifundiári­os.
As greves prosseguiam: 1923, gráficos de São Paulo param por 22 dias; trabalhadores do Frigorífico Ar­mour, no Rio G. do Sul também param; em 1928, os ma­rítimos realizam sua greve geral. Em 1929, os gráfi­cos de São Paulo, numa gre­ve de 72 dias, exigem me­lhores salá­rios e a diminuição da jornada de trabalho, além de outras reivindicações. Realiza-se o CON­GRESSO SINDICAL NA­CIONAL (Rio de Janeiro), sob a liderança dos comu­nistas, onde foi criada a CGTB (Confederação Geral dos Trabalhadores do Bra­sil) e aberta uma Campanha Pública pela aprovação da Lei de Férias.
Greves, te­nentismo, crise política e econômica in­terna, aposições que surgiam de toda a parte, até mes­mo de setores das classes dominantes, que buscavam uma saída para os pro­blemas que o País enfrentava. O capitalismo enfrentava uma crise mundial de sé­rias proporções - a chamada Crise de 29 - iniciada nos Es­tados Unidos e logo com repercussões nos de­mais paí­ses. Mudanças estavam por ocorrer.

Sindicalismo Autônomo
Até 1930, os sindicatos eram totalmente autô­nomos frente ao Estado. Os trabalhadores organizavam seus Estatutos, suas finanças, suas Centrais e intersin­dicais, de acordo com seus princípios e correntes polí­ticas. Nesse período, os trabalhadores lutaram para conquistar princi­palmente: a jornada de 8 horas, a Lei de Férias, o salário-mínimo, o Direito de Greve, a regu­lamentação do traba­lho da mulher e do menor, pregan­do a luta de classes, a solidariedade internacional.

2º Período: de 1930 até 1945 - Re­sistência e Con­trole

Até 1930, o movimento operário-sindical brasi­leiro era AUTÔNOMO COM RELAÇÃO AO ESTA­DO. Os sindicatos, as Centrais e Intersindicais estavam organiza­dos de acordo com os princípios e correntes políticas da classe trabalhadora. Do mesmo modo, as bandeiras sem­pre presen­tes nas lutas dos operários eram: a solidarieda­de interna­cional, o combate ao sis­tema capitalista e o princípio da luta de classes.
Os nossos companheiros deram até a vida para conquistar a jornada de 8 horas, a regulamentação do tra­balho do menor e da mulher, a luta pelo direito de greve e organização, a Lei de Férias e o salário-míni­mo.

A Revolução Burguesa de 30
Com a crise de 1929, o Brasil entra em colapso pois vivia basicamente da exportação do café, com um parque industrial reduzido. Não existia mercado exteri­or para a compra do nosso principal produto. Para sair da crise, setores das classes dominan­tes, apoiados nas cama­das médias, E EXCLUINDO TO­TALMENTE A PARTI­CIPAÇÃO DOS TRABALHADO­RES, fazem a sua Revo­lução, com Getúlio Vargas na ca­beça.
A Revolução de 30 procurava resolver a crise dan­do impulso à industrialização; contava com capi­tal inglês, norte-americano e dos cafeicultores. Os traba­lhadores no­vamente pagaram pela cri­se: os salários fo­ram rebaixados até a metade e o número de desempre­gados chegou a qua­se 2 milhões em todo o Brasil.
O Governo, para resolver o problema do de­semprego, recrutava à força os trabalhadores da cidade e os enviava para fazendas distantes. Se resistissem, se­riam presos por vagabundagem. Os trabalhadores rea­gem com PASSEATAS E GREVES: no Rio de Janeiro, a CGTB (Confederação Ge­ral dos Trabalhadores do Brasil) organi­za a MARCHA DA FOME, conclamando os operários a assaltarem os ar­mazéns da cidade em busca de alimentos. A polícia da REPUBLICA NOVA é mobiliza­da para re­primir o movimento: toda pessoa que fosse en­contrada distribuindo convocatórios da MARCHA seria presa; os líderes do movimento seriam expulsos do País.

A Colaboração de Classes.
As greves pipocavam no Rio e nos demais Es­tados: na indústria de tecidos Nova América, os operá­rios ocupam a fábrica, reivindicando o não-rebaixa­mento do salário; em São Paulo, ocorriam mais de 18 greves. Era a resposta dos trabalhadores à crise econô­mica. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, os AMARE­LOS realizam uma passeata de apoio a Getúlio Vargas, com a participação de 29 sindicatos, numa clara res­posta à MARCHA DA FOME organizada pelos comu­nistas. Este era o plano da Revolução de 30 para o Mo­vimento Operário: ELIMI­NAR OS QUE NÃO ADE­RISSEM AO JOGO E CRIAR VANTAGENS PARA OS QUE ACEITASSEM FAZER PARTE DELE.
Através de uma intensa campanha, o Esta­do ge­tulista dizia: “É preciso a colaboração de uns e de ou­tros... da cooperação e do congraçamento de todas as classes. Já é hora de substituir o velho e negativo con­ceito de luta de classes pelo novo conceito de colabora­ção de classes...”

O Ministério do Trabalho contra os Traba­lhadores
Criou-se o Ministério do Trabalho (órgão do Esta­do) que visava controlar e atrelar ao Governo o movimen­to autônomo dos trabalhadores. Pelo Decreto 19.770, esse Ministério tinha o direito de intervir nas Diretorias, nas Assembléias, nas eleições e nas finan­ças dos sindicatos. Os sindicatos deviam agora registrar seus Es­tatutos em Cartório e terem a aprovação do Mi­nistério do Trabalho para o seu funcionamento.
Dizia Getúlio: “O melhor meio de garantir o Capi­tal está justamente em transformar o proletariado numa força orgânica de cooperação com o Estado e não deixar os trabalhadores, pelo abando­no da Lei, en­tregues a ação de elementos perturbadores, destituídos dos sentimentos de Pátria e de Família”.
A questão social, portanto, não seria mais trata­da somente como questão policial. LEIS + CONTRO­LE SINDICAL + REPRESSÃO seriam as 3 palavras-chave do Governo Getulista.
Os Operários dizem não.
Mas, os operários combativos resistiam a es­sas pressões, dizendo NÃO à política de Getúlio; somente 25% dos sindicatos do Rio, São Paulo, Minas e Rio Gran­de do Sul aceitavam as normas de sindicalização. Os tra­balhadores, através dos inúmeros jornais proletá­rios e dos comícios de rua, denunciavam as leis fascis­tas que o Go­verno queria impor ao movimento sindi­cal. E denuncia­vam: "Sendo esse Ministério, de­partamento do Governo dos patrões, todas as questões tem que ser resol­vidas de acordo com os interesses pa­tronais embora uma ou outra vez façam algumas con­cessões para não se desmascara­rem de todo".
A resistência partia dos bancários, dos gráfi­cos, dos trabalhadores em hotéis e similares, dos metalúrgi­cos, dos trabalhadores da Light e dos têxteis, que se manti­nham AUTÔNOMOS frente ao Estado. À frente desse movimento estavam os anar­quistas, os comunis­tas do PCB, os Trotsquistas, os socia­listas e indepen­dentes...
As greves prosseguiam: em 1932, os sapa­teiros e os ferroviários de São Paulo entram em greve exigin­do a proibição do trabalho de menores de 14 anos e a jornada de 8 horas diárias. Logo aderem os vidreiros, os metalúr­gicos, os condutores, os trabalhadores de ho­téis e simila­res, os grá­ficos e os têxteis, na tentativa de uma Greve Geral em São Paulo. Mais uma vez, o Esta­do põe a polí­cia contra os trabalhadores, dissolve o co­mitê da Greve, prende seus líderes, em sua maioria, os dirigentes do Par­tido Comu­nista.
Com essas lutas e resistência, os trabalhadores conquistam a Lei de Férias, a Jornada de 8 horas, a re­gulamentação do trabalho da mulher e do menor, a lei do Salário-Mínimo.

Getúlio: pai dos pobres e mãe dos ricos
O Governo, entretanto, tentava convencer os tra­balhadores menos conscientes de que essas Leis eram um “presente” de Getúlio Vargas, o Pai dos Po­bres, para a classe trabalhadora. Para fazer pressão, através de um De­creto de 1934, o Estado só concedia férias aos trabalhado­res que fossem filiados aos sindi­catos atrelados ao Minis­tério do Trabalho. Todas essas medidas tinham como ob­jetivo destruir os sindicatos de oposição e jogar a classe traba­lhadora contra as suas legítimas lideranças, favore­cendo os "amarelos".
Em nível internacional, o capitalismo bus­ca saí­da para a crise no avanço do nazi-fascismo e na perspectiva de uma nova Guerra Mundial. Em 1934, foram organiza­das FRENTE ÚNICA SINDICAL e a FRENTE ÚNICA ANTI-FASCIS­TA, como resposta a Getúlio e aos fascis­tas brasileiros (os integralistas), li­derados por Plínio Sal­gado.
Aliança Nacional Libertadora - ANL
Foi organizada a Aliança Nacional Liberta­dora - ANL, um movimento que chegou a reunir mais de 400 mil membros, com um programa DEMOCRÁTI­CO, PO­PULAR E ANTI-IMPERIALISTA. Os Alian­cistas prega­vam: GOVERNO POPU­LAR - LIBERDA­DE PARA O POVO CONTRA O PAGA­MENTO DA DíVIDA EX­TERNA DISTRIBUIÇÃO DAS TERRAS DOS LATI­FUNDIÁRIOS PARA OS TRABALHADO­RES RURAIS NACIONALIZAÇÃO DAS EMPRE­SAS ESTRANGEI­RAS NO BRASIL.

A Lei de Segurança Nacional
O Governo reagia violentamente, prevendo o avan­ço popular: vários líderes anti-fascistas foram pre­sos; sin­dicatos de São Paulo e Rio foram invadidos pela polí­cia. Em abril de 1935, é decretada a Lei de Se­gurança Na­cional e dissolvida a recém-criada Confede­ração Sindical Unitária (CSUB).
Era só o começo: logo a ANL foi posta na ile­galidade e o Estado de Sítio foi utilizado para justificar a re­pressão. Restou à ANL reagir, propondo um levante ar­mado contra o Governo. Em Natal, no Rio Grande do Norte, durante 4 dias os setores populares tomaram o poder. Constituiu-se um Governo Popular Revolucio­nário: os fundos do Banco do Brasil local foram expro­priados e distribuídos à população; os transportes fica­ram gratuitos para todos. Houve levantes no Recife e no Rio de Ja­neiro; mas, sem a necessária organização e articula­ção com o movimento de massas, a ANL não con­segue atingir os seus objetivos.
A polícia retoma a cidade de Natal e desenca­deia uma brutal repressão em todos os Estados: vin­te mil pes­soas foram presas, as lideranças políticas e sin­dicais fo­ram torturadas, deportadas e até mortas; os sindi­catos de oposição sofreram intervenção. É nesse exato momento que o movimento autônomo dos traba­lhadores foi golpea­do. Getúlio Vargas só poderia con­solidar seu plano quan­do derrotasse o mo­vimento operário e político de oposi­ção.

O Estado Novo
Agora, o movimento sindical ficava ainda mais aberto às associações "amarelas" e à consolidação dos "pe­legos" sindicais. Valendo-se do pretexto do "perigo comu­nista" Getúlio se antecipa às eleições presiden­ciais de 1937 e dá um GOLPE DE ESTADO, o golpe do ESTA­DO NOVO.
O ESTADO NOVO atrela ainda mais o Movi­mento Sindical ao Governo, além de suprimir toda e qualquer liberdade de manifestação e organização. A classe operá­ria resiste como pode: não po­dia se organi­zar em sindica­tos livres, mas também não se filiava aos sindicatos do Governo. O número de sindicali­zados di­minui assustado­ramente em São Paulo e no Rio. O Es­tado utiliza então uma estratégia tentando atrair os operários para dentro dos sindicatos oficiais: em 1939 e 1940, vêm as Leis de Enquadramento e do Impos­to Sindical, com o objetivo claro de transformar os sindi­catos em órgãos de assistên­cia social.

O Imposto Sindical
A Lei do Enquadramento de inspiração fascis­ta, regulamenta pela cúpula a formação dos Sindicatos, das Federações e das Confederações, tudo sob o con­trole dire­to do Ministério do Trabalho. Pelo Imposto Sindical, todo trabalhador é obrigado a PAGAR UM IMPOSTO ANU­AL equivalente a um dia de seu salá­rio.
Do total geral assim arrecadado, 60% vão para os sindicatos, 15% para as Federações, 5% para as Confede­rações e 20% para o Departamento Nacional de Empre­gos e Salários. Com essas medidas, o governo fa­vorecia a CORRUPÇÃO SINDICAL e transformava os sindicatos de luta em sindicatos assistencialistas com mé­dicos, den­tistas, colônias de férias, advogados.
Comparando os jornais do Sindicato dos Gráfi­cos, que foi uma das categorias mais combativas até 1935, po­demos perceber o que significa para o nosso mo­vimento a ESTRUTURA SINDICAL ATRELADA. Estava assim consolidada a ESTRUTURA SINDICAL VERTICAL E ATRELADA AO ESTADO, baseada na "Carta del Lavo­ro" do fascismo italiano, e que perdura até hoje pratica­mente a mesma.

A CLT
Em 1943, vem a Consolidação das Leis Traba­lhistas - CLT, colocar num mesmo saco as Leis e os De­cretos baixados desde 1930, e, em sua maioria, contrá­rios aos interesses reais dos trabalhadores. Até 1943, o movimento operário brasileiro permanece em refluxo. Mas é necessá­rio registrar a RE­SISTÊNCIA e a COM­BATIVIDADE do movimento fren­te à implantação da estrutura sindical fas­cista e do Estado Getulista.
Com a implantação dessa estrutura sindical, o Es­tado patronal consegue impor o seu modelo de in­dustrialização, favorecendo os capitalistas e garantindo a super-exploração da classe trabalhadora.
O Estado investiu enormes quantias de capital em setores como: siderurgia, metalurgia, transportes, energia elétrica. No plano ideológico, o Departamento de Impren­sa e Propaganda - DIP, de Vargas preparava uma vasta campanha em defesa dos ideais do ESTA­DO NOVO: paz e harmonia social.
Mas, a partir de 1943, a ditadura começa a ser questionada por vários setores da sociedade brasileira. Es­távamos em plena Segunda Guerra Mundi­al, onde a maio­ria dos países, liderados pela União Sovié­tica e Estados Unidos, unia-se para combater o nazismo. Ge­túlio Vargas joga, então toda a sua car­tada no movi­mento operário, acenando com propostas de­mocráticas para se manter no poder.

Os ministerialistas
Para reforçar tal política, os “ministerialistas” (pe­legos da época) iniciam a campanha "QUEREMOS CONSTITUINTE COM GETÚLIO". Era o chama­do mo­vimento QUEREMISTA. Os comunistas (muitos ainda na cadeia) pas­sam a apoiar tal campanha, acredi­tando que seria um pas­so a mais na conquista da demo­cracia. Era a tese da UNIÃO NACIONAL, defen­dida pelo PCB, que buscava unir todos os setores da socie­dade, inclusive a burguesia, para derrotar a ditadura.
Desse modo, embora passassem a atuar nos sin­dicatos concorrendo com os ministerialistas, os comu­nistas procuravam desestimular as greves, evitando o con­fronto com a burguesia: era a política de APER­TAR OS CIN­TOS. Mas, a classe operária (vítima dos baixos salários, do excesso de horas-extras, do esforço de guerra) não aceita essa política, forçando os comu­nistas a assumi­rem as greves e lutas.
Em 1944, ferroviários e mineiros do Rio Gran­de do Sul paralisam suas atividades, seguidos dos tra­balhadores de Utinga (ABC) e da Good-Year (São Pau­lo) que realizavam operação-tartaruga. Em abril de 1945, é criado o Movimento de Unificação dos Traba­lhadores - MUT, formado por diri­gentes sindicais de três Estados, e que pregava, entre ou­tros pontos, a LI­BERDADE SINDI­CAL, A DEMOCRA­CIA SINDI­CAL E SINDICALIZA­ÇÃO RURAL.

O fim da 2º Guerra Mundial
Em 26 de junho de 1945, terminava oficialmen­te a Segunda Guerra Mundial, com a derrota do nazi-fascis­mo, deixando um saldo de milhões de mortos em todo o mundo. É nesse período da derrota do fascismo e da luta pela democracia que se dá a queda da ditadu­ra de Vargas, o fim do Estado Novo.
A sociedade brasileira passava então por um pro­cesso de mudanças com anistia, legalização e cria­ção de partidos, eleições, Constituinte. O movimento sindical sa­ía da escuridão do Es­tado Novo, com mobi­lizações, gre­ves, congressos, reto­mando os sindicatos, criando centrais sindicais.

3º Período: de 1945 ate 1964 - Da retomada das lutas ao Golpe Mili­tar de 1964

Em 1946, com o apoio de Vargas, o General Du­tra, antigo ministro da guerra do Estado Novo, é eleito presidente. De 1945 a 1946. O número de sindi­calizados sobe de 475 mil para 800 mil. Nos primeiros meses de 46, mais de 60 greves estouram em todo o pais. Em janeiro de 1946, ocorre a greve nacional dos bancários que, de­pois de mais de 20 dias de paralisa­ção, conquistam um piso mínimo para a categoria. Além dos bancários, os me­talúrgicos de São Paulo e do ABC fizeram inúmeras gre­ves, muitas delas organiza­das por COMISSÕES dentro das fábricas. A burguesia, acostumadas com o Estado Novo, faz de tudo para im­pedir as greves. Nesse sentido uma das primeiras medi­das do governo Dutra, foi o decre­to 9.070 - A Lei Anti-Greve.

Uma Nova Constituição para os Patrões
Em 1946, a Assembléia Nacional Constituinte, elabora uma nova constituição, sob o controle do Esta­do e dos patrões.
O Estado aumenta o ataque ao Movimento Operá­rio e Sindical. Por exemplo em 1946, impede a pos­se do prefeito comunista eleito em Santo André (Arman­do Mazzo). Em 1947, coloca o PCB na ilegali­dade e cassa todos os seus parlamentares. Proíbe a existência do MUT, intervém em mais de 400 sindica­tos e fecha a recém-cria­da Confedera­ção Geral dos Trabalhadores do Brasil - CGTB, e adia as eleições sin­dicais por 2 anos.
Cria a Confederação Nacional dos Trabalhado­res na Indústria - CNTI, apoiada na estrutura sindical atrela­da, colocando em sua direção velhos pelegos. As­sim, Du­tra satisfez a burguesia brasileira e aplicou a política da Guerra Fria imposta pelos Estados Unidos, que buscava brecar o avanço do socialismo a ní­vel mundial.

A Classe Operária resiste.
Em 1948 ferroviá­rios de Minas Gerais e São Pau­lo, têxteis, mineiros de São Jo­ão Del Rei, metalúr­gicos, médicos, engenheiros: são 250 mil grevistas exi­gindo au­mento salarial. Nessas greves são assassina­dos pela polí­cia o ferroviário Rolão, 3 traba­lhadores de Santo Amaro na Ba­hia e 2 mineiros de São João Del Rei. Assim é a De­mocracia burguesa. Com os Sindica­tos sob intervenção, os operá­rios dentro das fábri­cas, organizam na clandesti­nidade as greves e as comis­sões.
Os trabalhadores diminuem a participação nos Sindicatos, fazendo baixar o número de sindicaliza­dos para 700 mil, em 1950. O Partido Comunista muda sua li­nha política, propõe greves, orienta o trabalho para dentro das fábricas e propõe a luta revolucionária das massas para chegar ao poder.
Estrutura Sindical fascista, Lei Anti-Greve, as­sassinatos, cassação do PCB, fechamento da Central Sindi­cal, intervenção nos Sindicatos, arrocho salarial... Essas foram as medidas adotadas pelo Governo Dutra, du­rante o período da chamada democratização brasilei­ra.

O Populismo.
Com a eleição de Getúlio Vargas, em 1951, o Es­tado muda de tática e põe em cena o POPULISMO. Volta a política de paz social e da colabora­ção de clas­ses, desta vez para um proletariado que chega a 1.500.000 (um mi­lhão e meio) em todo o Brasil. Getúlio Vargas disse aos trabalhadores, no dia 1º de Maio de 1951: “É preciso que vos organizeis solidariamente em Sindicatos, formando um bloco forte e coeso ao lado do governo... nenhum go­verno poderá dispor de força se não contar com o apoio das organizações operárias”.
Nesse ano, os trabalhadores conquistam um rea­juste de 100% do salário mínimo. Este foi o primei­ro rea­juste desde 1943. Em 1951/52, o Movimento Grevista continua, envolvendo um milhão de trabalha­dores que exigiam aumento de salário, congelamento dos preços e abono de Natal. Este abono foi conquista­do em 1962 sob a forma de 13º salário.
Em 1953, 800 mil trabalhadores de todo o Bra­sil testam na prática a estrutura sindical que proibia as gre­ves e impedia as articulações entre os sindicatos. Em São Paulo, a paralisação começa com os têxteis e ganha a ade­são dos metalúrgicos, marceneiros, vidrei­ros, e gráficos que por 27 dias paralisam todo o Es­tado. Conquistaram aumento salarial e a soltura dos grevis­tas presos. Esta gre­ve ficou conhecida como “a dos 300 mil”.

Pacto de Unidade Intersindi­cal - PUI
Desta greve nasceu o Pacto de Unidade Inter­sindical - PUI, que até 1958 comandará as lutas, unin­do diver­sos sindicatos. Em suas assembléias, participa­vam milha­res de trabalhadores e representantes do mo­vimento popu­lar.
Em 1954, a Greve Geral contra a carestia pres­siona o Governo, exigindo aumento do salário-míni­mo e congelamento dos gêneros de primeira necessidade. E a greve dos 100 mil marítimos de vários Es­tados pro­voca a queda do Ministro do Trabalho, entrando Jango presiden­te do PTB em seu lugar. E o movimento se alastra para a Zona Rural de São Paulo e Pernambuco onde 30 mil tra­balhadores entram em greve, exigindo aumentos salariais e melhores condições de trabalho.
Esses movimentos agravam as contradições dos populistas: Jango, numa tentativa de se aproximar dos tra­balhadores, lança a proposta de reajuste de 100% no salá­rio-mínimo. Isto provoca forte oposição dos setores reacionários. Um setor dos militares, apoiado pelo im­perialismo e monopólios nacionais lança o manifesto dos coro­néis, opondo-se ao aumento e exigindo a de­missão de Jango, o que de fato ocorre.
A política Getulista de acender uma vela para Deus e outra para o diabo movimenta o setor progres­sista e os reacionários. Ao mesmo tempo em que aten­de uma antiga reivindicação do setor progressista com a criação da Pe­trobrás, faz um acordo militar com os Estados Uni­dos.
No 1º de Maio de 1954, Getúlio anuncia que será concedido o reajuste de 100% do salário-mínimo prometi­do por Jango. Ocorrem greves e manifestações em todo o Brasil pela aplicação imediata do aumento; no Rio Gran­de do Sul a greve chega a ser geral. Mas o reajuste será apenas de 42%. O Estado Getulista cede mais uma vez aos patrões.
O suicídio de Getúlio em agosto de 54 provo­cou grandes manifestações e depredações que assu­mem um caráter antiimperialista. Nos dez anos seguin­tes, os popu­listas usam o carisma de Getúlio Vargas para controlar o Movimento Operário.
A economia brasileira se expandiu mais nos se­tores da metalurgia, eletrônica, química e farmacêuti­ca. Com a expansão da economia cresceu a classe ope­rária.
Café Filho, que substituiu Getúlio, utiliza as leis sindicais e a repressão para conter o movimento ope­rário. Os sindicatos que lutam sofrem intervenção e as diretori­as comunistas são impedidas de tomar posse.
A partir de 1955, inúmeras greves causam um au­mento real de salário; o numero de empregos sobe de­vido à enorme quantidade de capital imperialista in­vestido na indústria. São mais de 300 greves envolven­do várias cate­gorias de trabalhadores. É neste período que o salário mí­nimo atinge o seu maior valor. A greve de 1957, conduzi­da pelo PUI e que paralisou São Pau­to, conseguiu aumen­tos salariais e obri­gou o Governo de Juscelino a recu­ar na sua política de ar­rocho.
O movimento operário dava um conteúdo polí­tico às greves, incluindo questões como: FMI, Política In­ternacional, defesa dos interesses nacionais. A estru­tura sindi­cal estava sendo derrubada na prática com a forma­ção de articulações para direção do movimento proibidas pela CLT, como por exemplo: PUI, PUA, CST, CPOS. Em 1959, ferroviários, marítimos, portuá­rios, professores, bancários... num total de 500 mil grevistas em todo o pa­ís, lutam contra a política de ar­rocho e cares­tia imposta pelo governo Juscelino.

As Ligas Camponesas
No campo, a situação de extrema miséria leva os trabalhadores a se organizarem em sindicatos e cria­rem movimentos, como as Ligas Camponesas, o Movi­mento dos Sem Terra e a Ultab. A Liga da Galiléia. em 1955, simboliza o mo­vimento camponês de todo o Bra­sil, que luta pela defesa da terra, reforma agrária, apli­cação das leis trabalhistas nas áreas rurais, sindicaliza­ção e forma­ção de cooperati­vas.
A partir de 1960, ampliam-se as greves de cará­ter anti-imperialista em defesa das riquezas nacionais e pelas liberdades sindicais. O movimento sindical se di­vide: de um lado, o setor nacional-popular ligado ao PCB e à ala esquerda do PTB; de outro, o setor dos pe­legos, com o chamado Movimento Sindical Democráti­co, apoiado pe­los patrões.
Em 1960, na greve da paridade, 400 mil traba­lhadores paralisaram os transportes ferroviários, maríti­mos e portuários exigindo a equiparação de seus salári­os ao dos militares. Essa greve desencadeou violenta re­pressão com mais de 100 prisões, e a acusação de que o movi­mento era uma conspiração comunista con­tinental. Ape­sar disso, foi vitoriosa e fortaleceu o Pacto de Unida­de e Ação - PUA.
Em 1961, após a renuncia de Jânio Quadros, o movimento sindical realiza uma greve geral em apoio à posse de João Goulart, que os militares queriam impe­dir. Nesse mesmo ano, os trabalhadores brasilei­ros fa­ziam manifestações em defesa da revolução cubana, condenan­do o imperialismo Norte-Americano, que fi­nanciou uma fracassada invasão à Cuba.

O Comando Geral dos Trabalhadores - CGT
No ano de 1962, com lutas e greves, é conquis­tado o 13º salário, os metalúrgicos conseguem um au­mento de 60% e a demissão do Ministério proposto pelo Con­gresso, em sua maioria reacionário. Neste pro­cesso de lu­tas, em agosto de 1962, é fundado o Coman­do Geral dos Trabalhadores - CGT, que comandará o movimento sindi­cal até o golpe de 1964.
O CGT, mesmo ilegal, impulsiona as campa­nhas pelo pagamento do 13º salário, reajuste de 100% do salá­rio mínimo e a volta do presidencialismo, que deu maio­res poderes a João Goulart. As lutas políticas do CGT, com posições na­cionalistas e reformistas, se combinam com reivindica­ções econômicas e de liber­dade sindical. Há uma aproximação entre a cúpula do CGT e o presi­dente Jango, para dar impulso às re­formas de base que visavam principalmente o controle da remessa de lucros e a reforma agrária.

A Direita se Articula
Os setores progressistas da sociedade brasilei­ra, criaram a Frente Popular de Mobilização e a Frente Parla­mentar Nacionalista, que lutavam contra o avanço do im­perialismo e em defesa da soberania nacional. A direita se organiza, financiada pela grande burguesia nacional e pelo imperialismo, em organismos como o IPES, IBAD, MAC. Através do golpe buscavam conter o movimento operário.
A burguesia da cidade e do campo, a classe mé­dia, os militares mais graduados, a igreja católica em sua maioria, uma grande parcela de deputados e sena­dores li­gados à UDN e ao PSD, e os pelegos do movi­mento sindi­cal, apoiavam a iniciativa de desfechar um golpe de Esta­do. Os pelegos, estimulados pelos patrões e pelo assessor de Jango no Ministério do Trabalho, fundaram uma Cen­tral Sindical (UST) de conteúdo anti-comunista, para se opor à CGT e dividir o movi­mento sindical. Com essa medida, Jango buscou se aproximar dos setores conserva­dores da sociedade, pensando com isso permanecer no poder.
Em 1963 o CGT comanda duas grandes greves no Estado de São Paulo: uma, que começa em Santos, com o movimento das enfermeiras da Santa Casa e ga­nha a ade­são de todos os trabalhadores daquela cidade. E a outra em São Paulo, quando 14 categorias com mais de 700 mil grevistas, exigem o aumento imedia­to de 100% do salário mínimo.
Mesmo com a polícia do Governador Ademar de Barros reprimindo, os grevistas conquistam um au­mento imediato de 80% e mais 25% no prazo de 6 me­ses. Ainda em 1963, outra medida vai abalar as rela­ções entre o CGT e Jango, quando este propõe a decre­tação do Estado de sí­tio para apurar as denúncias de gol­pe.
A Frente Popular de Mobilização lança um ma­nifesto acusando Jango de conciliar com os conserva­dores e reacionários: o estado de sítio serviria para dei­xar os mili­tares livres para se organizarem contra o se­tor progressis­ta. O presidente volta atrás em sua deci­são, para não per­der o apoio dos setores populares, úni­ca maneira de se manter no poder. O ano de 1963 ter­mina com a conquis­ta do salário-família, uma intensa campanha pelo aumen­to do salário mínimo, o fim do Parlamentarismo e a agita­ção das Reformas de base.

O ano de 1964.
O ano de 1964 começa com a segunda vitória da chapa apoiada pelo CGT na direção da CNTI contra os pelegos.
A intensa campanha pelo aumento do salário-mí­nimo obriga Jango a conceder aumento de 100% para congelar os preços dos gêneros de primeira neces­sidade, fazendo com que o CGT ganhasse maior apoio dos traba­lhadores. Logo os setores reacionários da so­ciedade, a serviço do imperialismo, apontam para o pe­rigo da instau­ração da República Socialista no país. E passam a repri­mir violentamente toda e qualquer manifestação em defe­sa das reformas de base, quei­mam a sede da UNE no Rio de Janeiro e organizam as Marchas da Família com Deus e pela liberdade.
Os militares reacionários utilizam a Revolta dos Sargentos e dos Marinheiros como pretexto para de­por João Goulart e passam a pregar abertamente o golpe de Estado. No dia 13 de março, com 200 mil pes­soas, reali­za-se um comício exigindo a imediata apro­vação das re­formas de base, o que de fato ocorre. O presidente, duran­te o comício assina dois de­cretos, na­cionalizando as refi­narias de petróleo particula­res e o início da Reforma Agrária em áreas próximas a rodo­vias e ferrovias federais e açudes públicos. Foi o fim de Jango e também do CGT. Em 31 de março, os militares testas de ferro da grande burguesia dão um golpe de Estado. O CGT reage e propõe a greve geral que fracas­sa porque só algumas categorias atenderam ao apelo.
Com os líderes cassados e presos, a classe tra­balhadora fica, sem direção política. O governo militar inter­vém nos sindicatos, prendem, assassinam e expul­sam do pais as principais lideranças políticas e sindi­cais. De 1945 a 1964, o Movimento Operário e as for­ças progressistas conquistaram inúmeras vitórias, po­rém não conseguiram impedir o Golpe de classe articu­lado pelo Grande Capital. Por que fomos derrotados?

4º Período: De 1964 até nossos di­as. Do golpe militar ao novo sindi­calismo

31 de março de 1964 marca a data do golpe de classe dos capitalistas contra os trabalhadores. A forma de governo mais adequada ao capital é a ditadura mili­tar. Os novos donos do poder dizem que o golpe veio para acabar com a inflação, a corrupção, a desordem e não dei­xar o país cair nas mãos da União Soviética. E mais: que vão fazer as verdadeiras Reformas de Base, em benefício de todos os brasileiros. Mas as medidas práticas dizem outra coisa: In­tervenção nos sindicatos, prisão, morte e exílio foram o destino de milhares de dirigentes, operári­os e campone­ses. A proibição das greves é reforçada com o de­creto 4.330 de junho de 1964 depois conhecida como lei anti-greve. A ditadura militar acaba com a negociação di­reta entre patrões e empregados. Define os reajustes abai­xo da inflação im­plantando o arrocho salarial.

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS
Por solicitação especial do imperialismo ameri­cano, a ditadura elimina a “Lei Velha” de estabilida­de e im­planta o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, golpe­ando com isto a organização nos locais de traba­lho. No lugar dos dirigentes sindicais lutadores, a dita­dura co­loca sindicalistas especialmente treinados. En­tre 1962-1970 o imperialismo Norte americano financi­ou a forma­ção de 30 mil sindicalistas brasileiros. A lei de remessa de lucros é modificada em benefício do im­perialismo.

O Bipartidarismo.
Os 13 partidos existentes em 1964 são extin­tos. Em seu lugar são criados o partido do “sim Senhor” a ARENA e o partido do "sim", o MDB.
Com os Sindicatos ocupados por gente de con­fiança do governo, os trabalhadores conscientes se or­ganizam por dentro das fábricas. Esta e a origem das oposi­ções sindicais. Em 1967 surgem entre os metalúr­gicos da ca­pital de São Paulo e na cidade de Osasco duas oposi­ções sindicais de peso. Em Osasco a oposi­ção Sindical, baseada na Comissão de Fábrica da CO­BRASMA, ganha as eleições e vai dirigir a importante greve de julho de 1968. Em Contagem, Minas Gerais, outra oposição ven­cedora dirigiu importante greve me­talúrgica em abril de 1968. Foi uma greve vitoriosa contra o arrocho, conse­guindo um abono de 10%, es­tendido para inúmeras cate­gorias. Entre a greve de Contagem e a de Osasco hou­ve o 1º de Maio na Praça da Sé em São Paulo onde o Governa­dor do Estado, o sr. Abreu Sodré, foi desalojado do palan­que a pedradas pela massa que saiu em passeata pela ci­dade. O ano de 1968 foi marcado por intensa agita­ção e oposição à di­tadura militar. Além das greves o movimen­to estudan­til teve seu ano mais intenso de 1964 aos nos­sos dias.

O AI-5
13 de Dezembro de 1968: o Ato Institucional nº 5 marca o fim de um curto período de resistência e o iní­cio da chacina de toda oposição ao regime implanta­do 4 anos antes. A linha das oposições sindicais pas­sando pela orga­nização dentro das empresas será o ca­minho da recupera­ção dos sindicatos para voltarem a ser organizações de luta.
Mas os donos do poder não iam comprometer de graça, o crescimento econômico retomado no mes­mo ano de 1968. 1968-1974 são anos de grande cresci­mento da economia. Cresceram, em especial. as indus­trias que pro­duzem mercadorias sofisticadas. É o perío­do do milagre econômico. Em 1969 começa uma opo­sição armada ao gover­no. São vários grupos, a maioria dissidentes do PCB, que são esmagados pelo regime militar. Qualquer reivin­dicação ou proposta de luta sin­dical neste período é cha­mada de subversão e terroris­mo pelos donos do poder e prontamente reprimida.

O Milagre Brasileiro
E o período de 1968-1978 é ca­racterizado pelo si­lêncio operário, arrocho salarial e cres­cimento desor­denado das cidades, ao mesmo tempo em que se dava altas ta­xas de crescimento econômico e imen­sas con­centrações de riquezas.
O Brasil rural vive um período de concentra­ção de propriedades, expulsão de camponeses, violência de gri­leiros, jagunços e também o início da resistência. Calcu­la-se que em 1970, 29 milhões de brasi­leiros vi­viam fora do seu lugar de nascimento vindo do Nordes­te para o Sul, do Sul para o Centro Oeste e Norte, sem as mínimas con­dições de trabalho e de vida.
1974: termina o governo de terror do General Mé­dici. Neste mesmo ano já sob o governo do General Er­nesto Geisel, teve eleições parlamentares dentro de um clima de relativa liberdade de propaganda. Em 1973 e 1974 a inflação acelera dando os primeiros si­nais da crise do modelo econômico. O minis­tro Delfim Neto falsifica os dados da inflação e por conta disso rouba 34,1% dos salários. Já em 1975 e 1976 tornaram-se visíveis três ca­racterísticas de um novo momento histórico: uma oposi­ção mais aberta ao regime, a ne­cessidade do governo pro­mover uma distensão política e a matança de prisio­neiros e membros de partidos clandestinos.
O re­cado do go­verno era claro: por um lado a necessi­dade de remode­lar a forma des­gatada do re­gime e de outro quem qui­sesse fa­zer oposição te­ria que fa­zê-la den­tro das regras definidas pelo governo. 1975 a 1976 é mar­cado pelo movimento estu­dantil e algumas reivindicações mais amplas das organi­zações de bairro como o Movi­mento do Custo de Vida. “Queremos os 34,1 % que nos foram rouba­dos em 73 e 74”. E esta a reivindicação do Movimento de Reposição Salarial le­vantado por alguns Sindicatos. O resultado do movi­mento foi a agitação e mobilização para próximas lu­tas. Os dirigentes sindicais que assumiram a luta da re­posição passaram a ser chama­dos de "Autênticos".
Os movimentos de reposição salarial trazem den­tro de si uma longa história pequenas lutas e orga­nizações realizadas no período mais repressivo da ditadura militar. Esta resistência e acumulação de ex­periências tinham sua razão de ser: em 1974 o milagre econômico já deixava o Santo nu: 40 milhões de brasi­leiros estavam desnutridos, e 47% das famílias não ti­nham o rendimento mínimo ne­cessário. Além disso para se conseguir a cesta básica de alimentos era ne­cessário se trabalhar 158 horas, isto é 72 horas a mais que em 1965. Em 1975, no campo, mais de 4 milhões de menores de 14 anos vendiam sua força de trabalho. E 22 milhões de trabalhadores da cidade e do campo ganham menos que um salário mínimo.

As Greves de 1978.
12 de maio de 1978: os trabalhadores da Saab Scania, filial do imperialismo suéco, cruzam os braços reivindicando aumento de salário. A notícia e manche­te de jornal, rádio e TV. 3 dias depois, os trabalhadores da Ford param por uma semana. É no ABC paulista que o grande capital impe­rialista e nacional desfrutou da me­lhor fatia do milagre econômico. Concentrando ali grande número de operári­os. Assim não é por acaso que a primei­ra reação venha do operariado desta regi­ão.
Nos meses de maio, junho e julho o movimen­to grevista por fábrica toma conta da Grande São Paulo, conquistando aumento de salário e inúmeras comissões de fábrica. Novembro de 1978: campanha salarial dos 400 mil metalúrgicos da Capital de São Paulo. Entram em Greve. São traídos pela diretoria do Sindicato. É a marca pública evidente do peleguismo sindical.
1979 é marcado pelas greves por categorias pro­fissionais inteiras pelo país afora. Da construção ci­vil de Porto Alegre aos Metalúrgicos de São Bernardo do Cam­po. Durante a greve dos metalúrgicos de 1979, do ABC paulista, surge uma tentativa de unificação do movi­mento chamada UNIDADE SINDICAL composta por ve­lhos pe­legos, sindicalistas ligados aos PCs e au­tênticos.
A orientação dos Partidos Comunistas (PCB e PC do B) para o movimento sindical é de ter influência nas direções sindicais a qualquer preço, mesmo que isso si­gnifique se aliar aos velhos pelegos. Em novem­bro de 1979 há um encontro entre sindicalistas da “Unidade Sin­dical” em Belo Horizonte. Na disputa pela indicação dos nomes para concorrer à presidência da CNTI inicia-se um racha dentro da “Uni­dade Sindi­cal”.
A novidade política dentro do movimento sin­dical em 1979 é o surgimento do Partido dos Trabalhado­res além da atuação pública de vários parti­dos ile­gais. Em novembro de 1979 houve a greve dos me­talúrgicos de São Paulo dirigida pela Oposição onde é as­sassinado um dos seus líderes: SANTO DIAS DA SILVA, metalúrgico de São Paulo e ORACILIO, pe­dreiro de Belo Horizonte. São 2 dos mui­tos proletários que tombaram assassinados no primeiro ano de abertu­ra do General Figueiredo.
Em 1979, 3 milhões e 200 mil trabalhadores cru­zaram os braços distribuídos em 400 greves diferen­tes. Em novembro o governo Figueiredo introduz a se­mestralidade nos reajustes salariais com o objetivo de brecar o movimento grevista. Em janeiro de 1980 há um novo en­contro intersindical na cidade de Monlava­de - MG, reu­nindo autênticos, oposições sindicais e se­tores da “Unida­de Sindi­cal”. Esta articulação mais adi­ante vai receber o nome de ANAMPOS, sem a partici­pação dos partidos co­munistas. Em maio de 1980 há um encontro de sindicalis­tas de opo­sição sindical, em São Paulo com representan­tes de todo o país.
Na campanha salarial dos metalúrgicos do ABC, acontece a importante greve dos 41 dias, ocor­rendo inter­venção nos sindicatos e prisão dos diretores sindi­cais. Neste mesmo ano os trabalhadores rurais sur­gem com for­ça total. 200 mil canavieiros de Pernam­buco entraram em greve. No final de 1980, o governo assume publica­mente a crise econômica. As medidas adotadas provocam a mai­or recessão e desemprego da nossa história.

CONCLAT
Em agosto de 1981 realizou-se a primeira Con­ferência Nacional das Classes Trabalhadores. Nesta CON­CLAT estão presentes todas as articulações sindi­cais an­teriores. É tirada uma comissão pró-CUT. Para 1982 esta­va marcada a segunda CONCLAT. Porém, foi um ano de eleições para o executivo e o parlamento. A conveniência dos Partidos políticos fez com que se adi­asse o Congresso Sindical.
Em julho de 1983 o governo intervém nos sin­dicatos petroleiros de Paulinia e Mataripe, Metalúrgi­cos de São Bernardo, Bancários e metroviários de São Paulo. Es­tas intervenções acontecem no processo de gre­ves contra a política econômica do governo. 21 de julho de 1983 foi a data escolhida para uma greve geral contra a política de super-arrocho salarial acertado en­tre o governo e o FMI.

A CUT
Às vésperas do 1º Congresso Nacional dos Tra­balhadores, a comissão nacional pró-CUT se divide. Era a "Unidade Sindical" que se negava a participar di­zendo que ainda não era o momento de se fundar a Cen­tral Úni­ca. Em agosto do mesmo ano, 5.000 dele­gados sindicais realizam o 1º Congresso das Classes Trabalha­doras e fun­dam a Central Única dos Trabalha­dores, e que propõe o enfrentamento com o estado e o governo. Ainda em no­vembro do mesmo ano realiza-se outro Congresso Sindi­cal chamado pela “Unidade Sin­dical” e que não propõe o enfrentamento com o esta­do e os patrões para resolver os problemas dos traba­lhadores. Deste congresso sai a Coordenação Nacional.
O Parti­do predominan­te e que apóia a CUT é o PT. Na CONCLAT es­tão presentes o PMDB, o PCB e o PC do B. En­quanto a CUT defende a plena liberdade e auto­nomia sin­dical, a CON­CLAT se contra­põe à aplica­ção da CONVEN­ÇÃO 87 no Brasil, que defende a não in­tervenção do estado no movimento sindical. En­quanto a CUT repu­diou o Colégio Eleito­ral que gerou a Nova Re­pública, a CONCLAT apoiou este Colégio e defende um entendimento como governo desta Nova República.
Em agosto de 1984 realiza-se o 1º Congresso da CUT de onde saem as 4 grandes bandeiras de luta: 40 ho­ras semanais, reforma agrária, reajuste trimestral, salá­rio desemprego. Para impedir o avanço da luta no campo os la­tifundiários só em 1984 mataram 116 tra­balhadores ru­rais e no primeiro semestre deste ano mais 46 tombaram pelos mesmos motivos. Enquanto a CONCLAT chama um Congresso uni­tário para o início de 1986, surge uma nova Central Sindi­cal, a USI, enca­beçada por dirigentes sindicais ínti­mos do golpe de 1964 e ligados à CIA.
A Nova República lança sua proposta de Cons­tituinte devendo ser eleita em 1986. A Constituinte será o espaço privilegiado para selar o Pacto Social e Po­lítico, mais uma vez em benefício das elites. Mas o chamado sindicalismo combativo avan­ça com a pre­sença da CUT nas lutas; como a greve dos bóias-frias de São Paulo no 1º semestre de 85.
Nos últimos 20 anos, o salário mínimo subiu 83.000% ao passo que o feijão subiu 178.000%, a car­ne 190.000% e o café 792.000%. A cada ano 450.000 crian­ças morrem antes de completar o primeiro ano de vida. 70% das crianças sofrem de desnutrição e temos hoje 25 milhões de meno­res abandonados. Em 1985, o desempre­go atinge 17 milhões de trabalhadores, e quem ficou em­pregado perdeu 21% do seu salário. São 12 milhões de camponeses sem terra. 25 milhões de trabalhadores mo­rando em favelas. E uma dí­vida exter­na de 105 bilhões de dólares. São estas as principais conseqüências de 20 anos de ditadura militar.
As principais bandeiras do movimento Operá­rio Sindical colocadas em 1986 são estas: 40 horas sema­nais Re­forma Agrária Reajuste trimestral Salário De­semprego Direito de Greve Liberdade e Autonomia Sindical Comis­sões de fábrica Não pagamento da dívi­da externa
Qual Central Sindical está disposta a empu­nhar estas bandeiras, defendendo os interesses históricos dos trabalhadores?

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